Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
18/02/2020
Sabendo-me pescador de homens... não pesco?
O Senhor quer de ti um apostolado concreto, como o da pesca
daqueles cento e cinquenta e três grandes peixes apanhados à direita da barca,
e não outros. E perguntas-me: "Como é que, sabendo-me pescador de homens,
vivendo em contacto com muitos companheiros e podendo discernir a quem deve ser
dirigido o meu apostolado específico, afinal não pesco?... Falta-me amor?
Falta-me vida interior?". Escuta a resposta dos lábios de Pedro, naquela
outra pesca milagrosa: – "Mestre,
cansámo-nos de trabalhar toda a noite, e não apanhámos nada; apesar disso, sob
a Tua palavra, lançarei a rede". Em nome de Jesus, começa de novo.
Revigorado. – Fora com essa moleza! (Sulco, 377)
O apostolado, essa ânsia que vibra no íntimo do cristão, não é
coisa separada da vida de todos os dias; confunde-se com o próprio trabalho,
convertido em ocasião de encontro pessoal com Cristo. Nesse trabalho, ombro a
ombro com os nossos colegas, com os nossos amigos, com os nossos parentes,
lutando pelos mesmos interesses, podemos ajudá-los a chegar a Cristo, que nos
espera na margem do lago... Antes de ser apóstolo, pescador. Também, pescador
depois de ser apóstolo. Antes e depois, a mesma profissão. (…)
Passa ao lado dos seus Apóstolos, junto daquelas almas que se lhe
entregaram... E eles não se dão conta disso!. (…)Lançai a rede para o lado
direito da barca e encontrareis. Lançaram a rede e já não a podiam tirar por
causa da grande quantidade de peixes. Agora compreendem. Recordam o que tinham
ouvido tantas vezes dos lábios do Mestre: pescadores de homens, apóstolos!... E
compreendem que tudo é possível, porque é Ele quem dirige a pesca. (…)
Os outros discípulos foram com a barca, porque não estavam
distantes de terra, senão duzentos côvados, tirando a rede cheia de peixes. Em
seguida põem a pesca aos pés do Senhor, porque é sua, para que aprendamos que
as almas são de Deus, que ninguém nesta terra pode atribuir a si mesmo essa
propriedade, que o apostolado da Igreja – a palavra e a realidade da salvação –
não se baseia no prestígio de algumas pessoas, mas na graça divina. (Amigos de Deus, nn. 264–267)
THALITA KUM 105
(Cfr. Lc 8, 49-56)
Na
sua ignorância infantil, os filhos pequenos não fazem ideia se, aquilo que
desejam, é ou não conveniente, ou, até prejudicial para eles.
Esse
discernimento compete aos pais que, o exercem, concedendo ou não, no todo ou em
parte, aquilo que o miudito pede. E, a criança, ao ver-lhe negada pelo pai algo
que tanto queria, tem uma primeira atitude de desconsolo e tristeza. Talvez
chore e fique amuado. Mas por pouco tempo. Logo se esquece e volta dar a mão ao
pai em atitude de confiante abandono. O assunto está esquecido e ultrapassado,
a alegria e boa disposição voltam e, a pequena vida continua a ser vivida com
tranquilidade.
Passado
algum tempo, voltará a insistir, usando todas as suas capacidades de convicção,
mirando atentamente o semblante do pai tentando descortinar sinais de mudança
de atitude. E implora, uma e outra vez, retomando sem cansaço as mesmas
atitudes, os mesmos argumentos de criança.
Talvez,
o pai acabe por lhe dar o que com tanta insistência vem pedindo e, se o não
fizer por qualquer razão poderosa, dar-lhe-á em troca uma outra coisa que,
embora não sendo exactamente o que o miúdo desejava, resolve a situação e
apazigua o seu desejo.
«Quando digo a
alguém: roga a Deus, pede-lhe, suplica-lhe, responde-me: já pedi uma vez, duas,
três, vinte vezes e não recebi nada. Não pares, irmão,
até que recebas; a petição termina quando se recebe o que se pediu. Cessa
quando tenhas alcançado: melhor ainda, nem nessa altura cesses. Persevera ainda.
Até receberes, pede para conseguir e quando tenhas conseguido, dá graças.» [1]
Talvez já tenha
ocorrido a alguém pensar que Deus "se faz surdo" aos seus pedidos
porque ficaram por dar graças por favores anteriormente concedidos.
Humanamente, parece
aceitável.
Ser mal-agradecido
não é, seguramente, uma boa referência para fazer um pedido. Embora Deus tudo
perdoe e tudo desculpe, não Lhe é indiferente que sejamos agradecidos ou não. O
próprio Jesus o faz constar no episódio dos dez leprosos. [2]
(AMA, reflexões).
Evangelho e comentário
TEMPO COMUM
Evangelho: Mc 8, 14-21
Comentário:
Neste
trecho de São Marcos ficamos a saber algo importante:
Jesus
confirma duas multiplicações de pães e de peixes.
Milagres
extraordinários que deveriam ter deixado os discípulos “esmagados” com a prova
do poder divino de Jesus.
E,
no entanto, São Pedro terá insistido com São Marcos para que fizesse constar no
Evangelho esta ocorrência que relata e põe a nu a fraqueza da fé dos Apóstolos,
as suas dúvidas e insegurança.
Como
devemos estar gratos ao Príncipe dos Apóstolos e ao Evangelista darem-nos este
exemplo de humildade em que se revelam homens comuns – como nós – sem nenhuns
predicados nem conhecimentos especiais.
(AMA,
comentário sobre Mc 8, 14-21, 17.10.20179)
Leitura espiritual
Cartas de São Paulo
Carta a Filémon
Pelo
tema e pelo tom afectuoso, esta é certamente uma Carta autêntica de Paulo
(v.19). Filémon era um cristão de elevada posição social, convertido por Paulo,
e tinha como escravo um outro cristão, Onésimo. Este, tendo fugido ao seu senhor,
refugiou-se junto de Paulo (v.10), que o refere em Cl 4,9 como «irmão fiel e
querido». Este facto era motivo de graves penas civis, tanto para o escravo
como para quem o acolhia.
Paulo,
prescindindo da questão legal, envia-o ao seu senhor com o presente “bilhete” e
pede a Filémon que acolha de novo, não como escravo, mas «como irmão querido»
(v.16), um irmão na fé. Mais: como se fosse o próprio Paulo (v.17).
LUGAR
Pelo
que é dito no v.1, a Carta terá sido escrita num dos cativeiros de Paulo (Roma,
Éfeso ou Cesareia), nos últimos anos da sua vida (ver v.9-10.13.18). Os
companheiros referidos aqui (v.23-24) são os mencionados em Cl 4,7-17.
DIVISÃO
E CONTEÚDO
Esta
tem a estrutura normal das Cartas de Paulo:
Apresentação
e saudação: v.1-3;
Acção
de graças: v.4-7;
Corpo
da Carta: v.8-22;
Saudação
final: v.23-25.
TEOLOGIA
Como
noutras ocasiões em que trata a questão da escravatura, Paulo não se preocupa
em mudar a estrutura social em vigor (1 Cor 7,20-24; Ef 6,5-9; Cl 3,22-4,1). O
que ele faz é prescindir disso e deslocar o problema para a questão do amor
fraterno, mais profunda que a questão legal em vigor, pois, em Cristo, «não há
escravo nem livre» (Gl 3,28).
Daí
em diante, Filémon deve tratar o (antigo) escravo Onésimo como irmão, porque
Paulo está disposto a recompensá-lo monetariamente, isto é, a resgatar Onésimo.
Com
isto, Paulo, embora não se oponha frontalmente à escravatura, tão-pouco a
aprova; e afirma que o amor fraterno, centro do Evangelho de Cristo, é que
levará à eliminação da escravatura.
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