18/02/2020

THALITA KUM 105


THALITA KUM 105 

(Cfr. Lc 8, 49-56)


 Pedir é uma atitude natural dos filhos pequenos em relação aos pais. Têm necessidade de tudo, em tudo dependem deles.
Na sua ignorância infantil, os filhos pequenos não fazem ideia se, aquilo que desejam, é ou não conveniente, ou, até prejudicial para eles.

Esse discernimento compete aos pais que, o exercem, concedendo ou não, no todo ou em parte, aquilo que o miudito pede. E, a criança, ao ver-lhe negada pelo pai algo que tanto queria, tem uma primeira atitude de desconsolo e tristeza. Talvez chore e fique amuado. Mas por pouco tempo. Logo se esquece e volta dar a mão ao pai em atitude de confiante abandono. O assunto está esquecido e ultrapassado, a alegria e boa disposição voltam e, a pequena vida continua a ser vivida com tranquilidade.
Passado algum tempo, voltará a insistir, usando todas as suas capacidades de convicção, mirando atentamente o semblante do pai tentando descortinar sinais de mudança de atitude. E implora, uma e outra vez, retomando sem cansaço as mesmas atitudes, os mesmos argumentos de criança.

Talvez, o pai acabe por lhe dar o que com tanta insistência vem pedindo e, se o não fizer por qualquer razão poderosa, dar-lhe-á em troca uma outra coisa que, embora não sendo exactamente o que o miúdo desejava, resolve a situação e apazigua o seu desejo.

«Quando digo a alguém: roga a Deus, pede-lhe, suplica-lhe, responde-me: já pedi uma vez, duas, três, vinte vezes e não recebi nada. Não pares, irmão, até que recebas; a petição termina quando se recebe o que se pediu. Cessa quando tenhas alcançado: melhor ainda, nem nessa altura cesses. Persevera ainda. Até receberes, pede para conseguir e quando tenhas conseguido, dá graças.» [1]

Talvez já tenha ocorrido a alguém pensar que Deus "se faz surdo" aos seus pedidos porque ficaram por dar graças por favores anteriormente concedidos.
Humanamente, parece aceitável.
Ser mal-agradecido não é, seguramente, uma boa referência para fazer um pedido. Embora Deus tudo perdoe e tudo desculpe, não Lhe é indiferente que sejamos agradecidos ou não. O próprio Jesus o faz constar no episódio dos dez leprosos. [2]


(AMA, reflexões).





[1] Stº Agostinho, Dimissus, Sermão 10.
[2]  Cfr. Lc 17, 11-19.

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