(Cfr. Lc 8, 49-56)
Na
sua ignorância infantil, os filhos pequenos não fazem ideia se, aquilo que
desejam, é ou não conveniente, ou, até prejudicial para eles.
Esse
discernimento compete aos pais que, o exercem, concedendo ou não, no todo ou em
parte, aquilo que o miudito pede. E, a criança, ao ver-lhe negada pelo pai algo
que tanto queria, tem uma primeira atitude de desconsolo e tristeza. Talvez
chore e fique amuado. Mas por pouco tempo. Logo se esquece e volta dar a mão ao
pai em atitude de confiante abandono. O assunto está esquecido e ultrapassado,
a alegria e boa disposição voltam e, a pequena vida continua a ser vivida com
tranquilidade.
Passado
algum tempo, voltará a insistir, usando todas as suas capacidades de convicção,
mirando atentamente o semblante do pai tentando descortinar sinais de mudança
de atitude. E implora, uma e outra vez, retomando sem cansaço as mesmas
atitudes, os mesmos argumentos de criança.
Talvez,
o pai acabe por lhe dar o que com tanta insistência vem pedindo e, se o não
fizer por qualquer razão poderosa, dar-lhe-á em troca uma outra coisa que,
embora não sendo exactamente o que o miúdo desejava, resolve a situação e
apazigua o seu desejo.
«Quando digo a
alguém: roga a Deus, pede-lhe, suplica-lhe, responde-me: já pedi uma vez, duas,
três, vinte vezes e não recebi nada. Não pares, irmão,
até que recebas; a petição termina quando se recebe o que se pediu. Cessa
quando tenhas alcançado: melhor ainda, nem nessa altura cesses. Persevera ainda.
Até receberes, pede para conseguir e quando tenhas conseguido, dá graças.» [1]
Talvez já tenha
ocorrido a alguém pensar que Deus "se faz surdo" aos seus pedidos
porque ficaram por dar graças por favores anteriormente concedidos.
Humanamente, parece
aceitável.
Ser mal-agradecido
não é, seguramente, uma boa referência para fazer um pedido. Embora Deus tudo
perdoe e tudo desculpe, não Lhe é indiferente que sejamos agradecidos ou não. O
próprio Jesus o faz constar no episódio dos dez leprosos. [2]
(AMA, reflexões).
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