Publicações de hoje
Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
17/04/2014
Evangelho do dia, comentário e Leitura Espiritual
Tempo de Quaresma Semana Santa |
Quinta-Feira
Santa
Evangelho:
Jo 13, 1-15
1
Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que tinha chegado a Sua hora de passar
deste mundo ao Pai, tendo amado os Seus que estavam no mundo, amou-os até ao
extremo. 2 Durante a ceia, tendo já o demónio posto no coração de Judas
Iscariotes, filho de Simão, a determinação de O entregar, 3 Jesus, sabendo que
o Pai tinha posto nas Suas mãos todas as coisas, que saíra de Deus e voltava
para Deus, 4 levantou-Se da mesa, depôs as vestes e, pegando numa toalha,
cingiu-Se com ela. 5 Depois deitou água numa bacia e começou a lavar os pés dos
discípulos, e a enxugá-los com a toalha com que estava cingido. 6 Chegou, pois,
a Simão Pedro. Pedro disse-Lhe: «Senhor, Tu lavares-Me os pés?». 7 Jesus
respondeu-lhe: «O que Eu faço, tu não o compreendes agora, mas compreendê-lo-ás
depois». 8 Pedro disse-Lhe: «Jamais me lavarás os pés!». Jesus respondeu-lhe:
«Se Eu não te lavar não terás parte comigo». 9 Simão Pedro disse-Lhe: «Senhor,
não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça». 10 Jesus disse-lhe: «Aquele
que tomou banho não tem necessidade de se lavar, pois todo ele está limpo. Vós
estais limpos, mas não todos». 11 Ele sabia quem era o que O ia entregar, por
isso disse: «Nem todos estais limpos». 12 Depois que lhes lavou os pés e que
retomou as Suas vestes, tendo tornado a pôr-Se à mesa disse-lhes: «Compreendeis
o que vos fiz? 13 Chamais-Me Mestre e Senhor, e dizeis bem porque o sou. 14 Se
Eu, pois, sendo vosso Senhor e Mestre, vos lavei os pés também vós deveis lavar
os pés uns aos outros. 15 Dei-vos o exemplo para que, como Eu vos fiz, assim
façais vós também.
Comentário:
Não sei se compreendemos bem o que o Senhor fez!
Como esperar do Rei uma atitude de servo?
Do Mestre um comportamento de discípulo?
Estamos sempre tão revestidos da nossa importância, tão convencidos da sabedoria que julgamos ter.
Servir e servir humildemente é, sem a menor dúvida, o
mais excelente acto de senhorio, de grandeza.
Nunca valemos nada pelo que somos mas pelo que fazemos.
(ama, comentário sobre Jo 13, 1-15,
2013.03.28)
DECRETO
APOSTOLICAM ACTUOSITATEM
SOBRE O APOSTOLADO DOS LEIGOS
(1 a 4)
PROÉMIO
Importância e actualidade
do apostolado dos leigos na vida da Igreja
1.
O sagrado Concílio, desejando tornar mais intensa a actividade apostólica do
Povo de Deus (1), volta-se com muito empenho para os cristãos leigos, cujas
funções próprias e indispensáveis na missão da Igreja já em outros lugares
recordou (2). Com efeito, o apostolado dos leigos, que deriva da própria
vocação cristã, jamais poderá faltar na Igreja. A mesma Sagrada Escritura
demonstra abundantemente como foi espontânea e frutuosa esta actividade no
começo da Igreja (cfr. Act. 11, 19-21: 18, 26; Rom. 16, 1-16; Fil. 4, 3).
Os
nossos tempos, porém, não exigem um menor zelo dos leigos; mais ainda, as
condições actuais exigem deles absolutamente um apostolado cada vez mais
intenso e mais universal. Com efeito, o aumento crescente da população, o
progresso da ciência e da técnica, as relações mais estreitas entre os homens,
não só dilataram imenso os campos do apostolado dos leigos, em grande parte
acessíveis só a eles, mas também suscitaram novos problemas que reclamam a sua
atenção interessada e o seu esforço. Este apostolado torna-se tanto mais
urgente quanto a autonomia de muitos sectores da vida humana, como é justo,
aumentou, por vezes com um certo afastamento da ordem ética e religiosa e com
grave perigo para a vida cristã. Além disso, em muitas regiões onde os
sacerdotes são demasiado poucos ou, como acontece por vezes, são privados da
liberdade de ministério, a Igreja dificilmente poderia estar presente e activa
sem o trabalho dós leigos.
Sinal
desta multíplice e urgente necessidade é a evidente actuação do Espírito Santo
que hoje torna os leigos cada vez mais conscientes da própria responsabilidade
e por toda a parte os anima ao serviço de Cristo e da Igreja (3).
No
presente Decreto, o Concílio entende ilustrar a natureza, a índole e a
variedade do apostolado dos leigos, bem como enunciar os princípios
fundamentais e dar as orientações pastorais para o seu mais eficaz exercício;
tudo isto deverá servir de norma na revisão do Direito canónico na parte que
diz respeito ao apostolado dos leigos.
CAPÍTULO
I
A VOCAÇÃO DOS LEIGOS AO
APOSTOLADO
Participação dos leigos na
missão da Igreja
2.
A Igreja nasceu para tornar todos os homens participantes da redenção salvadora
(1) e, por eles, ordenar efectivamente a Cristo o universo inteiro, dilatando
pelo mundo o seu reino para glória de Deus Pai. Toda a actividade do Corpo
místico que a este fim se oriente, chama-se apostolado. A Igreja exerce-o de
diversas maneiras, por meio de todos os seus membros, já que a vocação cristã é
também, por sua própria natureza, vocação ao apostolado. Do mesmo modo que num
corpo vivo nenhum membro tem um papel meramente passivo, mas antes, juntamente
com a vida do corpo, também participa na sua actividade, assim também no Corpo
de Cristo, que é a Igreja, todo o corpo «cresce segundo a operação própria de
cada um dos seus membros» (Ef. 4, 16). Mais ainda: é tanta neste corpo a
conexão e coesão dos membros (cfr. Ef. 4, 16), que se deve dizer que não
aproveita nem à Igreja nem a si mesmo aquele membro que não trabalhar para o
crescimento do corpo, segundo a própria capacidade.
Existe
na Igreja diversidade de funções, mas unidade de missão. Aos Apóstolos e seus
sucessores, confiou Cristo a missão de ensinar, santificar e governar em seu
nome e com o seu poder. Mas os leigos, dado que são participantes do múnus
sacerdotal, profético e real de Cristo, têm um papel próprio a desempenhar na
missão do inteiro Povo de Deus, na Igreja e no mundo (2). Exercem, com efeito,
apostolado com a sua acção para evangelizar e santificar os homens e para
impregnar e aperfeiçoar a ordem temporal com o espírito do Evangelho; deste
modo, a sua actividade nesta ordem dá claro testemunho de Cristo e contribui
para a salvação dos homens. E sendo próprio do estado dos leigos viver no meio
do mundo e das ocupações seculares, eles são chamados por Deus para, cheios de
fervor cristão, exercerem como fermento o seu apostolado no meio do mundo.
Fundamentos do apostolado
dos leigos
3.
O dever e o direito ao apostolado advêm aos leigos da sua mesma união com
Cristo cabeça. Com efeito, inseridos pelo Baptismo no Corpo místico de Cristo, e
robustecidos pela Confirmação com a força do Espírito Santo, é pelo Senhor
mesmo que são destinados ao apostolado. São consagrados em ordem a um
sacerdócio real e um povo santo (cfr. 1 Ped. 2, 4-10) para que todas as suas
actividades sejam oblações espirituais e por toda a terra dêem testemunho de
Cristo. E os sacramentos, sobretudo a sagrada Eucaristia, comunicam e alimentam
neles aquele amor que é a alma de todo o apostolado (3).
O
apostolado exercita-se na fé, na esperança e na caridade, virtudes que o
Espírito Santo derrama no coração de todos os membros da Igreja. Mais o
preceito do amor, que é o maior mandamento do Senhor, estimula todos os fiéis a
que procurem a glória de Deus, pelo advento do Seu reino, e a vida eterna para
todos os homens, de modo que eles conheçam o único Deus verdadeiro e Jesus
Cristo, seu enviado (cfr. Jo. 17, 3).
A
todos os fiéis incumbe, portanto, o glorioso encargo de trabalhar para que a
mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens em
toda a terra.
O
Espírito Santo - que opera a santificação do Povo de Deus por meio do
ministério e dos sacramentos - concede também aos fiéis, para exercerem este
apostolado, dons particulares (cfr. 1 Cor. 12, 7), «distribuindo-os por cada um
conforme lhe apraz» (1 Cor. 12, 11), a fim de que «cada um ponha ao serviço dos
outros a graça que recebeu» e todos actuem, «como bons administradores da
multiforme graça de Deus» (1 Ped. 4, 10), para a edificação, no amor, do corpo
todo (cfr. Ef. 4, 1). A recepção destes carismas, mesmo dos mais simples,
confere a cada um dos fiéis o direito e o dever de os actuar na Igreja e no
mundo, para bem dos homens e edificação da Igreja, na liberdade do Espírito
Santo, que: (sopra onde quer» (Jo. 3, 8) e, simultaneamente, em comunhão com os
outros irmãos em Cristo, sobretudo com os próprios pastores; a estes compete
julgar da sua autenticidade e exercício ordenado, não de modo a apagarem o
Espírito, mas para que tudo apreciem e retenham o que é bom (cfr. 1 Tess. 5,
12.19.21) (4).
A espiritualidade dos
leigos em ordem ao apostolado
4.
A fonte e origem de todo o apostolado da Igreja é Cristo, enviado pelo Pai.
Sendo assim, é evidente que a fecundidade do apostolado dos leigos depende da
sua união vital com Cristo, segundo as palavras do Senhor: ,aquele que
permanece em mim e em quem eu permaneço, esse produz muito fruto; pois, sem
mim, nada podeis fazer» (Jo. 15, 5). Esta vida de íntima união com Cristo na
Igreja é alimentada pelos auxílios espirituais comuns a todos os fiéis e, de modo
especial, pela participação activa na sagrada Liturgia(5); e os leigos devem
servir-se deles de tal modo que, desempenhando correctamente as diversas
tarefas terrenas nas condições ordinárias da existência, não separem da própria
vida a união com Cristo, mas antes, realizando a própria actividade segundo a
vontade de Deus, nela cresçam. É por este caminho que os leigos devem avançar
na santidade com entusiasmo e alegria, esforçando-se por superar as
dificuldades com prudência e paciência (6). Nem os cuidados familiares nem
outras ocupações profanas, devem ser alheias à vida espiritual, conforme aquele
ensinamento do Apóstolo: tudo o que fizerdes, por palavras ou por obras, tudo
seja em nome do Senhor Jesus Cristo, dando por Ele graças a Deus Pai» (Col. 3,
17).
Esta vida exige o
exercício constante da fé, da esperança e da caridade.
Só
com a luz da fé e a meditação da palavra de Deus pode alguém reconhecer sempre
e em toda a parte a Deus no qual «vivemos, nos inovemos e existimos» (Act. 17,
28), procurar em todas as circunstâncias a Sua vontade, ver Cristo em todos os
homens, quer chegados quer estranhos, julgar rectamente do verdadeiro sentido e
valor das realidades temporais, em si mesmas e em ordem ao fim do homem.
Aqueles
que possuem tal fé, vivem na esperança da manifestação dos filhos de Deus,
lembrados da cruz e da ressurreição do Senhor. Na peregrinação que é a presente
vida, escondidos com Cristo em Deus e libertados da escravidão das riquezas, ao
mesmo tempo que tendem para aqueles bens que permanecem eternamente, dedicam-se
generosa e inteiramente a dilatar o reino de Deus e a informar e actuar com o
espírito cristão a ordem temporal. No meio das adversidades desta vida,
encontram força na esperança, sabendo que «os sofrimentos presentes não têm comparação
com a glória futura que em nós se manifestará» (Rom. 8, 18).
Impelidos
pela caridade que vem de Deus, praticam o bem com relação a todos, sobretudo
para com os irmãos na fé (cfr. Gál. 6, 10), despojando-se «de toda a malícia e
engano, hipocrisias, invejas e toda a espécie de maledicências» (1 Ped. 2, 1) e
assim atraem a Cristo todos os homens. O amor de Deus que «foi derramado em
nossos corações pelo Espírito Santo, que nos foi dado» (Rom. 5, 5), toma os
leigos capazes de exprimir em verdade, na própria vida, o espírito das
Bem-aventuranças. Seguindo a Cristo pobre, nem se deixam abater com a falta dos
bens temporais nem se exaltam com a sua abundância; imitando a Cristo humilde,
não são cobiçosos da glória vã (cfr. Gál. 5, 26), mas procuram mais agradar a
Deus que aos homens, sempre dispostos a deixar tudo por Cristo (cfr. Lc. 14,
26) e a sofrer perseguição pela justiça (cfr. Mt. 5, 10), lembrados da palavra
do Senhor: «se alguém quiser seguir-me, abnegue-se a si mesmo, tome a sua cruz
e siga-me» (Mt. 16, 24). Finalmente, fomentando entre si a amizade cristã,
prestam-se mutuamente ajuda em todas as necessidades.
Esta
espiritualidade dos leigos deverá assumir características especiais, conforme o
estado de matrimónio e familiar, de celibato ou viuvez, situação de
enfermidade, actividade profissional e social. Não deixem, por isso, de
cultivar assiduamente as qualidades e dotes condizentes a essas situações, e
utilizar os dons por cada um recebidos do Espírito Santo.
Além
disso, aqueles leigos que, seguindo a própria vocação, se alistaram em alguma
das associações ou institutos aprovados pela Igreja, devem de igual modo
esforçar-se por assimilar as características da espiritualidade que lhes é
própria.
Tenham,
também em muito apreço, a competência profissional, o sentido de família e o
sentido cívico e as virtudes próprias da convivência social, como a honradez, o
espírito de justiça, a sinceridade, a amabilidade, a fortaleza de ânimo, sem as
quais também se não pode dar uma vida cristã autêntica.
O
modelo perfeito desta vida espiritual e apostólica é a bem-aventurada Virgem
Maria, rainha dos Apóstolos: levando, na terra, uma vida semelhante à a todo o
momento se mantinha unida a seu Filho e de modo singular cooperou na obra do
Salvador; agora, elevada ao céu, «cuida com amor materno dos irmãos de seu
Filho que, entre perigos e angústias, peregrinam ainda na terra, até chegarem à
pátria bem-aventurada» (7). Prestem-lhe todos, um culto cheio de devoção e
confiem à sua solicitude materna a própria vida e apostolado.
Nota: Revisão da versão portuguesa por
ama
___________________________________
Notas:
1.Cfr.
João XXIII, Constituição apostólica Humanae salutis, 25 dez. 1961, AAS 54
(1962), p. 7-10.
2.
Cfr. Conc. Vat. II, Constituição dogmática De Ecclesia, Lumen gentium, n. 33
s.: AAS 57 (1965), p. 39 s.; cfr. também Const. De sacra Liturgia, Sacrosanctum
concilium, n. 26-40: AAS 56 (1964), p. 107-111; cfr. Decr. De instrumentis
communicationis socialis, Inter mirifica: AAS 56 (1964), p. 145-153; cfr. Decr.
De Oecumenismo, Unitatis Redintegratio: AAS 57 (1965), p. 90-107; cfr. Decr. De
pastorali Episcoporum munere in Ecclesia, Christus Dominus: n. 16, 17, 18; cfr.
Declaração De educatione christiana Gravissimum educationis, n. 3, 5, 7.
3.
Cfr. Pio XII, Alocução aos Cardeais, 18 fev. 1946: AAS 38 (1946), p. 101-102;
cfr. Pio XII, Discurso aos Jovens operários Católicos, 25 agosto 1957. AAS 49
(1957) p. 843.
Capítulo
I
1.
Cfr. Pio XI, Encíclica Rerum Ecclesiae: AAS 18 (1926), p. 65.
2.
Cfr. Concílio Vaticano II, Constituição dogmática De Ecclesia, Lumen gentium;
n. 31: AAS 57 (1965), p. 37.
3.
Ibid., n. 33, p. 39; cfr. também n, 10, p. 14
4.
Ibid., n. 12, p. 16.
5.
Cfr. Concilio Vaticano II, Constituição dogmática De sacra Liturgia,
Sacrosanctum concilium, cap. I, n. 11: AAS 56 (1964), p. 102-103.
6.
Cfr. Concílio Vaticano II, Constituição De Ecclesia, Lumen gentium, n. 32: AAS
57 (1965), p. 38; cfr. também n. 40-41; Ibid., p. 45-47.
7.
Ibid., n. 62, p. 63; cfr. também n. 65, p. 64-65.
Pequena agenda do cristão
Quinta-Feira
(Coisas muito simples, curtas,
objectivas)
Propósito: Participar na Santa Missa.
Senhor, vendo-me tal como
sou, nada, absolutamente, tenho esta percepção da grandeza que me está
reservada dentro de momentos: Receber o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade
do Rei e Senhor do Universo.
O
meu coração palpita de alegria, confiança e amor. Alegria por ser convidado,
confiança em que saberei esforçar-me por merecer o convite e amor sem limites
pela caridade que me fazes. Aqui me tens, tal como sou e não como gostaria e
deveria ser.
Não
sou digno, não sou digno, não sou digno! Sei porém, que a uma palavra Tua a
minha dignidade de filho e irmão me dará o direito a receber-te tal como Tu
mesmo quiseste que fosse. Aqui me tens, Senhor. Convidaste-me e eu vim.
Lembrar-me: Comunhões espirituais.
Senhor, eu quisera receber-vos com aquela
pureza, humildade e devoção com que Vos recebeu Vossa Santíssima Mãe, com o
espírito e fervor dos Santos.
Pequeno exame: Cumpri o propósito que me propus
ontem?
|
Temas para meditar 78
No animal, pode o homem substituir processos naturais
por processos artificiais da sua invenção. Por exemplo, na criação de gado, a
inseminação artificial é lícita. Mas é ilícita na procriação humana e por isso
formalmente condenada pela Igreja.
(pio
xi, Disc. ao IV Congr. Intern. de
Médicos católicos, 1949.09.29)
Tu e eu procedemos como filhos de Deus?
Um filho de Deus não tem medo da vida nem medo da morte, porque o
fundamento da sua vida espiritual é o sentido da filiação divina: Deus é meu
Pai, pensa, e é o Autor de todo o bem, é toda a Bondade. – Mas tu e eu
procedemos, de verdade, como filhos de Deus? (Forja, 987)
A nossa condição de filhos de Deus levar-nos-á – insisto – a ter
espírito contemplativo no meio de todas as actividades humanas – luz, sal e
levedura, pela oração, pela mortificação, pela cultura religiosa e profissional
–, fazendo realidade este programa: quanto mais dentro do mundo estivermos,
tanto mais temos de ser de Deus. (Forja, 740)
Quando se trabalha por Deus, é preciso ter "complexo de
superioridade" – fiz-te notar. – Mas – perguntavas-me – isso não é uma manifestação
de soberba? – Não! É uma consequência da humildade, de uma humildade que me faz
dizer: – Senhor, Tu és o que és. Eu sou a negação. Tu tens todas as perfeições:
o poder, a fortaleza, o amor, a glória, a sabedoria, o império, a dignidade...
Se eu me unir a Ti, como um filho quando se põe nos braços fortes do pai ou no
regaço maravilhoso da mãe, sentirei o calor da tua divindade, sentirei as luzes
da tua sabedoria, sentirei correr pelo meu sangue a tua fortaleza. (Forja, 342)
Tratado dos vícios e pecados 62
Em seguida devemos tratar do sujeito
do pecado original. E nesta questão discutem-se quatro artigos:
Art. 1 — Se o pecado original está
mais na carne que na alma.
Art. 2 — Se o pecado original está
mais na essência da alma que nas potências.
Art. 3 — Se o pecado original
contaminou mais a vontade que as outras faculdades.
Art. 4 — Se as referidas potências — a
geratriz, a potência concupiscível e o sentido do tacto, foram mais
contaminadas que as outras.
Art.
1 — Se o pecado original está mais na carne que na alma.
(II
Sent., dist. XVIII, q. 2, a. 1, ad. 3; dist. XXX, q. q, a. 2, ad 4; dist. XXXI,
q. 1, a. 1, ad 2, 4; dist. XXXIII, q. 1, a. 3, ad 4; De Malo, q. 4, a. 3).
O primeiro discute-se assim. — Parece
que o pecado original está mais na carne que na alma.
1. — Pois, a repugnância da carne pela
a alma procede da corrupção do pecado original. Ora, a raiz dessa repugnância está
na carne, conforme o Apóstolo (Rm 7): sinto nos meus membros outra lei que
repugna à lei do meu espírito. Logo, o pecado original está principalmente na
carne.
2. Demais. — Tudo está mais na causa
que no efeito; assim o calor esta mais no fogo que aquece, do que na água
aquecida. Ora, a alma sofre a contaminação do pecado original, por meio do
sémen carnal. Logo, o pecado original está mais na carne que na alma.
3. Demais. — Contraímos o pecado
original do primeiro pai, porque preexistimos nele pelo gérmen seminal. Ora,
não preexistimos nele pela alma, mas só pela carne. Logo, o pecado original não
está na alma, mas na carne.
4. Demais. — A alma racional criada
por Deus é infundida no corpo. Se portanto, a alma fosse contaminada pelo
pecado original, sê-lo-ia desde a sua criação ou infusão. E assim, Deus, causa
da criação e da infusão, seria também a causa do pecado.
5. Demais. — Ninguém que tenha
sabedoria iria despejar um licor precioso num vaso, do qual sabe que o
contaminará. Se portanto a alma, pela sua união com o corpo, pudesse contaminar-se
com a mácula da culpa original, Deus, que é a própria sabedoria, nunca haveria
de infundi-la em tal corpo. Ora, se a infunde, é que ela não fica maculada pela
carne. Portanto, o pecado original não está na alma, mas na carne.
Mas, em contrário, o sujeito de uma
virtude e de um vício ou pecado, é o mesmo que o da virtude ou vício
contrários. Ora, a carne não pode ser sujeito da virtude, pois, como diz o
Apóstolo (Rm 7), eu sei que em mim, quero dizer, na minha carne, não habita o
bem. Logo, a carne não pode ser o sujeito do pecado original, mas só a alma.
SOLUÇÃO. — Uma coisa pode estar noutra
de dois modos: como na causa, principal ou instrumental, ou como no sujeito. Donde,
o pecado original de todos os homens preexistiu por certo, em Adão, como na
causa primeira principal, conforme o Apóstolo (Rm 5): no qual todos pecaram.
Por outro lado, o pecado original preexistia no sémen do corpo, como na causa
instrumental, porque é pela virtude activa do sémen que ele se transmite à
prole simultaneamente com a natureza humana. Mas, o pecado original não pode
ter de nenhum modo a carne como sujeito, mas só a alma.
E a razão é que, como já dissemos,
pela vontade do primeiro pai, o pecado original se transmitiu aos descendentes,
por via de geração, assim como da vontade de um homem o pecado actual deriva
para as outras partes. E nesta derivação notamos o seguinte. Tudo o redundante
da moção da vontade, de pecar, para qualquer parte do homem, de algum modo
participante do pecado, seja, como sujeito, seja, como instrumento, tudo isso
implica essencialmente a culpa. Assim, a vontade da gula faz o concupiscível
desejar o alimento, e leva as mãos e a boca a tomarem-no, que, enquanto movidas
pela vontade ao pecado, são instrumentos deste. Porém o ulterior redundante na
potência nutritiva, e nos membros interiores, de natureza a não serem movidos
pela vontade, não implica a culpa essencialmente.
Assim pois, podendo a alma ser sujeito
da culpa, e a carne, em si mesma, não, toda a corrupção do primeiro pecado, que
atinge a alma, implica a culpa; o que porém não a atinge implica, não culpa,
mas a pena. Portanto, a alma, e não a carne, é o sujeito do pecado original.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO.
— Como diz Agostinho, o Apóstolo refere-se no lugar citado ao homem já
redimido, libertado da culpa, mas sujeito à pena, e por isso diz que o pecado
habita na carne. Mas daqui se não segue seja a carne sujeito da culpa, mas só
da pena.
RESPOSTA À SEGUNDA. — O pecado
original tem no sémen a sua causa instrumental. Ora, não é necessário que o
existente na causa instrumental exista nesta mais principalmente que no efeito,
senão só na causa principal. E deste modo o pecado original existiu mais principalmente
em Adão, em quem existiu como pecado actual.
RESPOSTA À TERCEIRA. — A alma de um
homem qualquer não preexistiu, seminalmente em Adão pecador, como no seu
princípio efectivo, mas como no princípio dispositivo. Porque o sémen corpóreo,
transmitido por Adão, não tem a virtude de produzir a alma racional, mas, só a
de dispô-la.
RESPOSTA À QUARTA. — A mácula do pecado
original de nenhum modo foi causada por Deus, mas só pelo pecado do primeiro
pai, mediante a geração carnal. Logo, a criação, implicando relação da alma só
com Deus, não se pode dizer que fosse maculada por ela. A infusão porém implica
relação com Deus, que infunde, e com a carne, na qual é a alma infundida. Logo,
considerada a relação com Deus, que infunde, não se pode dizer que pela infusão
a alma seja maculada, mas só levando-se em conta a relação com o corpo em que é
infundida.
RESPOSTA À QUINTA. — O bem comum tem
preferência sobre o particular. Por isso, Deus, em conformidade com a sua
sabedoria, não derroga para evitar o contágio particular de uma alma, a ordem
universal das coisas, que exige ser infundida em tal corpo. Sobretudo por ser
da natureza da alma não começar a existir senão unida ao corpo, como se
demonstrou na Primeira Parte. Pois, é-lhe melhor a ela assim existir, segundo a
natureza, do que não existir de nenhum modo; sobretudo por poder, pela graça,
livrar-se da condenação.
Nota:
Revisão da versão portuguesa por ama.
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