Virtudes
Prudência
A
virtude moral pode existir sem certas virtudes intelectuais, como a sabedoria,
a ciência e a arte. Não porém sem o intelecto e a prudência. Sem a prudência,
não pode haver realmente virtude moral, já que esta é um habitus “electivo”
(electivus), isto é, que faz escolhas certas. Ora, para uma boa escolha,
duas coisas exigem-se: primeiro, que haja a devida intenção do fim, o que se
faz pela virtude moral, que inclina a potência apetitiva para o bem conveniente
com a razão, que é o fim devido. Segundo, que se usem correctamente os meios, e
isso só se alcança por uma razão que saiba aconselhar, julgar e decidir bem, o
que é próprio da prudência e de virtudes a ela conexas. Logo, a virtude moral não
pode existir sem a prudência.
Por
conseqüência, também não poderá haver virtude moral sem o intelecto, pois é por
ele que são conhecidos os princípios naturalmente evidentes, seja na ordem
especulativa, seja na prática. Assim, da mesma forma que a razão recta, na
ordem especulativa, enquanto procede de princípios naturalmente conhecidos,
pressupõe o intelecto deles, assim também a prudência, que é a razão recta do
agir (recta ratio agibilium).
São
Tomás de Aquino, Suma Teológica P I-II, q. 58, a. 4.