27/03/2021

Filosofia e Religião, Vida Humana

 


Virtudes

Prudência

 

A virtude moral pode existir sem certas virtudes intelectuais, como a sabedoria, a ciência e a arte. Não porém sem o intelecto e a prudência. Sem a prudência, não pode haver realmente virtude moral, já que esta é um habitus “electivo” (electivus), isto é, que faz escolhas certas. Ora, para uma boa escolha, duas coisas exigem-se: primeiro, que haja a devida intenção do fim, o que se faz pela virtude moral, que inclina a potência apetitiva para o bem conveniente com a razão, que é o fim devido. Segundo, que se usem correctamente os meios, e isso só se alcança por uma razão que saiba aconselhar, julgar e decidir bem, o que é próprio da prudência e de virtudes a ela conexas. Logo, a virtude moral não pode existir sem a prudência.

Por conseqüência, também não poderá haver virtude moral sem o intelecto, pois é por ele que são conhecidos os princípios naturalmente evidentes, seja na ordem especulativa, seja na prática. Assim, da mesma forma que a razão recta, na ordem especulativa, enquanto procede de princípios naturalmente conhecidos, pressupõe o intelecto deles, assim também a prudência, que é a razão recta do agir (recta ratio agibilium).

 

São Tomás de Aquino, Suma Teológica P I-II, q. 58, a. 4.

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