Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
23/05/2020
Orações de Maio
A
minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador,
porque pôs os olhos na humildade da Sua serva, de hoje em diante me chamarão
bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas, santo
é o Seu nome. O Seu Amor se estende de geração em geração sobre os que O temem.
Manifestou o poder do Seu braço, derrubou os poderosos do seu trono e exaltou
os humildes, aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias.
Acolheu a Israel Seu servo, lembrado da Sua misericórdia, como tinha prometido
a Abraão e à sua descendência para sempre.
LEITURA ESPIRITUAL
São João
Cap. I
1 No princípio existia o Verbo; o Verbo
estava em Deus; e o Verbo era Deus. 2 No princípio Ele estava em Deus. 3 Por
Ele é que tudo começou a existir; e sem Ele nada veio à existência. 4 Nele é
que estava a Vida de tudo o que veio a existir. E a Vida era a Luz dos homens.
5 A Luz brilhou nas trevas, mas as trevas não a receberam. 6 Apareceu um homem, enviado por Deus, que se chamava
João. 7 Este vinha como testemunha, para dar testemunho da Luz e todos crerem
por meio dele. 8 Ele não era a Luz, mas vinha para dar testemunho da Luz. 9
O Verbo era a Luz verdadeira, que, ao vir ao mundo, a todo o homem ilumina. 10
Ele estava no mundo e por Ele o mundo veio à existência, mas o mundo não o
reconheceu. 11 Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. 12 Mas, a
quantos o receberam, aos que nele crêem, deu-lhes o poder de se tornarem filhos
de Deus. 13 Estes não nasceram de laços de sangue, nem de um impulso da carne,
nem da vontade de um homem, mas sim de Deus. 14 E o Verbo fez-se homem e veio
habitar connosco. E nós contemplámos a sua glória, a glória que possui como
Filho Unigénito do Pai, cheio de graça e de verdade. 15 João deu testemunho
dele ao clamar: «Este era aquele de quem eu disse: ‘O que vem depois de mim
passou-me à frente, porque existia antes de mim.’» 16 Sim, todos nós participamos da sua plenitude, recebendo
graças sobre graças. 17 É que a Lei foi dada por Moisés, mas a graça e a
verdade vieram-nos por Jesus Cristo. 18 A Deus jamais alguém o viu. O Filho
Unigénito, que é Deus e está no seio do Pai, foi Ele quem o deu a conhecer. 19 Foi este o testemunho de João, quando os judeus
lhe enviaram, de Jerusalém, sacerdotes e levitas, para lhe perguntarem: Tu quem
és? 20 Ele confessou e não negou: Eu não sou o Messias – confessou. 21 Quem és
então? – perguntaram-lhe: – És Elias? Não sou – respondeu ele. És o Profeta?
Ele retorquiu: Não! 22 Disseram-lhe então: Quem és tu? É para darmos resposta
aos que nos enviaram: Que dizes de ti mesmo? 23 Ele declarou: Sou a voz de um
que brada no deserto: ‘Endireitai o caminho do Senhor’. Como disse o profeta
Isaías. 24 Tinham sido enviados alguns dos Fariseus. 25 Interrogaram-no eles
nestes termos: Então porque é que baptizas, se não és o Messias, nem Elias nem
o Profeta? 26 Respondeu-lhes João dizendo: Eu baptizo em água; mas no meio de
vós se encontra quem vós não conheceis. 27 Aquele que vem depois de mim; a quem
eu não sou digno de desatar as correias das sandálias. 28 Deram-se estes factos
em Betânia, além-Jordão, onde João estava a baptizar. 29 No dia seguinte, vê
este a Jesus, que vinha ter com ele, e diz: aí está o Cordeiro de Deus, que vai
tira o pecado do mundo. 30 Era deste que eu dizia: Depois de mim vem um homem
que passou à minha frente porque era antes de mim. 31 Eu não O conhecia, mas
para Ele se manifestar a Israel é que eu vim baptizar em água. 32 João deu mais
este testemunho: Eu, eu vi o Espírito que descia do Céu como uma pomba, e
permaneceu sobre Ele. 33 E eu não O conhecia, mas quem me enviou a baptizar em
água é que me disse: ‘Aquele sobre quem vires o Espírito descer e permanecer é
o que baptiza no Espírito Santo’. 34 Ora eu vi e sou testemunha de que Ele é o
Filho de Deus. 35 No dia seguinte, João encontrava-se de novo ali com dois dos
seus discípulos. 36 Então, pondo o olhar em Jesus, que passava, disse: «Eis o
Cordeiro de Deus!» 37 Ouvindo-o falar desta maneira, os dois discípulos
seguiram Jesus. 38 Jesus voltou-se e, notando que eles o seguiam,
perguntou-lhes: «Que pretendeis?» Eles disseram-lhe: «Rabi - que quer dizer
Mestre - onde moras?» 39 Ele respondeu-lhes: «Vinde e vereis.» Foram, pois, e
viram onde morava e ficaram com Ele nesse dia. Eram as quatro da tarde. 40
André, o irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram João e seguiram
Jesus. 41 Encontrou primeiro o seu irmão Simão, e disse-lhe: «Encontrámos o
Messias!» - que quer dizer Cristo. 42 E levou-o até Jesus. Fixando nele o
olhar, Jesus disse-lhe: «Tu és Simão, o filho de João. Hás-de chamar-te Cefas»
- que significa Pedra. 43 No dia seguinte, Jesus
resolveu sair para a Galileia. Encontrou Filipe, e disse-lhe: «Segue-me!» 44
Filipe era de Betsaida, a cidade de André e de Pedro. 45 Filipe encontrou
Natanael e disse-lhe: «Encontrámos aquele sobre quem escreveram Moisés, na Lei,
e os Profetas: Jesus, filho de José de Nazaré.» 46 Então disse-lhe Natanael:
«De Nazaré pode vir alguma coisa boa?» Filipe respondeu-lhe: «Vem e verás!» 47
Jesus viu Natanael, que vinha ao seu encontro, e disse dele: «Aí vem um
verdadeiro israelita, em quem não há fingimento.» 48 Disse-lhe Natanael: «Donde
me conheces?» Respondeu-lhe Jesus: «Antes de Filipe te chamar, Eu vi-te quando
estavas debaixo da figueira!» 49 Respondeu Natanael: «Rabi, Tu és o Filho de
Deus! Tu és o Rei de Israel!» 50 Retorquiu-lhe Jesus: «Tu crês por Eu te ter
dito: ‘Vi-te debaixo da figueira’? Hás-de ver coisas maiores do que estas!» 51
E acrescentou: «Em verdade, em verdade vos digo: vereis o Céu aberto e os anjos
de Deus subindo e descendo por meio do Filho do Homem.»
Comentários:
O início do Evangelho escrito por São João sugere-me
reflexões que vou “dividir” em 5 partes.
Parte
1 - Jesus Cristo: Considerando que
conhecemos que Deus É Três Pessoas – a Santíssima Trindade – tal como nos foi
revelado por Jesus Cristo, ficamos também a saber que Quem encarnou da
Santíssima Virgem assumindo um corpo humano foi a Santíssima Trindade, já que
sendo Deus Trino e Uno tudo quanto faz é assim assumido. Humanamente não
podemos compreender como é isto possível, ou melhor, porque Jesus Cristo se
refere ao Pai como se Seu Deus se tratasse. De facto quando o faz – reza, ou
invoca, ou interpela como por exemplo na Cruz «porque me abandonaste?», - fá-lo como Jesus Cristo Homem, porque,
de facto, Deus não reza nem Se interpela a Si Próprio. Esta “dupla” categoria
de Jesus Cristo – Deus verdadeiro e homem verdadeiro (União
hipostática) - não inpede que,
umas vezes, actue como homem e, outras como Deus. Como é então possível? Só me
ocorre uma pálida comparação: Sendo, eu, um homem e um cristão, não é
concebível – ou melhor, aceitável – que umas vezes proceda como homem e outras
como homem cristão. Não estaria certo fundamentalmente porque sendo homem
cristão, isto é, tendo recebido o Baptismo – que como sabemos imprime carácter
indelével (não pode suprimir-se) – tudo quanto faço, penso, desejo ou quero, é
assumido pela minha pessoa “completa”: Homem e Cristão. Mas, mais: Com a Sua
Ressurreição, Jesus Cristo deu-me a categoria de Filho de Deus que é, também,
indelével e para sempre. Mas, esta “categoria” foi dada a todos os homens pelo
que, qualquer um – com Fé ou sem ela, Baptizado ou não – vive e actua, pensa,
deseja e quer como Filho de Deus. Mas, mais ainda: Tenho uma alma que foi
criada expressamente por Deus para a minha pessoa, tal como para todos os
homens. A alma – que é o sopro da Vida – é a Imagem de Deus impressa – também
indelevelmente – no ser humano, logo existe de facto – independentemente da
vontade própria de cada um – uma como que autêntica personalidade divina em
cada um, em cada uma. Isto leva-me a pensar que quando erro, actuo mal, desejo
o que não devo, não faço o que deveria fazer – que é lícito a Deus esperar de
cada um – de acordo com as minhas capacidades, forças e potências, virtudes e
defeitos, sou eu apenas – isto é, homem – que assim procedo, porque eu divino
não posso actuar desse modo.
Parte
2 - Família Divina: Quase sempre quando
nos referimos à Santíssima Virgem lhe chamamos “MÃE DE DEUS”, e embora por vezes também a invoquemos como “FILHA DE DEUS PAI”, “MÃE DE CRISTO”, “ESPOSA
DO ESPÍRITO SANTO”, a referência, digamos assim, que procede é: “MÃE DE DEUS”. Esta realidade vem “confirmar”
a nossa qualidade de autênticos Filhos de Deus porque, sendo ela nossa Mãe a
partir daquele entranhável momento no Gólgota (Cfr.
Jo 19, 25-27), somos irmãos de
Cristo o que “reforça” a nossa categoria de pertencermos – de facto – à Família
Divina. Assim como um membro de uma família humana que tendo uma entidade
própria possui também uma entidade familiar. Também esta situação é indelével,
isto é, ninguém poderá jamais “apagar” a realidade de ter Pais, irmãos, etc.
Sendo assim – como estou convicto que é – chego a uma conclusão: Qualquer ser
humano nasce para a eternidade, porque embora, o corpo desapareça a sua alma
continua viva para todo o sempre. “Estendendo” a conclusão mais além, posso
afirmar que, eu, sou eterno? Então e se acredito que assim é, a minha vida
ganha uma dimensão extraordinária que ultrapassa a minha compreensão porque,
realmente, não sei o que é a eternidade! Sei muito bem que Deus é eterno na
verdadeira acepção da palavra: não conheceu princípio nem terá fim. Sendo assim,
como de facto é, a minha “eternidade” não é comparável à de Deus já que houve
um momento no tempo em que comecei a existir. De certa forma fica respondida a
questão: não sou eterno! O que acontece é um bastante diferente e, por isso
mesmo, mais extraordinário: Deus deu-me vida para sempre! Ele que é o «Deus
dos vivos e não dos mortos» (Cfr. Mt 22, 32), quer que viva para sempre com Ele, essa foi a
verdadeira razão para me dar a vida. Às vezes pergunto-me – sob o efeito da
saudade, da “pressão” da ausência de quem me era tão querido – para que quer o
Senhor que eu viva? (Claro que me refiro a esta vida terrena que tanto me custa
viver.) E dizem-me – e eu compreendo e entendo – que tenho de viver para ter
acesso à “vida verdadeira”, aquela porque anseio. E, nesta ânsia de viver JÁ a “vida verdadeira”, pergunto-me
também: Pode desejar-se a morte? Estou dividido
na resposta porque penso que esta depende muito das circunstâncias mas, de
facto, só me ocorre uma em que esse desejo se pode aceitar e que é: morrer em
vez de pecar mortalmente. Se o pecado mortal traz consigo a morte da alma
porque corta de forma abrupta a relação com Deus, que, definitivamente é o pior
que pode acontecer, então talvez se justifique desejar que o Senhor conceda a
graça de uma morte na segurança da Vida Eterna. Neste caso talvez não se deva
chamar "desejo de morrer" mas sim ânsia de salvação. (ama, reflexões, 2014.11.23).
Parte
3 - A Plenitude: “Plenitude” tem
significados como: Totalidade; Integridade. Por isso, no episódio da
“sarça-ardente” (Cfr. Ex 3, 2-6), Deus explica a Moisés: O meu nome é: «Eu Sou». Jesus Cristo repetirá
exactamente as mesmas palavras (Cfr. por ex. Jo 8, 24) e alguma vez com uma advertência solene: «Por isso Eu vos disse que morreríeis nos
vossos pecados; sim, se não crerdes que “Eu sou”, morrereis nos vossos pecados»
(Cfr. Jo 8, 24). Dado o que atrás disse poderemos nós, criaturas,
membros da Família divina, dizer o mesmo: ‘Eu Sou’? Evidentemente não! Mas,
pode argumentar-se: sendo da Família divina não é verdade que somos Deus? O
próprio Jesus Cristo afirmou: «Vós sois deuses!» (Cfr.
Jo 10, 34) A resposta não é
fácil de argumentar, mas se considerarmos a declaração de Jesus Cristo,
verificaremos que Ele emprega o plural “Deuses”, e não o singular “Deus”. Por
outras palavras não podemos ser “Deus”, apenas conseguiremos – se cumprirmos o
que Ele espera de nós – parecer-nos com Ele. Bom… mas Jesus Cristo também
afirmou: «Para que todos sejam
um, como Tu, Pai, estás em Mim e Eu em Ti, para que também eles sejam um em Nós» (Cfr.
Jo 17, 21) Parece-me claro que estas palavras de Jesus Cristo se referem
à desejável unidade dos cristãos que, se de facto existir, se configura com a
Unidade Divina, da Santíssima Trindade. Em breve parêntesis direi que nós os
cristãos, devemos ter o cuidado de não cair no erro, infelizmente tão comum
entre outras Igrejas - ou assim chamadas – de retirar do seu contexto palavras
ou afirmações das Escrituras – inclusive proferidas pelo próprio Senhor Jesus
Cristo – para justificar conceitos próprios ou para fins não de todo
aceitáveis.
Parte
4 - A Palavra: «O
Verbo era Deus» diz o Evangelista logo no início do Evangelho que escreveu.
Verbo e Palavra são sinónimos, como sabemos, e ambos se aplicam a Deus Uno e
Trino. Parece-me lógico! A palavra é a expressão mais concreta que se pode ter
quando se quer comunicar algo. Deus não criou o homem por um “capricho” adrede
ou para satisfação de alguma necessidade; Ele não precisa de coisa nenhuma e,
neste caso, não necessita do homem para nada. Então? O “responsável” pela
criação do homem foi o Amor Imenso, Absoluto de Deus que, encontrou na criação
da humanidade como que uma extensão desse mesmo Amor: ter o que amar, neste
caso, o homem. Como poderia deixar de FALAR com o objecto do Seu Amor? Como não
fazer tudo para que esse objecto do Seu Amor tivesse possibilidades de O amar
também, considerando que só amando-o poderia ser totalmente feliz? O Senhor,
então, fala ao homem, constantemente, sem descanso e como em certa altura da
história da criação o homem já não escutava – ou entendia correctamente – o que
Ele lhe comunicava vem Ele próprio ter com o homem – fazendo-se homem – comunicar
de viva voz o que quer que o homem saiba, o que o homem necessita saber. Jesus
Cristo é A Palavra, O Verbo em Pessoa Verdadeira e Concreta que fala, discursa,
explica, ensina, urge a que O escutem. Ciente disto mesmo, São Pedro dirá: «A
quem iremos, Senhor, Tu tens palavras de vida eterna» (Cfr. Jo 6, 68).
Escutar a Palavra é ouvir o próprio Deus a falar,
fazer o que Ele diz, é cumprir a Sua Vontade; cumprir a Sua Vontade é assegurar
– a única forma – a Vida Eterna.
Parte
5 - A Luz: Alguma vez Jesus
Cristo chamou-nos «filhos da luz»! (Cfr.
Jo 12, 36) dando como que uma
indicação de como o poderemos ser: «Enquanto
tendes a luz, crede na luz» (Cfr.
Jo 12, 36). Que
luz é esta? Exactamente a luz de que fala o Evangelista: (Cfr.
Jo 1, 4-9) Jesus Cristo é a Luz
por excelência! Jesus Cristo é a vida verdadeira! A luz, portanto, é a vida,
como aliás o Apóstolo atesta. O Baptismo concede a Vida Verdadeira –
simbolizada na água - que é a Vida em Deus, logo dá a Luz – aliás identificada
na vela que os padrinhos apresentam ao baptizando. Noutro breve parêntesis
cabe perguntar se alguma vez nos interrogamos porquê os pintores colocam uma
auréola de luz envolvendo a cabeça dos Santos, da Santíssima Virgem, das
figuras celestes… Pensamos que esta auréola assinala a santidade do retratado
na pintura. Talvez… mas, eu, creio que a realidade, quer dizer exactamente,
que essa santidade era tão grande que a luz própria do retratado se tornava
visível. A Escritura fala-nos algumas vezes de pessoas cujo estreito contacto
com Deus por vezes lhes fazia resplandecer tal luminosidade no rosto que era
difícil fixá-lo. Podemos referir, por exemplo, Moisés, mas, na história recente
da Igreja também revela outros casos como São Filipe de Néri, o Santo Padre Pio
de Peltrecina, São João Maria Vianey. Quer dizer: esse “estreito contacto com
Deus” traduz-se numa santidade pessoal cuja luz resplandece. Caminhar na Luz –
sempre preferível que andar na escuridão – é seguir Cristo: A LUZ! «Eu sou a luz do mundo; quem Me segue
não anda nas trevas, mas terá a luz da vida». (Cfr.
Jo 8, 12) Outra vez a Luz e a
Vida que, para Jesus Cristo, são sinónimos, ou por outras palavras: sem Luz – a
Luz de Cristo – não há vida, a única vida que vale a pena viver! Algumas vezes
pode acontecer que a nossa alma se sinta como que envolta em escuridão o que
acontece, principalmente, quando sucumbimos à tentação e nos deixamos levar
por e para onde não devemos. É uma situação a que urgentemente se tem de pôr
cobro porque, permanecer na escuridão, é o mesmo que estar morto, não ter
vida. E o remédio, a solução, está claramente indicada pela Fé: ir ter com
Jesus! Junto ao sacrário das Igrejas deste mundo existe sempre uma pequena luz
acesa que nos lembra exactamente que, ali, naquele pequeno cenáculo, escondido,
inerme e humildissimamente expectante, está a “Luz do Mundo”, a “Vida”! É com
enorme dor que a Santa Igreja constata que tantos dos seus filhos se afastam,
se deixam corromper por falsas e insidiosas promessas, por desleixo ou incúria
e não usam com a frequência necessária – e recomendável – desse maravilhoso
instrumento que lhes coloca à disposição: o Sacramento da Confissão
Sacramental. Com efeito, poderíamos apelidá-lo de “Sacramento da Luz” porque
exactamente, pelo poder que lhe foi transmitido pelo próprio Jesus Cristo seu
Chefe e Cabeça, restitui à Luz aquele que a tenha perdido. Por isso, penso, que
um dos maiores actos de caridade – misericórdia – que possamos praticar com o
nosso próximo é exactamente esse apostolado da Confissão! Penso em tantos e
tantas que morrem sem que alguém – movido, talvez por uma “falsa piedade” de
“não ferir susceptibilidades” – lhes fale desse extraordinário bem e, não menos,
extraordinária graça de se confessar na previsão da morte eminente. Tenho a
certeza que não me engano se afirmar que quem tendo podido fazê-lo não o fez
comete uma falta grave de que terá de dar estreitas contas. Até há poucos anos
a filmologia nomeadamente norte-americana, apresentava sempre um sacerdote
acompanhando os condenados à morte nos seus últimos momentos antes da execução.
(Não sei se ainda hoje sucede…). Como experiência pessoal posso referir
companheiros meus que, sofrendo nas vascas da agonia pelos ferimentos mortais
recebidos em combate, depois da Absolvição recebida do Capelão militar, apresentarem
visivelmente um ar de serenidade e paz nos últimos momentos de vida. São João
Paulo II alterou uma oração – com séculos de existência -muito querida dos
cristãos: o Santo Rosário. Acrescentou, por assim dizer, mais um Terço dedicado
à contemplação dos Mistérios Luminosos. O Santo Papa, de tão grata memória,
terá entendido que à oração mariana, faltaria algo: Aos Mistérios Gozosos,
Dolorosos e Gloriosos era conveniente acrescentar os Luminosos. Não sabemos,
evidentemente, porque o terá feito, mas não me custa absolutamente admitir que
a Santíssima Virgem não será alheia a essa inspiração que terá concedido ao
“seu Papa”. Sim… “o seu Papa” tal como ele era dela: “Totus tuus” era o seu lema que, para grande alegria minha, tenho
escrito pela sua própria mão numa “pagela” que recebi em Fátima em Treze de
Maio de 1991 directamente das mãos de outro grande santo, D. Alberto Cosme do
Amaral, na altura Bispo de Leiria-Fátima, onde os seus restos repousam na
Basílica. A Luz! A grande preocupação
dos homens com lugares de mando é terem as ruas das áreas populacionais bem
iluminadas para que as pessoas vejam bem por onde vão e, também, para afastar
aqueles que preferem andar a coberto da escuridão. E, de facto, as pessoas
sentem-se mais seguras e confortáveis porque caminham nas ruas iluminadas. Que
conforto, então, sentirá quem caminha na Luz
Verdadeira, a Luz de Cristo? O
caminho que os magos seguiram para encontrar o Menino Jesus foi indicado por
uma luz, uma estrela que os conduziu com segurança desde muito longe até ao
local exacto. E para terminar este comentário sirvo-me das palavras com que o
Rv. Cónego António Ferreira os Santos terminou a sua homilia na Missa do Dia de
Reis de 2016: “Vem Menino Jesus! Precisamos da Tua LUZ!” Quem não conhece esta
cena entranhável que nos recorda o Nascimento do Salvador? Mesmo os que não
celebram esta Festa ou que, por este ou aquele motivo, se colocam à margem
sabem que hoje é Dia de Natal. Nunca mais, desde essa Santa Noite há três mil
anos, esta história deixou de ser um marco da humanidade.
Temas para reflectir e meditar
VIDA INTERIOR
Na cidadela da própria vida interior, o defeito dominante é o ponto débil, o lugar desguarnecido.
O inimigo das almas procura precisamente, em cada um, esse ponto débil, facilmente vulnerável, e com facilidade o encontra.
Por conseguinte, nós também devemos conhecê-lo.
Na cidadela da própria vida interior, o defeito dominante é o ponto débil, o lugar desguarnecido.
O inimigo das almas procura precisamente, em cada um, esse ponto débil, facilmente vulnerável, e com facilidade o encontra.
Por conseguinte, nós também devemos conhecê-lo.
(R. Garrigou-Lagrange, Las três edades de la vida interior, Vol. I, nr. 367, trad ama)
Pequena agenda do cristão
PEQUENA AGENDA DO CRISTÃO
(Coisas muito simples, curtas, objectivas)
Propósito:
Honrar a Santíssima Virgem.
A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da Sua serva, de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas, santo é o Seu nome. O Seu Amor se estende de geração em geração sobre os que O temem. Manifestou o poder do Seu braço, derrubou os poderosos do seu trono e exaltou os humildes, aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel Seu servo, lembrado da Sua misericórdia, como tinha prometido a Abraão e à sua descendência para sempre.
Lembrar-me:
Santíssima Virgem Mãe de Deus e minha Mãe.
Minha querida Mãe: Hoje queria oferecer-te um presente que te fosse agradável e que, de algum modo, significasse o amor e o carinho que sinto pela tua excelsa pessoa.
Não encontro, pobre de mim, nada mais que isto: O desejo profundo e sincero de me entregar nas tuas mãos de Mãe para que me leves a Teu Divino Filho Jesus. Sim, protegido pelo teu manto protector, guiado pela tua mão providencial, não me desviarei no caminho da salvação.
Pequeno exame:
Cumpri o propósito que me propus ontem?
Orações sugeridas:
LEITURA ESPIRITUAL
São Marcos
Cap. I
1 Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus.
2 Conforme está escrito no profeta Isaías: Eis que envio à tua frente o meu
mensageiro, a fim de preparar o teu caminho. 3 Uma voz clama no deserto:
‘Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.’ 4 João Baptista
apareceu no deserto, a pregar um baptismo de arrependimento para a remissão dos
pecados. 5 Saíam ao seu encontro todos os da província da Judeia e todos os
habitantes de Jerusalém e eram baptizados por ele no rio Jordão, confessando os
seus pecados. 6 João vestia-se de pêlos de camelo e trazia uma correia de couro
à cintura; alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre. 7 E pregava assim:
«Depois de mim vai chegar outro que é mais forte do que eu, diante do qual não
sou digno de me inclinar para lhe desatar as correias das sandálias. 8 Eu
baptizei-vos em água, mas Ele há-de baptizar-vos no Espírito Santo.» 9 Por aqueles dias, Jesus veio de Nazaré da Galileia e
foi baptizado por João no Jordão. 10 Quando saía da água, viu serem rasgados os
céus e o Espírito descer sobre Ele como uma pomba. 11 E do céu veio uma voz:
«Tu és o meu Filho muito amado, em ti pus todo o meu agrado.» 12 Em seguida, o Espírito impeliu-o para o deserto. 13 E
ficou no deserto quarenta dias. Era tentado por Satanás, estava entre as feras
e os anjos serviam-no. 14 Depois de João ter sido preso, Jesus foi para a
Galileia, e proclamava o Evangelho de Deus, 15 dizendo: «Completou-se o tempo e
o Reino de Deus está próximo: arrependei-vos e acreditai no Evangelho.» 16 Passando
ao longo do mar da Galileia, viu Simão e André, seu irmão, que lançavam as
redes ao mar, pois eram pescadores. 17 E disse-lhes Jesus: «Vinde comigo e
farei de vós pescadores de homens.» 18 Deixando logo as redes, seguiram-no. 19 Um
pouco adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no
barco a consertar as redes, e logo os chamou. 20 E eles deixaram no barco seu
pai Zebedeu com os assalariados e partiram com Ele. 21 Entraram em Cafarnaúm.
Chegado o sábado, veio à sinagoga e começou a ensinar. 22 E maravilhavam-se com o seu ensinamento, pois
os ensinava como quem tem autoridade e não como os doutores da Lei. 23 Na
sinagoga deles encontrava-se um homem com um espírito maligno, que começou a
gritar: 24 «Que tens a ver connosco, Jesus de Nazaré? Vieste para nos arruinar?
Sei quem Tu és: o Santo de Deus.» 25 Jesus repreendeu-o, dizendo: «Cala-te e
sai desse homem.» 26 Então, o espírito maligno, depois de o sacudir com força,
saiu dele dando um grande grito. 27 Tão assombrados ficaram que perguntavam uns
aos outros: «Que é isto? Eis um novo ensinamento, e feito com tal autoridade
que até manda aos espíritos malignos e eles obedecem-lhe!» 28 E a sua fama logo
se espalhou por toda a parte, em toda a região da Galileia. 29 Saindo da
sinagoga, foram para casa de Simão e André, com Tiago e João. 30 A sogra de
Simão estava de cama com febre, e logo lhe falaram dela. 31Aproximando-se,
tomou-a pela mão e levantou-a. A febre deixou-a e ela começou a servi-los. 32 À
noitinha, depois do sol-pôr, trouxeram-lhe todos os enfermos e possessos, 33 e
a cidade inteira estava reunida junto à porta. 34 Curou muitos enfermos
atormentados por toda a espécie de males e expulsou muitos demónios; mas não
deixava falar os demónios, porque sabiam quem Ele era. 35 De madrugada, ainda
escuro, levantou-se e saiu; foi para um lugar solitário e ali se pôs em oração.
36 Simão e os que estavam com Ele seguiram-no. 37 E, tendo-o encontrado,
disseram-lhe: «Todos te procuram.» 38 Mas Ele respondeu-lhes: «Vamos para outra
parte, para as aldeias vizinhas, a fim de pregar aí, pois foi para isso que Eu
vim.» 39 E foi por toda a Galileia, pregando nas sinagogas deles e expulsando
os demónios. 40 Um leproso veio ter com Ele, caiu de
joelhos e suplicou: «Se quiseres, podes purificar-me.» 41 Compadecido, Jesus
estendeu a mão, tocou-o e disse: «Quero, fica purificado.» 42 Imediatamente a
lepra deixou-o, e ficou purificado. 43 E logo o despediu, dizendo-lhe em tom
severo: 44 «Livra-te de falar disto a alguém; vai, antes, mostrar-te ao
sacerdote e oferece pela tua purificação o que foi estabelecido por Moisés, a
fim de lhes servir de testemunho.» 45 Ele, porém, assim que se retirou, começou
a proclamar e a divulgar o sucedido, a ponto de Jesus não poder entrar abertamente
numa cidade; ficava fora, em lugares despovoados. E de todas as partes iam ter
com Ele.
Comentários:
1-8 -
São
Marcos começa o “seu” Evangelho descrevendo a figura e o papel de João
Baptista. De facto, o Baptista está intimamente ligado a Jesus Cristo, mesmo
antes do nascimento de ambos. Tem uma missão particularmente difícil, preparar
o caminho do Salvador. Efectivamente será ele quem indicará quem É Jesus Cristo
e ao que vem e, naturalmente, os seus seguidores – que seriam muitos – seguem
as suas instruções e começam a acompanhar Jesus quando este inicia a Sua vida
pública. É um homem duro e implacável que não transige de nenhuma forma com
situações irregulares, e, isso, há-de custar-lhe a própria vida. O seu exemplo
de sacrifício pessoal e austeridade de vida devem ter impressionado muitos,
inclusive, do partido dos chefes do povo que o ouviam.
7-11
-
Ao querer ser
baptizado, Jesus Cristo segue escrupulosamente as Escrituras. É o que fará
sempre ao longo da Sua vida na terra. Poderíamos dizer que foi um acto
desnecessário porque Deus não precisa de Baptismo, ou não fará muito sentido já
que, o Baptismo é a integração do homem seio da família divina daQual Cristo É
a SEGUNDA PESSOA. Mas é preciso que Cristo seja baptizado para assim elevar o
Baptismo à categoria de Sacramento de iniciação da fé. Nada do que o Senhor faz
ou diz deixa ter um propósito, uma intenção muito concreta: dar aos homens
todos os meios necessários para a sua salvação.
Jesus Cristo não precisava
ser baptizado porque era o Filho de Deus. Mas, ao fazê-lo, - além de dar
cumprimento rigoroso às Escrituras - institui este sacramento de iniciação dos
homens na Família Divina. Também foi como que a confirmação de quanto João
Baptista vinha anunciando e fazendo, estabelecendo-o definitivamente como o
Percursor. Acaba aqui o papel desempenhado pelo Baptista, a partir de agora
será o próprio Filho de Deus a anunciar o Reino, a propagar a Doutrina, a
apelar à conversão.
O baptismo de Jesus é o
primeiro acto público do Salvador e como que o começo de uma nova vida. Tal
como para nós, cristãos, o Baptismo é o sinal definitivo e indelével que
pertencemos a Deus que nos dá a Honra e Dignidade de nos considerar Seus
filhos. Seja a nossa vida o que for, façamos o que fizermos, esse vínculo nunca
desaparecerá. A nossa relação com o nosso Pai-Deus, será eterna.
12-15 -
São Marcos não se “alarga” muito sobre a estadia do
Senhor no deserto. O seu intuito parece ser unicamente assinalar o começo da
vida pública de Jesus e a razão que O trouxe a este mundo. Tem, contudo, uma
“palavra chave”: «Completou-se o tempo e
o Reino de Deus está próximo». Uma
vida totalmente nova irá começar, os homens terão objectivos concretos e bem
definidos, a Lei não será revogada, mas devidamente explicada e adaptada aos
novos tempos. O “rebanho” de Deus passará a ter um Pastor seguro e fiel.
14-20 -
Quatro irmãos
são os primeiros que O Senhor escolhe para O seguirem. Como que a anunciar que
pretende formar uma família espiritual à Sua volta com o objectivo de congregar
todos os homens numa única família: a família dos Filhos de Deus. São homens
simples disponíveis e leais habituados a trabalhar em conjunto levando a carga
uns dos outros sempre que necessário. A sua profissão de pescadores
ensinou-lhes a necessidade da persistência e da perseverança, a não desanimar
perante ausência de resultados imediatos, a fazerem o mesmo quantas vezes forem
necessárias até conseguirem a pesca abundante que compensará todos os esforços.
29-39 -
Jesus Cristo é, de facto, um verdadeiro “médico
de família” atento e disponível para assistir os doentes quando necessário seja
qual for o mal que os aflige. Uma simples febre! E, Deus Nosso Senhor, O Todo
Poderoso, não tem qualquer pejo em assistir a sogra de Pedro. Ficamos comovidos
com esta simplicidade de Jesus, comovidos e tranquilos porque temos a segurança
do Seu desvelo, interesse e disponibilidade para nos acudir quando necessário.
40-45 -
São
Marcos deve ter ficado tão impressionado com este episódio – naturalmente
ouvido da boca de São Pedro – que o descreve em pormenor. Talvez que, o mais
saliente, seja a afirmação de Fé do leproso: «Se quiseres podes limpar-me».
Uma lição para nós homens que precisamos de tudo e tudo pedimos ao Senhor e,
por vezes, sem a Fé convicta e profunda demonstrada por este homem. Porquê, se
acreditamos que o Senhor pode tudo? Porque a nossa confiança e fé são débeis e
precisam, muitas vezes, de um esforço da nossa parte, que passará, naturalmente,
por Lhe dizer-mos com frequência: ‘Senhor, eu creio, mas aumenta a minha Fé’.
A liturgia repete no espaço de poucos dias
este mesmo trecho do Evangelho de São Marcos. Nunca é demais repetir uma das
condições mais importantes na oração de petição: a Fé e Confiança absolutas em
Deus. O leproso afirma sem rebuço, claramente: «Se quiseres, podes purificar-me». E esta confiança e fé movem o Coração Misericordioso do Senhor
que não pode mais que satisfazer o pedido de quem Se Lhe dirige nessas
condições.
Perante
Jesus todos somos seres humanos com uma mesma dignidade: Filhos de Deus! Por
isso nos toca pessoalmente, sem Se “importar”com a lepra que nos cobre o corpo
ou a alma. Sim… a lepra da alma – que é o pecado – bem mais horrível e abjecta
que a lepra do corpo. E… o Senhor chama-nos aos Seus pés e, na figura do
Sacerdote, abençoa-nos, perdoa as nossas faltas e manda-nos em paz de volta às
nossas vidas como se nada se tivesse passado. Jesus Cristo um Deus longínquo e
distante? Não! Um Senhor e Rei que nos quer com coração de Pai e de Mãe, que
nos ama de tal forma que deu a vida por nós.
«Compadecido, Jesus
estendeu a mão, tocou-o». A lepra, um
leproso e, o Senhor, tocou-o com a mão! Não Lhe bastaria fazer o milagre,
operar a cura do que Lhe pedia, tinha de o tocar como se faz com um amigo
quando queremos comunicar-lhe algo importante que envolve afecto, estima. Os
circunstantes deverão ter ficado assombrados talvez mais pelo gesto que pelo
milagre: Tocar um leproso! Mas, a verdade, é que o Senhor nunca deixa de nos
tocar intimamente quando, sujos, imundos com a lepra do pecado, nos aproximamos
deLe para Lhe pedir perdão. Ah! E a lepra do pecado é mais repugnante que a
lepra física porque não há maior doença, mal mais horrível que a ofensa feita a
Deus.
57-66 -
A Igreja celebra o Nascimento de São João Baptista. As Memórias dos Santos
são normalmente celebradas no dia natalis
isto é, a data em que partiram para o Reino de Deus na eternidade. Mas neste
caso é diferente porque sendo João Baptista parente chegado de Jesus Cristo,
tendo-O “reconhecido” quando da Visita de Nossa Senhora a sua Mãe (exultando no seu seio), quando nasce já
era santo.
14-20 -
São
Marcos descreve com pormenores o chamamento de Jesus aos primeiros Apóstolos,
aqueles que, como diríamos hoje em dia, constituiriam o “núcleo duro” para O
acompanharem na Sua missão apostólica. Neste passo acontecem duas coisas dignas
de nota: todos são pescadores e dois grupos de irmãos. O serem pescadores é
significativo, porque são homens simples, habituados a um trabalho duro em que
a paciência da espera e, também, a frustração de resultados não obtidos, lhes
conferem um carácter sólido e perseverante. Serem dois grupos de irmãos, também,
porque se conhecem melhor, estão habituados a conviver e a trabalhar juntos,
têm confiança e sentido de entreajuda. A prontidão na resposta confere aos
quatro, duas características fundamentais: Avaliação de quem lhes fala como
credível e sincero; Decisão pronta e incondicional. Homens assim, não podemos
surpreender-nos que tenham sido os pilares da Igreja que Nosso Senhor Jesus
Cristo fundou.
Jesus Cristo considera que a morte de João Baptista é o fecho do tempo de preparação e o
começo do tempo de salvação. Esta passa, naturalmente, pela instauração do
Reino de Deus na terra e da conversão de todos os homens em Filhos de Deus. Esta
é, verdadeiramente a Sua missão e, durante os próximos três anos é o que fará
sem descanso nem desvios. Muitos – como estes que agora escolhe – hão-de
segui-Lo sem hesitações outros, talvez a maioria, necessita de O ouvir, de
escutar da Sua boca as palavras de Vida Eterna que tem para comunicar, tem de
doutrinar, aconselhar, indicar o caminho. Os homens nem supõem a graça
extraordinária que é que o próprio Senhor, Criador de todas as coisas, venha,
Ele mesmo, na Pessoa do Filho, cumprir essa missão de amor.
21-28 -
Parece algo estranha esta “declaração” do
evangelista. Mas temos de compreender que, em Jesus Cristo, tudo era
absolutamente novo, isto é, observando a Lei, não alterando um “til”, dava-lhe
uma interpretação nova e acessível a qualquer um. E como o fazia com uma
convicção e uma autoridade tais que não se admitia discussão. Os ouvintes – as
pessoas comuns – estavam habituados a que lhes dissessem que as coisas eram
assim, como quem diz, “à letra”, não se importando nem com a interpretação nem
com qualquer explicação. Jesus Cristo, bem ao contrário, explica e diz porque é
que a Lei é assim, diz isto, estabelece aquilo e qual a forma de entender,
compreender e pôr em prática. E as pessoas entendem, finalmente, que a Lei de
Deus é uma lei natural acessível a qualquer um e feita de modo a que todos a
possam pôr em prática. Ou seja, em vez de rigor… amor!
Porque é que Jesus «não deixava que
os demónios falassem»? Porque, sabiam quem Ele era. O Senhor não
consentiria que acreditassem que Ele era o Filho de Deus por revelação do
demónio, mas sim pelas Suas palavras e actos. A Fé só pode vir de Deus, nunca
dos homens e muito menos de Satanás.
Já
o dissemos – mas voltamos a repetir – que o Senhor não podia consentir que
alguém acreditasse neLe devido a declarações de Satanás. O Pai da Mentira, não
merece qualquer credibilidade – nunca! – como poderia, pois, dizer algo
verdadeiro acerca de Cristo? Bom… de facto, diz a verdade, mas a sua intenção é
malévola e falsa porque, aos que acreditarem nele pelo que diz de Cristo, há-de
exigir que acreditem em tudo quanto lhes sugerir, por outras palavras, toma
posse desses coitados que se deixam enganar.
Evidentemente que, na sinagoga, os presentes
deveriam ser pessoas de várias classes sociais e diferentes graus de cultura. Fica
assim provado que as palavras de Jesus eram perfeitamente entendíveis por
todos. A Lei de Deus não requer conhecimentos especiais para ser compreendida
e, assim, cumprida por qualquer um. Mas é bom que tenhamos as ideias claras e
ajustadas e, para isso, está a Direcção Espiritual como auxiliar precioso.
A Sinagoga de Cafarnaum é, mais uma vez,
palco da actuação de Jesus Cristo. Talvez em nenhum outro lugar Ele tenha
insistido tanto na pregação do Reino de Deus, doutrinando e ensinando as
pessoas ávidas de Doutrina. Sobretudo porque, como narra o Evangelista «os ensinava como quem tem autoridade e não
como os Doutores da lei». A autoridade é confirmada pelos numerosos
milagres, a doutrina assenta no que é essencial, deixando de lado o acessório
que não passam de preceitos, um pouco adrede, da vontade dos que ocupam os lugares de chefia.
26-38
-
Páginas e
páginas foram escritas ao longo dos séculos sobre os acontecimentos aqui
relatados. Algumas de grande beleza e elevação, outras, de profunda meditação. Nunca
serão, no entanto, bastantes e suficientes, trata-se nada mais que o princípio
do cumprimento das promessas divinas para a salvação da humanidade. Tudo depende
de uma simples e humilde jovem de Nazaré que, embora escolhida por Deus desde
ou principio dos tempos, tem de dar o seu consentimento pessoal para aceitar
cumprir esses menos desígnios divinos. Deus respeita sumamente a liberdade
humana, como aqui fica comprovado, e nem por conhecer o passado, o presente e o
futuro passará por cima dessa liberdade individual que Ele próprio concedeu ao
homem.
A vida de um
cristão deve ser um constante renascimento, como os dias de sucedem às noites
assim o cristão deve ir renovando os seus conhecimentos que fundamentem a sua
fé. Sem conhecer não se pode viver a fé em plenitude e, para conhecer, é
fundamental estudar, informar-se, descobrir novas linhas que talvez estivessem
despercebidas. Sim: ler o evangelho diariamente e sobretudo meditando-o.
29-39 -
Nenhuma doença ou debilidade humana é
desprezível para o Senhor. Não Se ocupa apenas dos grandes milagres e
aparatosas demonstrações do Seu poder. Se umas são convenientes para confirmar
na fé os Seus discípulos, outras demonstram a Sua atenção e cuidado pelas
necessidades mais comezinhas dos homens.
Jesus Cristo mostra uma vez
mais que o ser humano, seja quem for, merece a Sua atenção e interesse e está
sempre disponível para prestar auxílio e consolação. Assim podemos estar certos
que, nos momentos sérios como nos de menor importância, a Sua mão se estende
para nós para nos prestar o auxílio que necessitamos.
Saciar a fome a uns milhares
de pessoas com apenas uns poucos de pães e alguns peixes, ou curar uma simples
febre, são milagres, poderes, que o Senhor usa para resolver os problemas dos
outros homens Seus irmãos. Era necessário alimentar toda aquela gente para que
não desfalecesse no caminho; era importante curar a febre da sogra de Pedro
para que esta pudesse recebe-los e servi-los condignamente em sua casa. Jesus
Cristo não faz nada sem um motivo seja lá qual for o “aparato” ou “discrição” que
tal possa implicar. O homem precisa e Jesus providencia!
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