PEQUENA AGENDA DO CRISTÃO
Segunda-Feira
(Coisas
muito simples, curtas, objectivas)
Propósito: Sorrir; ser amável; prestar serviço.
Senhor
que eu faça "boa cara" que seja alegre e transmita aos outros, principalmente
em minha casa, boa disposição.
Senhor
que eu sirva sem reserva de intenção de ser recompensado; servir com
naturalidade; prestar pequenos ou grandes serviços a todos mesmo àqueles que
nada me são. Servir fazendo o que devo sem olhar à minha pretensa “dignidade”
ou “importância” “feridas” em serviço discreto ou desprovido de relevo, dando
graças pela oportunidade de ser útil.
Lembrar-me:
Sorrir,
ser amável.
LEITURA ESPIRITUAL
Evangelho
Jo
V, 1-47
Cura do paralítico da piscina de Betzatá
1 Depois
disto, havia uma festa dos judeus e Jesus subiu a Jerusalém. 2 Em Jerusalém,
junto à Porta das Ovelhas, há uma piscina, em hebraico chamada Betzatá. Tem
cinco pórticos, 3 e neles jaziam numerosos doentes, cegos, coxos e paralíticos.
4 5 Estava ali um homem que padecia da sua doença há trinta e oito anos. 6 Jesus,
ao vê-lo prostrado e sabendo que já levava muito tempo assim, disse-lhe:
«Queres ficar são?» 7 Respondeu-lhe o doente: «Senhor, não tenho ninguém que me
meta na piscina quando se agita a água, pois, enquanto eu vou, algum outro
desce antes de mim». 8 Disse-lhe Jesus: «Levanta-te, toma a tua enxerga e
anda.» 9 E, no mesmo instante, aquele homem ficou são, agarrou na enxerga e
começou a andar. Ora, aquele dia era de sábado. 10 Por isso os judeus diziam ao
que tinha sido curado: «É sábado e não te é permitido transportar a enxerga.»
11 Ele respondeu-lhes: «Quem me curou é que me disse: 'Toma a tua enxerga e
anda'.» 12 Perguntaram-lhe, então: «Quem é esse homem que te disse: 'Toma a tua
enxerga e anda'?» 13 Mas o que tinha sido curado não sabia quem era, porque
Jesus se tinha afastado da multidão ali reunida. 14 Mais tarde, Jesus
encontrou-o no templo e disse-lhe: «Vê lá: ficaste curado. Não peques mais,
para que não te suceda coisa ainda pior.» 15 O homem foi-se embora e comunicou
aos judeus que fora Jesus quem o tinha curado. 16 E foi por isto, por Jesus
realizar tais coisas em dia de sábado, que os judeus começaram a persegui-lo. 17
Naquela altura Jesus replicou-lhes: «O meu Pai continua a realizar obras até
agora, e Eu também continuo!» 18 Perante isto, mais vontade tinham os judeus de
o matar, pois não só anulava o Sábado, mas até chamava a Deus seu próprio Pai,
fazendo-se assim igual a Deus.
Discurso apologético: o poder do Filho
19 Jesus
tomou, pois, a palavra e começou a dizer-lhes: «Em verdade, em verdade vos
digo: o Filho, por si mesmo, não pode fazer nada, senão o que vir fazer ao Pai,
pois aquilo que este faz também o faz igualmente o Filho. 20 De facto, o Pai
ama o Filho e mostra-lhe tudo o que Ele mesmo faz; e há-de mostrar-lhe obras
maiores do que estas, de modo que ficareis assombrados. 21 Pois, assim como o
Pai ressuscita os mortos e os faz viver, também o Filho faz viver aqueles que
quer. 22 O Pai, aliás, não julga ninguém, mas entregou ao Filho todo o
julgamento, 23para que todos honrem - o Filho como honram o Pai. Quem não honra
o Filho não honra o Pai que o enviou. 24 Em verdade, em verdade vos digo: quem
ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não é
sujeito a julgamento, mas passou da morte para a vida. 25 Em verdade, em
verdade vos digo: chega a hora - e é já - em que os mortos hão-de ouvir a voz
do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão, 26 pois, assim como o Pai tem a
vida em si mesmo, também deu ao Filho o poder de ter a vida em si mesmo; 27 e
deu-lhe o poder de fazer o julgamento, porque Ele é Filho do Homem. 28 Não vos
assombreis com isto: é chegada a hora em que todos os que estão nos túmulos
hão-de ouvir a sua voz, 29 e sairão: os que tiverem praticado o bem, para uma
ressurreição de vida; e os que tiverem praticado o mal, para uma ressurreição
de condenação. 30 Por mim mesmo, Eu não posso fazer nada: conforme ouço, assim
é que julgo; e o meu julgamento é justo, porque não busco a minha vontade, mas
a daquele que me enviou.»
Testemunhos a favor do Filho: as credenciais de Jesus
31 «Se
Eu testemunhasse a favor de mim próprio, o meu testemunho não teria valor; 32 há
outro que testemunha em favor de mim, e Eu sei que o seu testemunho, favorável
a mim, é verdadeiro. 33 Vós enviastes mensageiros a João, e ele deu testemunho
da verdade. 34Não é, porém, de um homem que Eu recebo testemunho, mas digo-vos
isto para vos salvardes. 35 João era uma lâmpada ardente e luminosa, e vós, por
um instante, quisestes alegrar-vos com a sua luz. 36 Mas tenho a meu favor um
testemunho maior que o de João, pois as obras que o Pai me confiou para levar a
cabo, essas mesmas obras que Eu faço, dão testemunho de que o Pai me enviou. 37
E o Pai que me enviou mantém o seu testemunho a meu favor. Nunca ouvistes a sua
voz, nem vistes o seu rosto, 38 nem a sua palavra permanece em vós, visto não
crerdes neste que Ele enviou. 39 Investigai as Escrituras, dado que julgais ter
nelas a vida eterna: são elas que dão testemunho a meu favor. 40 Vós, porém,
não quereis vir a mim, para terdes a vida! 41 Eu não ando à procura de receber
glória dos homens; 42 a vós já vos conheço, e sei que não há em vós o amor de
Deus. 43 Eu vim em nome de meu Pai, e vós não me recebeis; se outro viesse em
seu próprio nome, a esse já o receberíeis. 44 Como vos é possível acreditar, se
andais à procura da glória uns dos outros, e não procurais a glória que vem do
Deus único? 45 Não penseis que Eu vos vou acusar diante do Pai; há quem vos
acuse: é Moisés, em quem continuais a pôr a vossa esperança. 46 De facto, se
acreditásseis em Moisés, talvez acreditásseis em mim, porque ele escreveu a meu
respeito. 47 Mas, se vós não acreditais nos seus escritos, como haveis de
acreditar nas minhas palavras?»
Comentário
Também
a nós o Senhor nos diz constantemente: Levanta-te, sai desse torpor, desse
comodismo em que estás mergulhado e anda, vem comigo. Muitos estão à tua espera
para que os assistas nas suas necessidades, fales de salvação e de esperança,
de amor e solidariedade, de fé e confiança. Não fiques deitado quando podes
andar, não te detenhas metido em ti mesmo e nos teus problemas. Estão à tua
espera para que os ajudes a resolver os deles. Levanta-te! Anda!
Este
acontecimento extraordinário que São João nos relata contem um detalhe que,
penso, tem uma importância capital: «Senhor,
não tenho ninguém que me meta na piscina quando se agita a água, pois, enquanto
eu vou, algum outro desce antes de mim». Como é possível que durante trinta e oito
anos ninguém tivesse ajudado este pobre homem? A indiferença perante os outros
com quem nos cruzamos nos caminhos da vida, o alheamento – automático ou
voluntário – das condições em que se encontra, das necessidades que possa ter,
revelam uma dureza de coração e um egoísmo absolutamente incompatíveis com o
que deve ser a atitude de um cristão para com o seu próximo. Pensemos, por
momentos, que tal coisa se passaria connosco! Trinta e oito anos deitado numa
enxerga porque ninguém reparou em mim?!
«Vê lá: ficaste curado. Não peques mais, para
que não te suceda coisa pior». Então, podemos concluir que a doença daquele
homem seria como que um castigo dos seus pecados? Não! O que Jesus quer dizer
com este aviso é que, de facto, a pior coisa que pode acontecer ao homem é
exactamente o pecado porque se trata de uma ofensa a Deus e, conforme a sua
gravidade, um corte de relações entre o Criador e a criatura, uma situação muito
pior que qualquer doença ou limitação física. Tantas vezes estou à espera nem
eu sei bem de quê! Que passe alguém e me fale, me pergunte se preciso de algo,
se estou bem? Ou, estou, simplesmente ali, inerte, sem acção nem ânimo,
mergulhado num torpor que me condiciona? E, Ele, o meu Jesus, passa por mim
constantemente, mas como não dou sinal de vida, respeita a minha vontade, o meu
querer estar assim. Na verdade, eu nem reparo nEle! Ah! Que miserável me sinto
e que mal-agradecido! Um simples gesto, um olhar que fosse e Ele deter-Se-ia a
perguntar-me o que preciso, o que desejo, o que me faz falta. E, eu, teria
tudo, absolutamente, porque as Suas palavras - que são de vida eterna -
tirar-me-iam do meu torpor e devolver-me-iam a vida, a acção, o interesse pelos
outros e, sobretudo, a vontade de viver mais e melhor para cumprir, em tudo, a
Sua Vontade Santa.
Em
toda a Sua Majestade Divina, Jesus apresenta-se aos que O interrogam. Esclarece
todos os pontos essenciais da Fé não deixando dúvidas sobre a Sua figura e o
Seu papel na história da Redenção humana. Ele tem, de facto, todo o poder e os
atributos de Deus Pai, Criador e Senhor de todas as coisas. Impressiona-me,
particularmente, o último versículo «Não posso por Mim mesmo fazer coisa
alguma. Julgo segundo o que ouço, e o Meu juízo é justo, porque não busco a
Minha vontade, mas a d'Aquele que Me enviou», porque, realmente, declara o
Seu supremo respeito pela liberdade do homem que é, em última análise, quem
escolhe o seu destino na Vida Eterna. Dá-me vontade de Lhe pedir - se fosse
possível - que me coarcte essa liberdade e me coaja a ser santo; que não me
deixe, a mim, a opção, porque, eu, pobre de mim, sou fraco e débil para fazer
as escolhas correctas. Então digo-lhe, com o coração nas mãos: "Docere me facere voluntatem Tuam quia Deus
meus es Tu”. Assim, e só assim, estarei seguro e a salvo de mim mesmo.
Nós,
cristãos de hoje, compreendemos perfeitamente estas palavras de Jesus que,
talvez, aos que O ouviam naquela altura, não fossem muito esclarecedoras. Compreendemos
porque sabemos que Jesus Cristo é a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade e
que, esta, tem um só querer, uma só vontade, um só desígnio, ou seja, o que é
do Pai é do Filho e do Espírito Santo. Então porquê estas palavras de Jesus? Para
que os circunstantes compreendessem e acreditassem que Ele, o Messias Salvador,
era Deus Verdadeiro.
É bastante difícil para quem não tem fé aceitar as
palavras de Cristo quando fala de Si Próprio e da Santíssima Trindade. Mais que
difícil, diria que é impossível, porque para aceitar é fundamental ter o
coração disponível e sem preconceitos e, sobretudo, querer ouvir, desejar
entender. Ter a noção clara de que há as barreiras próprias que os mistérios
levantam e que não é possível ultrapassar sem a ajuda da fé. Pedir a fé será,
pois, o recurso lógico de quem deseja compreender as palavras de Jesus Cristo. Aprofundar
no Mistério da Santíssima Trindade pode parecer tarefa impossível, melhor
dizendo, chegar a um conhecimento exacto. Mas, os cristãos, expressam no Credo
– símbolo da sua Fé – que acreditam em Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito
Santo e, portanto, têm de aprofundar até onde for possível aquilo em que
acreditam. Só a Fé não basta, haverá que pedir ao Espírito Santo os Dons de
Ciência, Entendimento e Sabedoria para nos ajudar a, passo a passo, ir
adentrando nessa realidade. Não tenhamos receio da tarefa ser por demais
complexa – como todo o mistério, afinal, – nem tenhamos a pretensão de obter
respostas conclusivas mas, o estudo e, sobretudo, a oração hão-de conduzir-nos
– passo a passo – no caminho certo. É o que devemos fazer.
Jesus
não deixa sem resposta as questões levantadas pelos Seus opositores e,
naturalmente que o faz para esclarecer os muitos que O ouvem. Sabe de sobejo
que, aos fariseus e escribas não interessam para nada as Suas respostas, estão
de tal forma aferrados aos seus próprios conceitos que nem sequer as ouvem. Aliás,
talvez, até, preferissem que o Senhor não respondesse. Mas O Senhor não pode
perder o ensejo para esclarecer e doutrinar com segurança e radicalidade
absolutas expondo a verdade tal qual é.
(AMA, 2021)
São JOÃO CRISÓSTOMO, bispo e doutor da Igreja
FILOSOFIA E RELIGIÃO,
VIDA HUMANA
Filosofia e Religião, Vida Humana
REFLEXÃO
Senhor... não sei que fazer!
E
oiço-Te:
Faz o
que sabes melhor, tens uns predicados, umas qualidades que Eu te dei
gratuitamente, paga-Me distribuinduas pelos outros, não para teu contentamento
mas para Me servires.
Compreendo
e fico em paz. GTB.
2021
SÃO JOSEMARIA - textos