17/10/2019

O trabalho, um sinal do amor de Deus


Está a ajudar-te muito, dizes-me, este pensamento: desde os primeiros cristãos, quantos comerciantes terão sido santos? E queres demonstrar que também agora isso é possível... O Senhor não te abandonará nesse empenho. (Sulco, 490)

O que sempre ensinei – desde há quarenta anos – é que todo o trabalho humano honesto, tanto intelectual como manual, deve ser realizado pelo cristão com a maior perfeição possível: com perfeição humana (competência profissional) e com perfeição cristã (por amor à vontade de Deus e em serviço dos homens). Porque, feito assim, esse trabalho humano, por humilde e insignificante que pareça, contribui para a ordenação cristã das realidades temporais – a manifestação da sua dimensão divina – e é assumido e integrado na obra prodigiosa da Criação e da Redenção do mundo: eleva-se assim o trabalho à ordem da graça, santifica-se, converte-se em obra de Deus, operatio Dei, opus Dei.
Ao recordar aos cristãos as palavras maravilhosas do Génesis – que Deus criou o homem para que trabalhasse –, fixámo-nos no exemplo de Cristo, que passou a quase totalidade da sua vida terrena trabalhando numa aldeia como artesão. Amamos esse trabalho humano que Ele abraçou como condição de vida, e cultivou e santificou. Vemos no trabalho – na nobre e criadora fadiga dos homens – não só um dos mais altos valores humanos, meio imprescindível para o progresso da sociedade e o ordenamento cada vez mais justo das relações entre os homens, mas também um sinal do amor de Deus para com as suas criaturas e do amor-dos-homens entre si e para com Deus: um meio de perfeição, um caminho de santificação. (Temas Actuais do Cristianismo, 10)

Temas para reflectir e meditar

Felicidade

Porque continuas a caminhar por caminhos difíceis e penosos? 

O descanso não está onde tu o procuras. 
Fazes bem em procurar o que procurar, mas deves saber que não está onde o procuras. 

Procuras a vida feliz na região da morte.

Não está ali! 

Como é possível que haja vida feliz onde nem sequer há vida?

(Stº AgostinhoConfissões, 4, 12,18)

Leitura espiritual


Amar a Igreja 

48
                  
Agradeçamos, finalmente, tudo o que Deus Nosso Senhor nos concede, pelo facto maravilhoso de Se nos entregar Ele mesmo.
Que venha ao nosso peito o Verbo Encarnado!...
Que se encerre, na nossa pequenez, Aquele que criou céus e terra!... A Virgem Maria foi concebida imaculada para albergai Cristo no seu seio.
Se a acção de graças há-de ser proporcional à diferença entre o dom e os méritos, não devíamos converter todo o nosso dia numa Eucaristia contínua?
Não saiais do templo, mal acabeis de receber o Santo Sacramento. Tão importante é o que vos espera que não podeis dedicar ao Senhor dez minutos para lhe dizer obrigado?
Não sejamos mesquinhos.
Amor com amor se paga.

49
                  
Sacerdote para a Eternidade

Um sacerdote que vive deste modo a Santa Missa adorando, expiando, impetrando, dando graças, identificando-se com Cristo -, e que ensina os outros a fazer do Sacrifício do Altar o centro e a raiz da vida do cristão, demonstrará realmente a grandeza incomparável da sua vocação, esse carácter com que foi selado, e que não perderá por toda a eternidade.
Sei que me compreendeis quando vos afirmo que, ao lado de um sacerdote assim, se pode considerar um fracasso - humano e cristão - a conduta de alguns que se comportam como se tivessem de pedir desculpa por ser ministros de Deus.
É uma desgraça, porque os leva a abandonar o ministério, a arremedar os leigos, a procurar uma segunda ocupação que a pouco e pouco suplanta a que lhes é própria por vocação e por missão.
Frequentemente, ao fugir do trabalho de cuidar espiritualmente das almas, tendem a substituí-lo por uma intervenção em campos próprios dos leigos - nas iniciativas sociais, na política -, aparecendo então esse fenómeno do clericalismo, que é a patologia da verdadeira missão sacerdotal.

50
                  
Não quero terminar com esta nota sombria, que pode parecer pessimismo.
Não desapareceu na Igreja de Deus o autêntico sacerdócio cristão; a doutrina é imutável, ensinada pelos lábios divinos de Jesus.
Há muitos milhares de sacerdotes em todo o mundo que cumprem plenamente a sua missão, sem espectáculo, sem cair na tentação de lançar pela borda fora um tesouro de santidade e de graça, que existe na Igreja desde o princípio.

Aprecio a dignidade da finura humana e sobrenatural destes meus irmãos, espalhados por toda a terra.
É de justiça que se vejam já agora rodeados pela amizade, a ajuda e o carinho de muitos cristãos.
E quando chegar o momento de se apresentarem diante de Deus, Jesus Cristo irá ao seu encontro, para glorificar eternamente aqueles que, no tempo, actuaram em seu nome e na sua Pessoa, derramando com generosidade a graça de que eram administradores.

Voltemos de novo, em pensamento, aos membros do Opus Dei que serão sacerdotes no próximo Verão.
Não deixeis de pedir por eles, para que sejam sempre sacerdotes fiéis, piedosos, doutos, entregues, alegres!
Encomendai-os especialmente a Santa Maria, que torna ainda mais generosa a sua solicitude de Mãe com aqueles que se empenham, para toda a vida, em servir de perto o seu Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, Sacerdote Eterno.

SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ


Evangelho e comentário


TEMPO COMUM



Evangelho: Lc 11, 47-54

Naquele tempo, disse o Senhor aos doutores da lei: «Ai de vós, porque edificais os túmulos dos profetas, quando foram os vossos pais que os mataram. Assim dais testemunho e aprovação às obras dos vossos pais, porque eles mataram-nos e vós levantais os monumentos. É por isso que a Sabedoria de Deus disse: ‘Eu lhes enviarei profetas e apóstolos; e eles hão-de matar uns e perseguir outros’. Mas Deus vai pedir contas a esta geração do sangue de todos os profetas, que foi derramado desde a criação do mundo, desde o sangue de Abel até ao sangue de Zacarias, que pereceu entre o altar e o Santuário. Sim, Eu vos digo que se pedirão contas a esta geração. Ai de vós, doutores da lei, porque tirastes a chave da ciência: vós não entrastes e impedistes os que queriam entrar!». Quando Jesus saiu dali, os escribas e os fariseus começaram a persegui-l’O terrivelmente e a provocá-l’O com perguntas sobre muitas coisas, armando-Lhe ciladas, para O surpreenderem nalguma palavra da sua boca.

Comentário:

As palavras duras do Senhor têm um saliente travo de indignação.
Percebemos porquê.
Esta gente, que não só não aceita Jesus Cristo como o Messias e procura por todos os modos e ínvios estratagemas desacreditá-lo, não são umas pessoas quaisquer: são os chefes, os mentores do povo de Israel.

Têm, de facto, responsabilidades acrescidas.

A Justiça Divina não terá - seguramente – nem dois critérios nem duas perspectivas:

Cada um responderá pelos seus actos sem apelo nem agravo e, mais, acrescerão as consequências que tais actos provocaram nos outros, sobretudo, nos mais débeis ou menos esclarecidos.

(AMA, comentário sobre Lc 11, 47-54, 19.10.2017)


Pequena agenda do cristão

Quinta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Participar na Santa Missa.


Senhor, vendo-me tal como sou, nada, absolutamente, tenho esta percepção da grandeza que me está reservada dentro de momentos: Receber o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade do Rei e Senhor do Universo.
O meu coração palpita de alegria, confiança e amor. Alegria por ser convidado, confiança em que saberei esforçar-me por merecer o convite e amor sem limites pela caridade que me fazes. Aqui me tens, tal como sou e não como gostaria e deveria ser.
Não sou digno, não sou digno, não sou digno! Sei porém, que a uma palavra Tua a minha dignidade de filho e irmão me dará o direito a receber-te tal como Tu mesmo quiseste que fosse. Aqui me tens, Senhor. Convidaste-me e eu vim.


Lembrar-me:
Comunhões espirituais.


Senhor, eu quisera receber-vos com aquela pureza, humildade e devoção com que Vos recebeu Vossa Santíssima Mãe, com o espírito e fervor dos Santos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?