PEQUENA AGENDA DO CRISTÃO
Quarta-Feira
(Coisas
muito simples, curtas, objectivas)
Propósito: Simplicidade e modéstia.
Senhor,
ajuda-me a ser simples, a despir-me da minha “importância”, a ser contido no
meu comportamento e nos meus desejos, deixando-me de quimeras e sonhos de
grandeza e proeminência.
Lembrar-me: Do meu Anjo da Guarda.
Senhor,
ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda, que eu não despreze companhia tão
excelente. Ele está sempre a meu lado, vela por mim, alegra-se com as minhas
alegrias e entristece-se com as minhas faltas.
Anjo
da minha Guarda, perdoa-me a falta de corres-pondência ao teu interesse e
protecção, a tua disponibilidade permanente. Perdoa-me ser tão mesquinho na
retribuição de tantos favores recebidos.
Pequeno
exame: Cumpri o propósito que me propus ontem?
LEITURA ESPIRITUAL
Evangelho
Lc III, 1-22
Pregação de João
Baptista
1 No décimo quinto ano do
reinado do imperador Tibério, quando Pôncio Pilatos era governador da Judeia,
Herodes, tetrarca da Galileia, seu irmão Filipe, tetrarca da Itureia e da
Traconítide, e Lisânias, tetrarca de Abilena, 2 sob o pontificado de Anás e
Caifás, a palavra de Deus foi dirigida a João, filho de Zacarias, no deserto. 3
Começou a percorrer toda a região do Jordão, pregando um baptismo de penitência
para remissão dos pecados, 4 como está escrito no livro dos oráculos do profeta
Isaías: «Uma voz clama no deserto: ‘Preparai o caminho do Senhor e endireitai
as suas veredas. 5 Toda a ravina será preenchida, todo o monte e colina serão
abatidos; os caminhos tortuosos ficarão direitos e os escabrosos tornar-se-ão
planos. 6 E toda a criatura verá a salvação de Deus.’» 7 João dizia, então, às
multidões que acorriam para serem baptizadas por ele: «Raça de víboras, quem
vos ensinou a fugir da cólera que está para chegar? 8 Produzi frutos de sincero
arrependimento e não comeceis a dizer para convosco: ‘Nós temos Abraão como
pai’; pois eu vos digo que Deus pode, destas pedras, suscitar filhos a Abraão.
9 O machado já se encontra à raiz das árvores; por isso, toda a árvore que não
der bom fruto será cortada e lançada ao fogo.» 10 E as multidões
perguntavam-lhe: «Que devemos, então, fazer?» 11 Respondia-lhes: «Quem tem duas
túnicas reparta com quem não tem nenhuma, e quem tem mantimentos faça o mesmo.»
12 Vieram também alguns cobradores de impostos, para serem baptizados e
disseram-lhe: «Mestre, que havemos de fazer?» 13 Respondeu-lhes: «Nada exijais
além do que vos foi estabelecido.» 14 Por sua vez, os soldados perguntavam-lhe:
«E nós, que devemos fazer?» Respondeu-lhes: «Não exerçais violência sobre
ninguém, não denuncieis injustamente e contentai-vos com o vosso soldo.»
Testemunho de João
Baptista
15 Estando o povo na
expectativa e pensando intimamente se ele não seria o Messias, 16 João disse a
todos: «Eu baptizo-vos em água, mas vai chegar alguém mais forte do que eu, a
quem não sou digno de desatar a correia das sandálias. Ele há-de baptizar-vos no
Espírito Santo e no fogo. 17 Tem na mão a pá de joeirar, para limpar a sua eira
e recolher o trigo no seu celeiro; mas queimará a palha num fogo
inextinguível.» 18 E, com estas e muitas outras exortações, anunciava a
Boa-Nova ao povo.
João é encarcerado
19 Mas Herodes, o tetrarca,
a quem João censurava por causa de Herodíade, mulher de seu irmão, e por todas
as más acções que tinha praticado, 20 acrescentou a todas as más acções, mais
esta: encerrou João na prisão.
Baptismo de Jesus
21
Todo o povo tinha sido baptizado; tendo Jesus sido baptizado também, e estando
em oração, o Céu rasgou-se 22 e o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma
corpórea, como uma pomba. E do Céu veio uma voz: «Tu és o meu Filho muito
amado; em ti pus todo o meu agrado.»
Comentário
A profecia de Isaías é bem clara: «todo o homem verá a salvação de Deus».
[1]
O Reino de Deus está destinado a todos os homens como não podia deixar de
ser; criados à imagem e semelhança de Deus que outro destino poderíamos ter? E,
a redenção que João nos anuncia está a chegar com o Nascimento do Salvador. Ele
vem para nos confirmar na Fé e dar-nos os meios de atingirmos o nosso fim.
São Lucas escreve uma
página do Evangelho a falar de João Baptista? Não deveria cingir-se a Jesus
Cristo e à Sua vida entre nós.
De facto não se pode
dissociar a figura do Percursor da Pessoa do Salvador. Estão intimamente
ligadas de tal forma que João é a principal e mais importante testemunha de
Jesus Cristo, da Sua missão, realeza, divindade.
João existe por
Jesus, a sua vida é toda dedicada a preparar a Sua vinda, o seu papel é, antes
de mais, levar os homens ao encontro do Messias.
O que significam as
palavras do Evangelista: «rasgou-se o céu»?
[2]
Não é única esta
referência. Também o próprio Jesus Cristo afirmou: «Vereis o céu aberto» [3]
Penso que se trata de
algo que terá que ver com a capacidade de ver os sinais de Deus.
Por vezes, para
confirmar os Seus filhos na Fé, o Senhor tem como que estes “gestos” de
carinho.
Estarão na mesma
linha as aparições visíveis de Anjos, Santos, da Santíssima Virgem, do próprio
Jesus Cristo.
O Baptismo é o
Sacramento da iniciação cristã. Abre a porta para o Reino de Deus e
transforma-nos de simples criaturas em Filhos de Deus. Torna-se assim clara a
obrigação grave dos responsáveis pela criança de a baptizar o mais cedo
possível para não correr o risco de perder tão grande bem.
Nada do que Jesus
Cristo faz é ocasional ou sem um sentido próprio. De facto, ao querer ser
baptizado, com o Baptismo da água, o Mestre quis, em primeiro lugar, instituir
este acto como o Sacramento indispensável para a introdução, por assim dizer,
dos homens na Sua Igreja.
Mais tarde
confirmá-lo-à esclarecendo as palavras rituais: «Ide, pois, ensinai todas as gentes, baptizando-as em nome do Pai, e do
Filho e do Espírito Santo» [4]
As pessoas fazem perguntas concretas sobre temas concretos. É a única
forma de se ser elucidado.
Ter a humildade de perguntar quando se não sabe a alguém que nos possa
responder com são critério e segurança doutrinal. Por isso a direcção espiritual é tão importante na vida do cristão que deseja –
como deve ser – fazer em tudo a Vontade de Deus.
Por aqui se pode ver que João é considerado como alguém a quem recorrer
pelas pessoas desejosas de levar uma vida correcta, fazer o que está certo e,
com isso, alcançarem as graças de Deus. [5]
Pessoas de todas as condições sociais e com os mais variados misteres
que, mais tarde, Jesus há-de considerar como «ovelhas perdidas e sem pastor», encontram em João as respostas às
suas dúvidas e incertezas.
A Lei de Deus tal como era conduzida e imposta pelos chefes do povo, os
Príncipes dos Sacerdotes e os anciãos que se consideravam a eles próprios como
os legítimos detentores da verdade de Lei, tinha chegado a um ponto tal de
exageros e prescrições que se tornara uma «carga
insuportável» para os judeus de boa cepa.
E, o Baptista, não deixa a ninguém sem resposta, uma orientação, um
conselho e, também, um aviso a levar muito a sério: preparar o caminho, as
almas, os corações para a vinda eminente do Salvador arrependendo-se e mudando
de vida.
João não é “apenas” o Percussor, ou, por o ser, dá as mesmas respostas
de Jesus a perguntas semelhantes. Nem seria possível ser de outra forma já que
o caminho de salvação anunciado pelo Baptista é o caminho que Jesus virá a
confirmar como o adequado à salvação eterna.
O Baptista não tem outro objectivo que não seja a salvação dos homens e,
sabe, que essa salvação só pode vir do próprio Jesus Cristo. A sua postura
solidamente humilde – se assim se pode dizer – manifesta-se continuamente
dizendo que não é ele, João, mas sim Jesus Cristo quem devem ouvir e seguir. Sabe
muito bem, e repete-o constantemente, que o seu papel é anunciar e preparar a
vinda do Salvador, que a sua pessoa pouca relevância tem mas que a sua missão é
de capital importância – mesmo determinante – para o Reino de Deus entre os
homens. A partir dele, ninguém mais poderá dizer que não foi avisado e urgido a
preparar-se.
Diz São Lucas que «o
Senhor falou a João, filho de Zacarias, no deserto». Daqui se conclui que,
João sabia intimamente que tinha uma missão a cumprir, algo grande e muitíssimo
importante, por isso mesmo, se retira para o deserto esperando a revelação do
que o Senhor queria que fizesse. [6]
Não foi, portanto,
uma decisão sua como se “algo lhe tivesse passado pela cabeça” sem mais.
As coisas grandes são
assim mesmo: Grandes! Por isso além de a necessária preparação pessoal deve
esperar-se – e pedir – que o Senhor indique o que quer que façamos.
São Josemaria passou
por algo semelhante porque, desde muito novo, sabendo que o Senhor desejava
alguma coisa muito especial da sua pessoa, resolveu entrar no Seminário e
ordenar-se Sacerdote, repetindo continuamente os seus pedidos de luz concreta e
iniludível sobre o que devia fazer. Só depois, quando a obtém essa certeza,
lança ombros ao que Deus lhe pede: o OPUS DEI!
Nós, pessoas comuns,
não temos porque ter especiais revelações de Deus porque, também, o que se nos
pede pode não ser assim tão excepcional, mas, como sabemos, é-nos reservada uma
missão apostólica bem definida no mandato de Cristo. Por isso, pondo-nos nas
mãos de Deus, pedindo ao Espírito Santo que nos ilumine, recorramos à Direcção
Espiritual para obter a ajuda necessária para fazermos o que temos de fazer.
Com a “precisão” que
lhe é característica, São Lucas identifica e situa perfeitamente os a
acontecimentos que narra.
O Evangelho é, de
facto, uma história, a HISTÓRIA DA SALVAÇÃO, que Jesus Cristo trouxe ao mundo
e, como tal não poderia ser proposta às gentes que não de uma forma
absolutamente credível e “verificável”.
São acontecimentos
relevantes que nos vão levando, passo a passo, a acompanhar a vida de Jesus
entre nós, as circunstâncias em que disse e fez as Suas obras, os milagres, os
conselhos, advertências, avisos.
Devemos lê-los e, com
certeza o faremos diariamente, uma e outra vez, fugindo à tentação de pensar:
‘isto já conheço!’.
A experiência de
muitas vidas longas e cheias diz-nos que sempre se descobre algo novo num
trecho do Evangelho que lemos pela enésima vez. Talvez uma palavra, uma
expressão ou gesto que ressalta como autêntica novidade.
Seria uma pena se
desperdiçássemos tamanha ventura!
FAMÍLIA
O quarto mandamento do
Decálogo: honrar pai e mãe
2. Significado e extensão do
quarto mandamento
a) A família. O quarto
mandamento refere-se em primeiro lugar às relações entre pais e filhos no seio
da família. «Ao criar o homem e a mulher, Deus instituiu a família humana e
dotou-a da sua constituição fundamental» (Catecismo , 2203). «Um homem e uma
mulher, unidos em matrimónio, formam com os seus filhos uma família»
(Catecismo, 2202). «A família cristã é uma comunhão de pessoas, vestígio e
imagem da comunhão do Pai e do Filho, no Espírito Santo» ( Catecismo, 2205).
REFLEXÃO
É
obrigação dos católicos presentes nas instituições politicas exercer uma acção
crítica dentro das suas próprias instituições para que os seus programas e
actuações respondam cada vez melhor ás aspirações e critérios da moral cristã.
Em alguns casos pode resultar inclusive obrigatória a objecção de consciência
face a actuações ou decisões que sejam directamente contraditórias com algum
preceito da moral cristã.
(Conferência Episcopal Espanhola, Testigos
de Dios vivo, 26.06.1985, nr. 64, e.)
SÃO JOSEMARIA – textos
Se
os cristãos soubessem servir!
Quando te falo do "bom
exemplo", quero indicar-te também que hás-de compreender e desculpar, que
hás-de encher o mundo de paz e de amor. (Forja, 560)
Se
os cristãos soubessem servir! Vamos confiar ao Senhor a nossa decisão de
aprender a realizar esta tarefa de serviço, porque só servindo é que poderemos
conhecer e amar Cristo e dá-Lo a conhecer e conseguir que os outros O amem
mais. Como o mostraremos às almas? Com o exemplo: que sejamos testemunho seu,
com a nossa voluntária servidão a Jesus Cristo em todas as nossas actividades,
porque é o Senhor de todas as realidades da nossa vida, porque é a única e a
última razão da nossa existência. Depois, quando já tivermos prestado esse
testemunho do exemplo, seremos capazes de instruir com a palavra, com a doutrina.
Assim procedeu Cristo: coepit facere et
docere, primeiro ensinou com obras, e só depois com a sua pregação divina. Servir
os outros, por Cristo, exige que sejamos muito humanos. Se a nossa vida é
desumana, Deus nada edificará nela, porque habitualmente não constrói sobre a
desordem, sobre o egoísmo, sobre a prepotência. Precisamos de compreender todas
as pessoas, temos de conviver com todos, temos de desculpar todos, temos de
perdoar a todos. Não diremos que o injusto é o justo, que a ofensa a Deus não é
ofensa a Deus, que o mau é bom. Todavia, perante o mal, não responderemos com
outro mal, mas com a doutrina clara e com a boa acção; afogando o mal em
abundância de bem. (Cristo que passa, 182).