Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
17/02/2021
Espírito de mortificação e penitência
O espírito de mortificação, mais do que manifestação de Amor, brota como uma das suas consequências. Se falhas nessas pequenas provas, reconhece-o, fraqueja o teu amor ao Amor. (Sulco, 981)
Penitência, para os pais e, em geral, para os
que têm uma missão de dirigir ou de educar é corrigir quando é necessário
fazê-lo, de acordo com a natureza do erro e com as condições de quem necessita
dessa ajuda, superando subjectivismos néscios e sentimentais.
O espírito de penitência leva a não nos
apegarmos desordenadamente a esse esboço monumental dos projectos futuros, no
qual já previmos quais serão os nossos traços e pinceladas mestras. Que alegria
damos a Deus quando sabemos renunciar aos nossos gatafunhos e pinceladas, e
permitimos que seja Ele a acrescentar os traços e cores que mais lhe agradam! (Amigos
de Deus, 138)
Leitura Espiritual
Novo Testamento [1]
Evangelho
Mc XIII, 14-37
Destruição de Jerusalém
14
«Quando virdes a abominação da desolação instalada onde não deve estar -
entenda quem lê! - então os que estiverem na Judeia fujam para os montes; 15
quem estiver no terraço não desça nem entre a tomar coisa alguma da sua casa.
16 E quem estiver no campo não volte atrás para apanhar a capa. 17 Ai das que
estiverem grávidas e das que andarem a amamentar nesses dias! 18 Orai para que
isto não suceda no Inverno, 19 pois nesses dias a angústia será tal, como nunca
houve desde que Deus criou o mundo até agora, nem voltará a haver. 20 E se o
Senhor não abreviasse esses dias, nenhuma criatura se salvaria; mas, por causa
dos eleitos que escolheu, abreviou esses dias.»
Sinais do fim do mundo
21
«Então, se alguém vos disser: ‘Aqui está o Messias’ ou: ‘Ei-lo ali’, não
acrediteis; 22 pois surgirão falsos messias e falsos profetas que farão sinais
e prodígios para enganar, se possível, até os eleitos. 23 Portanto, ficai
atentos; de tudo vos preveni.» 24 «Mas nesses dias, depois daquela aflição, o
Sol vai escurecer-se e a Lua não dará a sua claridade, 25 as estrelas cairão do
céu e as forças que estão no céu serão abaladas. 26 Então, verão o Filho do
Homem vir sobre as nuvens com grande poder e glória. 27 Ele enviará os seus
anjos e reunirá os seus eleitos dos quatro ventos, da extremidade da terra à
extremidade do céu.» 28 «Aprendei, pois, a parábola da figueira. Quando já os
seus ramos estão tenros e brotam as folhas, sabeis que o Verão está próximo. 29
Assim, também, quando virdes acontecer estas coisas, sabei que Ele está
próximo, às portas. 30 Em verdade vos digo: Não passará esta geração sem que
todas estas coisas aconteçam. 31 O céu e a terra passarão, mas as minhas
palavras não passarão.
Exortação à vigilância
32
Quanto a esse dia ou a essa hora, ninguém os conhece: nem os anjos do Céu, nem
o Filho; só o Pai.» 33 «Tomai cuidado, vigiai, pois não sabeis quando chegará
esse momento. 34 É como um homem que partiu de viagem: ao deixar a sua casa,
delegou a autoridade nos seus servos, atribuiu a cada um a sua tarefa e ordenou
ao porteiro que vigiasse. 35 Vigiai, pois, porque não sabeis quando virá o dono
da casa: se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar o galo, se de manhãzinha; 36
não seja que, vindo inesperadamente, vos encontre a dormir. 37 O que vos digo a
vós, digo a todos: vigiai!»
Texto:
Família
Uma criança, para aprender, terá,
preferencialmente, de frequentar a escola já que, será ali que preencherão as
lacunas do seu conhecimento e onde encontrará a ajuda necessária para construir
o edifício da sua personalidade.
Na praça pública, na
rua, na discoteca, não alcançará o que pretende.
Cada coisa o seu lugar.
Por isso é tão importante, talvez crucial, a
eleição da escola para os filhos.
O que alguns pais parecem considerar: quanto
mais caro o colégio mais garantida estará a educação, é uma falsa premissa
porque a bondade da educação não tem a ver com o seu preço mas sim pela
capacidade e qualificação dos professores.
De facto, é uma
comodidade muito grande entregar o menino aos cuidados de um estabelecimento de
ensino que o transporta de casa para o colégio e daqui para casa, fornece um
bom almoço e lanche, tem actividades desportivas que bastem, passeios,
excursões, visitas guiadas a museus e monumentos, um bom plano de estudos...
enfim... um descanso para os pais que têm meios económicos mas não têm tempo
para se ocuparem, eles próprios, da educação do filho, limitando a sua acção à
maçada de ler os relatórios que periodicamente o colégio lhes envia.
A desculpa costumada de que “hoje os tempos
são outros” não passa de um subterfúgio para fugir ao papel de educadores que,
preferencialmente, os pais devem ter.
Com o tempo, conseguidas as qualificações
necessárias, o filho ruma o estrangeiro, uma escola de prestígio cuja
frequência e graduação garantem só por si um óptimo emprego.
E... pronto... missão cumprida!
Mas esta história tão real como frequente,
tem muito pouco a ver com pais e filhos e, muito menos, com família.
Isto é uma organização da sociedade humana
como outra qualquer, em que o pragmatismo e as conveniências ocupam o lugar do
amor, do carinho, da vida familiar vivida em conjunto, onde pais e filhos têm
um lugar próprio, interdependente e solidário.
Talvez, nos outros
casos, se possa falar de modernismo, e neste, que, indubitavelmente preferimos,
sejamos levados a invocar paternalismo, mas isso, no fundo, não interessa para
a verdadeira questão que é a vida familiar.
Sem cair nos extremos em que pais e filhos se
tratam como colegas e quase não existe privacidade entre uns e outros ou, por
outro lado, se mantém uma distância mais ou menos cerimoniosa, num caso e
noutro, esquecendo que a familiaridade não é, não deve, ser incompatível com o
respeito que se devem mutuamente.
Não há justificação
alguma que um pai possa invocar para desrespeitar um filho, fazendo tábua rasa
das suas opções, gostos e desejos.
O filho, é, antes de mais, uma pessoa e como
tal deve ser respeitada.
O que o pai pode - e deve - fazer, é
orientar, aconselhar e, sobretudo, acompanhar o seu filho.
Um pai ausente tem
muito pouca autoridade natural, ao contrário daquele que, acompanhando, ao
máximo possível, a vida do filho, lhe proporciona o exemplo donde,
naturalmente, emerge uma autoridade que não carece de imposição para ser
aceite.
Há que considerar a gravidade de que se pode
revestir a imposição ao filho da escolha de uma carreira profissional o que,
naturalmente, não quer dizer que não se oriente ou ajude na escolha.
Os filhos não são pertença dos pais nem estes
têm o direito de lhes exigir que se comportem como tal e a verdade é que,
também os pais têm bastante a aprender dos filhos.
É comum ouvir-se dizer: ‘Quero proporcionar
ao meu filho tudo aquilo que eu não tive.’
Isto, revela, antes de mais uma profunda
injustiça contra os próprios progenitores que, seguramente, fizeram o que
puderam e, depois, porque, ao filho, deve bastar o necessário para a sua vida,
dentro dos parâmetros normais para a sua idade, sem coisas supérfluas que não
necessita e o podem distinguir - num mau sentido - dos seus companheiros e
amigos.
Um filho não é amigo do pai conforme a
resposta que obtém a um pedido.
Um sim ou um não usados como moeda para obter
amizade é um erro gravíssimo, sobretudo porque perverte o princípio sagrado da
família que se exprime em - ser-se amado pelo que se é e não pelo que se tem -,
princípio este que é, realmente, exclusivo da família.
A família é a única comunidade na qual todo o
homem ‘é amado por si mesmo’, pelo que é e não pelo que tem. [2]
Por isso mesmo se insiste que antes de qualquer
outro sentimento, talvez mesmo o amor, o mais importante é sem dúvida o
respeito, já que, de certo modo, todos estão na sua dependência.
Reflexão
Não me cabe saber o porquê, mas ter a
confiança e certeza absolutas que, sendo a Sua Vontade, é o que mais me convém.
17.02.2021
VIRTUDES
Definição
A
prudência é a virtude que dispõe o espírito a discernir em todas as
circunstâncias o nosso verdadeiro bem e a escolher os meios para o realizar [1]. Assim,
são actos de prudência a avaliação para ver qual será a acção mais adequada
para alcançar o bem, e o mandato para a realizar. A prudência baseia-se na
memória do passado, no conhecimento do presente e, tanto quanto nos é possível,
na previsão das consequências das nossas decisões. Indica a medida justa das
outras virtudes, entre o excesso e o defeito, entre o exagero e a carência, ou
a mediocridade.
[1] 1 Cf. Ángel Rodríguez
Luño, Scelti in Cristo per esssere santi. III. Morale speciale, EDUSC, Roma 2008, pp.
284 e 289.
Quarta-feira de cinzas
SANTA MISSA NA BASÍLICA DO VATICANO
Homilia
de São PAULO VI
Queridos filhos e filhas:
Hoje é a "Quarta-feira de Cinzas",
o primeiro dia da Quaresma. A lição austera que a liturgia nos dá hoje. Lição
incorporada em um rito de eficácia plástica. A imposição da cinza implica em si
um significado tão claro que todo comentário é supérfluo; leva-nos a uma
reflexão realista sobre a natureza precária da nossa condição humana, ligada ao
controlo da morte, que reduz a cinzas precisamente este nosso corpo em cuja
vitalidade, saúde, força, beleza e habilidades construímos tantos projectos
todos os dias.
O rito litúrgico com franqueza enérgica,
dirige a atenção para este facto objectivo: não há nada definitivo ou estável
aqui em baixo; o tempo flui inexoravelmente e um rio rápido arrastando-nos e às
nossas coisas sem descanso para a saída misteriosa da morte.
A tentação de evitar a evidência dessa
observação já é antiga. Incapaz de escapar, o homem tentou esquecer ou
minimizar o fenómeno da morte, despojando-o das dimensões e ressonâncias que o
constituem no evento decisivo de sua existência. A máxima de Epicuro ‘Quando
existimos, a morte não é, e quando a morte é, nós não existimos’, é a fórmula
clássica dessa tendência sempre presente e sempre iridescente com milhares de
tonalidades diferentes, desde a antiguidade até nossos dias. Mas na realidade é
"um truque que o sorrir mais do que pensar"[1].
Com efeito, a morte faz parte da nossa existência e condiciona o seu
desenvolvimento a partir de dentro. Santo Agostinho tinha intuído bem quando
argumentou assim: ‘Se alguém começa a morrer’.[2]
Em perfeita sintonia com a realidade, a
linguagem da liturgia adverte-nos: “Lembra-te, homem, de que és pó e ao pó
retornarás"; são palavras que se concentram nesse problema,
impossíveis de evitar no nosso afundamento lento na areia movediça do tempo;
palavras que colocam com urgência dramática a "questão do
significado" disso leva-nos à vida para ser fatalmente afundados novamente
na sombra escura da morte. É verdade que ‘o maior enigma da vida humana é a
morte’[3].
Para este enigma, sabemos que a fé dá uma
resposta que não é evasiva. É uma resposta integrada, em primeiro lugar, por
uma explicação e depois por uma promessa.
A e xplicação é dada em síntese nas famosas
palavras de São Paulo: "Assim, como
o pecado entrou no mundo através de um homem, e a morte pelo pecado, e assim a
morte passou para todos os homens, todos pecaram"[4].
Portanto, a morte, tal como
a experimentamos hoje, é o fruto do pecado, do pecador[5].
Esta é uma ideia difícil de aceitar e, de facto,
a mentalidade profana rejeita-a unanimemente. A negação de Deus ou perda de
sentido vital da sua presença levaram muitos dos nossos contemporâneos para dar
ao pecado interpretações sociológicas, às vezes psicológicos, ou
existencialistas, ou evolucionistas; todos eles têm em comum uma característica:
a de esvaziar o pecado da sua trágica seriedade. Por outro lado, Apocalipse,
não; mas apresenta-a como uma realidade assustadora, diante da qual qualquer
outro mal temporário é sempre de importância secundária. Na verdade, com alguém
peca quebra a "devida subordinação ao seu fim último, e toda a sua
ordenação até agora como sua própria pessoa e as relações com os outros e com o
resto da criação" [6].
O pecado marca a falha radical do homem, a
rebelião de Deus que é Vida, uma "extinção do Espírito"[7]; e
por essa razão, a morte nada mais é do que a manifestação externa dessa
frustração, a sua manifestação mais notável.
Esta é a palavra explicativa que o Apocalipse
nos oferece e que a experiência confirma com desconsoladora abundância de
provas. Mas a fé não se limita a explicar o nosso drama. Também nos traz o
alegre anúncio de que existe a possibilidade de um remédio. Deus não se
resignou ao fracasso da sua criatura. No seu Filho encarnado, morto e
ressuscitado, Deus abre o coração do homem para a esperança novamente.
"Eles lutaram a vida e a morte em uma
batalha singular - cantaremos no dia da Páscoa - e quando a morte é a morte,
ela se levanta triunfalmente"[8].
No mistério pascal, Cristo tomou para Si a
morte, na medida em que tal é uma manifestação de que a nossa natureza está
ferida; e ao triunfar sobre ela na ressurreição, superou na sua raiz o poder do
pecado que age no mundo. De agora em diante todos os homens aderem pela fé a
Cristo e esforçam-se para adaptar a sua vida a Ele, podem experimentar em si a
vida - dando poder da irradiação do ressuscitado. Não é mais um escravo da
morte[9],
porque ele age sobre ele "o Espírito daquele que ressuscitou Jesus
dentre os mortos"[10].
Esta é, portanto, a mensagem alegre: em
Cristo Jesus podemos vencer a morte. A Igreja não se cansa de repetir
especialmente no início de uma temporada forte do ano litúrgico, que é a
Quaresma, que o povo cristão é convocado para se preparar para a celebração
anual da Páscoa. Esta voz encontra ecos de vontade e coragem nas nossas mentes
e trazer-nos para renovar o fervor da vida cristã neste tempo aceitável , de
acordo com a intenção da liturgia, deve consistir de um surto de uma mola
mística para o espírito, tem as suas estações também.
Temos a certeza de que o espírito dos
religiosos presentes nesta cerimónia está especialmente aberto a tal convite.
Por causa do seu compromisso com uma vida perfeita e maior intimidade com Deus,
assumidos com os votos, estão mais conscientes do radicalismo das exigências
evangélicas; e também para ter uma percepção mais aguda da desproporção abissal
entre a miséria humana e infinita santidade daquele que anseiam as suas almas e
para o qual tendem, na verdade eles estão em melhor posição para sediar a
proposta litúrgica do caminho quaresmal fatigante e encorajadora ao mesmo tempo.
Possam eles sentir a responsabilidade de serem sentinelas nos postos avançados
da vanguarda do Povo de Deus, peregrinos à sua pátria.
Vamos todos para o caminho. Buscamos a força
para os bons propósitos na oração, numa oração validada pela plena
disponibilidade ao sacrifício e também pela renúncia generosa de algo próprio,
a fim de termos o que pedir para ajudar os pobres. É o velho conselho daquele
que foi um professor experiente de vida espiritual, Santo Agostinho: "Queres
que a tua oração voe para Deus? Então coloca as duas asas do jejum e
caridade"[11].
O programa é muito claro. Que o Senhor nos
conceda a generosidade necessária para permear a vida concreta de cada dia.
Quarta-feira de cinzas, 8 de
Fevereiro de 1978
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Editrice Vaticana
Pequena agenda do cristão