17/02/2021

Leitura Espiritual

 


Novo Testamento [1]

 

Evangelho

 

Mc XIII, 14-37

 

Destruição de Jerusalém

14 «Quando virdes a abominação da desolação instalada onde não deve estar - entenda quem lê! - então os que estiverem na Judeia fujam para os montes; 15 quem estiver no terraço não desça nem entre a tomar coisa alguma da sua casa. 16 E quem estiver no campo não volte atrás para apanhar a capa. 17 Ai das que estiverem grávidas e das que andarem a amamentar nesses dias! 18 Orai para que isto não suceda no Inverno, 19 pois nesses dias a angústia será tal, como nunca houve desde que Deus criou o mundo até agora, nem voltará a haver. 20 E se o Senhor não abreviasse esses dias, nenhuma criatura se salvaria; mas, por causa dos eleitos que escolheu, abreviou esses dias.»

 

Sinais do fim do mundo

21 «Então, se alguém vos disser: ‘Aqui está o Messias’ ou: ‘Ei-lo ali’, não acrediteis; 22 pois surgirão falsos messias e falsos profetas que farão sinais e prodígios para enganar, se possível, até os eleitos. 23 Portanto, ficai atentos; de tudo vos preveni.» 24 «Mas nesses dias, depois daquela aflição, o Sol vai escurecer-se e a Lua não dará a sua claridade, 25 as estrelas cairão do céu e as forças que estão no céu serão abaladas. 26 Então, verão o Filho do Homem vir sobre as nuvens com grande poder e glória. 27 Ele enviará os seus anjos e reunirá os seus eleitos dos quatro ventos, da extremidade da terra à extremidade do céu.» 28 «Aprendei, pois, a parábola da figueira. Quando já os seus ramos estão tenros e brotam as folhas, sabeis que o Verão está próximo. 29 Assim, também, quando virdes acontecer estas coisas, sabei que Ele está próximo, às portas. 30 Em verdade vos digo: Não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam. 31 O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão.

 

Exortação à vigilância

32 Quanto a esse dia ou a essa hora, ninguém os conhece: nem os anjos do Céu, nem o Filho; só o Pai.» 33 «Tomai cuidado, vigiai, pois não sabeis quando chegará esse momento. 34 É como um homem que partiu de viagem: ao deixar a sua casa, delegou a autoridade nos seus servos, atribuiu a cada um a sua tarefa e ordenou ao porteiro que vigiasse. 35 Vigiai, pois, porque não sabeis quando virá o dono da casa: se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar o galo, se de manhãzinha; 36 não seja que, vindo inesperadamente, vos encontre a dormir. 37 O que vos digo a vós, digo a todos: vigiai!»

Texto:



 

Família

 

  Uma criança, para aprender, terá, preferencialmente, de frequentar a escola já que, será ali que preencherão as lacunas do seu conhecimento e onde encontrará a ajuda necessária para construir o edifício da sua personalidade.

Na praça pública, na rua, na discoteca, não alcançará o que pretende.

  Cada coisa o seu lugar.

  Por isso é tão importante, talvez crucial, a eleição da escola para os filhos.

  O que alguns pais parecem considerar: quanto mais caro o colégio mais garantida estará a educação, é uma falsa premissa porque a bondade da educação não tem a ver com o seu preço mas sim pela capacidade e qualificação dos professores.

De facto, é uma comodidade muito grande entregar o menino aos cuidados de um estabelecimento de ensino que o transporta de casa para o colégio e daqui para casa, fornece um bom almoço e lanche, tem actividades desportivas que bastem, passeios, excursões, visitas guiadas a museus e monumentos, um bom plano de estudos... enfim... um descanso para os pais que têm meios económicos mas não têm tempo para se ocuparem, eles próprios, da educação do filho, limitando a sua acção à maçada de ler os relatórios que periodicamente o colégio lhes envia.

  A desculpa costumada de que “hoje os tempos são outros” não passa de um subterfúgio para fugir ao papel de educadores que, preferencialmente, os pais devem ter.

  Com o tempo, conseguidas as qualificações necessárias, o filho ruma o estrangeiro, uma escola de prestígio cuja frequência e graduação garantem só por si um óptimo emprego.

  E... pronto... missão cumprida!

  Mas esta história tão real como frequente, tem muito pouco a ver com pais e filhos e, muito menos, com família.

  Isto é uma organização da sociedade humana como outra qualquer, em que o pragmatismo e as conveniências ocupam o lugar do amor, do carinho, da vida familiar vivida em conjunto, onde pais e filhos têm um lugar próprio, interdependente e solidário.

Talvez, nos outros casos, se possa falar de modernismo, e neste, que, indubitavelmente preferimos, sejamos levados a invocar paternalismo, mas isso, no fundo, não interessa para a verdadeira questão que é a vida familiar.

  Sem cair nos extremos em que pais e filhos se tratam como colegas e quase não existe privacidade entre uns e outros ou, por outro lado, se mantém uma distância mais ou menos cerimoniosa, num caso e noutro, esquecendo que a familiaridade não é, não deve, ser incompatível com o respeito que se devem mutuamente.

Não há justificação alguma que um pai possa invocar para desrespeitar um filho, fazendo tábua rasa das suas opções, gostos e desejos.

  O filho, é, antes de mais, uma pessoa e como tal deve ser respeitada.

  O que o pai pode - e deve - fazer, é orientar, aconselhar e, sobretudo, acompanhar o seu filho.

Um pai ausente tem muito pouca autoridade natural, ao contrário daquele que, acompanhando, ao máximo possível, a vida do filho, lhe proporciona o exemplo donde, naturalmente, emerge uma autoridade que não carece de imposição para ser aceite.

  Há que considerar a gravidade de que se pode revestir a imposição ao filho da escolha de uma carreira profissional o que, naturalmente, não quer dizer que não se oriente ou ajude na escolha.

  Os filhos não são pertença dos pais nem estes têm o direito de lhes exigir que se comportem como tal e a verdade é que, também os pais têm bastante a aprender dos filhos.

  É comum ouvir-se dizer: ‘Quero proporcionar ao meu filho tudo aquilo que eu não tive.’

  Isto, revela, antes de mais uma profunda injustiça contra os próprios progenitores que, seguramente, fizeram o que puderam e, depois, porque, ao filho, deve bastar o necessário para a sua vida, dentro dos parâmetros normais para a sua idade, sem coisas supérfluas que não necessita e o podem distinguir - num mau sentido - dos seus companheiros e amigos.

  Um filho não é amigo do pai conforme a resposta que obtém a um pedido.

 Um sim ou um não usados como moeda para obter amizade é um erro gravíssimo, sobretudo porque perverte o princípio sagrado da família que se exprime em - ser-se amado pelo que se é e não pelo que se tem -, princípio este que é, realmente, exclusivo da família.

  A família é a única comunidade na qual todo o homem ‘é amado por si mesmo’, pelo que é e não pelo que tem. [2]

  Por isso mesmo se insiste que antes de qualquer outro sentimento, talvez mesmo o amor, o mais importante é sem dúvida o respeito, já que, de certo modo, todos estão na sua dependência.

 

 



[1] Sequencial todos os dias do ano

[2] Btº. joão paulo ii, Homília na Missa para as Famílias, Madrid, 1982.11.02

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