Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
15/01/2019
Temas para reflectir e meditar
Sono
A pergunta do Mestre denotava assombro: «Simão! dormes? Não pudeste velar uma hora? (Mc 14, 37). Diz-nos o mesmo também a mim e a ti, que tantas vezes assegurámos, como Pedro, que estávamos dispostos a segui-Lo até à morte e, todavia, deixamo-Lo só amiúde, adormecemos. Temos de doer-nos por estas deserções pessoais, e pelas dos outros, e temos de considerar que abandonamos o Senhor, talvez diariamente, quando descuidamos o cumprimento do nosso dever profissional, apostólico; quando a nossa piedade é superficial, grosseira; quando nos justificamos porque humanamente sentimos o peso e a fadiga; quando nos falta a ilusão divina, o entusiasmo divino para secundar a vontade de Deus, ainda que a alma e o corpo resistam.
A pergunta do Mestre denotava assombro: «Simão! dormes? Não pudeste velar uma hora? (Mc 14, 37). Diz-nos o mesmo também a mim e a ti, que tantas vezes assegurámos, como Pedro, que estávamos dispostos a segui-Lo até à morte e, todavia, deixamo-Lo só amiúde, adormecemos. Temos de doer-nos por estas deserções pessoais, e pelas dos outros, e temos de considerar que abandonamos o Senhor, talvez diariamente, quando descuidamos o cumprimento do nosso dever profissional, apostólico; quando a nossa piedade é superficial, grosseira; quando nos justificamos porque humanamente sentimos o peso e a fadiga; quando nos falta a ilusão divina, o entusiasmo divino para secundar a vontade de Deus, ainda que a alma e o corpo resistam.
(Beato Álvaro del Portillo, Carta, 1987.04.01)
Pequena agenda do cristão
(Coisas muito simples, curtas, objectivas)
Propósito:
Aplicação no trabalho.
Senhor, ajuda-me a fazer o que devo, quando devo, empenhando-me em fazê-lo bem feito para to poder oferecer.
Lembrar-me:
Os que estão sem trabalho.
Senhor, lembra-te de tantos e tantas que procuram trabalho e não o encontram, provê às suas necessidades, dá-lhes esperança e confiança.
Pequeno exame:
Cumpri o propósito que me propus ontem?
Devemos santificar todas as realidades
A tua tarefa de apóstolo é grande e
formosa. Estás no ponto de confluência da graça com a liberdade das almas; e
assistes ao momento soleníssimo da vida de alguns homens: o seu encontro com
Cristo. (Sulco,
219)
Estamos no Natal. Acodem-nos à memória
os diversos factos e circunstâncias que rodearam o nascimento do Filho de Deus
e o olhar detém-se na gruta de Belém, no lar de Nazaré. Maria, José, Jesus
Menino ocupam de modo muito especial o centro do nosso coração. Que diz, que
nos ensina a vida, simples e admirável ao mesmo tempo, dessa Sagrada Família?
Entre as muitas considerações que
poderíamos fazer, agora quero escolher sobretudo uma., Como refere a Escritura,
o nascimento de Jesus significa o início da plenitude dos tempos, o momento
escolhido por Deus para manifestar plenamente o seu amor aos homens,
entregando-nos o seu próprio Filho. Essa vontade divina realiza-se no meio das
circunstâncias mais normais e correntes: uma mulher que dá à luz, uma família,
uma casa. A omnipotência divina, o esplendor de Deus passam através das coisas
humanas, unem-se às coisas humanas. Desde esse momento, nós, os cristãos,
sabemos que, com a graça do Senhor, podemos e devemos santificar todas as
realidades sãs da nossa vida. Não há situação terrena, por mais pequena e vulgar
que pareça, que não possa ser a ocasião de um encontro com Cristo e uma etapa
da nossa caminhada para o Reino dos Céus.
Por isso, não é de estranhar que a
Igreja se alegre, que rejubile, contemplando a modesta morada de Jesus, Maria e
José. (Cristo
que passa, 22)
Evangelho e comentário
Evangelho: Mc 1, 21-28
21 Entraram em Cafarnaúm. Chegado o
sábado, veio à sinagoga e começou a ensinar. 22
E maravilhavam-se com o seu ensinamento, pois os ensinava como quem tem
autoridade e não como os doutores da Lei. 23 Na sinagoga deles encontrava-se um
homem com um espírito maligno, que começou a gritar: 24 «Que tens a ver
connosco, Jesus de Nazaré? Vieste para nos arruinar? Sei quem Tu és: o Santo de
Deus.» 25 Jesus repreendeu-o, dizendo: «Cala-te e sai desse homem.» 26 Então, o
espírito maligno, depois de o sacudir com força, saiu dele dando um grande
grito. 27 Tão assombrados ficaram que perguntavam uns aos outros: «Que é isto?
Eis um novo ensinamento, e feito com tal autoridade que até manda aos espíritos
malignos e eles obedecem-lhe!» 28 E a sua fama logo se espalhou por toda a
parte, em toda a região da Galileia.
Comentário:
Evidentemente
que na sinagoga os presentes deveriam ser pessoas de várias classes sociais e
diferentes graus de cultura.
Fica
assim provado que as palavras de Jesus eram perfeitamente entendíveis por todos.
A
Lei de Deus não requer conhecimentos especiais para ser compreendida e, assim,
cumprida por qualquer um.
Mas
é bom que tenhamos as ideias claras e ajustadas e para isso está a Direcção
Espiritual como auxiliar precioso.
(AMA,
comentário sobre Mc 1, 21.28, 09.01.2018)
Leitura epiritual
Iniciação à Cristologia
SEGUNDA PARTE
A OBRA REDENTORA DE JESUS CRISTO
Capítulo IX
OS MISTÉRIOS DA VIDA TERRENA DE CRISTO E O SEU
VALOR REDENTOR
3. Mistérios da vida oculta de Jesus em Nazaré
a) A normalidade da vida de Jesus. A sua vida de
família e de trabalho, em particular
Jesus partilhou, durante a maior parte da
sua vida a condição comum e normal da imensa maioria dos homens. Por isso, os
seus concidadãos o considerarão igual a eles em tudo, como um deles, e
estranharão a sabedoria e os milagres que demonstra depois na vida pública (cf.
Mc 6,2-3).
Talvez esses anos da vida de Jesus em
Nazaré pareçam sem brilho humano, anos de sombra («vida oculta»), ou uma
simples preparação para o seu ministério público; mas não é assim: Jesus estava
realizando a nossa redenção mediante o seu amor e obediência presentes em cada
uma das suas obras que oferecia por nós ao Pai. O Verbo eterno redimiu e
santificou assim todas as realidades nobres com que está entretecida a vida
comum dos homens: a família, as amizades e relações sociais, o trabalho e o
descanso, etc.
E todos esses actos de Cristo em Nazaré são
também um ensinamento para nós: «Jesus, nosso Senhor e modelo, crescendo e
vivendo como um de nós, revela-nos que a existência humana – a tua -, as
ocupações correntes e ordinárias, têm um sentido divino, de eternidade»[i].
A
vida de família. Parte principal da vida de Jesus em Nazaré era a vida de
família, que o Evangelho resume em poucas palavras porque era norma, ao mesmo
tempo que divina: «o Menino ia crescendo e fortalecendo-se cheio de sabedoria e
a graça de Deus estava n’Ele» (Lc 2,40); e mais adiante acrescenta-se que «veio
com eles (com os seus pais) para Nazaré e estava-lhes submetido» (Lc 2,51).
Tal como
Jesus santifica a vida familiar e nos redime, a sagrada Família constitui o
espelho e modelo de toda a família: mostra-nos a sua entranhável comunicação de
amor, a sua simples e austera beleza, o seu carácter sagrado e inviolável, o
insubstituível da sua função no plano das pessoas individuais e da vida social.
A
vida de trabalho. Jesus dedicou a maior parte da sua vida ao seu trabalho
junto de José, até depois de ter cumprido trinta anos. De facto, os seus
concidadãos conhecem-no por «o artesão» (Mc 6,3).
Esforçava-se por fazer bem esse trabalho,
cuidando os detalhes, vivendo-o com espírito de serviço e tratando com
amabilidade os vizinhos: «tudo fez bem» (Mc 7,37). Nas mãos de Jesus o trabalho
converte-se em tarefa divina, em «realidade redimida e redentora: não só é o
âmbito em que o homem vive, mas também meio e caminho de santidade, realidade
santificável e santificadora»[ii].
Por isso, a vida de Jesus em Nazaré foi
chamada «o Evangelho do trabalho» já que constitui uma lição da dignidade e do
valor do trabalho; um ensinamento para nos unirmos a Deus com essa actividade
e, por meio dela, colaborar na salvação do mundo.
b) O episódio do Menino Jesus perdido e achado no
Templo
Este acontecimento é o único que «rompe o
silêncio dos Evangelhos sobre os anos ocultos de Jesus. Jesus deixa entrever
nele o mistério da sua consagração total a uma missão derivada da sua filiação
divina: ‘Não sabíeis que me devo aos assuntos de meu pai’ (Lc 2,49). Maria e
José ‘não compreenderam’ esta palavra, mas acolheram-na na fé, e Maria
‘conservava cuidadosamente todas as coisas no seu coração’, ao longo de todos
os anos em que Jesus permaneceu oculto no silêncio de uma vida normal»[iii].
Jesus
dá-nos o exemplo da decisão que temos de ter para cumprir a vontade divina
ainda que custe sacrifício e ainda que outros não a compreendam.
4. Mistérios da vida pública de Jesus 20 Dez
a) O Baptismo de Jesus no Jordão
João o Baptista proclamava um «baptismo de
conversão para o perdão dos pecados» (Lc 3,3), e muitas pessoas acudiam e eram
baptizadas. Jesus também veio e foi baptizado depois de manifestar que queria
«cumprir toda a justiça» (Mt 3,15) e levar a cabo o plano de seu Pai para a
nossa salvação. «A esta aceitação responde a voz do Pai que põe toda a sua
complacência no seu Filho (cf. Lc 3,22; Is 42,1). E o espírito que Jesus possui
em plenitude desde a sua concepção, vem ‘poisar’ sobre Ele (Jo 1,32-33; cf. Is
11,2)»[iv].
No baptismo Jesus é manifestado como Filho
de Deus e Messias, e a partir de então começa o seu ministério público. O
baptismo é uma «epifania» pública de Jesus ao mesmo tempo que constitui uma
revelação da Trindade. Não é que então Jesus comece a ser Filho de Deus, nem
comece a possuir o Espírito Santo, nem comece a ser o Messias, nem é então que
toma consciência da sua missão messiânica; mas sim é então que o seu
messianismo é manifestado a Israel.
O baptismo constitui o começo do ministério
público de Jesus (cf. Act 1,22), e a partir de então o Senhor começa a ensinar
abertamente as gentes, confirmando a sua doutrina com milagres, e a reunir um
grupo de discípulos.
O
baptismo de Jesus é modelo do baptismo cristão. «No seu baptismo,
‘abriram-se os céus’ (Mt 3,16) que o pecado de Adão tinha fechado; e as águas
foram santificadas pela descida de Jesus e do Espírito como prelúdio da nova
criação»[v]. Com
efeito, o nosso baptismo assemelha-se ao de Jesus, pois quando somos baptizados
em nome da Trindade somos feitos filhos de Deus, o Espírito Santo desce sobre
nós e abre-nos o acesso ao céu.
b) As tentações do deserto
Imediatamente depois do seu baptismo, Jesus
é «impelido pelo Espírito Santo» para o deserto. Ali permanece em oração e sem
comer durante quarenta dias; vive entre os animais e os anjos serviam-no (cf.
Mc 1,12-13). No final deste tempo, Satanás tenta-o três vezes tratando de pôr à
prova a sua atitude filial para com Deus. Jesus rejeita estes ataques e o diabo
afasta-se d’Ele «até ao tempo determinado» (Lc 4,13).
As
tentações de Cristo formam parte da sua vitória sobre o Maligno. Jesus é o
novo Adão que vence onde o primeiro foi derrotado pelo tentador. Jesus vence
onde Israel no deserto provocou Deus e sucumbiu (cf. Sal 95/94,10). Cristo é o
mais forte que ata e despoja Satanás do seu poder e liberta-nos da sua
escravidão (cf. Mc 3,27). A vitória de Cristo sobre o diabo consumar-se-á na
cruz, mas começou antes; e essas tentações constituem um momento assinalado em
que se manifesta a sua vitória.
As
tentações referem-se à natureza do messianismo de Cristo. As três tentações
recapitulam as três tentações de Adão no paraíso e as de Israel no deserto.
Satanás tenta Jesus para que oriente a sua missão para o temporal, par um
messianismo terreno; para o bem-estar material, a glória e o poder humanos. E
Cristo responde que a sua missão é servir exclusivamente a Deus e abandonar-se
confiadamente nas mãos do Pai, sem procurar a sua utilidade ou ambição humana à
margem do plano divino [vi].
Cristo
dá-nos exemplo de como lutar contra o maligno e vencê-lo, pois Ele «foi
provado em tudo igual a nós, excepto no pecado» (Heb 4,15). Para vencer o mal
tenso sobretudo de procurar o Reino de Deus e a sua justiça (cf. Mt 6,33) e
procurar cumprir a sua vontade; ao mesmo tempo, temos de eliminar o apego aos
bens materiais, à soberba e à ambição. Deste modo não nos prostraremos nunca
ante nada terreno e seremos livres.
(cont)
Vicente
Ferrer Barriendos
(Tradução do castelhano por ama)
[i]
S. JOSEMARÍA ESCRIVÁ, Forja, 688.
[ii]
S. JOSEMARÍA ESCRIVÁ, Cristo que Passa,
n. 47.
[iii]
CCE, 534.
[iv]
CCE, 536.
[v]
CCE, 536.
[vi]
Jesus ao longo da sua vida rejeitou outras tentações semelhantes provenientes
do seu ambiente (cf. Mt 27,42), e inclusive dos seus discípulos (cf. Mt
16,21-23), contrárias ao plano do Pai e à sua missão redentora.
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