31/03/2015

2015.03.31








O que pode ver hoje em NUNC COEPI




Senhor, não sei rezar! - São Josemaria – Textos

Evangelho, coment. Leitura esp. (Matrimónio) - AMA - Comentários ao Evangelho Jo 13 21-23 36-38, Pecado, Semana Santa

Temas para meditar 409 - Coisas pequenas, São Francisco de Sales (Introdução à vida devota), Tratado do amor de Deus (São Francisco de Sales)

Bento VXI – Pensamentos espirituais 44 - Bento XVI - Pensamentos espirituais

Tratado do verbo encarnado 143 - Suma Teológica - Tratado do Verbo Encarnado - Quest 24 - Art 1, São Tomás de Aquino


Pequena agenda do cristão - Agenda Terça-Feira



Senhor, não sei rezar!

Se desejas deveras ser alma penitente – penitente e alegre –, deves defender, acima de tudo, os teus tempos diários de oração, de oração íntima, generosa, prolongada, e hás-de procurar que esses tempos não sejam ao acaso, mas a hora fixa, sempre que te for possível. Sê escravo deste culto quotidiano a Deus, e garanto-te que te sentirás constantemente alegre. (Sulco, 994)

Quando vejo como algumas pessoas entendem a vida de piedade, o convívio de um cristão com o seu Senhor, e dela me apresentam uma imagem desagradável, teórica, feita de fórmulas, repleta de lengalengas sem alma, que mais favorecem o anonimato do que a conversa pessoal, de tu a tu, com o nosso Pai Deus – a autêntica oração vocal nunca admite o anonimato – recordo aquele conselho do Senhor: nas vossas orações, não useis muitas palavras, como os gentios, os quais julgam que serão ouvidos à força de palavras. Não os imiteis, porque o Vosso Pai sabe o que vos é necessário antes de que vós lho peçais. E comenta um Padre da Igreja: penso que Cristo manda que evitemos as orações longas; longas, porém, não quanto ao tempo, mas quanto à multiplicidade interminável de palavras... O próprio Senhor nos deu o exemplo da viúva que, à força de súplicas, venceu a renitência do juiz iníquo; e o daquele importuno que chegou a desoras, à noite, e pela sua teimosia, mais do que pela amizade, conseguiu que o amigo se levantasse da cama[i]. Com esses dois exemplos manda-nos que peçamos constantemente, não compondo orações intermináveis, mas antes contando-lhe com simplicidade as nossas necessidades.

De qualquer modo, se ao iniciar a vossa meditação não conseguis concentrar a atenção para conversar com Deus, se vos sentis secos e a cabeça parece que não é capaz de ter sequer uma ideia ou se os vossos afectos permanecem insensíveis, aconselho-vos o que tenho procurado praticar sempre nessas circunstâncias: ponde-vos na presença do vosso Pai e dizei-Lhe pelo menos: "Senhor, não sei rezar, não me lembro de nada para Te contar!"... e estai certos de que nesse mesmo instante começastes a fazer oração. (Amigos de Deus, 145).


[i] cfr. Lc XI, 5–8; XVIII, 1–8

Evangelho, coment. Leitura esp. (Matrimónio)


Terça-Feira Santa


Evangelho: Jo 13 21-33 36-38

21 Tendo Jesus dito estas coisas, perturbou-Se em Seu espírito e declarou abertamente: «Em verdade, em verdade vos digo que um de vós Me há-de entregar». 22 Olhavam, pois, os discípulos uns para os outros, não sabendo de quem falava. 23 Ora um dos Seus discípulos, aquele que Jesus amava, estava recostado sobre o peito de Jesus. 24 A este, Simão Pedro fez sinal, para lhe dizer: «De quem fala Ele?». 25 Aquele discípulo, pois, tendo-se reclinado sobre o peito de Jesus, disse-Lhe: «Quem é, Senhor?». 26 Jesus respondeu: «É aquele a quem Eu der o bocado que vou molhar». Molhando, pois, o bocado, deu-o a Judas Iscariotes, filho de Simão. 27 Atrás do bocado, Satanás entrou nele. Jesus disse-lhe então: «O que tens a fazer, fá-lo depressa». 28 Nenhum, porém, dos que estavam à mesa percebeu por que lhe dizia isto. 29 Alguns, como Judas era o que tinha a bolsa, julgavam que Jesus lhe dissera: «Compra as coisas que nos são precisas para o dia da festa», ou: «Dá alguma coisa aos pobres». 30 Ele, pois, tendo recebido o bocado, saiu imediatamente; era noite. 31 Depois que ele saiu, Jesus disse: «Agora é glorificado o Filho do Homem, e Deus é glorificado n'Ele. 32 Se Deus foi glorificado n'Ele, também Deus O glorificará em Si mesmo; e glorificá-l'O-á sem demora. 33 Filhinhos, já pouco tempo estou convosco. Buscar-Me-eis, mas, assim como disse aos judeus: Para onde Eu vou, vós não podeis vir, também vos digo agora.».
36 Simão Pedro disse-Lhe: «Senhor, para onde vais?». Jesus respondeu-lhe: «Para onde Eu vou, não podes tu agora seguir-Me, mas seguir-Me-ás mais tarde». 37 Pedro disse-lhe: «Porque não posso eu seguir-Te agora? Darei a minha vida por Ti». 38 Jesus respondeu-lhe: «Darás a tua vida por Mim? Em verdade, em verdade te digo: Não cantará o galo sem que Me tenhas negado três vezes.

Comentário:

É fácil, relativamente, dizer que queremos seguir Jesus. Movidos pelo amor à figura inconfundível do Mestre, somos levados a ter desejos, sinceros, de o fazer.
Mas, muitas vezes, para não dizer quase sempre, ficamos por aí, pelos desejos, ou, então, temos algumas condições: quando for mais velho, se fosse mais novo, quando a minha vida se estabilizar, quando…
Considerando o pouco que somos chegaremos à conclusão óbvia que esses nossos desejos só se transformarão em realidade concreta se o nosso amor for sincero, sem condições. Um amor assim é capaz de tudo porque, embora por nós não possamos nada, o Senhor, movido por esse amor, Ele próprio que é O AMOR, não deixará de nos dar o que nos falta para O seguirmos.

(ama, Comentário sobre Jo 13, 21-33; 36-38, 2013.03.23)

Leitura espiritual


O que é o pecado?

O que é o pecado? 1

Pecado original, pessoal, venial, mortal, capital... O que é que tudo isso quer dizer?

O conceito de pecado é bastante simples: basicamente, o pecado é um ato de egoísmo exagerado.
É preferir-se a si mesmo e antepor-se a Deus e aos outros, cedendo às paixões desordenadas que nos colocam no centro da nossa própria existência e negando a nossa natureza, que só se completa quando se abre ao próximo e a Deus.
O pecado é a recusa a instaurar com Deus e com os outros uma relação de amor.
O pecado é um "converter-se às criaturas" e "rejeitar o Criador".
Em geral, o pecador só deseja os prazeres proporcionados pelas criaturas, e não necessariamente quer rejeitar o Criador.
No entanto, ao se deixar seduzir por satisfações fugazes proporcionadas pelas criaturas, o pecador sabe, implicitamente, que está agindo contra o amor do Criador, pois sente que o prazer terreno não o preenche e, mesmo assim, não resiste a ele.

É por isso que o pecado fere o próprio pecador, afastando-o da plenitude oferecida por Deus.
E é por isso que o pecado ofende a Deus: não porque Deus, como Deus, seja diminuído, mas porque nós próprios, ao pecar, nos diminuímos diante da grandeza que Deus nos oferece.

Para Jesus, o pecado nasce no interior do homem[i].
É por isso que é necessária a transformação interior, do coração. Para Jesus, o pecado é uma escravidão: o homem se deixa ficar em poder do maligno, valorizando falsamente as coisas deste mundo, deixando-se arrastar pelo imediato, por satisfações sensíveis que não saciam a nossa sede de amor e de plenitude.

(cont)

Fonte: ALETEIA

(Revisão da versão portuguesa por ama)


O que é o pecado? 2
Pecado original, pessoal, venial, mortal, capital... O que é que tudo isso quer dizer?


Quais são os tipos de pecado?

1 - O pecado original é a herança que todos recebemos dos nossos primeiros pais, Adão e Eva: eles desconfiaram do amor de Deus Pai e cederam à tentação de deixá-lo de fora das suas escolhas pessoais.

Como filhos de uma humanidade que perdeu a inocência, todos nós nascemos com a natureza caída de pecadores e precisamos da graça de Deus, mediante o sacramento do batismo, para purificar a nossa alma.

2 - O pecado actual ou pessoal é aquele que cometemos como indivíduos, voluntária e conscientemente.
Pode ser cometido de quatro maneiras: com o pensamento, com as palavras, com as obras ou com as omissões.
E pode ser contra Deus, contra o próximo ou contra nós mesmos.
O pecado pessoal pode ser mortal ou venial:

2.1. O pecado venial ou leve é aquele que cometemos sem plena consciência ou sem pleno consentimento, ou então com plena consciência e consentimento, mas em matéria leve.
 
2.2. O pecado mortal ou grave é aquele que envolve três factores simultâneos: plena consciência, pleno consentimento e matéria grave.

O que é matéria grave e matéria leve?

A "matéria" é o "facto" pecaminoso em si.
É grave quando fere seriamente qualquer um dos dez mandamentos.

Alguns exemplos: negar a existência de Deus, ofender a Deus, ofender os pais, matar ou ferir gravemente qualquer pessoa, colocar a si próprio em grave risco de morte sem justa razão, cometer actos impuros, roubar objectos de valor, caluniar, cometer graves omissões no cumprimento do dever, causar escândalo ao próximo.

Já a matéria leve é aquela que não fere seriamente nenhum dos dez mandamentos, ainda que consista num acto contrário a algum deles.

Por exemplo: roubar é pecado, mas a gravidade desse pecado tem graus diversos.
Furtar dez centavos não costuma prejudicar consideravelmente a vítima do furto; já o furto ou roubo de uma quantia cuja perda prejudica a vítima de modo considerável passa a ser matéria grave.


(cont)

Fonte: ALETEIA

(Revisão da versão portuguesa por ama)




O que é o pecado? 3
Pecado original, pessoal, venial, mortal, capital... O que é que tudo isso quer dizer?


Quais são os efeitos do pecado?

O pecado mortal mata a vida da graça na alma, rompendo a relação vital com Deus; separa Deus da alma; faz com que percamos todos os méritos das coisas boas que fazemos; impede que a alma participe da eternidade com Deus.

Como é perdoado o pecado mortal?
Com uma boa confissão ou com um acto de contrição perfeito, unido ao propósito de confessar-se assim que for possível.

Quanto ao pecado venial, ele enfraquece o amor a Deus, vai esfriando a relação com Ele, priva a alma de muitas graças que ela receberia de Deus se não pecasse, facilita o pecado grave.

Como se apaga o pecado venial?
Com o arrependimento e boas obras, como orações, missas, comunhão e obras de misericórdia.


(cont)

Fonte: ALETEIA

(Revisão da versão portuguesa por ama)


O que é o pecado? 4
Pecado original, pessoal, venial, mortal, capital... O que é que tudo isso quer dizer?

E os pecados capitais, onde é que entram?

Os pecados capitais requerem especial atenção porque são causa de outros pecados.
Podem ser veniais ou mortais, dependendo das condições explicadas acima. Sempre, porém, são "cabeças" de novos pecados e é daí que vem o termo "capital". São sete:

- Soberba: a estima exagerada de si mesmo e o desprezo pelos outros.
- Avareza: o desejo desmesurado de dinheiro e de posses.
- Luxúria: o apetite e uso desordenado do prazer sexual.
- Ira: o impulso desordenado a reagir com raiva contra alguém ou algo.
- Preguiça: a falta de vontade no cumprimento do dever e no uso do ócio.
- Inveja: a tristeza pelo bem do próximo, considerado como mal próprio.
- Gula: a busca excessiva do prazer pelos alimentos e pela bebida.


(cont)

Fonte: ALETEIA

(Revisão da versão portuguesa por ama)



O que é o pecado? 5
Pecado original, pessoal, venial, mortal, capital... O que é que tudo isso quer dizer?


Há algum pecado que não pode ser perdoado?

Sim: o pecado contra o Espírito Santo[ii].

Em que consiste?
Na atitude permanente de desafiar a graça divina; em fechar-se a Deus, em recusar a sua mensagem.
Essa atitude impossibilita o arrependimento.
E, como Deus respeita a nossa liberdade e o nosso livre arbítrio, Ele próprio se deixa obrigar por nós a não dar-nos o seu perdão, que depende da nossa aceitação voluntária.
O pecado contra o Espírito Santo pode se manifestar, por exemplo, no desespero da salvação, na presunção de se salvar sem mérito, na luta contra a verdade conhecida, na obstinação em permanecer no pecado, na impenitência final na hora da morte.


(cont)

Fonte: ALETEIA

(Revisão da versão portuguesa por ama)



O que é o pecado? 6
Pecado original, pessoal, venial, mortal, capital... O que é que tudo isso quer dizer?


Então qualquer outro pecado, bastando querermos sinceramente, pode ser perdoado?

É claro!

Deus quer tanto a nossa plena realização junto dele que não hesitou em morrer na cruz para nos redimir!

Deus nos espera sempre de braços abertos como um Pai que se esquece de todas as nossas ingratidões, como Ele mesmo deixa claro na belíssima parábola do filho pródigo[iii].

Basta querermos de verdade o Seu abraço!

Fonte: ALETEIA

(Revisão da versão portuguesa por ama)





[i] cf. Mt 15, 10-20
[ii] cf. Mt 12, 30-32
[iii] cf. Lc 15,11ss

Temas para meditar 409


Coisas pequenas



Como no tesouro do Templo foram estimadas as duas moedazinhas da pobre viúva (...), as pequenas obras boas, ainda que cumpridas com um pouco de descuido e não com toda a energia da nossa caridade, não deixam de ser gratas a Deus e de ter o seu mérito diante d’Ele; donde, e ainda que elas por si mesmas não valham para aumentar o amor precedente (...), a Providência divina, que toma conta delas e pela Sua bondade as estima, imediatamente as recompensa com aumento de caridade nesta vida e com a atribuição de maior glória no Céu.

(S. francisco de salesTratado do amor de Deus, livro 3, Cap. 2)

Tratado do verbo encarnado 143

Questão 24: Da predestinação de Cristo

Em seguida devemos tratar da predestinação de Cristo.

E nesta questão discutem-se quatro artigos:

Art. 1 — Se a cabia Cristo ser predestinado.
Art. 2 — Se é falsa a proposição – Cristo, enquanto homem, foi predestinado para Filho de Deus.
Art. 3 — Se a predestinação de Cristo é o exemplar da nossa predestinação.
Art. 4 — Se a predestinação de Cristo é a causa da nossa predestinação

Art. 1 — Se a Cristo cabia ser predestinado.

O primeiro discute-se assim. — Parece que não cabia a Cristo ser predestinado.

1 — Pois, o termo da predestinação é a adopção como filho, segundo o Apóstolo: O qual nos predestinou para sermos seus filhos adoptivos. Ora, a Cristo não cabia ser filho adoptivo. Logo, não lhe cabia ser predestinado.

2. Demais. — Em Cristo devemos considerar duas coisas — a natureza humana e a pessoa. Ora, não podemos dizer que Cristo fosse predestinado em razão da natureza humana; pois, é falsa a proposição — A natureza humana é filho de Deus. Semelhantemente, nem em razão da pessoa; porque a sua pessoa é a do Filho de Deus, não por graça, mas por natureza; ora, a predestinação implica a graça, como se disse na Primeira Parte. Logo, Cristo não foi Filho de Deus por predestinação.

3. Demais. — Assim, como o feito nem sempre existiu, assim, o predestinado, porque a predestinação importa uma certa anterioridade. Ora, como Cristo sempre foi Deus e Filho de Deus, não se diz propriamente que o homem Cristo fosse feito Filho de Deus. Logo, pela mesma razão, não devemos dizer que Cristo foi Filho de Deus por predestinação.

Mas, em contrário, diz o Apóstolo, falando de Cristo: Que foi predestinado Filho de Deus com poder.

Como resulta do que dissemos na Primeira Parte, a predestinação em sentido próprio é uma certa preordenação divina e abeterna do que a graça de Deus realizará no tempo. Ora, Deus, com a graça da união, tornou o homem temporalmente, Deus e Deus, homem. Nem pode dizer-se que Deus não preordenasse abeterno que isso se realizasse no tempo; pois, daí resultaria que Deus seria suspceptível de uma ideia nova. Donde portanto devemos concluir que a união mesma das naturezas, na pessoa de Cristo inclui-se na predestinação eterna de Deus. É, em razão disso, dissemos que Cristo foi predestinado.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — O Apóstolo refere-se, no lugar aduzido, à predestinação pela qual nós somos predestinados para filhos adoptivos. Pois, assim como Cristo é de um modo singular e excelente Filho de Deus por natureza, assim também foi predestinado, de modo singular.

RESPOSTA À SEGUNDA. — Como diz a Glosa, alguns ensinaram que a predestinação deve ser entendida da natureza e não, da pessoa; e isso por ter sido feita à natureza humana à graça de ser unida ao Filho de Deus, na unidade de pessoa. — Mas, neste sentido, a locução do Apóstolo é imprópria, por duas razões. Primeiro, por uma razão geral. Pois, não dizemos que é a natureza de alguém a predestinada, mas o suposto; pois, predestinar é dirigir para a salvação, a qual é própria do suposto, que age em vista do fim da bem-aventurança. Segundo, por uma razão especial, porque ser Filho de Deus não convém à natureza humana; pois, é falsa a proposição. — A natureza humana é Filho de Deus. Salvo se alguém quisesse compreender o pensamento do Apóstolo, forçando-lhe o sentido, assim: Que foi predestinado Filho de Deus com poder, isto é, foi predestinado que a natureza humana se unisse ao Filho de Deus em pessoa. - Donde se conclui que a predestinação é atribuída à pessoa de Cristo, não em si mesma, ou enquanto subsistente na natureza divina, mas enquanto subsistente na natureza humana. Por isso, o Apóstolo, depois de ter dito – Que foi jeito da linhagem de David segundo a carne, acrescenta: Que foi predestinado Filho de Deus com poder. Para nos fazer compreender que, por ter sido feito da linhagem de David segundo a carne, foi predestinado Filho de Deus com poder. Embora seja natural à pessoa de Cristo, em si mesma considerada, ser Filho de Deus com poder; o que porém não lho é pela natureza humana, pela qual essa filiação lhe convém pela graça da união.

RESPOSTA À TERCEIRA. — Origines ensina o que o Apóstolo literalmente diz é o seguinte: Que foi destinado Filho de Deus com poder, que não supõe nenhuma anterioridade, não havendo, pois aí qualquer dificuldade. — Mas outros, a anterioridade implicada no particípio predestinado a referem, não ao facto de ser Filho de Filho de Deus, mas à sua manifestação, segundo o modo habitual de a Escritura se exprimir, pelo qual considera feito o que é conhecido. E então será o sentido: Cristo foi predestinado para se manifestar como Filho de Deus. — Mas nesse caso, predestinação não é tomada em sentido próprio. Pois, consideramos propriamente predestinado quem é dirigido ao fim da bem-aventurança; ora, a bem-aventurança de Cristo não depende do nosso conhecimento.

E por isso é melhor dizermos, que a anterioridade implicada no particípio predestinado não se refere à pessoa, em si mesma, mas em razão da natureza. Pois, essa pessoa, embora fosse abeterno Filho de Deus, contudo não foi sempre Filho de Deus o subsistente na natureza humana. E por isso diz Agostinho: Jesus, que havia de ser pela carne filho de David, foi contudo predestinado para ser Filho de Deus pelo poder.

E devemos considerar que, embora o particípio — predestinado implique anterioridade, como o particípio — feito não o significa contudo do mesmo modo. Pois, ser efeito exprime uma realidade como ela em si mesma é; ao passo que ser predestinado se refere ao que está na apreensão de quem preordena. Ora, o que subsiste como tal, em virtude de uma forma e de uma natureza, pode ser apreendido enquanto ligado a essa forma, ou ainda absolutamente. E como, em sentido absoluto, não convém à pessoa de Cristo o ter começado a ser Filho de Deus, convém-lhe contudo enquanto inteligida ou apreendida como existente em a natureza humana; pois, teve um começo temporal a existência do Filho de Deus revestido da natureza humana. Donde, é mais verdadeira a proposição — Cristo foi predestinado Filho de Deus que a outra: Cristo foi feito Filho de Deus.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.


Pequena agenda do cristão

TeRÇa-Feira


 (Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Aplicação no trabalho.

Senhor, ajuda-me a fazer o que devo, quando devo, empenhando-me em fazê-lo bem feito para to poder oferecer.

Lembrar-me:
Os que estão sem trabalho.

Senhor, lembra-te de tantos e tantas que procuram trabalho e não o encontram, provê às suas necessidades, dá-lhes esperança e confiança.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?

Bento VXI – Pensamentos espirituais 44

Dei Verbum



A Igreja não vive de si mesma, mas do Evangelho, dele extraindo continuamente a orientação para o seu caminho. Cada cristão deve anotar e aplicar a si mesmo este princípio: só aquele que se dedica antes de mais à escuta da Palavra pode vir a anunciá-la. Com efeito, ninguém deve ensinar a sua própria sapiência, mas a sapiência de Deus, que muitas vezes se apresenta aos olhos do mundo como estultícia.

Discurso aos participantes no congresso comemorativo do 43 aniversário da congregação Dei Verbum, (16.Set.05)

(in “Bento XVI, Pensamentos Espirituais”, Lucerna 2006)