01/07/2014

Bento XVI – Pensamentos espirituais 5

A centralidade de Cristo

(De São Bento) conhecemos a recomendação que deixou aos monges na sua regra: «Nunca sobrepor nada a Cristo» (Regra 72, 11, cfr. 4, 21). No inicio do meu serviço como sucessor de Pedro, peço a São Bento que me ajude a conservar firmemente Cristo como centro da nossa existência. Que Ele tenha sempre o primeiro lugar no nosso pensamento e em tudo o que fazemos.


(BENTO XVI, Catequese da primeira audiência geral, 2005.04.27)

Recorre com confiança a Nossa Senhora

Quando te vires com o coração seco, sem saber o que hás-de dizer, recorre com confiança a Nossa Senhora. Diz-Lhe: "Minha Mãe Imaculada, intercede por mim!". Se a invocares com fé, Ela far-te-á saborear – no meio dessa secura – a proximidade de Deus. (Sulco, 695)

Contemplemos agora a sua Mãe bendita, também nossa Mãe. No Calvário, junto ao patíbulo, reza. Não é uma atitude nova em Maria. Assim se conduziu sempre, cumprindo os seus deveres, ocupando-se do seu lar. Enquanto estava nas coisas da terra, permanecia pendente de Deus. Cristo, perfectus Deus, perfectus homo , quis que também a sua Mãe, a criatura mais excelsa, a cheia de graça, nos confirmasse nesse afã de elevar sempre o olhar para o amor divino. Recordai a cena da Anunciação: desce o arcanjo para comunicar a divina embaixada – a mensagem de que seria Mãe de Deus – e encontra-a retirada em oração. Maria está totalmente recolhida no Senhor, quando S. Gabriel a saúda: Deus te salve, oh cheia de graça! O Senhor é contigo. Dias depois, irrompe na alegria do Magnificat – esse cântico mariano que nos transmitiu o Espírito Santo pela delicada fidelidade de S. Lucas – fruto da intimidade habitual da Virgem Santíssima com Deus.


A nossa Mãe meditou longamente as palavras das mulheres e dos homens santos do Antigo Testamento, que esperavam o Salvador, e os acontecimentos de que foram protagonistas. Admirou o cúmulo de prodígios e o excesso da misericórdia de Deus com o seu povo, tantas vezes ingrato. Ao considerar esta ternura do Céu, incessantemente renovada, brota o afecto do seu Coração imaculado: a minha alma glorifica o Senhor; e o meu espírito exulta em Deus, meu Salvador. Porque lançou os olhos para a baixeza da sua escrava. Os filhos desta boa Mãe, os primeiros cristãos, aprenderam com Ela, e nós também podemos e devemos aprender. (Amigos de Deus, 241)

Pequena agenda do cristão


TeRÇa-Feira


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)





Propósito:
Aplicação no trabalho.

Senhor, ajuda-me a fazer o que devo, quando devo, empenhando-me em fazê-lo bem feito para to poder oferecer.

Lembrar-me:
Os que estão sem trabalho.

Senhor, lembra-te de tantos e tantas que procuram trabalho e não o encontram, provê às suas necessidades, dá-lhes esperança e confiança.

Pequeno exame:
Cumpri o propósito que me propus ontem?



Diálogos apostólicos 23




Nota: Normalmente, estes “Diálogos apostólicos”, são publicados sob a forma de resumos e excertos de conversas semanais. Hoje, porém, dado o assunto, pareceu-me de interesse publicar quase na íntegra.


Achas estranho que tão depressa estejas radiante, quase eufórico, com os progressos, evidentes, que vives, como te parece que não sais do mesmo lugar e que são escusadas tanta luta e esforço.

Ouve-me com atenção: ‘pensas que ao demónio lhe agrada o teu progresso? Claro que não e, assim que te vê todo contente, logo te tenta com o desânimo de te sentires muito, muito longe da meta.
Portanto, já sabes, isso não vem de ti, mas sim “manobras” do tentador.’

‘Mas é difícil manter a serenidade…’ dizes-me.

‘Concordo contigo mas lembro-te que, normalmente, a serenidade vem depois da luta. É como se costuma dizer: “Depois da tempestade vem a bonança”!’


Temas para meditar - 162

Pai

Possivelmente não há uma palavra que exprima melhor a auto-revelação de um Deus no Filho que a palavra "Abbá-Pai".
Abbá é uma expressão aramaica. que se conservou no texto grego do Evangelho de Marcos (Mc 14, 36). Aparece precisamente quando Jesus se dirige ao Pai. E embora esta pala­vra se possa traduzir para qual quer língua, contudo, nos lábios de Jesus de Nazaré permite perceber melhor o seu conteúdo único, irrepetível.
Efectivamente, Abbá exprime não só o louvor tradicional de Deus:
«Eu Te bendigo ó Pai, Senhor do Céu e da Terra» (cfr. Mt 11, 25), como nos lábios de Jesus revela a consciência da relação única e exclusiva que existe entre o Pai e Ele, entre Ele e o Pai. Exprime a mesma realidade a que alude Jesus deforma tão simples e ao mesmo tempo tão extraordinária com as palavras con­servadas no texto do Evangelho de Mateus (Mt 11, 27) e também no de Lucas (Lc 10, 22): E ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar. Quer dizer, a pa­lavra Abbá não só manifesta o mistério da vinculação recíproca entre o Pai e o Filho, como sintetiza de alguma maneira toda a verdade da vida íntima de Deus na sua profundidade trinitária: o conhecimento recíproco do Pai e do Filho, do qual emana o Amor eterno.
A palavra Abbá forma parte da linguagem da família e testemunha essa particular comunhão de pessoas que existe entre o pai e o filho gerado por ele, entre o filho que ama o pai e ao mesmo tempo é amado por ele. Quando, para falar de Deus, Jesus utilizava esta palavra, devia causar admiração e até escandalizar os seus ouvintes. Um israelita não a teria utilizado nem na ora­ção. Só quem se considerava Filho de Deus em sentido próprio poderia falar dele e dirigir-se a Ele como Pai. Abbá, quer dizer, eu pai, paizinho, papá.


(Btº JOÃO PAULO IIAudiência Geral, 1987.07.01)

Tratado da lei 40

Questão 99: Dos preceitos da lei antiga.

Art. 2 — Se a lei antiga continha preceitos morais.

(Infra, a. 4; In Matth., cap. XXIII).

O segundo discute-se assim. — Parece que a lei antiga não continha preceitos morais.

1. — Pois, a lei antiga distingue-se da lei natural, como já se estabeleceu (q. 91, a. 4, a. 5; q. 98, a. 5). Ora, os preceitos morais pertencem à lei da natureza. Logo, não pertencem à lei antiga.

2. Demais. — A lei divina devia vir em socorro do homem quando lhe falhasse a razão; como se dá claramente com as coisas da fé, supra-racionais. Ora, para se observarem o preceito moral basta-nos a razão. Logo, eles não pertencem à lei antiga, que é uma lei divina.

3. Demais. — A lei antiga é considerada como a letra que mata, conforme a Escritura (2 Cor 3, 6). Ora, os preceitos morais não matam, mas vivificam, segundo a Escritura (Sl 118, 93): Nunca jamais me esquecerei das tuas justificações, porque nelas me vivificaste. Logo, os preceitos morais não pertencem à lei antiga.

Mas, em contrário, diz a Escritura (Sr 17, 9): acrescentou-lhes a disciplina, e deu-lhes em herança a lei da vida. Ora, a disciplina diz respeito aos costumes, conforme diz a Glosa ao lugar, a disciplina consiste na aquisição de bons costumes, vencendo dificuldades. Logo, a lei dada por Deus continha preceitos morais.

A lei antiga continha certos preceitos morais, como está claro na Escritura (Ex 20, 13-15): Não matarás, não furtarás. E isto, racionalmente. Pois, assim como a intenção principal da lei humana é procurar a amizade dos homens entre si, assim a da lei divina é constituir principalmente a amizade entre o homem e Deus. Ora, como a semelhança é a razão do amor, conforme aquilo da Escritura — Todo animal ama ao seu semelhante — é impossível haver amizade entre o homem e Deus, que é óptimo, sem o homem se tornar bom. Donde, diz a Escritura (Lv 19, 2; 11, 45): Sede Santos, porque eu sou santo. Ora, a bondade do homem é a virtude, que torna bom quem a tem. Logo, era necessário que fossem dados os preceitos da lei antiga, mesmo relativos aos actos das virtudes. E estes são os preceitos morais da lei.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — A lei antiga distingue-se da lei natural, não como absolutamente diferente dela, mas por lhe fazer certos acréscimos. Pois, assim como a graça pressupõe a natureza, assim é necessário que pressuponha a lei divina à natural.

RESPOSTA À SEGUNDA. — Era conveniente que a lei divina providenciasse, não só quanto ao que a razão humana não pode alcançar, mas também em relação ao que ela pode errar. Ora, em relação aos preceitos morais, no atinente aos preceitos generalíssimos da lei natural, a razão humana não podia errar completamente; mas o costume de pecar obscurecia-a quanto às acções particulares. Relativamente porém aos outros preceitos morais, que são quase conclusões deduzidas dos princípios gerais da lei da natureza, a razão de muitos aberrava, de modo a julgar lícitas certas coisas em si mesmas más. Por isso, era necessário, contra uma e outra deficiência, o homem ser socorrido pela autoridade da lei divina. Assim também, entre as verdades que devemos crer, são-nos propostas, não só aquelas que a razão não pode alcançar, como a Trindade de Deus; mas também, as que a razão recta pode, como a unidade divina. E isso para obviar o erro da razão humana, em que muitos caíam.

RESPOSTA À TERCEIRA. — Como prova Agostinho, também se diz, ocasionalmente, que a letra da lei, em relação aos preceitos morais, mata, quando ordena o bem, sem conceder o auxílio da graça para realizá-lo.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.


Evangelho, comentário e Leitura espiritual (Enc Le pèlerinage de Lourdes - Pio XII)

Tempo comum XIII Semana

Evangelho: Mt 8, 23-27

23 Subindo para uma barca, seguiram-n'O os Seus discípulos. 24 E eis que se levantou no mar uma grande tempestade, de modo que as ondas alagavam a barca; Ele, entretanto, dormia. 25 Aproximaram-se d'Ele os discípulos, e acordaram-n'O, dizendo: «Senhor, salva-nos, que perecemos!». 26 Jesus, porém, disse-lhes: «Porque temeis, homens de pouca fé?». Então, levantando-Se, ordenou imperiosamente aos ventos e ao mar, e seguiu-se uma grande bonança. 27 Eles admiraram-se, dizendo: «Quem é Este, a quem até os ventos e o mar obedecem?».

Comentário:

A pergunta dos discípulos, hoje, espantar-nos-ia, porque nós sabemos Quem é Jesus Cristo.
Mas, se naquela barca, naquele momento, é quase certo que também ficaríamos assombrados e, talvez, temerosos com a evidência de tal poder.
Vendo bem as coisas até pode parecer um milagre “menor”, se comparados com as curas de toda a espécie, as multiplicações de pães e peixes, a pesca inexplicavelmente abundante.

Jesus Cristo quer deixar bem claro e evidente que, Ele, é o Senhor, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade a Quem o Pai deu todo o poder sobre o mundo, os homens, tudo, absolutamente, o que existe.

(AMA, comentário sobre Mt 8, 23-27, 2013.07.02)

Leitura espiritual

Documentos do Magistério

CARTA ENCÍCLICA
LE PÈLERINAGE DE LOURDES
DO SUMO PONTÍFICE PAPA PIO XII
SOBRE O CENTENÁRIO
DAS APARIÇÕES DA SS. VIRGEM EM LOURDES

INTRODUÇÃO

1. A peregrinação a Lourdes, que tivemos a alegria de realizar ao irmos presidir, em nome do nosso predecessor Pio XI, as festas eucarísticas e marianas do encerramento do jubileu da redenção, deixou em nossa alma profundas e doces recordações. Por isso, particularmente agradável nos é saber que, por iniciativa do bispo de Tarbes e Lourdes, a cidade marial se apresta para celebrar com brilho o centenário das aparições da Virgem imaculada na gruta de Massabielle, e que um comitê internacional foi, mesmo, constituído para esse fim sob a presidência do eminente cardeal Eugène Tisserant, deão do Sacro Colégio. Convosco, caros filhos e veneráveis irmãos, queremos agradecer a Deus o insigne favor feito à vossa pátria, e tantas graças derramadas desde há um século sobre a multidão dos peregrinos. Queremos igualmente convidar todos os nossos filhos a renovarem, neste ano jubilar, a sua piedade confiante e generosa para com aquela que, segundo a palavra de s. Pio X, se dignou estabelecer em Lourdes "a sede da sua imensa bondade". 1

I . NOSSA SENHORA NA HISTÓRIA DA FRANÇA

2. Toda terra cristã é uma terra marial, e não há povo redimido pelo sangue de Cristo que não goste de proclamar Maria sua mãe e sua padroeira. Relevo empolgante assume, todavia, esta verdade quando se evoca a história da França. O culto da Mãe de Deus remonta às origens da sua evangelização, e, entre os mais antigos santuários marianos, Chartres ainda atrai os peregrinos em grande número, e milhares de jovens. A Idade Média, que, notadamente com s. Bernardo, cantou a glória de Maria e lhe celebrou os mistérios, viu a admirável eflorescência das vossas catedrais dedicadas a Nossa Senhora: Le Puy, Reims, Amiens, Paris e tantas outras... Essa glória da Imaculada anunciam-na elas de longe pelas suas flechas esbeltas, fazem-na resplandecer na pura luz dos seus vitrais e na harmoniosa beleza das suas estátuas; atestam elas sobretudo a fé de um povo a se alçar acima de si mesmo num surto magnífico, para erguer no céu da França a homenagem permanente da sua piedade mariana.

Os vários títulos de nossa Senhora

3. Nas cidades e nos campos, no topo das colinas ou dominando o mar, os santuários consagrados a Maria humildes capelas ou esplêndidas basílicas cobriram pouco a pouco o país com a sua sombra tutelar. Neles, príncipes, pastores e fiéis inúmeros afluíram, ao longo dos séculos, para a Virgem santa, a quem saudaram com os títulos mais expressivos da sua confiança ou da sua gratidão. Aqui se invoca nossa Senhora da misericórdia, de todo auxílio ou do bom socorro; ali o peregrino refugia-se ao pé de nossa Senhora da guarda, da piedade ou da consolação; alhures, a sua prece sobe para nossa Senhora da luz, da paz, da alegria ou da esperança; ou, ainda, implora ele nossa Senhora das virtudes, dos milagres ou das vitórias. Admirável ladainha de invocações, cuja enumeração jamais acabada narra, de província em província, os benefícios que a Mãe de Deus tem derramado, no correr dos tempos, sobre a terra da França.

Nossa Senhora das Graças e nossa Senhora de Lourdes

4. Devia, no entanto, o século XIX, após a tormenta revolucionária, ser por muitos títulos o século das predileções marianas. Para só citarmos um fato, quem é que não conhece hoje em dia a "medalha milagrosa"? Revelada, no próprio coração da capital francesa, a uma humilde filha de s. Vicente de Paulo que tivemos a alegria de inscrever no catálogo dos santos, essa medalha cunhada com a efígie de "Maria concebida sem pecado" espalhou por todos os lugares os seus prodígios espirituais e materiais. E, alguns anos mais tarde, de 11 de fevereiro a 16 de Julho de 1858, à bem-aventurada virgem Maria aprazia, por um favor novo, manifestar-se na terra dos Pirineus a uma menina piedosa e pura, saída de uma família cristã, trabalhadora na sua pobreza. "Ela vem a Bernardete, dizíamos nós outrora, fá-la a sua confidente, a colaboradora, o instrumento da sua ternura maternal e da misericordiosa onipotência de seu Filho, para restaurar o mundo em Cristo por uma nova e incomparável efusão da redenção". 2

Lourdes

5. Os acontecimentos que então se desenrolaram em Lourdes, e cujas proporções espirituais melhor medimos hoje, são-vos bem conhecidos. Sabeis, caros filhos e veneráveis irmãos, em que condições estupendas, apesar de zombarias, de dúvidas e de oposições, a voz daquela menina, mensageira da Imaculada, se impôs ao mundo. Sabeis a firmeza e a pureza do testemunho, experimentado com sabedoria pela autoridade episcopal e por ela sancionado desde 1862. Já as multidões haviam acorrido e não têm cessado de precipitar-se para a gruta das aparições, para a fonte milagrosa, para o santuário elevado a pedido de Maria. É o comovente cortejo dos humildes, dos doentes e dos aflitos; é a imponente peregrinação de milhares de fiéis de uma diocese ou de uma nação; é a discreta diligência de uma alma inquieta que busca a verdade... Dizíamos nós: "Jamais num lugar da terra se viu semelhante cortejo de sofrimento, jamais semelhante irradiação de paz, de serenidade e de alegria!" 3 E, poderíamos acrescentar, jamais se saberá a soma de benefícios de que o mundo é devedor à Virgem auxiliadora! "Ó gruta feliz, honrada pela presença da Mãe de Deus! Rocha digna de veneração, da qual brotaram abundantes as águas vivificadoras!" 4

Lourdes e a Santa Sé

6. Estes cem anos de culto mariano teceram, ademais, entre a Sé de Pedro e o santuário pirenaico laços estreitos, que nos apraz reconhecer. A própria virgem Maria não desejou essas aproximações? "O que em Roma, pelo seu magistério infalível, o sumo pontífice definia, a Virgem Imaculada Mãe de Deus, a bendita entre as mulheres, quis, ao que parece, confïrmá-lo por sua boca, quando pouco depois se manifestou por uma célebre aparição na gruta de Massabielle". 5 Certamente, a palavra infalível do pontífice romano, intérprete autêntico da verdade revelada, não necessitava de nenhuma confirmação celeste para se impor à fé dos fiéis. Mas com que emoção e com que gratidão o povo cristão e seus pastores não recolheram dos lábios de Bernardete essa resposta vinda do céu: "Eu sou a Imaculada Conceição"!

7. Por isso, não é de admirar que os nossos predecessores se hajam comprazido em multiplicar os seus favores para com esse santuário. Desde 1860, Pio IX, de santa memória, regozijava-se de que os obstáculos suscitados contra Lourdes pela malícia dos homens houvessem permitido "manifestar com mais força e mais evidência a clareza do facto". 6 E, forte dessa segurança, ele cumula de benefícios espirituais a Igreja recém-educada, e faz coroar a estátua de nossa Senhora de Lourdes. Leão XIII, em 1892, concede o oficio próprio e a missa da festa "in apparitione Beatae Mariae Virginis Immaculatae", coisa que o seu sucessor estenderá em breve à Igreja universal; o antigo apelo da Escritura aí achará, de então por diante, aplicação nova: "Levanta minha amada, formosa minha, vem a mim! Pomba minha, que se aninha nos vãos do rochedo, pela fenda dos barrancos!" 7 Pelo fim da sua vida, o grande pontífice fez questão de inaugurar e de benzer pessoalmente a reprodução da gruta de Massabielle edificada nos jardins do Vaticano, e, na mesma época, a sua voz se elevava para a Virgem de Lourdes por uma prece ardente e confiante: "Que, no seu poder, a Virgem Mãe, que outrora cooperou por seu amor no nascimento dos fiéis na Igreja, seja ainda agora o instrumento e a guardiã da nossa salvação; ... restitua a tranquilidade da paz aos espíritos angustiados; apresse enfim, na vida privada como na vida pública, o retorno a Jesus Cristo". 8

8. O cinquentenário da definição dogmática da imaculada conceição da santíssima Virgem ofereceu a s. Pio X o ensejo de atestar num documento solene o liame histórico entre esse ato do magistério e a aparição de Lourdes: "Apenas Pio IX definira de fé católica que desde a origem Maria foi isenta de pecado, a própria Virgem começava a operar maravilhas em Lourdes". 9 Pouco depois, cria ele o título episcopal de Lourdes, ligado ao de Tarbes, e assina a introdução da causa de beatificação de Bernardete. Reservado estava sobretudo a esse grande papa da eucaristia frisar e favorecer a admirável conjunção que existe em Lourdes entre o culto eucarístico e a oração marial. Nota ele: "A piedade para com a Mãe de Deus ali fez florescer uma notável e ardente piedade para com Cristo nosso Senhor". 10 Podia, aliás, ser diversamente? Tudo em Maria nos leva para seu Filho, único salvador, na previsão de cujos méritos ela foi imaculada e cheia de graças; tudo em Maria nos eleva ao louvor da adorável Trindade, e bem-aventurada foi Bernardete desfiando o seu terço diante da gruta, e dos lábios e do olhar da Virgem Santa aprendendo a dar glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo! Por isso somos felizes, neste centenário, de associar-nos a essa homenagem prestada por s. Pio X: "A glória única do santuário de Lourdes reside no fato de nele serem os povos atraídos de toda parte, por Maria, à adoração de Cristo Jesus no augusto sacramento; de sorte que aquele santuário, ao mesmo tempo centro de culto mariano e trono do mistério eucarístico, excede em glória, ao que parece, todos os outros no orbe católico". 11

9. Aquele santuário já cumulado de favores, Bento XV fez questão de enriquecê-lo de novas e preciosas indulgências, e, se as trágicas circunstâncias do seu pontificado não lhe permitiram multiplicar os atos públicos da sua devoção, todavia ele quis honrar a cidade mariana concedendo ao seu bispo o privilégio do pálio no lugar das aparições. Pio XI, que fora pessoalmente peregrino de Lourdes, prosseguiu a obra dele, e teve a alegria de elevar aos altares a privilegiada da Virgem, tornada, sob o véu, Irmã Maria Bernarda, da Congregação da caridade e da instrução cristã. Por assim dizer, não autenticava ele por sua vez a promessa da Imaculada à jovem Bernardete, "de ser feliz não neste mundo, mas no outro"? E de então por diante Nevers, que se honra de guardar a urna preciosa, atrai em grande número os peregrinos de Lourdes, desejosos de aprender junto à santa a acolherem como convém a mensagem de nossa Senhora. Em breve o ilustre pontífice, que a exemplo dos seus predecessores acabava de honrar com uma Legação as festas de aniversário das aparições, decidia encerrar o jubileu da redenção na gruta de Massabielle, lá onde, segundo os seus próprios termos, "a Virgem Maria Imaculada várias vezes se mostrou à bem-aventurada Bernardete Soubirous, onde com bondade exortou todos os homens à penitência, naquele lugar mesmo da estupenda aparição que ela cumulou de graças e prodígios". 12 Em verdade, concluía Pio XI, aquele santuário "passa agora, a justo título, por ser um dos principais santuários marianos do mundo". 13

10. A esse unânime concerto de louvores como não haveríamos nós de unir a nossa voz? Fizemo-lo especialmente na nossa encíclica Fulgens corona, relembrando, em seguimento aos nossos predecessores, que, "ao que parece, a própria bem-aventurada virgem Maria quis confirmar por um prodígio a sentença que o vigário de seu divino Filho na terra acabava de proclamar com os aplausos da Igreja inteira". 14 E, naquela ocasião, lembrávamos como, cônscios da importância daquela peregrinação, os pontífices romanos não haviam cessado de "enriquecê-la de favores espirituais e dos benefícios da sua benevolência". 15 A história destes cem anos, que acabamos de evocar a grandes traços, não é, com efeito, uma constante ilustração dessa benevolência pontifícia, cujo último ato foi o encerramento, em Lourdes, do ano centenário do dogma da imaculada conceição? Mas a vós, caros filhos e veneráveis irmãos, gostamos de lembrar especialmente um documento recente, pelo qual favorecíamos o surto de um apostolado missionário na vossa cara Pátria. Nele quisemos evocar "os méritos singulares que, no correr dos séculos, a França adquiriu para si no progresso da fé católica", e, a este título, "volvíamos a nossa mente e o nosso coração para Lourdes, onde, quatro anos após a definição do dogma, a própria Virgem imaculada confirmou sobrenaturalmente, por aparições, conversas e milagres, a declaração do doutor supremo". 16

11. Ainda hoje nos volvemos para o célebre santuário que se prepara para acolher nas margens do Gave a multidão dos peregrinos do centenário. Se, desde há um século, ardentes súplicas, públicas e privadas, pela intercessão de Maria, ali têm obtido de Deus tantas graças de cura e de conversão, temos a firme confiança de que neste ano jubilar nossa Senhora quererá ainda com largueza corresponder à expectativa de seus filhos; mas temos sobretudo a convicção de que ela nos exorte a recolhermos as lições espirituais das aparições e a enveredarmos pela trilha que ela tão claramente nos traçou.

II. AS LIÇÕES ESPIRITUAIS DAS APARIÇÕES

12. Essas lições, eco fiel da mensagem evangélica, fazem ressaltar de maneira impressionante o contraste que opõe os juízos de Deus à vã sabedoria deste mundo. Numa sociedade que não tem lá muita consciência dos males que a corroem, numa sociedade que vela as suas misérias e as suas injustiças sob aparências prósperas, brilhantes e descuidosas, a Virgem imaculada, por quem o pecado jamais roçara, manifesta-se à uma menina inocente. Com compaixão maternal percorre com o olhar este mundo redimido pelo sangue de seu Filho, onde, infelizmente, o pecado faz cada dia tantas devastações, e por três vezes lança o seu apelo premente: "Penitência, penitência, penitência!" Gestos expressivos são, mesmo, pedidos: "Ide beijar a terra em penitência pelos pecadores". E ao gesto há que juntar a súplica: "Rogareis a Deus pelos pecadores". Tal como no tempo de João Batista, tal como no início do ministério de Jesus, a mesma injunção, forte e rigorosa, dita aos homens a trilha da volta a Deus: "Arrependei-vos" (Mt 3, 2; 4, 17). E quem ousaria dizer que esse apelo à conversão do coração perdeu, nos nossos dias, a sua actualidade?

13. Mas poderia a Mãe de Deus vir a seus filhos senão como mensageira de perdão e de esperança? Já a água lhe jorra aos pés: "Ó vós todos que tendes sede, vinde às águas e recebereis do Senhor a salvação". 17 Àquela fonte onde, dócil, Bernardete foi a primeira a ir beber e lavar-se, afluirão todas as misérias da alma e do corpo. "Lá fui, lavei-me e vi" (Jo 9,11), poderá responder, como o cego do evangelho, o peregrino agradecido. Mas, tal como para as turbas que se comprimiam em volta de Jesus, a cura das chagas físicas ali fica sendo, ao mesmo tempo que um gesto de misericórdia, o sinal do poder que o Filho do Homem tem de perdoar os pecados (cf. Mc 2,10). Junto a gruta bendita, a Virgem nos convida, em nome de seu divino Filho, à conversão do coração e à esperança do perdão. Escutá-la-emos?

Enveredar pela trilha que nossa Senhora nos traçou

14. Nessa humilde resposta do homem que se reconhece pecador reside a verdadeira grandeza deste ano jubilar. Que benefícios não estaríamos no direito de esperar para a Igreja se cada peregrino de Lourdes - e mesmo todo cristão unido de coração às celebrações do centenário - realizasse primeiramente em si mesmo essa obra de santificação, "não em palavras e de língua, mas em atos e em verdade" (1 Jo 3, 18)? Tudo, aliás, a isso ali o convida, pois em parte alguma, talvez, tanto quanto em Lourdes, a gente se sente levado ao mesmo tempo à oração, ao esquecimento de si e à caridade. A vermos a dedicação dos padioleiros e a paz serena dos doentes; a verificarmos a fraternidade que congrega numa mesma invocação fiéis de todas as origens; a observarmos a espontaneidade do auxílio mútuo e o fervor, sem afetação, dos peregrinos ajoelhados diante da gruta, os melhores são empolgados pelo atrativo de uma vida mais totalmente dada ao serviço de Deus e de seus irmãos; os menos fervorosos tomam consciência da sua tibieza e reencontram o caminho da oração; não raras vezes os pecadores mais empedernidos e os próprios incrédulos são tocados pela graça, ou, ao menos, se são leais, não ficam insensíveis ao testemunho daquela "multidão de crentes que têm um só coração e uma só alma" (At 4, 32).

15. Geralmente, entretanto, essa experiência de alguns breves dias de peregrinação não basta, por si só, para gravar em caracteres indeléveis o apelo de Maria a uma autêntica conversão espiritual. Por isso exortamos os pastores das dioceses e todos os sacerdotes a rivalizarem em zelo para que as peregrinações do centenário se beneficiem de uma preparação, de uma realização e sobretudo de amanhãs, tanto quanto possível propícios, a uma ação profunda e duradoura da graça. O retorno a uma prática assídua dos sacramentos, o respeito da moral cristã em toda a vida, o ingresso, enfim, nas fileiras da Ação católica e das diversas obras recomendadas pela Igreja: só nestas condições - não é verdade? - o importante movimento de multidões previsto em Lourdes para o ano de 1958 dará, segundo a própria expectativa da Virgem imaculada, os frutos de salvação tão necessários à humanidade presente.

16. Por mais primordial, porém, que ela seja, a conversão individual do peregrino não poderia, aqui, bastar. Neste ano jubilar, exortamo-vos, caros filhos e veneráveis irmãos, a suscitardes entre os fiéis confiados aos vossos cuidados um esforço coletivo de renovação cristã da sociedade, em resposta ao apelo de Maria: "Que os espíritos obcecados... sejam iluminados pela luz da verdade e da justiça", já pedia Pio XI por ocasião das festas marianas do jubileu da redenção; "que os que se transviam no erro sejam reconduzidos ao reto caminho, que uma justa liberdade seja em toda parte concedida à Igreja, e que uma era de concórdia e de verdadeira prosperidade se levante sobre todos os povos" 18.

17. Ora, o mundo, que tantos e tão justos motivos de ufania e de esperança oferece nos nossos dias, conhece também uma terrível tentação de materialismo, muitas vezes denunciada pelos nossos predecessores e por nós mesmos. Esse materialismo não está somente na filosofia condenada que preside à política e à economia de uma porção da humanidade; manifesta-se também no amor do dinheiro, cujas devastações se amplificam à medida dos empreendimentos modernos, e que, infelizmente, comanda tantas determinações que pesam sobre a vida dos povos; traduz-se pelo culto do corpo, pela procura excessiva do conforto e pela fuga de toda austeridade de vida; induz ao desprezo da vida humana, daquela, mesmo, que é destruída antes de ver a luz; está na demanda desenfreada do prazer, que se ostenta sem pudor e que mesmo, pelas leituras e pelos espetáculos, tenta seduzir almas ainda puras; está na indiferença para com seu irmão, no egoísmo que o esmaga, na injustiça que o priva dos seus direitos, numa palavra, nessa concepção da vida que regula tudo em vista somente da prosperidade material e das satisfações terrenas. "Minha alma, dizia um rico, tens quantidade de bens em reserva por longo tempo; repousa, come, bebe, leva vida regalada. Mas Deus lhe diz: Insensato, esta noite mesmo vão pedir-te a tua alma" (Lc 12, 19-20).

18. A uma sociedade que, na sua vida pública, não raras vezes contesta os direitos supremos de Deus, que quereria ganhar o universo ao preço de sua alma (cf. Mc 8, 36), e que assim correria à sua perdição, a Virgem maternal lançou como que um brado de alarme. Atentos ao seu apelo, ousem os sacerdotes a pregar a todos, sem temor, as grandes verdades da salvação. Com efeito, não há renovação durável senão fundada nos princípios infrangíveis da fé, e pertence aos sacerdotes formar a consciência do povo cristão. Assim como, compassiva para com as nossas misérias, mas clarividente sobre as nossas verdadeiras necessidades, a Imaculada vem aos homens para lhes lembrar as diligências essenciais e austeras da conversão religiosa, devem os ministros de Deus, com sobrenatural segurança, traçar às almas a estrada estreita que conduz à vida (cf. Mt 7, 14). Fá-lo-ão sem esquecer de que espírito de doçura e de paciência necessitam (cf. Lc 9, 55), mas sem nada quererem apelar das exigências evangélicas. Na escola de Maria aprenderão a só viver para dar Cristo ao mundo, mas, se também preciso, aprenderão a esperar com fé a hora de Jesus e a permanecer ao pé da cruz.

18. Em torno aos seus sacerdotes, devem os fiéis colaborar nesse esforço de renovação. Lá onde a Providência o colocou, quem é que não pode fazer algo mais pela causa de Deus? O nosso pensamento volve-se primeiro para a multidão das almas consagradas, que, na Igreja, se dedicam a inúmeras obras de bem. Os seus votos de religião aplicam-nas mais do que outras a lutar vitoriosamente, sob a égide de Maria, contra o desencadear, no mundo, dos apetites imoderados de independência, de riqueza e de gozo; por isso, ante o apelo da Imaculada, ao assalto do mal quererão elas opor-se pelas armas da oração e da penitência e pelas vitórias da caridade. O nosso pensamento volve-se igualmente para as famílias cristãs, para conjurá-las a permanecerem fiéis à sua insubstituível missão na sociedade. Consagrem-se elas, neste ano jubilar, ao coração imaculado de Maria! Este ato de piedade será para os esposos um auxílio espiritual precioso na prática dos deveres da castidade e da fidelidade conjugais; conservará na sua pureza o ambiente do lar, onde crescem os filhos; bem mais, da família vivificada pela sua devoção mariana, fará uma célula viva da regeneração social e da penetração apostólica. E certamente, para além do círculo familiar, as relações profissionais e cívicas oferecem aos cristãos cuidadosos de trabalhar na renovação da sociedade um campo de ação considerável. Congregados aos pés da Virgem, dóceis às suas exortações, eles lançarão primeiro sobre si mesmos um olhar exigente, e quererão extirpar da sua consciência os juízos falsos e as reações egoístas, temendo a mentira de um amor de Deus que não se traduza em amor efetivo de seus irmãos (cf.1 Jo 4, 20). Cristãos de todas as classes e de todas as nações, procurarão encontrar-se na verdade e na caridade, banir as incompreensões e as suspeitas. Sem dúvida, enorme é o peso das estruturas sociais e das pressões econômicas que se faz sentir sobre a boa vontade dos homens e que não raro a paralisa. Mas, se, como nossos predecessores e nós mesmo com insistência o frisamos, é verdade que a questão da paz social e política é, no homem, primeiramente uma questão moral, reforma nenhuma é frutuosa, acordo algum é estável, sem uma mudança e uma purificação dos corações. Lembra-o a todos a Virgem de Lourdes neste ano jubilar!

20. E se, na sua solicitude, Maria se curva com alguma predileção sobre alguns de seus filhos, não é, caros filhos e veneráveis irmãos, sobre os pequenos, sobre os pobres e sobre os doentes, os quais Jesus tanto amou? "Vinde a mim vós todos que estais cansados e onerados, e eu vos aliviarei", parece ela dizer com seu divino Filho (Mt 11, 28). Ide a ela, vós a quem a miséria material esmaga, vós sem defesa ante os rigores da vida e a indiferença dos homens; ide a ela, vós a quem ferem os lutos e as provações morais; ide a ela, caros doentes e enfermos, que em Lourdes sois verdadeiramente recebidos e honrados como membros padecentes de nosso Senhor; ide a ela, e recebei a paz do coração, a força do dever cotidiano, a alegria do sacrifício oferecido. A Virgem imaculada, que conhece os encaminhamentos secretos da graça nas almas e o trabalho silencioso desse fermento sobrenatural do mundo, sabe de que valor são aos olhos de Deus os vossos sofrimentos unidos aos do Salvador. Podem eles grandemente concorrer, disso não duvidamos, para essa renovação cristã da sociedade que de Deus imploramos pela poderosa intercessão de sua Mãe. Que, a rogo dos doentes, dos humildes, de todos os peregrinos de Lourdes, Maria volva igualmente o seu olhar materno para aqueles que ainda permanecem fora do redil único da Igreja, para os congregar na unidade! Lance o seu olhar sobre aqueles que buscam a verdade e dela têm sede, para os conduzir à fonte das águas vivas! Percorra, enfim, com o olhar esses continentes imensos e essas vastas zonas humanas onde, infelizmente, Cristo é tão pouco conhecido, tão pouco amado, e obtenha para a Igreja a liberdade e a alegria de, em todos os lugares, sempre jovem, santa e apostólica, corresponder à expectativa dos homens!

21. Querereis ter a bondade de vir...", dizia a ss. Virgem a Bernardete. Esse convite discreto que não força, que se dirige ao coração e solicita com delicadeza uma resposta livre e generosa, propõe-no de novo a Mãe de Deus aos seus filhos da França e do mundo. Sem se impor, ela os preme a reformar-se a si próprios e a trabalhar com todas as suas forças na salvação do mundo. Não hão de os cristãos ficar surdos a esse apelo; irão a Maria. E é a cada um deles que, no termo desta carta, quiséramos dizer com s. Bernardo: "Nos perigos, nas angústias, nas incertezas, pensa em Maria. ... Seguindo-a não te perderás; rezando para ela não desesperarás; pensando nela não te enganarás. Se ela te segurar não cairás; se ela te proteger não temerás; se ela te guiar, não te cansarás; se ela te conceder os seus favores, chegarás ao teu fim...". 19

22. Temos confiança, caros filhos e veneráveis irmãos, de que Maria atenderá à vossa oração e à nossa. Pedimos-lho nesta festa da Visitação, bem própria para celebrar aquela que, há um século, dignou-se de visitar a terra da França. E, convidando-vos a cantar a Deus, com a Virgem imaculada, o "Magnificat" da vossa gratidão, chamamos sobre vós mesmos e sobre os vossos féis, sobre o santuário de Lourdes e sobre os seus peregrinos, sobre todos aqueles que arcam com a responsabilidade das festas do centenário, a mais larga efusão de graças, em penhor das quais, na nossa constante e paternal benevolência, vos concedemos de todo coração a bênção apostólica.

Dado em Roma, junto a São Pedro, na festa da Visitação da Santíssima Virgem, no dia 2 de Julho do ano de 1957, XIX do nosso pontificado.

PIO PP. XII
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Notas:
1 Carta de 12 de julho de 1914: AAS 6(1914), p. 376.
2 Discurso de 28 de abril de 1935 em Lourdes: Eug. Card. Pacelli, Discursos e Panegíricos, 2° ed., Vaticano,1956, p. 435.
3 Ibidem, p. 437.
4 Ofício da festa das Aparições, Hino das II Vésperas.
5 Decreto De Tuto para a canonização de santa Bernardete, 2 de julho de 1933: AAS 25(1933), p. 377.
6 Carta de 4 de setembro de 1869 a Henri Lasserre: Arquivo secreto vaticana, Ep. lat. an.1869, n. 388, f. 695.
7 Ct 2, 13-14. Gradual da Missa da festa das Aparições.
8 Breve de 8 de setembro de 1901: Acta Leonis XIII, vol. 21, pp.159-160.
9 Carta encíclica Ad diem illum, de 2 de fevereiro de 1904: Acta Pii X, vol. 1, p.149.
10 Carta de 12 de julho de 1914: AAS 6(1914), p. 377.
11 Breve de 25 de abril de 1911: Arch. Brev. Ap., Pius X, an.1911, Div. Lib. IX, pars I, f. 337.
12 Breve de 11 de janeiro de 1933: Arch. Brev. Ap. Pius XI, Ind. Perpet, f.128.
13 Ibidem.
14 Carta encíclica Fulgens corona, de 8 de setembro de 1953: AAS 45(1953), p. 578.
15 Ibidem.
16 Constituição apost. Omnium Ecclesiarum, de 15 de agosto de 1954: AAS 46,1954, p. 567.
17 Ofício da festa das Aparições. 1° Responso do III Noct.
18 Carta de 10 de janeiro de 1935; AAS 27, p. 7.
19 Hom. II super Missus est: PL 183, 70-71.