01/07/2014

Temas para meditar - 162

Pai

Possivelmente não há uma palavra que exprima melhor a auto-revelação de um Deus no Filho que a palavra "Abbá-Pai".
Abbá é uma expressão aramaica. que se conservou no texto grego do Evangelho de Marcos (Mc 14, 36). Aparece precisamente quando Jesus se dirige ao Pai. E embora esta pala­vra se possa traduzir para qual quer língua, contudo, nos lábios de Jesus de Nazaré permite perceber melhor o seu conteúdo único, irrepetível.
Efectivamente, Abbá exprime não só o louvor tradicional de Deus:
«Eu Te bendigo ó Pai, Senhor do Céu e da Terra» (cfr. Mt 11, 25), como nos lábios de Jesus revela a consciência da relação única e exclusiva que existe entre o Pai e Ele, entre Ele e o Pai. Exprime a mesma realidade a que alude Jesus deforma tão simples e ao mesmo tempo tão extraordinária com as palavras con­servadas no texto do Evangelho de Mateus (Mt 11, 27) e também no de Lucas (Lc 10, 22): E ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar. Quer dizer, a pa­lavra Abbá não só manifesta o mistério da vinculação recíproca entre o Pai e o Filho, como sintetiza de alguma maneira toda a verdade da vida íntima de Deus na sua profundidade trinitária: o conhecimento recíproco do Pai e do Filho, do qual emana o Amor eterno.
A palavra Abbá forma parte da linguagem da família e testemunha essa particular comunhão de pessoas que existe entre o pai e o filho gerado por ele, entre o filho que ama o pai e ao mesmo tempo é amado por ele. Quando, para falar de Deus, Jesus utilizava esta palavra, devia causar admiração e até escandalizar os seus ouvintes. Um israelita não a teria utilizado nem na ora­ção. Só quem se considerava Filho de Deus em sentido próprio poderia falar dele e dirigir-se a Ele como Pai. Abbá, quer dizer, eu pai, paizinho, papá.


(Btº JOÃO PAULO IIAudiência Geral, 1987.07.01)

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