12/03/2021

Consideração nas Sextas-Feira da Quaresma

 


No tempo de Quaresma que estamos a viver, o cristão é convidado a preparar-se para a Páscoa da Ressurreição de Jesus Cristo, vivendo de forma algo diferente do habitual nomeadamente na contenção dos divertimentos e exageros, fazendo alguns actos de mortificação voluntária que ajudarão a melhor corresponder a esse convite procurando imitar o Salvador ao retirar-se para o deserto durante quarenta dias.

Para concretizar, NUNC COEPI sugere que, pelo menos nos dias de Sexta-Feira, se abstenha ou, pelo menos modere o visionamento da televisão.

Leitura Espiritual Mar 12

 


Novo Testamento

 

Evangelho


Lc VII, 24-50


 

Elogio do Precursor

24 Depois de os mensageiros de João se terem retirado, Jesus começou a dizer à multidão acerca dele: «Que fostes ver ao deserto? Uma cana agitada pelo vento? 25 Que fostes ver, então? Um homem vestido com roupas finas? Os que usam trajes sumptuosos vivem regaladamente e estão nos palácios dos reis. 26 Que fostes ver, então? Um profeta? Sim, Eu vo-lo digo, e mais do que um profeta. 27 É aquele de quem está escrito: ‘Vou mandar à tua frente o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de ti.’ 28 Digo-vos: Entre os nascidos de mulher não há profeta maior do que João; mas, o mais pequeno do Reino de Deus é maior do que ele.» 29 E todo o povo que o escutou, bem como os cobradores de impostos, reconheceram a justiça de Deus, recebendo o baptismo de João. 30 Mas, não se deixando baptizar por ele, os fariseus e os doutores da Lei anularam os desígnios de Deus a seu respeito.

 

Jesus censura a incredulidade dos judeus

31 «A quem, pois, compararei os homens desta geração? A quem são semelhantes?  32 Assemelham-se a crianças que, sentadas na praça, se interpelam umas às outras, dizendo: ‘Tocámos flauta para vós, e não dançastes! Entoámos lamentações, e não chorastes!’ 33 Veio João Baptista, que não come pão nem bebe vinho, e dizeis: ‘Está possesso do demónio!’ 34 Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizeis: ‘Aí está um glutão e bebedor de vinho, amigo de cobradores de impostos e de pecadores!’ 35 Mas a sabedoria foi justificada por todos os seus filhos.»

 

A pecadora aos pés de Jesus

36 Um fariseu convidou-o para comer consigo. Entrou em casa do fariseu, e pôs-se à mesa. 37 Ora certa mulher, conhecida naquela cidade como pecadora, ao saber que Ele estava à mesa em casa do fariseu, trouxe um frasco de alabastro com perfume. 38 Colocando-se por detrás dele e chorando, começou a banhar-lhe os pés com lágrimas; enxugava-os com os cabelos e beijava-os, ungindo-os com perfume. 39 Vendo isto, o fariseu que o convidara disse para consigo: «Se este homem fosse profeta, saberia quem é e de que espécie é a mulher que lhe está a tocar, porque é uma pecadora!» 40 Então, Jesus disse-lhe: «Simão, tenho uma coisa para te dizer.» «Fala, Mestre» - respondeu ele. 41 «Um prestamista tinha dois devedores: um devia-lhe quinhentos denários e o outro cinquenta. 42 Não tendo eles com que pagar, perdoou aos dois. Qual deles o amará mais?» 43 Simão respondeu: «Aquele a quem perdoou mais, creio eu.» Jesus disse-lhe: «Julgaste bem.» 44 E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: «Vês esta mulher? Entrei em tua casa e não me deste água para os pés; ela, porém, banhou-me os pés com as suas lágrimas e enxugou-os com os seus cabelos. 45 Não me deste um ósculo; mas ela, desde que entrou, não deixou de beijar-me os pés. 46 Não me ungiste a cabeça com óleo, e ela ungiu-me os pés com perfume. 47 Por isso, digo-te que lhe são perdoados os seus muitos pecados, porque muito amou; mas àquele a quem pouco se perdoa pouco ama.» 48 Depois, disse à mulher: «Os teus pecados estão perdoados.» 49 Começaram, então, os convivas a dizer entre si: «Quem é este que até perdoa os pecados?» 50 E Jesus disse à mulher: «A tua fé te salvou. Vai em paz.»

 

Texto

 


CARTA APOSTÓLICA

AMANTISSIMA PROVIDENTIA

DO SUMO PONTÍFICE

PAPA JOÃO PAULO II

AOS BISPOS, SACERDOTES E FIÉIS DA ITÁLIA

NO SÉTIMO CENTENÁRIO DA MORTE

DE SANTA CATARINA DE SENA,

VIRGEM E DOUTORA DA IGREJA

 

  A insistência no princípio de solidariedade serve também para demonstrar a raiz profunda da fraternidade humana que nos foi ensinada por Cristo. Os homens vivem esta realidade: cada um é quase completamente dos outros. A Providência criou-os dotando-os de qualidades físicas e morais diferenciadas de indivíduo para indivíduo, de maneira que tem cada um necessidade dos outros, "para que assim, por força, tenhais matéria para usar a caridade uns com os outros" (39), e fiquem todos ligados pela necessidade do auxilio mútuo, como os membros do corpo entre si (40).

  De modo semelhante, na Igreja universal há solidariedade entre sector e sector. O que é figurado na alegoria das três vinhas: a pessoal, a do próximo, e a universal do povo de Deus. As primeiras duas estão de tal maneira unidas "que nenhum pode fazer bem a si sem o fazer ao próximo, nem mal sem que o faça a ele" (41). Mas na solidariedade com a terceira vinha está o sentido catariniano do equilíbrio e da ordem.

  É na vinha universal que está plantada a única vide verdadeira, Jesus Cristo, sobre a qual todas as outras devem estar enxertadas para d'Ele receberem a vida (42). Nela o principal trabalhador é o Papa, "Cristo na terra, que nos deve servir o sangue d'Ele" (43); do Papa todo o outro trabalhador depende, por obediência e porque ele "tem as chaves do sangue do humilde Cordeiro" (44). Imagens estas transparentes do primado de Pedro — primado de magistério e de governo estabelecido pela "primeira doce Verdade" (45) — que une o carisma e a instituição em Cristo, fonte única, que é a fonte única de ambos.

  Nesta lógica se inspirou, em favor do pontificado romano, toda a actividade de Catarina, anjo tutelar da Igreja.

 

CONCLUSÃO

  O papel excepcional desempenhado por Catarina de Sena, segundo os planos misericordiosos da Providência divina na história da salvação, não terminou com o seu feliz trânsito para a pátria celeste. Ela, na verdade, continuou a influir salutarmente na Igreja, tanto pelos luminosos exemplos de virtude como devido aos admiráveis escritos. Por isso os Sumos Pontífices meus Predecessores lhe exaltaram concordemente a perene actualidade, propondo-a continuamente à admiração e imitação dos fiéis.

  O Sumo Pontífice Pio II, na Bula de Canonização, chamou-lhe com palavras quase proféticas "illustris et indelebilis memoriae virginem" (46). Pio IX proclamou-a, em 1866, segunda padroeira de Roma. São Pio X propô-la como modelo às Mulheres da Acção Católica, nomeando-a padroeira delas. Pio XII proclamou São Francisco de Assis e Santa Catarina de Sena padroeiros primários da Itália, com a Carta Apostólica Licet commissa de 18 de Junho de 1939; e, no memorável discurso em honra dos dois Santos, pronunciado na igreja de "Santa Maria sopra Minerva" a 5 de Maio de 1940, este Papa tributou à Santa de Sena o seguinte esplêndido elogio: "Neste serviço da Igreja, vós bem compreendeis, dilectos filhos, como Catarina se antecipa aos nossos tempos, com uma acção que dilata a alma católica e a põe ao lado dos ministros da fé; sujeita sim, mas também cooperadora na difusão e defesa da verdade e da restauração moral e social da convivência humana" (47). Nem menos palpitantes de actualidade foram os repetidos louvores que à figura e actividade apostólica de Catarina tributou o Sumo Pontífice Paulo VI, por ocasião da festa anual da Santa. Parecem-me, entre outras, altamente significativas para os nossos tempos as seguintes palavras do meu venerado Predecessor. "Santa Catarina, disse ele a 30 de Abril de 1969, amou a Igreja na sua realidade que, bem sabemos, tem aspecto duplo: um místico, espiritual e invisível, o essencial e fundido com Cristo Redentor glorioso, que não cessa de derramar o Seu sangue (quem falou tanto do sangue de Cristo como Catarina?) sobre o mundo por meio da Sua Igreja; o outro, humano, histórico, institucional e concreto, mas nunca separado do divino. Vale a pena perguntarmos se os nossos modernos críticos do aspecto institucional da Igreja são capazes de compreender esta simultaneidade." (48). Mas Paulo VI testemunhou, com autoridade maior ainda, a sua estima pelo valor perene da doutrina ascética e mística de Santa Catarina, quando a elevou, juntamente com Santa Teresa de Ávila, à dignidade de Doutoras da Igreja e lhes celebrou a sobre-humana sabedoria na Basílica de São Pedro a 4 de Outubro de 1970 (49).

Na vida e na actividade, quer literária quer apostólica, de Santa Catarina de Sena, verificou-se na realidade tudo o que tive ocasião de recordar a um grupo de Bispos em visita ad limina: "O Espírito Santo está activo a iluminar as mentes dos fiéis com a Sua verdade e a inflamar-lhes os corações com o amor. Mas estes conhecimentos de fé e este sensus fidelium não são independentes do magistério da Igreja, que é instrumento do mesmo Espírito Santo e assistido por Ele. E só quando os fiéis são alimentados pela palavra de Deus, fielmente transmitida na sua pureza e integridade, que os seus próprios carismas são plenamente activos e frutuosos" (50).

  Oxalá, dilectíssimos Irmãos e Filhos, o exemplo de Santa Catarina de Sena — cuja vida foi tão admiravelmente activa e fecunda para a pátria e para a igreja, porque dócil ao "instinctus" do Espírito Santo e guiada pelo Magistério da Igreja — oxalá suscite em muitíssimas almas admiração mais viva e desejo de imitação das heróicas virtudes. Teremos assim nova confirmação de a sua morte ter sido verdadeiramente — e continuar a sê-lo — "preciosa aos olhos do Senhor", como é "a morte dos Seus santos" (51).

  Depois de expressos estes sentimentos da nossa alma, a Vós, veneráveis Irmãos e aos dilectos filhos da Itália, e também a todos os que recordam piedosamente em todo o mundo este centenário da morte de Santa Catarina de Sena, nomeadamente à Ordem dos Frades Pregadores e às Monjas e Irmãs que vivem vida consagrada a Deus segundo as normas da mesma Família religiosa, de todo o coração concedemos a Bênção Apostólica.

 

Dado em Roma, junto de São Pedro, no dia 29 do mês de Abril, em memória de Santa Catarina de Sena, Virgem e Doutora da Igreja, no ano de 1980, segundo do Nosso Pontificado.

 

IOANNES PAULUS PP. II

 

Notas

 

 

(22) Várias ediç. modernas (Tommaseo, Misciattelli, Ferretti, Meattini) todas com a numer. de Tommaseo. Edição critica (88 cartas) com numeração romana, preparada por Dupré-Theseider, 1940.

(23) Edição preparada por G. Cavallini, Roma 1968.

(24) Underhill E., Mysticism, ed. Meridian Book, 1955, p. 467.

(25) Ediç. crítica preparada por Cavallini G., Roma 1978.

(26) Diálogo, cc. 21-22; Cartas 272.

(27) Diálogo, c. 11.

(28) Lumen gentium, c. V.

(29) Diálogo, c. 53.

(30) Diálogo, c. 26.

(13) Diálogo, cc. 56-77.

(32) Diálogo, cc. 87-96.

(33) Lumen gentium, c. V.

(34) Diálogo, c. 6.

(35) Cfr. DEMAN T., La parte del prossimo nella vita spirituale secondo il Dialogo (in "Vita cristiana", 1947, n. 3, pp. 250-258).

(36) Diálogo, c. 7.

(37) Diálogo, cc. 7-8.

(38) Carta 263. Cfr. Diálogo, cc. 7 e 64.

(39) Diálogo, c. 7.

(40) Diálogo, c. 148.

(41) Diálogo, c. 24.

(42) Ibidem.

(43) Cartas 313 e 321.

(44) Carta 339; cfr. Cartas 309 e 305.

(45) Carta 24, ou X.

(46) Bula Misericordias Domini: Bull. Rom., vol. V, 1860, p. 165.

(47) Discorsi, vol. II, p. 100.

(48) Insegnamenti di Paolo VI, VII, 1969, p. 941.

(49) Cfr. AAS 62, 1970, pp. 673-678.

(50) Cfr. Alocução a um grupo de Bispos da Índia, 31.5.1979: AAS 71, 1979, p. 998.

(51) Sl 116, 15.

 

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Ano de São José

 


José abandonou-se sem reservas nas mãos de Deus, mas nunca deixou de reflectir sobre os acontecimentos, e assim recebeu do Senhor a inteligência das obras de Deus, que é a verdadeira sabedoria.

Deste modo, aprendeu a pouco e pouco que os planos sobrenaturais têm uma coerência divina, que às vezes está em contradição com os planos humanos.

(São Josemaria, Cristo que passa, 42)

Perguntas e respostas

 


O ESPIRITISMO

 

4. O espiritismo és uma ofensa a Deus?

 

O espiritismo realizado levado a sério é um tipo de pecado por vários motivos mais ou menos presentes:

Pretende-se possuir poderes sobre-humanos de domínio sobre os espíritos. Assemelha-se ao pecado orgulhoso de Adão e Eva que desobedeceram a Deus porque quiseram ser "como deuses".

Há desconfiança de Deus e da Sua Providência, desejando adivinhar o futuro. Duvida-se da Bondade divina.

Procura-se a protecção de poderes ocultos, desprezando na ajuda divina, como se outros poderes fossem superiores a Deus ou melhores. E ninguém é melhor que Deus.

Reflectindo na Quaresma

 


O que posso fazer.

Por vezes debato-me com esta pergunta que me surge a propósito de algo que, à primeira vista, será algo estranho, insólito ou, pelo menos, fora do âmbito onde me movo.

Sim… o que posso fazer?

Que conhecimentos habilitações ou autoridade tenho, para me “meter num assunto” que parece não me dizer respeito directamente?

E porque sinto que tenho de fazer alguma coisa, intervir seja de que modo for, para sossegar o meu espírito e a minha vontade de ser útil, solidário, interessado?

Será que a minha missão neste mundo passa por aí, quer dizer, intervir sem mais, sem esperar convite ou desafio, mas apenas porque entendo que é minha obrigação fazê-lo?

Será que os outros, nomeadamente a quem o assunto diz respeito, esperam isso de mim?

Terão alguma expectativa sobre o que penso ou faço para resolver – ou pelo menos ajudar a resolver – essa questão?

Mereço essa confiança?

Existe da parte dos outros essa expectativa?

Na verdade penso que tenho de responder positivamente a todas essas questões mesmo sem me preocupar se tenho ou não aptidões para tal.

Talvez espere por um convite que poderá surgir de forma “muda”, sem formalidade nem uma solicitação expressa.

Mas, tal, não tem de acontecer dessa forma tão clara e evidente.

Se alguém me conta algo, um problema, me revela uma dificuldade, me expõe uma dúvida, seguramente que o faz não para me informar mas, para que eu possa dar o meu contributo – seja conselho ou opinião – sobre o que me revela.

Se não porque o faria?

Se alguém me diz simplesmente: ‘Estou triste’ sem acrescentar o que for, não esperará de mim uma pergunta simples: ‘Porquê?’

É evidente que sim, ninguém anuncia a outro um estado de alma sem ser para tentar obter uma resposta que revele interesse e, possivelmente, ajuda.

O que posso fazer?

Muito! Posso – e devo – fazer muito.

 

(AMA, reflexões, 2018)

Pequena agenda do cristão

      

Sexta-Feira

Pequena agenda do cristão

(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:

Contenção; alguma privação; ser humilde.


Senhor: Ajuda-me a ser contido, a privar-me de algo por pouco que seja, a ser humilde. Sou formado por este barro duro e seco que é o meu carácter, mas não Te importes, Senhor, não Te importes com este barro que não vale nada. Parte-o, esfrangalha-o nas Tuas mãos amorosas e, estou certo, daí sairá algo que se possa - que Tu possas - aproveitar. Não dês importância à minha prosápia, à minha vaidade, ao meu desejo incontido de protagonismo e evidência. Não sei nada, não posso nada, não tenho nada, não valho nada, não sou absolutamente nada.

Lembrar-me:
Filiação divina.

Ser Teu filho Senhor! De tal modo desejo que esta realidade tome posse de mim, que me entrego totalmente nas Tuas mãos amorosas de Pai misericordioso, e embora não saiba bem para que me queres, para que queres como filho a alguém como eu, entrego-me confiante que me conheces profundamente, com todos os meus defeitos e pequenas virtudes e é assim, e não de outro modo, que me queres ao pé de Ti. Não me afastes, Senhor. Eu sei que Tu não me afastarás nunca. Peço-Te que não permitas que alguma vez, nem por breves instantes, seja eu a afastar-me de Ti.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?