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Tempo de Páscoa
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Domingo do Bom Pastor
Evangelho:
Jo 10, 1-10
«Em verdade, em verdade vos digo que
quem não entra pela porta no redil das ovelhas, mas sobe por outra parte, é
ladrão e salteador. 2 Aquele que entra pela porta é pastor das ovelhas. 3 A
este o porteiro abre e as ovelhas ouvem a sua voz, ele as chama pelo seu nome e
as tira para fora. 4 Quando as tirou para fora, vai à frente delas e as ovelhas
seguem-no, porque conhecem a sua voz. 5 Mas não seguem o estranho, antes fogem
dele, porque não conhecem a voz dos estranhos». 6 Jesus disse-lhes esta
alegoria, mas eles não compreenderam o que lhes dizia. 7 Tornou, pois, Jesus a
dizer-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo que Eu sou a porta das ovelhas. 8
Todos os que vieram antes de Mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não
os ouviram. 9 Eu sou a porta; se alguém entrar por Mim, será salvo, entrará e
sairá e encontrará pastagens. 10 O ladrão não vem senão para roubar, matar e
destruir. Eu vim para que elas tenham vida e a tenham abundantemente.
Comentário:
No versículo 9 deste trecho do
Evangelho de são João, Jesus revela algo muito importante.
Quem entra pela porta - que é Ele
próprio - não fica preso mas pode sair à sua vontade.
Cristo não nos quer prisioneiros
quere-nos criaturas livres e com vontade própria, assim, embora deseje a nossa
companhia não nos força a entrar antes nos convida e, em troca, oferece-nos
nada menos que a vida eterna.
(ama, comentário sobre Jo 10, 1-10, 2013.04.22)
Leitura espiritual
Documentos do Concílio Vaticano II
CONSTITUIÇÃO CONCILIAR
SACROSANCTUM CONCILIUM
SOBRE A SAGRADA LITURGIA
PROÉMIO
Fim
do Concílio e sua relação com a reforma litúrgica
1.
O sagrado Concílio propõe-se fomentar a vida cristã entre os fiéis, adaptar
melhor às necessidades do nosso tempo as instituições susceptíveis de mudança,
promover tudo o que pode ajudar à união de todos os crentes em Cristo, e
fortalecer o que pode contribuir para chamar a todos ao seio da Igreja. Julga,
por isso, dever também interessar-se de modo particular pela reforma e
incremento da Liturgia.
2.
A Liturgia, pela qual, especialmente no sacrifício eucarístico, «se opera o
fruto da nossa Redenção» (1), contribui em sumo grau para que os fiéis exprimam
na vida e manifestem aos outros o mistério de Cristo e a autêntica natureza da
verdadeira Igreja, que é simultaneamente humana e divina, visível e dotada de
elementos invisíveis, empenhada na acção e dada à contemplação, presente no
mundo e, todavia, peregrina, mas de forma que o que nela é humano se deve
ordenar e subordinar ao divino, o visível ao invisível, a acção à contemplação,
e o presente à cidade futura que buscamos (2). A Liturgia, ao mesmo tempo que
edifica os que estão na Igreja em templo santo no Senhor, em morada de Deus no
Espírito (3), até à medida da idade da plenitude de Cristo (4), robustece de
modo admirável as suas energias para pregar Cristo e mostra a Igreja aos que
estão fora, como sinal erguido entre as nações (5), para reunir à sua sombra os
filhos de Deus dispersos (6), até que haja um só rebanho e um só pastor (7).
Aplicação
aos diversos ritos
3.
Entende, portanto, o sagrado Concílio dever recordar os princípios e determinar
as normas práticas que se seguem, acerca do incremento e da reforma da
Liturgia.
Entre
estes princípios e normas, alguns podem e devem aplicar-se não só ao rito
romano mas a todos os outros ritos, muito embora as normas práticas que se
seguem devam entender-se referidas só ao rito romano, a não ser que se trate de
coisas que, por sua própria natureza, digam respeito também aos outros ritos.
4.
O sagrado Concílio, guarda fiel da tradição, declara que a santa mãe Igreja
considera iguais em direito e honra todos os ritos legitimamente reconhecidos,
quer que se mantenham e sejam por todos os meios promovidos, e deseja que, onde
for necessário, sejam prudente e integralmente revistos no espírito da sã
tradição e lhes seja dado novo vigor, de acordo com as circunstâncias e as
necessidades do nosso tempo.
CAPÍTULO I
PRINCÍPIOS GERAIS EM ORDEM
À REFORMA E INCREMENTO DA LITURGIA
I -NATUREZA DA SAGRADA
LITURGIA E SUA IMPORTÂNCIA NA VIDA DA IGREJA
Jesus
Cristo salvador do mundo
5.
Deus, que «quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da
verdade» (I Tim. 2,4), «tendo falado outrora muitas vezes e de muitos modos aos
nossos pais pelos profetas» (Hebr. 1,1), quando chegou a plenitude dos tempos,
enviou o Seu Filho, Verbo feito carne, ungido pelo Espírito Santo, a
evangelizar os pobres, curar os contritos de coração (8), como, médico da carne
e do espírito (9), mediador entre Deus e os homens (10). A sua humanidade foi,
na unidade da pessoa do Verbo, o instrumento da nossa salvação. Por isso, em
Cristo «se realizou plenamente a nossa reconciliação e se nos deu a plenitude
do culto divino» (11).
Esta
obra da redenção dos homens e da glorificação perfeita de Deus, prefigurada
pelas suas grandes obras no povo da Antiga Aliança, realizou-a Cristo Senhor,
principalmente pelo mistério pascal da sua bem-aventurada Paixão, Ressurreição
dos mortos e gloriosa Ascensão, em que «morrendo destruiu a nossa morte e
ressurgindo restaurou a nossa vida» (12). Foi do lado de Cristo adormecido na
cruz que nasceu o sacramento admirável de toda a Igreja (13).
Pelo
sacrifício e pelos sacramentos
6.
Assim como Cristo foi enviado pelo Pai, assim também Ele enviou os Apóstolos,
cheios do Espírito Santo, não só para que, pregando o Evangelho a toda a
criatura (14), anunciassem que o Filho de Deus, pela sua morte e ressurreição,
nos libertara do poder de Satanás (15) e da morte e nos introduzira no Reino do
Pai, mas também para que realizassem a obra de salvação que anunciavam,
mediante o sacrifício e os sacramentos, à volta dos quais gira toda a vida
litúrgica. Pelo Baptismo são os homens enxertados no mistério pascal de Cristo:
mortos com Ele, sepultados com Ele, com Ele ressuscitados (16); recebem o
espírito de adopção filial que «nos faz clamar: Abba, Pai» (Rom. 8,15),
transformando-se assim nos verdadeiros adoradores que o Pai procura (17). E
sempre que comem a Ceia do Senhor, anunciam igualmente a sua morte até Ele vir
(18). Por isso foram baptizados no próprio dia de Pentecostes, em que a Igreja
se manifestou ao mundo, os que receberam a palavra de Pedro. E «mantinham-se
fiéis à doutrina dos Apóstolos, à participação na fracção do pão e nas orações...
louvando a Deus e sendo bem vistos pelo povo» (Act. 2, 41-47). Desde então,
nunca mais a Igreja deixou de se reunir em assembleia para celebrar o mistério
pascal: lendo «o que se referia a Ele em todas as Escrituras» (Lc. 24,27),
celebrando a Eucaristia, na qual «se torna presente o triunfo e a vitória da
sua morte» (19), e dando graças «a Deus pelo Seu dom inefável (2 Cor. 9,15) em
Cristo Jesus, «para louvor da sua glória» (Ef. 1,12), pela virtude do Espírito
Santo.
Presença
de Cristo na Liturgia
7.
Para realizar tão grande obra, Cristo está sempre presente na sua igreja,
especialmente nas acções litúrgicas. Está presente no sacrifício da Missa, quer
na pessoa do ministro - «O que se oferece agora pelo ministério sacerdotal é o
mesmo que se ofereceu na Cruz» (20) -quer e sobretudo sob as espécies
eucarísticas. Está presente com o seu dinamismo nos Sacramentos, de modo que,
quando alguém baptiza, é o próprio Cristo que baptiza (21). Está presente na
sua palavra, pois é Ele que fala ao ser lida na Igreja a Sagrada Escritura.
Está presente, enfim, quando a Igreja reza e canta, Ele que prometeu: «Onde
estiverem dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles» (Mt.
18,20).
Em
tão grande obra, que permite que Deus seja perfeitamente glorificado e que os
homens se santifiquem, Cristo associa sempre a si a Igreja, sua esposa muito
amada, a qual invoca o seu Senhor e por meio dele rende culto ao Eterno Pai.
Com
razão se considera a Liturgia como o exercício da função sacerdotal de Cristo.
Nela, os sinais sensíveis significam e, cada um à sua maneira, realizam a
santificação dos homens; nela, o Corpo Místico de Jesus Cristo - cabeça e
membros - presta a Deus o culto público integral.
Portanto,
qualquer celebração litúrgica é, por ser obra de Cristo sacerdote e do seu
Corpo que é a Igreja, acção sagrada par excelência, cuja eficácia, com o mesmo
título e no mesmo grau, não é igualada por nenhuma outra acção da Igreja.
A
Liturgia terrena, antecipação da Liturgia celeste
8.
Pela Liturgia da terra participamos, saboreando-a já, na Liturgia celeste
celebrada na cidade santa de Jerusalém, para a qual, como peregrinos nos
dirigimos e onde Cristo está sentado à direita de Deus, ministro do santuário e
do verdadeiro tabernáculo (22); por meio dela cantamos ao Senhor um hino de
glória com toda a milícia do exército celestial, esperamos ter parte e comunhão
com os Santos cuja memória veneramos, e aguardamos o Salvador, Nosso Senhor
Jesus Cristo, até Ele aparecer como nossa vida e nós aparecermos com Ele na
glória (23).
Lugar
da Liturgia na vida da Igreja
9.
A sagrada Liturgia não esgota toda a acção da Igreja, porque os homens, antes
de poderem participar na Liturgia, precisam de ouvir o apelo à fé e à
conversão: «Como hão-de invocar aquele em quem não creram? Ou como hão-de crer
sem o terem ouvido? Como poderão ouvir se não houver quem pregue? E como se
há-de pregar se não houver quem seja enviado?» (Rom. 10, 14-15).
É
por este motivo que a Igreja anuncia a mensagem de salvação aos que ainda não
têm fé, para que todos os homens venham a conhecer o único Deus verdadeiro e o
Seu enviado, Jesus Cristo, e se convertam dos seus caminhos pela penitência
(24). Aos que crêem, tem o dever de pregar constantemente a fé e a penitência,
de dispó-los aos Sacramentos, de ensiná-los a guardar tudo o que Cristo mandou
(25), de estimulá-los a tudo o que seja obra de caridade, de piedade e
apostolado, onde os cristãos possam mostrar que são a luz do mundo, embora não
sejam deste mundo, e que glorificam o Pai diante dos homens.
10.
Contudo, a Liturgia é simultaneamente a meta para a qual se encaminha a acção
da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força. Na verdade, o trabalho
apostólico ordena-se a conseguir que todos os que se tornaram filhos de Deus
pela fé e pelo Baptismo se reúnam em assembleia para louvar a Deus no meio da
Igreja, participem no Sacrifício e comam a Ceia do Senhor.
A
Liturgia, por sua vez, impele os fiéis, saciados pelos «mistérios pascais», a
viverem «unidos no amor» (26); pede «que sejam fiéis na vida a quanto receberam
pela fé» (27); e pela renovação da aliança do Senhor com os homens na
Eucaristia, e aquece os fiéis na caridade urgente de Cristo. Da Liturgia, pois,
em especial da Eucaristia, corre sobre nós, como de sua fonte, a graça, e por
meio dela conseguem os homens com total eficácia a santificação em Cristo e a
glorificação de Deus, a que se ordenam, como a seu fim, todas as outras obras
da Igreja.
A
participação dos fiéis
11.
Para assegurar esta eficácia plena, é necessário, porém, que os fiéis celebrem
a Liturgia com rectidão de espírito, unam a sua mente às palavras que
pronunciam, cooperem com a graça de Deus, não aconteça de a receberem em vão
(28). Por conseguinte, devem os pastores de almas vigiar por que não só se
observem, na acção litúrgica, as leis que regulam a celebração válida e lícita,
mas também que os fiéis participem nela consciente, activa e frutuosamente.
Vida
espiritual extra-litúrgica
12.
A participação na sagrada Liturgia não esgota, todavia, a vida espiritual. O
cristão, chamado a rezar em comum, deve entrar também no seu quarto para rezar
a sós (29) ao Pai, segundo ensina o Apóstolo, deve rezar sem cessar (30). E o
mesmo Apóstolo nos ensina a trazer sempre no nosso corpo os sofrimentos da
morte de Jesus, para que a sua vida se revele na nossa carne mortal (31). É
essa a razão por que no Sacrifício da Missa pedimos ao Senhor que, tendo aceite
a oblação da vítima espiritual, faça de nós uma «oferta eterna» (32) a si
consagrada.
13.
São muito de recomendar os exercícios piedosos do povo cristão, desde que
estejam em conformidade com as leis e as normas da Igreja, e especialmente
quando se fazem por mandato da Sé Apostólica.
Gozam
também de especial dignidade as práticas religiosas das Igrejas particulares,
celebradas por mandato dos Bispos e segundo os costumes ou os livros
legitimamente aprovados.
Importa,
porém, ordenar essas práticas tendo em conta os tempos litúrgicos, de modo que
se harmonizem com a sagrada Liturgia, de certo modo derivem dela, e a ela, que
por sua natureza é muito superior, conduzam o povo.
___________________________________________________
Notas:
1.
IX Dom. d. Pentec., oração sobre as oblatas.
2.
Cfr. Hebr. 13,14.
3.
Cfr. Ef. 2, 21-22.
4.
Cfr. Ef. 4,13.
5.
Cfr. Is. 11,12.
6.
Cfr. Jo. 11,52.
7.
Cfr. Jo. 10,16.
8.
Cfr. Is. 61,1; Lc. 4,18.
9.
S. Inácio de Antioquia aos Efésios, 7, 8: F. X. Funk, Patres Apostolici, I,
Tubinga, 1901, p. 218.
10.
Cfr. I Tim. 2,5.
11.
Sacramentário de Verona (Leoniano): ed. C. Mohlberg, Roma, 1956, n.° 1265, p.
162.
12.
Missal Romano, Prefácio pascal.
13.
Cfr. S. Agostinho, Enarr. in Ps. CXXXVIII, 2: Corpus Christianorum XL, Tournai,
1956, p. 1991; e a oração depois da segunda leitura de Sábado Santo antes da
reforma da Semana Santa, no Missal Romano.
14.
Cfr. Mc. 16,15
15.
Cfr. Act. 26,18
16.
Cfr. Rom. 6,4; Ef. 2,6; Col. 3,1; 2 Tim. 2,11.
17.
Cfr. Jo. 4,23.
18.
Cfr. 1 Cor. 11,26.
19.
Conc. Trento, Sess. XIII, 11 Out. 1551, Decr. De ss. Eucharist., ci 5:
Concilium Tridentinum, Diariorum, Actorum, Epistolarum, Tractatuum nova
collectio, ed. Soc. Goerresiana, t. VII. Actas: Parte IV, Friburgo da
Brisgóvia, 1961, p. 202.
20.
Conc. Trento, Sess. XXII, 17 Set. 1562, Dout. De ss. Missae sacrif., c. 2:
Concilium Tridentinum, ed. cit., t. VIII, Actas: Parte V, Friburgo da
Brisgóvia, 1919, p. 960.
21.
Cfr. S. Agostinho, In Joannis Evangelium Tractatus VI, c. I, n.° 7: PL 35,
1428.
22.
Cfr. Apoc. 21,2; Col. 3,1; Heb. 8,2.
23.
Cfr. Fil. 3,20; Col. 3,4,
24.
Cfr. Jo. 17,3; Lc. 24,47; Act. 2,38.
25.
Cfr. Mt. 28,20.
26.
Oração depois da comunhão na Vigília Pascal e no Domingo da Ressurreição.
27.
Oração da missa de terça-feira da Oitava de Páscoa.
28.
Cfr. 2 Cor. 6,1.
29
Cfr. Mt. 6,6.
30.
Cfr. 1 Tess. 5,17.
31.
Cfr. 2 Cor. 4, 10-11.
32.
Missal Romano, 2ª feira da Oitava de
Pentecostes, oração sobre as oblatas.