07/10/2018

Pequena agenda do cristão

DOMINGO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Viver a família.

Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família em Nazareth, que cada um, absolutamente, contribua para a união de todos pondo de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que os lares de cada um sejam luminosos e alegres.

Lembrar-me:
Cultivar a Fé

São Tomé, prostrado a Teus pés, disse-te: Meu Senhor e meu Deus!
Não tenho pena nem inveja de não ter estado presente. Tu mesmo disseste: Bem-aventurados os que crêem sem terem visto.
E eu creio, Senhor.
Creio firmemente que Tu és o Cristo Redentor que me salvou para a vida eterna, o meu Deus e Senhor a quem quero amar com todas as minhas forças e, a quem ofereço a minha vida. Sou bem pouca coisa, não sei sequer para que me queres mas, se me crias-te é porque tens planos para mim. Quero cumpri-los com todo o meu coração.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?

Leitura espiritual


São Josemaria Escrivá

Cristo que passa 163 a 165 

163
         
Conhecer o coração de Jesus

Não posso deixar de vos confiar algo que constitui para mim um motivo de pena e ao mesmo tempo um estímulo para a acção: pensar nos homens que ainda não conhecem Cristo, que não pressentem ainda a profundeza da felicidade que nos espera nos Céus e vagueiam pela Terra, como cegos, em perseguição de uma alegria cujo verdadeiro nome ignoram, ou se perdem por sendas que os afastam da felicidade autêntica.
Como se entende bem o que deve ter sentido o Apóstolo Paulo, naquela noite da cidade de Tróade, quando, entre sonhos, teve uma visão: um macedónio estava diante dele, pedindo-lhe: passa à Macedónia e ajuda-nos!
Mal acabou a visão, logo - Paulo e Timóteo - buscaram maneira de passar à Macedónia, certos de que Deus os chamava para pregarem o Evangelho àquelas gentes .

Não sentis vós também que Deus nos chama, que - através de tudo o que se passa à nossa volta - nos impele a proclamar a boa-nova da vinda de Jesus?
Mas, às vezes, nós, cristãos, amesquinhamos a nossa vocação, caímos na superficialidade, perdemos o tempo em disputas e querelas. Ou, o que é pior ainda, não falta quem se escandalize falsamente com o modo como os outros vivem certos aspectos da Fé ou determinadas devoções e, em vez de serem eles a abrir o caminho, esforçando-se por vivê-las da maneira que consideram recta, entretêm--se a destruir e a criticar.
É claro que podem surgir, e de facto surgem, deficiências na vida dos cristãos.
O que importa, porém, não somos nós e as nossas misérias; só Ele importa, só Jesus.
É de Cristo que devemos falar; não de nós mesmos.


As reflexões que acabo de fazer são provocadas por uma suposta crise na devoção ao Sagrado Coração de Jesus.
Tal crise não existe.
A verdadeira devoção foi e continua a ser uma atitude viva, cheia de sentido humano e de sentido sobrenatural.
Os seus frutos têm sido e continuam a ser frutos saborosos de conversão, de entrega, de cumprimento da vontade de Deus, de penetração amorosa nos mistérios da Redenção.

Bem diversas, pelo contrário, são as manifestações de um sentimentalismo ineficaz, vazio de doutrina, eivado de pietismo.
Também eu não gosto das imagens delambidas, dessas figurações do Sagrado Coração que não podem inspirar devoção nenhuma a pessoas com senso comum e com sentido sobrenatural próprio de cristãos.
Mas não é sinal de boa lógica converter certos abusos de ordem prática, que acabam por desaparecer, num problema doutrinário, de ordem teológica.

Se crise existe, é no coração dos homens, que - por miopia, por egoísmo, por estreiteza de vistas - não são capazes de vislumbrar o insondável amor de Cristo Senhor Nosso.
A liturgia da Santa Igreja, desde que se instituiu a festa de hoje, tem sabido oferecer o alimento da verdadeira piedade, recolhendo como leitura para a Missa um texto de S. Paulo em que nos é proposto todo um programa de vida contemplativa - conhecimento e amor, oração e vida - que começa por esta devoção ao Coração de Jesus.
O próprio Deus, pela boca do Apóstolo, nos convida a seguir esse caminho: que Cristo habite pela fé nos vossos corações, e que, arreigados e cimentados na caridade, possais compreender com todos os santos qual é a amplitude e a grandeza, a altura e a profundidade do mistério; e conhecer também aquele amor de Cristo que ultrapassa todo o conhecimento, para vos encherdes de toda a plenitude de Deus.

A plenitude de Deus revela-se-nos em Cristo e é em Cristo que nos é dada: no seu amor, no seu Coração.
Porque este é o Coração d'Aquele em quem habita corporalmente toda a plenitude da divindade.
Por isso, se se perde de vista este alto desígnio de Deus, - a corrente de amor instaurada no mundo pela Encarnação, pela Redenção e pelo Pentecostes - não se poderão compreender as delicadezas do Coração do Senhor.

164
        
A verdadeira devoção ao coração de Cristo

Consideremos toda a riqueza que se encerra nestas palavras: Sagrado Coração de Jesus.

Quando falamos de um coração humano, não nos referimos só aos sentimentos: aludimos à pessoa toda que quer, que ama, que convive com os outros.
Ora, na maneira de os homens se exprimirem, que a Sagrada Escritura utiliza para nos dar a entender as coisas divinas, o coração é tido por resumo e fonte, expressão e fundo íntimo dos pensamentos, das palavras, das acções.
Um homem vale o que vale o seu coração - diríamos com palavras bem humanas.

Ao coração pertence a alegria: alegre-se o meu coração com o teu auxílio!; o arrependimento: o meu coração é como cera que se derrete dentro do peito; o louvor a Deus: do meu coração brota um cântico belo; a decisão para ouvir o Senhor: está disposto o meu coração; a vigília amorosa: eu durmo, mas o meu coração vigia, ainda a dúvida e o temor: não se perturbe o vosso coração; crede em Mim.

O coração não sente apenas: também sabe e entende.
A lei de Deus é recebida no coração, e nele permanece escrita.
E a Escritura acrescenta: a boca fala da abundância do coração.
O Senhor lançou em rosto a uns escribas: porque pensais mal em vossos corações?
E, para resumir todos os pecados que um homem pode cometer, disse: é do coração que saem todos os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as fornicações, os furtos, os falsos testemunhos, as blasfémias.

Quando, na Sagrada Escritura, se fala de coração, não se trata de um sentimento passageiro, que perturba ou faz nascer as lágrimas.
Fala-se do coração para indicar a pessoa, pois esta, como disse o próprio Jesus, orienta-se toda - alma e corpo - para o que considera o seu bem: porque onde está o teu tesouro, aí está também o teu coração.

É por isso que, quando falamos do coração de Jesus, manifestamos a certeza do amor de Deus e a verdade da sua entrega a nós mesmos. Recomendar a devoção a esse Sagrado Coração é o mesmo que dizer que nos devemos orientar integralmente, com tudo o que somos - a nossa alma, os nossos sentimentos, os nossos pensamentos, palavras e acções, os nossos trabalhos e as nossas alegrias - para Jesus todo.

Nisto se define a verdadeira devoção ao Coração de Jesus: em conhecer a Deus e conhecermo-nos a nós mesmos, e em olhar para Jesus e recorrer a Ele - que nos anima, nos ensina, nos guia.
A única superficialidade que pode haver nesta devoção é a do homem que não é integralmente humano e que, por isso, não consegue aperceber-se da realidade de Deus feito carne.

165
        
Cristo na Cruz, com o Coração trespassado de Amor pelos homens, é uma resposta eloquente - as palavras não são necessárias - à pergunta sobre o valor das coisas e das pessoas.
Pois valem tanto os homens, a sua vida, a sua felicidade, que o próprio Filho de Deus Se entrega para os remir, para os purificar, para os elevar! Quem não amará o seu coração tão ferido? - perguntava uma alma contemplativa.
E continuava a perguntar: Quem não dará amor por amor?
Quem não abraçará um Coração tão puro?
Nós, que somos de carne, pagaremos amor com amor, abraçaremos o Ferido que encontrámos, Aquele a quem os ímpios atravessaram as mãos e os pés, o lado e o Coração.
Peçamos-lhe que Se digne prender o nosso coração com o vínculo do seu amor, feri-lo com uma lança, pois é ainda duro e impenitente.

São pensamentos, afectos e palavras que as almas enamoradas desde sempre dedicaram a Jesus.
Mas, para entender essa linguagem, para saber na verdade o que é o coração humano e o Coração de Cristo e o amor de Deus, são precisas a Fé e a humildade.
Foi com Fé e humildade que Santo Agostinho escreveu para nós estas palavras universalmente famosas: criastes-nos, Senhor, para Vós, e o nosso coração está inquieto enquanto em Vós não repousa.

Quando não cultiva a humildade, o homem pretende apropriar-se de Deus, mas não dessa maneira divina que o próprio Cristo tomou possível ao dizer tomai e comei: isto é o meu Corpo; antes, tentando reduzir a grandeza divina aos limites humanos.
A razão - razão fria e cega, que não é a inteligência nascida da Fé, nem sequer a recta inteligência da criatura capaz de saborear e amar as coisas - converte-se na sem-razão de quem tudo submete à sua pobre experiência vulgar, que amesquinha a verdade humana e cobre o coração do homem com uma crosta insensível às inspirações do Espírito Santo.
A nossa pobre inteligência estaria perdida, se não fosse o poder misericordioso de Deus, que rasga as fronteiras da nossa miséria: hei-de dar-vos um coração novo e revestir-vos de um novo espírito; hei-de tirar-vos o vosso coração de pedra e dar-vos em seu lugar um coração de carne.
E a alma recuperará a luz e há-de encher-se de alegria, por força das promessas da Sagrada Escritura.

Eu tenho pensamentos de paz e não de aflição, declarou Deus pela boca do profeta Jeremias.
A Liturgia aplica estas palavras a Jesus, porque n'Ele se nos manifesta com toda a clareza que é assim que Deus nos ama.
Não vem condenar-nos; não vem para nos lançar em rosto a nossa indigência ou a nossa mesquinhez: vem salvar-nos, perdoar-nos, desculpar-nos, trazer-nos a paz e a alegria.
Se reconhecermos esta maravilhosa relação do Senhor com os seus filhos, os nossos corações mudarão com certeza e veremos abrir-se diante dos nossos olhos um horizonte absolutamente novo, cheio de relevo, de profundidade e de luz.

(cont)


Temas para reflectir e meditar


Formação humana e cristã - 73

Quero viver a minha vida como desejo e não como o meu Amigo quer, esta é a verdade!

Oiço a Sua voz inconfundível, sinto a Sua mão poisada no meu ombro e, mais uma vez, fico envergonhado e as lágrimas veem-me aos olhos.

Ele está aqui… sempre, sempre… ao pé de mim tenho a certeza absoluta.

Mais calmo, digo-lhe em voz alta: Senhor: eu amo-Te!

E desata-se o nó que me apertava a garganta porque Ele me diz claramente: Eu sei!

(AMA, reflexões)

Maria, Filha de Deus Pai


Quanta vilania na minha conduta e quanta infidelidade à graça! – Minha Mãe, Refúgio dos pecadores, roga por mim, que nunca mais entorpeça a obra de Deus na minha alma. (Forja, 178)

Mãe nossa, nossa Esperança!, como estamos seguros, pegadinhos a Ti, ainda que tudo cambaleie. (Forja, 474)

Como gostam os homens de que lhes recordem o seu parentesco com personagens da literatura, da política, do exército, da Igreja!... – Canta diante da Virgem Imaculada, recordando-Lhe:
Ave, Maria, Filha de Deus Pai; Ave, Maria, Mãe de Deus Filho; Ave, Maria, Esposa de Deus Espírito Santo... Mais do que tu, só Deus! (Caminho, 496)

Diz: Minha Mãe (tua, porque és seu por muitos títulos), que o teu amor me prenda à Cruz do teu Filho; que não me falte a Fé, nem a valentia, nem a audácia, para cumprir a vontade do nosso Jesus. (Caminho, 497)

Evangelho e comentário


Tempo comum


Evangelho: Mc 10, 2-12

2 Aproximaram-se uns fariseus e perguntaram-lhe, para o experimentar, se era lícito ao marido divorciar-se da mulher. 3 Ele respondeu-lhes: «Que vos ordenou Moisés?» 4 Disseram: «Moisés mandou escrever um documento de repúdio e divorciar-se dela.» 5 Jesus retorquiu: «Devido à dureza do vosso coração é que ele vos deixou esse preceito. 6 Mas, desde o princípio da criação, Deus fê-los homem e mulher. 7 Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher, 8 e serão os dois um só. Portanto, já não são dois, mas um só. 9 Pois bem, o que Deus uniu não o separe o homem.» 10 De regresso a casa, de novo os discípulos o interrogaram acerca disto. 11 Jesus disse: «Quem se divorciar da sua mulher e casar com outra, comete adultério contra a primeira. 12 E se a mulher se divorciar do seu marido e casar com outro, comete adultério.»

Comentário:

A Doutrina da Igreja é clara neste candente assunto.

O Papa, o Magistério, estão atentos e debruçam-se com empenho na procura de orientações simples mas seguras que permitam aos cristãos viver como Deus quer que vivam.

É estricta obrigação de todos rezar intensamente ao Espírito Santo para que ilumine e guie a Igreja.


(AMA, comentário sobre Mc 10, 2-12, 2015.10.04)