19/04/2015

A dor de corrigir

Esconde-se uma grande comodidade – e às vezes uma grande falta de responsabilidade – naqueles que, constituídos em autoridade, fogem da dor de corrigir, com a desculpa de evitar o sofrimento alheio. Talvez poupem desgostos nesta vida..., mas põem em jogo a felicidade eterna – a deles e a dos outros – pelas suas omissões que são verdadeiros pecados. (Forja, 577)

O santo, para a vida de muitos, é "incómodo". Mas isto não significa que tenha de ser insuportável.

O seu zelo nunca deve ser amargo; a sua correcção nunca deve ferir; o seu exemplo nunca deve ser uma bofetada moral, arrogante, na cara do próximo. (Forja, 578)

Portanto, quando nos apercebemos de que na nossa vida ou na dos outros alguma coisa corre mal, alguma coisa precisa do auxílio espiritual e humano, que nós, filhos de Deus, podemos e devemos prestar, uma clara manifestação de prudência consistirá em dar-lhe remédio oportuno, a fundo, com caridade e com fortaleza, com sinceridade. Não valem as inibições. É errado pensar que com omissões ou adiamentos se resolvem os problemas.


Sempre que a situação o requeira, a prudência exige que se aplique o remédio totalmente e sem paliativos, depois de pôr a chaga a descoberto. Ao notar os menores sintomas do mal, sede simples, verazes, quer sejais vós a curar os outros, quer sejais vós a receber essa assistência. Nesses casos, deve-se permitir à pessoa que está em condições de curar em nome de Deus que aperte de longe a zona infectada e depois de mais perto, até sair todo o pus, de modo que o foco da infecção acabe por ficar bem limpo. Em primeiro lugar, temos que proceder assim connosco mesmos e com quem, por motivos de justiça ou caridade, temos obrigação de ajudar. Rezo nesse sentido especialmente pelos pais e por quem se dedica a tarefas de formação e de ensino. (Amigos de Deus, 157)

Temas para meditar - 419

Felicidade


O desejo mais profundo de uma pessoa é ser feliz. Não só por um momento, mas feliz para sempre. Outra coisa não seria normal! Mas há quem desista desse sonho por lhe parecer uma paixão inútil e impossível, confundindo felicidade com bem-estar ou prazer. Ser feliz é ser fecundo. É esse o significado da palavra. E uma árvore só é fecunda quando é podada. Não se é feliz sem podar o egoísmo.


(vasco p. magalhães, sj, Não há soluções, há caminhos) 

Evangelho, comentário L. Esp. (A beleza de ser cristão)


Semana III da Páscoa


Evangelho: Lc 24 35-48

35 E eles contaram também o que lhes tinha acontecido no caminho, e como O tinham reconhecido ao partir o pão. 36 Enquanto falavam nisto, apresentou-Se Jesus no meio deles e disse-lhes: «A paz seja convosco!». 37 Mas eles, turbados e espantados, julgavam ver algum espírito.38 Jesus disse-lhes: «Porque estais turbados, e porque se levantaram dúvidas nos vossos corações? 39 Olhai para as Minhas mãos e os Meus pés, porque sou Eu mesmo; apalpai e vede, porque um espírito não tem carne, nem ossos, como vós vedes que Eu tenho». 40 Dito isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. 41 Mas, estando eles, por causa da alegria, ainda sem querer acreditar e estupefactos, disse-lhes: «Tendes aqui alguma coisa que se coma?». 42 Eles apresentaram-Lhe uma posta de peixe assado.43 Tendo-o tomado comeu-o à vista deles. 44 Depois disse-lhes: «Isto é o que Eu vos dizia quando ainda estava convosco; que era necessário que se cumprisse tudo o que de Mim estava escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos». 45 Então abriu-lhes o entendimento, para compreenderem as Escrituras, 46 e disse-lhes: «Assim está escrito que o Cristo devia padecer e ressuscitar dos mortos ao terceiro dia, 47 e que em Seu nome havia de ser pregado o arrependimento e a remissão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. 48 Vós sois as testemunhas destas coisas.

Comentário:

Como é que reconhecemos Jesus?

A resposta está neste trecho de S. Lucas: ter o coração livre de amarras sejam elas alegria ou tristeza,  apreensão ou dúvida, enfim sejam que  sentimentos forem - bons inclusive - mas que absorvem completamente a atenção.

Por outras palavras, para descobrir Jesus, é fundamental a disponibilidade, o desejo, a tranquila postura de expectativa consequência da entrega sem peias nem condições.

(ama, comentário sobre LC 24, 35-48 2014.04.24)

Leitura espiritual


a beleza de ser cristão

PRIMEIRA PARTE

O QUE É SER CRISTÃO?

I.            Relações que Deus estabelece com o homem.

…/5

IV. o ser humano, criado à «imagem e semelhança” de Deus e «filho de deus”

        «Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou, homem e mulher os criou”.[i]
Depois de recordar este facto, o Catecismo prossegue: «O homem ocupa um lugar único na criação: “está feito à imagem de Deus”; na sua própria natureza une o mundo espiritual e o mundo material; é criado “homem e mulher”; Deus estabeleceu-os em amizade com Ele”[ii].

        Onde radica no homem essa «imagem e semelhança” com Deus?

        Uns consideram que essa «imagem e semelhança”, reflexo da Trindade no ser humano, radica nas qualidades que permitem ao homem o desenvolvimento das possibilidades da sua natureza: a inteligência, a memória, o coração ou a vontade.
Outros, ao invés, sublinham a liberdade como verdadeiro reflexo dessa «imagem e semelhança”.    

        Em qualquer destes dois pressupostos, o ser «imagem e semelhança” de Deus não afectaria o núcleo constitutivo do ser humano. Essa tão íntima vinculação com Deus não seria senão algo acrescentado – gratuitamente, entenda-se: com gratuitidade semelhante à da própria vida à natureza humana e exterior a ela, e de que poderia prescindir ou despojar-se sem que ficasse destruída ou corrompida a sua condição humana.

        Tampouco parece adequado que essa «imagem e semelhança” se atenha apenas a uma das partes - «corpo” e «alma” - pelas quais consideramos que o homem é formado.

        A «imagem e semelhança” de Deus, ao fazer parte da intenção mais íntima de Deus Criador; há-de encontra-se, na minha opinião, no recôndito mais íntimo do ser humano, no qual o próprio o homem se constitui, sustenta o seu viver e encontra sentido o seu existir: na sua Pessoa, no seu «Eu”.

        O ser humano é a única criatura que pode dizer «Eu sou”, «Sou eu”.
O homem é imagem de Quem É; e é Eu ao ser imagem de Quem É, ao afirmar o seu EU, manifestou a unidade do seu EU e do seu SER.

        «Por ter sido feito à imagem de Deus, o ser humano tem a dignidade de pessoa: não é somente algo, mas alguém. È capaz de se conhecer, de possuir-se e dar-se livremente e entrar em comunhão com outras pessoas; e é chamado, pela graça, a uma aliança com o seu Criador, a oferecer-lhe uma resposta de fé e de amor que nenhum outro ser pode dar em seu lugar”.[iii]

        O ser Pessoa não radica somente na alma ou no corpo. É mais, configura o ser e o existir, a alma e o corpo.
A Pessoa, na integridade do seu ser e do seu actuar, está aberta a Deus e assim corpo e alma participam, cada um de sua forma e nas suas próprias possibilidades, do ser «imagem e semelhança” de Deus.

        É interessante assinalar a diferença de compreensão desta verdade original da criação, que podemos apreciar nos textos do Catecismo Romano, do Concílio de Trento, e nos artigos do actual Concílio da Igreja Católica.

        No catecismo de Trento lemos: «No final Deus formou o homem do lodo da terra, disposto e constituído enquanto ao corpo de tal modo, que fosse imortal e impassível, não certamente por virtude da sua própria natureza, mas pela graça de Deus. No que se refere formou-a à sua imagem e semelhança e deu-lhe o livre arbítrio”.[iv]

        Em Trento praticamente atribui-se unicamente à alma – obviamente por ser considerada «forma do corpo” - o ser «imagem e semelhança de Deus”.

No Catecismo da Igreja Católica actual, ao invés, a «imagem e semelhança” torna-se extensiva à pessoa humana na sua unidade e no seu conjunto. Essa extensão leva-se a cabo em três passos:

        O Catecismo afirma, primeiro, a unidade e a totalidade do ser humano: «A pessoa humana, criada à imagem de Deus, é um ser ao mesmo tempo corporal e espiritual (…). Portanto, o homem é querido por Deus na sua totalidade”.[v]

        Em seguida sublinha a centralidade da alma na constituição da pessoa e considera-a como verdadeira forma do corpo: «A miúde o termo alma designa na Sagrada Escritura a vida humana (…) ou toda a pessoa humana (…). Mas designa também o que há de mais íntimo e de mais valor no homem, aquilo pelo que é particularmente imagem de Deus: ‘alma’ significa o princípio espiritual no homem”.[vi]

        Num terceiro momento, assinala a participação do corpo na condição de «imagem e semelhança”; insistindo desta forma em que a pessoa humana não é nem um ser dividido nem composto, fruto do encontro de dois princípios: «O corpo do homem participa na dignidade da ‘imagem de Deus’: é corpo humano precisamente porque está animado pela alma espiritual, e é toda a pessoa humana a que está destinada a ser, no Corpo de Cristo, no Templo do espírito”.[vii]

        Estes três passos concluem com a declaração do n. 365: «A unidade da alma e do corpo é tão profunda que se deve considerar a alma como a «forma do coro” (…); quer dizer, graças à alma espiritual, a matéria que integra o corpo é um corpo humano e vivente; no homem, o espírito e a matéria não são duas naturezas unidas, antes, a sua união constitui uma única natureza”.

        Alguns autores não fazem distinção entre imagem e semelhança, e consideram esses termos praticamente sinónimos.
Todavia, tendo em conta o desenvolvimento da vida espiritual e sobrenatural do homem, talvez não seja demasiado forçado falar de um possível significado escondido na união dessas duas palavras que, neste contexto, pensamos que não são em absoluto sinónimas.

        Podemos considerar o ser «imagem” como uma qualidade constitutiva da criatura que jamais se perde, que nos torna capazes de nos abrir ao entendimento e ao amor de Deus e que permite que essa capacidade reflexe e desenvolva o que de divino há em cada ser humano.
Neste sentido, Cristo na sua humanidade é a «imagem viva de Deus Pai”; e o ser humano encerra em si próprio um reflexo dessa mesma divindade, a ter em si mesmo e «ser por si” e a liberdade de «actuar por si”.

        O ser «semelhança” poderia significar e desenvolvimento desse «homem novo”, que veremos ao estudar a Redenção, segundo a sugestão de São Paulo aos Colossenses: «Despojai-vos do homem velho com as suas obras, e revesti-vos do homem novo, que se vai renovando até alcançar um conhecimento perfeito, segundo a imagem do seu Criador”.[viii]
De certo modo, a «semelhança” levaria consigo desenvolver essa «participação da vida e da natureza de Deus” que constitui a pessoa humana em sentido absoluto.

        Em qualquer caso, e se abram as perspectivas que se abrirem, temos de sublinhar que o ter sido criado à «imagem e semelhança” de Deus é o fundamento da dignidade humana, a riqueza fontal do seu ser pessoa.
E Deus manifesta claramente a sua vinculação radical com o homem nesta passagem da Escritura: «Quem verter sangue de homem, por outro homem será o seu sangue vertido, porque a imagem de Deus tornou o homem Ele”.[ix]

        O ser humano, homem e mulher, precisamente pela unicidade do ser pessoa, e o sentido absoluto do seu ser pessoa, é «imagem e semelhança de Deus” em todos os planos da sua existência: o natural-biológico; natural-espiritual e sobrenatural; excluindo, logicamente, qualquer referência que fizesse pensar numa «corporalidade” de Deus ou que levasse a afirmar que o nosso corpo reflecte alguma «forma” de Deus.
E isto, conscientes do grande mistério que representa a presença do «corpo glorioso” de Cristo na Trindade.

        Ao ser «constitutiva” do homem, podemos dizer que não há nenhum ser humano que não seja «imagem e semelhança de Deus” e que o ser imagem é diferente no homem e na mulher.

Quando São Paulo escreve que o homem é imagem e reflexo de Deus e a mulher é reflexo do homem, conclui assinalando: «Pelo demais, nem a mulher sem o homem, nem o homem sem a mulher; no Senhor. Porque, se a mulher procede do homem, o homem, por sua vez, nasce mediante a mulher. E tudo provém de Deus”.[x]

        Ao mesmo tempo, a criatura o ser na sua totalidade «imagem e semelhança de Deus” não só a converte em «capaz de Deus”, como torna também possível o diálogo «com Deus”. E não só na profundidade da alma de cada criatura ou na altitude do seu pensamento, mas também no seu viver natural, espiritual e sobrenatural, na sua história na terra e na eternidade no céu.

        O gozo e a felicidade da criatura em viver com Deus converte-se em «imagem e semelhança” da alegria de Deus de estar e viver com os homens. Única criatura a que Deus ama por si mesma.
(cont)

ernesto juliá, La belleza de ser cristiano, trad. ama)






[i] Gn 1, 27
[ii] Catecismo n. 355
[iii] Catecismo Catecismo n. 357
[iv] I. II, 19
[v] Catecismo n. 362
[vi] Catecismo n. 363
[vii] Catecismo n. 364
[viii] 3, 9-10
[ix] Gn 9, 6
[x] 1 Col 11, 11-12

Temas para meditar - 422

Eutanásia




Haveria que escrever esta palavra de outra forma:

EUTANAZI e não EUTANÁSIA, pois assim se escreveu com letras de sangue na História.



(Prof. jerôme lejeune, Catedrático de Genética Fundamental na Sorbone, “Paris Match”, 07 Nov. 1980, trad ama)

Pequena agenda do cristão

DOMINGO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Viver a família.

Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família em Nazareth, que cada um, absolutamente, contribua para a união de todos pondo de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que os lares de cada um sejam luminosos e alegres.

Lembrar-me:
Cultivar a Fé.

São Tomé, prostrado a Teus pés, disse-te: Meu Senhor e meu Deus!
Não tenho pena nem inveja de não ter estado presente. Tu mesmo disseste: Bem-aventurados os que crêem sem terem visto.
E eu creio, Senhor.
Creio firmemente que Tu és o Cristo Redentor que me salvou para a vida eterna, o meu Deus e Senhor a quem quero amar com todas as minhas forças e, a quem ofereço a minha vida. Sou bem pouca coisa, não sei sequer para que me queres mas, se me crias-te é porque tens planos para mim. Quero cumpri-los com todo o meu coração.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?