Dentro do Evangelho
Detenho-me
hoje num "detalhe" que me chamou particularmente a atenção na leitura
do Evangelho.
Foi
o que Jesus disse a propósito do escândalo.
Como
sempre, as Suas palavras só podem ter uma interpretação, talvez como que ser tentado
a pensar... "Não foi bem isto o que disse... ou... falta aqui qualquer
coisa..." seja uma consequência da minha maneira de ser, do meu carácter.
Tenho
forçosamente de combater esta tendência de deixar levar-me por caminhos de
especulação que só conduzem ao disfarce da realidade.
Tenho
naturalmente considerar que os Evangelistas escreveram sobre o que viram Jesus
fazer e ouviram Jesus dizer, ou obtiveram de outras fontes absolutamente
fidedignas, como nos casos de São Lucas que terá colhido directamente da
Santíssima Virgem o relato de quanto aconteceu logo no início da Salvação, ou
de São Marcos que transmite o que São Pedro lhe disse.
Não
faz, portanto, qualquer sentido a minha interpretação pessoal, já que estou
seguro que assistidos e guiados pelo Divino Espírito Santo escrevem a verdade.
Voltando
ao princípio pode, num primeiro relance, parecer-me algo excessivo o que Jesus
diz a propósito do escândalo.
Arrancar
um olho... cortar uma mão!
Não
é excessivamente radical!?!
Numa
primeira reacção considero que sim... é!
Mas,
depois detenho-me a considerar a "enormidade" do escândalo,
sobretudo, como é no texto em apreço, quando o seu objecto são as crianças, os
inocentes.
A
própria Sociedade Civil considera o abuso dos inocentes como uma aberração que
merece todo o rigor da justiça.
E,
noto, inocentes não se restringe ás crianças de tenra idade mas, também, a
todos que por motivos vários não podem ser considerados pessoas normais.
Abusar,
ou usar, inocentes é infelizmente uma prática corrente desde sempre e, também,
hoje em dia.
Penso
que, quando pensamos nisto, somos, sou... sempre levado a considerar os abusos
de carácter sexual e é natural, são os têm mais visibilidade, os que mais
chocam a sensibilidade pública, a minha sensibilidade.
Estes
abusos têm sempre consequências terríveis para o resto da vida dos abusados,
uma delas é o que muitas vezes vemos nos filmes da TV: muitos "abusados
serão futuros "abusadores", e assim será sempre.
Mas...
e os outros abusos talvez em número muito maior, que não têm esse ferrete
sexual?
A
manipulação da maneira de pensar, a insidiosa educação pessoal que conduz a um
exacerbado orgulho pessoal que se traduz em... "eu quero... eu posso... eu
é que sei"!
Uma
criança, um inocente, está com os olhos e os ouvidos bem abertos a ver e
escutar o que dizem e fazem os outros, sobretudo os mais próximos que os
rodeiam com particular relevo para os que de alguma forma conduzem a sua
educação: Pais... Professores... etc.
Assimila,
guarda, conserva dentro de si.
Daqui
que me seja fácil concluir e preocupar a tremenda responsabilidade que têm
estas pessoas, a tremenda responsabilidade que tive e que tenho até Deus me
conservar vivo, de actuar, dizer, escrever... enfim... de alguma forma evitar
escandalizar inocentes.
No
Evangelho constam as palavras talvez mais duras que Jesus dirigiu a Pedro: «Retira-te
de Mim satanáz tu és para Mim motivo de escândalo».
Pobre
Pedro!
Quando
amargamente arrependido por ter negado conhecer Jesus Cristo, as lágrimas
amargas e sentidas que lhe escorriam dos olhos devem ter trazido à sua memória
aquele episódio e, nessa altura deve, seguramente, ter compreendido o que Jesus
lhe quis dizer: 'Escandaliza-Me, choca-Me que queiras ser obstáculo à Minha
Missão que Me trouxe à terra'.
Pedro
tinha, sem dúvida, um bom, excelente motivo para dizer o que disse... o
entranhado amor que tinha pelo Mestre e, Jesus também, como sempre, teve
absoluta razão no que lhe disse... nem o amor ou qualquer outro sentimento por
mais nobre e genuíno que possa apresentar-se é superior à Justíssima e
Amabilissima Vontade de Deus.
Considerando
Querer não é poder.
Para poder conseguir o que se quer é necessário que
tal seja exequível e racional.
Quando não será apenas não passará de um desejo
inconsequente.
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