06/08/2021

NUNC COEPI: Publicações em Agosto 6

 


Sexta-Feira 

PEQUENA AGENDA DO CRISTÃO

 

PLANO DE VIDA:  (Coisas muito simples, curtas, objectivas)

Propósito: Pequena mortificação

Pequeno exame: Cumpri o propósito que me propus ontem?

 

 

TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR

 



LEITURA ESPIRITUAL

 

Evangelho

 

Lc V, 1-39

 

Pesca milagrosa

1  E aconteceu que, apertando-o a multidão, para ouvir a palavra de Deus, estava ele junto ao lago de Genesaré; 2  E viu dois barcos junto à praia do lago; e os pescadores, havendo descido deles, estavam lavando as redes. 3  E, entrando num dos barcos, que era o de Simão, pediu-lhe que o afastasse um pouco da terra; e, sentando-se, ensinava do barco a multidão. 4  E, quando acabou de falar, disse a Simão: Faz-te ao mar alto, e lançai a rede para pescar. 5  E, respondendo Simão, disse-lhe: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos; mas, sob a tua palavra, lançarei a rede. 6  E, fazendo assim, colheram uma grande quantidade de peixes, e rompia-se-lhes a rede. 7  E fizeram sinal aos companheiros que estavam no outro barco, para que os fossem ajudar. E foram, e encheram ambos os barcos, de maneira tal que quase iam a pique. 8  E vendo isto Simão Pedro, prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Senhor, ausenta-te de mim, que sou um homem pecador. 9  Pois que o espanto se apoderara dele, e de todos os que com ele estavam, por causa da pesca que haviam feito. 10  E, de igual modo, também de Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão. E disse Jesus a Simão: Não temas; de agora em diante serás pescador de homens. 11  E, levando os barcos para terra, deixaram tudo, e seguiram-no.

 

Cura de um leproso

12  E aconteceu que, quando estava numa daquelas cidades, eis que um homem cheio de lepra, vendo Jesus, prostrou-se sobre o rosto, e rogou-lhe, dizendo: Senhor, se quiseres, podes limpar-me. 13  E ele, estendendo a mão, tocou-o, dizendo: Quero, sê limpo. E logo a lepra desapareceu dele. 14  E ordenou-lhe que a ninguém o dissesse. Mas disse vai e mostra-te ao sacerdote, e oferece, pela tua purificação, o que Moisés determinou, para que lhes sirva de testemunho. 15  A sua fama, porém, propagava-se ainda mais, e juntava-se muita gente para o ouvir e para ser curada das suas enfermidades. 16  Ele, porém, retirava-se para os desertos, e ali orava.

 

Cura de um paralítico

 

17  E aconteceu que, num daqueles dias, estava ensinando, e estavam ali sentados fariseus e doutores da lei, que tinham vindo de todas as aldeias da Galileia, e da Judeia, e de Jerusalém. E a virtude do Senhor estava com ele para curar. 18  E eis que uns homens transportaram numa cama um homem que estava paralítico, e procuravam fazê-lo entrar e colocá-lo diante dele. 19  E, não achando por onde o pudessem levar, por causa da multidão, subiram ao telhado, e por entre as telhas baixaram-no com a cama, até ao meio, diante de Jesus. 20  E, vendo ele a fé deles, disse-lhe: Homem, os teus pecados te são perdoados. 21  E os escribas e os fariseus começaram a arrazoar, dizendo: Quem é este que diz blasfémias? Quem pode perdoar pecados, senão só Deus? 22  Jesus, porém, conhecendo os seus pensamentos, respondeu, e disse-lhes: Que arrazoais em vossos corações? 23  Qual é mais fácil? dizer: Os teus pecados te são perdoados; ou dizer: Levanta-te, e anda? 24  Ora, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra poder de perdoar pecados (disse ao paralítico), a ti te digo: Levanta-te, toma a tua cama, e vai para tua casa. 25  E, levantando-se logo diante deles, e tomando a cama em que estava deitado, foi para sua casa, glorificando a Deus. 26  E todos ficaram maravilhados, e glorificaram a Deus; e ficaram cheios de temor, dizendo: Hoje vimos prodígios.

 

Vocação de Levi

27  E, depois disto, saiu, e viu um publicano, chamado Levi, sentado na recebedoria, e disse-lhe: Segue-me. 28  E ele, deixando tudo, levantou-se e seguiu-o. 29  E fez-lhe Levi um grande banquete em sua casa; e havia ali uma multidão de publicanos e outros que estavam com eles à mesa. 30  E os escribas e os fariseus, murmuravam contra os seus discípulos, dizendo: Por que comeis e bebeis com publicanos e pecadores? 31  E Jesus, respondendo, disse-lhes: Não necessitam de médico os que estão sãos, mas, sim, os que estão enfermos; 32  Eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores, ao arrependimento.

 

Questão do jejum

33  Disseram-lhe, então, eles: Por que jejuam os discípulos de João muitas vezes, e fazem orações, como também os dos fariseus, mas os teus comem e bebem? 34  E ele lhes disse: Podeis vós fazer jejuar os amigos do esposo enquanto o esposo está com eles? 35  Dias virão, porém, em que o esposo lhes será tirado, e então, naqueles dias, jejuarão. 36  E disse-lhes também uma parábola: Ninguém deita um retalho de pano novo em vestido velho, de outro modo o novo rompe o velho e o retalho do novo não condiz com o velho. 37  E ninguém deita vinho novo em odres velhos; de outra sorte o vinho novo romperá os odres, e entornar-se-á o vinho, e perder-se-ão os odres; 38  Mas o vinho novo deve deitar-se em odres novos, e ambos juntamente se conservarão. 39  E ninguém tendo bebido o velho quer o novo, porque diz: O velho é melhor.

 

Comentário

 

 

Tal como na pesca – que o Evangelho relata – as redes não se romperam, também na Igreja fundada por Jesus Cristo cabem todos, absolutamente. O reconhecimento de Pedro – instantâneo – da sua indignidade perante a presença do Cristo, é também a nossa quando meditamos na grandeza de Deus perante o pouco que somos. Mas, é exactamente esse “pouco” que o Senhor quer e por isso nos escolhe, não pelas qualidades que possamos ter mas – atrevo-me – pelos defeitos pessoais que estamos dispostos a vencer.

O que nos faltar em coragem e perseverança nessa luta por melhoria Ele o porá desde que nos entreguemos confiadamente nas Suas Mãos Misericordiosas.

Como é que aqueles homens, simples pescadores da Galileia, deixam tudo para trás e seguem Jesus? Nem fazem qualquer pergunta porque, aliás, o Senhor já tinha esclarecido o “programa” que preparara para eles nas palavras dirigidas a Pedro: «Não tenhas receio; de futuro, serás pescador de homens.» Receio? Não! Não podem sentir qualquer receio mesmo que não se dêem conta da dimensão e grandeza da missão que os espera porque têm uma garantia: aquele Senhor que os chamava estaria com eles. Evidentemente que, como Pedro, todos deveriam sentir-se indignos de Jesus, consideravam-se fracos e pecadores mas, nem por isso, sentiam medo. Jesus tinha conquistado a sua inteira confiança e, se Ele os chamava que mais poderiam fazer a não ser segui-Lo?

Pescar requer, entre outras, qualidades de paciência e perseverança. Não são a mesma coisa. Enquanto a primeira se pode traduzir na aceitação de resultados adversos, a segunda implica um esforço contínuo na obtenção desses mesmos resultados. Assim no apostolado pessoal que rarissimamente produz frutos imediatos. Eles aparecerão quando o Senhor, em nome de Quem actuamos, assim achar oportuno.

A pesca exige qualidades e aptidões que nem todos têm. Lembramos, hoje, uma importantíssima: A confiança! Sem esta virtude é muito difícil resistir aos fracassos e maus resultados. Mas, o pescador sabe que, algures no mar onde navega, o peixe existe e que, mais tarde ou mais cedo não deixará de entrar na rede que uma e outra vez lança às águas. Compara-se muito o apostolado pessoal com a pesca e é, de facto, uma comparação muito real. Como dissemos, para se obterem resultados na pesca, há que insistir com confiança no trabalho mil vezes repetido e não desistir nunca pois não é de crer que, sem mais, o peixe salte das águas para dentro do barco. Pois também não devemos esperar que o objecto do nosso apostolado venha subitamente, ter connosco aceitando aquele convite que alguma vez fizemos e que não tornámos a repetir. Será a nossa insistência sem desfalecimento nem intervalos que produzirá os frutos que esperamos mas, atenção, tal como neste trecho do Evangelho de São Lucas é fundamental que sigamos fielmente as instruções – direcção espiritual – que nos vão sendo dadas por quem pode e tem autoridade para o fazer. Entregues a uma tarefa por nosso livre alvedrio, sem direcção e ajuda pouco ou nada conseguiremos.

São Lucas relata algo extraordinário: Jesus estendeu a mão e tocou o leproso! Naquele tempo a lepra obrigava à segregação radical dos que a tinham e (era uma doença bastante comum naquele tempo) esta segregação imposta pela Lei era observada com todo o rigor. Os circunstantes deverão ter ficados mudos de espanto ao ver o gesto do Senhor. Não obstante, Jesus Cristo deseja que tudo fique devidamente registado e por isso mesmo manda que o miraculado cumpra o que a Lei previa em casos de cura. Nós pensamos que seríamos capazes de fazer o mesmo? Ultrapassar a repulsa natural e tocar alguém na mesma situação? Bom… mas e o pecado… essa autêntica lepra da alma que a torna tão repulsiva como a da doença, convivemos com ele sem problema algum?

É interessante verificar que o Evangelista tem o cuidado de mencionar a presença de fariseus e doutores da lei na assembleia que rodeava Jesus. Talvez estivessem ali por mera curiosidade, mas, a sua presença confere, de certo modo, uma credibilidade maior ao milagre que Jesus irá praticar. De facto, foram eles próprios que “obrigaram” o Senhor a curar o paralítico para que ficassem com um testemunho iniludível do Seu poder como Deus Verdadeiro.

De forma iniludível Jesus confirma a Sua divindade e neste caso como que a pedido dos fariseus e doutores da lei. Podemos perguntar que mais seria necessário para que acreditassem! A verdade é que constatam o milagre com os seus próprios olhos, mas o seu coração não quer ver não quer aceitar a evidência. Pessoas assim não acreditam senão em si próprias e só os seus valores ou critérios é que contam. Não são dignas de pena? A resposta de Jesus não pode ser mais clara ou concludente. E, além disso, na “lógica” dos planos divinos para a salvação da humanidade, perfeitamente natural. Não parece possível que alguém não tivesse entendido as Suas palavras ou não entendesse o Seu propósito.

Já estamos como que habituados ao chamamento de Jesus Cristo mas, nem por isso deixa de nos impressionar a simplicidade do desafio: «Segue-me». Claro que não conhecemos a entoação ou enfâse com que o Senhor diria este «Segue-me» mas, a verdade, é que o que é convidado aceita sem mais o convite deixando umas redes de pesca, um posto de cobrança de impostos, o que for. Pensemos um pouco se, acaso, este «Segue-me» nos fosse dirigido a nós; o que faríamos?

Uma aparente contradição? Não me parece. Quem não quer beber o vinho novo porque o “velho é que é bom” não está disposto a mudar de vida, mantém-se fechado ás insinuações do Espírito, conforma-se com o que tem, acomoda-se com o que faz. É o aburguesamento, o estado terrível dos que se consideram muito bem naquilo que fazem e sabem e se recusam a tentar fazer outra coisa melhor e a saber mais detalhadamente as verdades da Fé. É o comodismo dos que não querem “incomodar-se” com novos desafios, ou outras hipóteses de vida: mudar o quê e para quê? Cumprem os “mínimos” vão á Missa ao Domingo, procurando uma que seja breve e pouco exigente, rezam “alguma coisa” só porque, enfim, não custa muito e sempre é melhor prevenir… São os que, nas aflições que a vida traz, pedem, ás vezes com fervor, mas, raramente se lembram de dar graças por tantos benefícios que o Senhor dá, nomeadamente, o dom da vida.

 

(AMA, 2010)

 


 

SÃO JOSÉ

A figura de São José no Evangelho

 

José amou Jesus como um pai ama o seu filho, tratou-o dando-lhe tudo que de melhor tinha. José, cuidando daquele Menino como lhe tinha sido ordenado, fez de Jesus um artesão: transmitiu-lhe o seu ofício. Por isso, os vizinhos de Nazaré falavam de Jesus chamando-lhe indistintamente «faber» e «fabri filius»: artesão e filho do artesão. Jesus trabalhou na oficina de José e junto de José. Como seria José, como teria actuado nele a graça, para ser capaz de levar a cabo a tarefa de desenvolver no aspecto humano o Filho de Deus?

(São Josemaria, Cristo que passa, 55)

  


    

 REFLEXÃO

 

Estamos nas mãos de Deus. Todos os acontecimentos  que Ele manda ou permite têm o seu significado e estão dirigidos para nosso proveito. (...) O que Eu faço não o entendes agora... Também a nós nos ocorre o mesmo que a Pedro: ás vezes não compreendemos os acontecimentos que o Senhor permite: a dor, a enfermidade, a ruína económica, a perda do posto de trabalho, a morte de um ser querido quando estava nos começos da vida. Ele tem uns planos mais altos, que abarcam esta vida e a felicidade eterna. Não nos vamos fiar do Senhor e da Sua providência amorosa? Somente vamos confiar n’Ele quando os acontecimentos nos pareçam humanamente aceitáveis? Estamos nas Suas mãos, e em nenhum outro sítio poderíamos estar melhor. Um dia, no final da vida, o Senhor nos explicará com pormenores o porquê de tantas coisas que aqui não entendemos, e veremos a mão providente de Deus em tudo, até no mais insignificante. (...) Senhor, Tu sabes mais. Em Ti me abandono. Já entenderei mais tarde.

 

(Francisco Fernández carvajal, Falar com Deus, Tempo Comum, 30ª Sem., 4ª F.)

 


 

SÃO JOSEMARIA – textos

 

Filiação divina

Então foi Jesus da Galileia ao Jordão ter com João, para ser baptizado por ele. E eis uma voz do Céu, que dizia: Este é o meu Filho, o amado, no qual pus as minhas complacências (Mt 3, 13.17). No Baptismo o Nosso Pai, Deus, tomou posse das nossas vidas, incorporou-nos na vida de Cristo e enviou-nos o Espírito Santo. A força e o poder de Deus iluminam a face da Terra. Faremos arder o mundo nas chamas do fogo que vieste trazer à terra!…E a luz da Tua verdade, ó nosso Jesus, iluminará as inteligências por dia sem fim! Ouço-Te clamar, ó meu Rei, com a forte voz, que vibra: ignem veni mittere in terram, et quid volo nisi ut accendatur? – E respondo, com todo o meu ser, comos meus sentidos e as minhas potências: ecce ego: quia vocasti me!Nosso Senhor pôs-te na alma um selo indelével, por meio do Baptismo: és filho de Deus. Criança, não ardes em desejos de fazer com que todos O amem? (Santo Rosário, Iº mistério luminoso)