Sexta-Feira
PEQUENA AGENDA DO CRISTÃO
PLANO DE VIDA: (Coisas muito simples, curtas, objectivas)
Propósito: Pequena mortificação
Pequeno exame: Cumpri o propósito que me propus ontem?
LEITURA ESPIRITUAL
Evangelho
Lc V, 1-39
Pesca
milagrosa
1 E aconteceu que, apertando-o a multidão, para
ouvir a palavra de Deus, estava ele junto ao lago de Genesaré; 2 E viu dois barcos junto à praia do lago; e os
pescadores, havendo descido deles, estavam lavando as redes. 3 E, entrando num dos barcos, que era o de
Simão, pediu-lhe que o afastasse um pouco da terra; e, sentando-se, ensinava do
barco a multidão. 4 E, quando acabou de
falar, disse a Simão: Faz-te ao mar alto, e lançai a rede para pescar. 5 E, respondendo Simão, disse-lhe: Mestre,
havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos; mas, sob a tua palavra,
lançarei a rede. 6 E, fazendo assim,
colheram uma grande quantidade de peixes, e rompia-se-lhes a rede. 7 E fizeram sinal aos companheiros que estavam
no outro barco, para que os fossem ajudar. E foram, e encheram ambos os barcos,
de maneira tal que quase iam a pique. 8
E vendo isto Simão Pedro, prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Senhor,
ausenta-te de mim, que sou um homem pecador. 9
Pois que o espanto se apoderara dele, e de todos os que com ele estavam,
por causa da pesca que haviam feito. 10
E, de igual modo, também de Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram
companheiros de Simão. E disse Jesus a Simão: Não temas; de agora em diante
serás pescador de homens. 11 E, levando
os barcos para terra, deixaram tudo, e seguiram-no.
Cura de
um leproso
12 E aconteceu que, quando estava numa daquelas
cidades, eis que um homem cheio de lepra, vendo Jesus, prostrou-se sobre o
rosto, e rogou-lhe, dizendo: Senhor, se quiseres, podes limpar-me. 13 E ele, estendendo a mão, tocou-o, dizendo:
Quero, sê limpo. E logo a lepra desapareceu dele. 14 E ordenou-lhe que a ninguém o dissesse. Mas
disse vai e mostra-te ao sacerdote, e oferece, pela tua purificação, o que
Moisés determinou, para que lhes sirva de testemunho. 15 A sua fama, porém, propagava-se ainda mais, e
juntava-se muita gente para o ouvir e para ser curada das suas enfermidades. 16 Ele, porém, retirava-se para os desertos, e
ali orava.
Cura de
um paralítico
17 E aconteceu que, num daqueles dias, estava
ensinando, e estavam ali sentados fariseus e doutores da lei, que tinham vindo
de todas as aldeias da Galileia, e da Judeia, e de Jerusalém. E a virtude do
Senhor estava com ele para curar. 18 E
eis que uns homens transportaram numa cama um homem que estava paralítico, e
procuravam fazê-lo entrar e colocá-lo diante dele. 19 E, não achando por onde o pudessem levar, por
causa da multidão, subiram ao telhado, e por entre as telhas baixaram-no com a
cama, até ao meio, diante de Jesus. 20
E, vendo ele a fé deles, disse-lhe: Homem, os teus pecados te são
perdoados. 21 E os escribas e os
fariseus começaram a arrazoar, dizendo: Quem é este que diz blasfémias? Quem
pode perdoar pecados, senão só Deus? 22
Jesus, porém, conhecendo os seus pensamentos, respondeu, e disse-lhes:
Que arrazoais em vossos corações? 23
Qual é mais fácil? dizer: Os teus pecados te são perdoados; ou dizer:
Levanta-te, e anda? 24 Ora, para que
saibais que o Filho do homem tem sobre a terra poder de perdoar pecados (disse
ao paralítico), a ti te digo: Levanta-te, toma a tua cama, e vai para tua casa.
25 E, levantando-se logo diante deles, e
tomando a cama em que estava deitado, foi para sua casa, glorificando a Deus.
26 E todos ficaram maravilhados, e
glorificaram a Deus; e ficaram cheios de temor, dizendo: Hoje vimos prodígios.
Vocação
de Levi
27 E, depois disto, saiu, e viu um publicano,
chamado Levi, sentado na recebedoria, e disse-lhe: Segue-me. 28 E ele, deixando tudo, levantou-se e seguiu-o.
29 E fez-lhe Levi um grande banquete em
sua casa; e havia ali uma multidão de publicanos e outros que estavam com eles
à mesa. 30 E os escribas e os fariseus,
murmuravam contra os seus discípulos, dizendo: Por que comeis e bebeis com
publicanos e pecadores? 31 E Jesus,
respondendo, disse-lhes: Não necessitam de médico os que estão sãos, mas, sim,
os que estão enfermos; 32 Eu não vim
chamar os justos, mas, sim, os pecadores, ao arrependimento.
Questão
do jejum
33 Disseram-lhe, então, eles: Por que jejuam os
discípulos de João muitas vezes, e fazem orações, como também os dos fariseus,
mas os teus comem e bebem? 34 E ele lhes
disse: Podeis vós fazer jejuar os amigos do esposo enquanto o esposo está com
eles? 35 Dias virão, porém, em que o
esposo lhes será tirado, e então, naqueles dias, jejuarão. 36 E disse-lhes também uma parábola: Ninguém
deita um retalho de pano novo em vestido velho, de outro modo o novo rompe o
velho e o retalho do novo não condiz com o velho. 37 E ninguém deita vinho novo em odres velhos;
de outra sorte o vinho novo romperá os odres, e entornar-se-á o vinho, e
perder-se-ão os odres; 38 Mas o vinho
novo deve deitar-se em odres novos, e ambos juntamente se conservarão. 39 E ninguém tendo bebido o velho quer o novo,
porque diz: O velho é melhor.
Comentário
Tal como na pesca – que o Evangelho
relata – as redes não se romperam, também na Igreja fundada por Jesus Cristo
cabem todos, absolutamente. O reconhecimento de Pedro – instantâneo – da sua
indignidade perante a presença do Cristo, é também a nossa quando meditamos na
grandeza de Deus perante o pouco que somos. Mas, é exactamente esse “pouco” que
o Senhor quer e por isso nos escolhe, não pelas qualidades que possamos ter mas
– atrevo-me – pelos defeitos pessoais que estamos dispostos a vencer.
O que nos faltar em coragem e
perseverança nessa luta por melhoria Ele o porá desde que nos entreguemos
confiadamente nas Suas Mãos Misericordiosas.
Como é que aqueles homens, simples
pescadores da Galileia, deixam tudo para trás e seguem Jesus? Nem fazem
qualquer pergunta porque, aliás, o Senhor já tinha esclarecido o “programa” que
preparara para eles nas palavras dirigidas a Pedro: «Não tenhas receio; de futuro, serás pescador de homens.» Receio?
Não! Não podem sentir qualquer receio mesmo que não se dêem conta da dimensão e
grandeza da missão que os espera porque têm uma garantia: aquele Senhor que os
chamava estaria com eles. Evidentemente que, como Pedro, todos deveriam
sentir-se indignos de Jesus, consideravam-se fracos e pecadores mas, nem por
isso, sentiam medo. Jesus tinha conquistado a sua inteira confiança e, se Ele os
chamava que mais poderiam fazer a não ser segui-Lo?
Pescar requer, entre outras, qualidades
de paciência e perseverança. Não são a mesma coisa. Enquanto a primeira se pode
traduzir na aceitação de resultados adversos, a segunda implica um esforço
contínuo na obtenção desses mesmos resultados. Assim no apostolado pessoal que
rarissimamente produz frutos imediatos. Eles aparecerão quando o Senhor, em
nome de Quem actuamos, assim achar oportuno.
A pesca exige qualidades e aptidões que
nem todos têm. Lembramos, hoje, uma importantíssima: A confiança! Sem esta
virtude é muito difícil resistir aos fracassos e maus resultados. Mas, o
pescador sabe que, algures no mar onde navega, o peixe existe e que, mais tarde
ou mais cedo não deixará de entrar na rede que uma e outra vez lança às águas.
Compara-se muito o apostolado pessoal com a pesca e é, de facto, uma comparação
muito real. Como dissemos, para se obterem resultados na pesca, há que insistir
com confiança no trabalho mil vezes repetido e não desistir nunca pois não é de
crer que, sem mais, o peixe salte das águas para dentro do barco. Pois também
não devemos esperar que o objecto do nosso apostolado venha subitamente, ter
connosco aceitando aquele convite que alguma vez fizemos e que não tornámos a
repetir. Será a nossa insistência sem desfalecimento nem intervalos que
produzirá os frutos que esperamos mas, atenção, tal como neste trecho do
Evangelho de São Lucas é fundamental que sigamos fielmente as instruções –
direcção espiritual – que nos vão sendo dadas por quem pode e tem autoridade
para o fazer. Entregues a uma tarefa por nosso livre alvedrio, sem direcção e
ajuda pouco ou nada conseguiremos.
São Lucas relata algo extraordinário:
Jesus estendeu a mão e tocou o leproso! Naquele tempo a lepra obrigava à
segregação radical dos que a tinham e (era uma doença bastante comum naquele
tempo) esta segregação imposta pela Lei era observada com todo o rigor. Os
circunstantes deverão ter ficados mudos de espanto ao ver o gesto do Senhor.
Não obstante, Jesus Cristo deseja que tudo fique devidamente registado e por
isso mesmo manda que o miraculado cumpra o que a Lei previa em casos de cura.
Nós pensamos que seríamos capazes de fazer o mesmo? Ultrapassar a repulsa
natural e tocar alguém na mesma situação? Bom… mas e o pecado… essa autêntica
lepra da alma que a torna tão repulsiva como a da doença, convivemos com ele
sem problema algum?
É interessante verificar que o
Evangelista tem o cuidado de mencionar a presença de fariseus e doutores da lei
na assembleia que rodeava Jesus. Talvez estivessem ali por mera curiosidade,
mas, a sua presença confere, de certo modo, uma credibilidade maior ao milagre
que Jesus irá praticar. De facto, foram eles próprios que “obrigaram” o Senhor
a curar o paralítico para que ficassem com um testemunho iniludível do Seu
poder como Deus Verdadeiro.
De forma iniludível Jesus confirma a Sua
divindade e neste caso como que a pedido dos fariseus e doutores da lei.
Podemos perguntar que mais seria necessário para que acreditassem! A verdade é
que constatam o milagre com os seus próprios olhos, mas o seu coração não quer
ver não quer aceitar a evidência. Pessoas assim não acreditam senão em si
próprias e só os seus valores ou critérios é que contam. Não são dignas de
pena? A resposta de Jesus não pode ser mais clara ou concludente. E, além
disso, na “lógica” dos planos divinos para a salvação da humanidade, perfeitamente
natural. Não parece possível que alguém não tivesse entendido as Suas palavras
ou não entendesse o Seu propósito.
Já estamos como que habituados ao
chamamento de Jesus Cristo mas, nem por isso deixa de nos impressionar a
simplicidade do desafio: «Segue-me».
Claro que não conhecemos a entoação ou enfâse com que o Senhor diria este «Segue-me» mas, a verdade, é que o que é
convidado aceita sem mais o convite deixando umas redes de pesca, um posto de
cobrança de impostos, o que for. Pensemos um pouco se, acaso, este «Segue-me» nos fosse dirigido a nós; o
que faríamos?
Uma aparente contradição? Não me parece.
Quem não quer beber o vinho novo porque o “velho é que é bom” não está disposto
a mudar de vida, mantém-se fechado ás insinuações do Espírito, conforma-se com
o que tem, acomoda-se com o que faz. É o aburguesamento, o estado terrível dos
que se consideram muito bem naquilo que fazem e sabem e se recusam a tentar
fazer outra coisa melhor e a saber mais detalhadamente as verdades da Fé. É o
comodismo dos que não querem “incomodar-se” com novos desafios, ou outras
hipóteses de vida: mudar o quê e para quê? Cumprem os “mínimos” vão á Missa ao
Domingo, procurando uma que seja breve e pouco exigente, rezam “alguma coisa”
só porque, enfim, não custa muito e sempre é melhor prevenir… São os que, nas
aflições que a vida traz, pedem, ás vezes com fervor, mas, raramente se lembram
de dar graças por tantos benefícios que o Senhor dá, nomeadamente, o dom da
vida.
(AMA, 2010)
SÃO JOSÉ
A
figura de São José no Evangelho
José
amou Jesus como um pai ama o seu filho, tratou-o dando-lhe tudo que de melhor
tinha. José, cuidando daquele Menino como lhe tinha sido ordenado, fez de Jesus
um artesão: transmitiu-lhe o seu ofício. Por isso, os vizinhos de Nazaré
falavam de Jesus chamando-lhe indistintamente «faber» e «fabri filius»: artesão
e filho do artesão. Jesus trabalhou na oficina de José e junto de José. Como
seria José, como teria actuado nele a graça, para ser capaz de levar a cabo a
tarefa de desenvolver no aspecto humano o Filho de Deus?
(São
Josemaria, Cristo que passa, 55)
REFLEXÃO
Estamos nas mãos de Deus. Todos os acontecimentos que Ele manda ou permite têm o seu
significado e estão dirigidos para nosso proveito. (...) O que Eu faço não o
entendes agora... Também a nós nos ocorre o mesmo que a Pedro: ás vezes não
compreendemos os acontecimentos que o Senhor permite: a dor, a enfermidade, a
ruína económica, a perda do posto de trabalho, a morte de um ser querido quando
estava nos começos da vida. Ele tem uns planos mais altos, que abarcam esta
vida e a felicidade eterna. Não nos vamos fiar do Senhor e da Sua providência
amorosa? Somente vamos confiar n’Ele quando os acontecimentos nos pareçam
humanamente aceitáveis? Estamos nas Suas mãos, e em nenhum outro sítio
poderíamos estar melhor. Um dia, no final da vida, o Senhor nos explicará com
pormenores o porquê de tantas coisas que aqui não entendemos, e veremos a mão
providente de Deus em tudo, até no mais insignificante. (...) Senhor, Tu sabes
mais. Em Ti me abandono. Já entenderei mais tarde.
(Francisco Fernández carvajal,
Falar com Deus, Tempo Comum, 30ª Sem., 4ª F.)
SÃO JOSEMARIA – textos
Filiação divina
Então
foi Jesus da Galileia ao Jordão ter com João, para ser baptizado por ele. E eis
uma voz do Céu, que dizia: Este é o meu Filho, o amado, no qual pus as minhas
complacências (Mt 3, 13.17). No Baptismo o Nosso Pai, Deus, tomou
posse das nossas vidas, incorporou-nos na vida de Cristo e enviou-nos o
Espírito Santo. A força e o poder de Deus iluminam a face da Terra. Faremos
arder o mundo nas chamas do fogo que vieste trazer à terra!…E a luz da Tua
verdade, ó nosso Jesus, iluminará as inteligências por dia sem fim! Ouço-Te
clamar, ó meu Rei, com a forte voz, que vibra: ignem veni mittere in terram, et quid volo nisi ut accendatur? – E
respondo, com todo o meu ser, comos meus sentidos e as minhas potências: ecce ego: quia vocasti me!Nosso Senhor
pôs-te na alma um selo indelével, por meio do Baptismo: és filho de Deus. Criança,
não ardes em desejos de fazer com que todos O amem? (Santo
Rosário, Iº mistério luminoso)