26/07/2021

NUNC COEPI: Publicações em Julho 26

 



PEQUENA AGENDA DO CRISTÃO

Segunda-Feira

 

(Coisas muito simples, curtas, objectivas)

Propósito: Sorrir; ser amável; prestar serviço.

Senhor que eu faça "boa cara" que seja alegre e transmita aos outros, principalmente em minha casa, boa disposição.

Senhor que eu sirva sem reserva de intenção de ser recompensado; servir com naturalidade; prestar pequenos ou grandes serviços a todos mesmo àqueles que nada me são. Servir fazendo o que devo sem olhar à minha pretensa “dignidade” ou “importância” “feridas” em serviço discreto ou desprovido de relevo, dando graças pela oportunidade de ser útil.

Lembrar-me: 

Sorrir, ser amável.

 


LEITURA ESPIRITUAL

 

Evangelho

 

Mt XX, 1-34

 

1 «Com efeito, o Reino do Céu é semelhante a um proprietário que saiu ao romper da manhã, a fim de contratar trabalhadores para a sua vinha. 2 Ajustou com eles um denário por dia e enviou-os para a sua vinha. 3 Saiu depois pelas nove horas, viu outros na praça, que estavam sem trabalho, 4 e disse-lhes: ‘Ide também para a minha vinha e tereis o salário que for justo.’ 5 E eles foram. Saiu de novo por volta do meio-dia e das três da tarde, e fez o mesmo. 6 Saindo pelas cinco da tarde, encontrou ainda outros que ali estavam e disse-lhes: ‘Porque ficais aqui todo o dia sem trabalhar?’ 7 Responderam-lhe: ‘É que ninguém nos contratou.’ Ele disse-lhes: ‘Ide também para a minha vinha.’ 8 Ao entardecer, o dono da vinha disse ao capataz: ‘Chama os trabalhadores e paga-lhes o salário, começando pelos últimos até aos primeiros.’ 9 Vieram os das cinco da tarde e receberam um denário cada um. 10 Vieram, por seu turno, os primeiros e julgaram que iam receber mais, mas receberam, também eles, um denário cada um. 11 Depois de o terem recebido, começaram a murmurar contra o proprietário, dizendo: 12 ‘Estes últimos só trabalharam uma hora e deste-lhes a mesma paga que a nós, que suportámos o cansaço do dia e o seu calor.’ 13 O proprietário respondeu a um deles: ‘Em nada te prejudico, meu amigo. Não foi um denário que nós ajustámos? 14 Leva, então, o que te é devido e segue o teu caminho, pois eu quero dar a este último tanto como a ti. 15 Ou não me será permitido dispor dos meus bens como eu entender? Será que tens inveja por eu ser bom?’ 16 Assim, os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos. Porque muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos.» 17 Ao subir a Jerusalém, pelo caminho, chamou à parte os Doze e disse-lhes: 18 «Vamos subir a Jerusalém e o Filho do Homem vai ser entregue aos sumos sacerdotes e aos doutores da Lei, que o vão condenar à morte. 19 Hão-de entregá-lo aos pagãos, que o vão escarnecer, açoitar e crucificar. Mas Ele ressuscitará ao terceiro dia.» 20  Aproximou-se então de Jesus a mãe dos filhos de Zebedeu, com os seus filhos, e prostrou-se diante dele para lhe fazer um pedido. 21 «Que queres?» - perguntou-lhe Ele. Ela respondeu: «Ordena que estes meus dois filhos se sentem um à tua direita e o outro à tua esquerda, no teu Reino.» 22 Jesus retorquiu: «Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que Eu estou para beber?» Eles responderam: «Podemos.» 23 Jesus replicou-lhes: «Na verdade, bebereis o meu cálice; mas, o sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não me pertence a mim concedê-lo: é para quem meu Pai o tem reservado.» 24 Ouvindo isto, os outros dez ficaram indignados com os dois irmãos. 25 Jesus chamou-os e disse-lhes: «Sabeis que os chefes das nações as governam como seus senhores, e que os grandes exercem sobre elas o seu poder. 26 Não seja assim entre vós. Pelo contrário, quem entre vós quiser fazer-se grande, seja o vosso servo; e 27 quem no meio de vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo. 28 Também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para resgatar a multidão.» 29 Quando iam a sair de Jericó, uma grande multidão seguiu Jesus. 30 Nisto, dois cegos que estavam sentados à beira da estrada, ao ouvirem dizer que Jesus ia a passar, começaram a gritar: «Senhor, Filho de David, tem misericórdia de nós!» 31 A multidão repreendia-os para os fazer calar, mas eles gritavam cada vez mais: «Senhor, Filho de David, tem misericórdia de nós!» 32 Jesus parou, chamou-os e perguntou-lhes: «Que quereis que vos faça?» 33 Responderam-lhe: «Senhor, que os nossos olhos se abram!» 34 Dominado pela compaixão, Jesus tocou-lhes nos olhos. Imediatamente recuperaram a vista e seguiram-no.

 

Comentário

 

Eis os Doze! Eis as colunas sobre as quais, Cristo construirá a Sua Igreja! Homens comuns sem grandes predicados ou instrução e, no entanto, levaram a cabo o que poderíamos apelidar “missão impossível” e, mais, completando-a gloriosamente quase todos “pagando” com a própria vida a sua ousadia. Devemos, todos os homens em geral e os cristãos em particular, uma autêntica e profunda gratidão pelo que nos deram: A Santa Igreja!

As instruções de Jesus são claras: «Ide, primeiramente, às ovelhas perdidas da casa de Israel» Parece muito lógico porque o Senhor procura: quer recuperar o que está perdido, desorientado, sem caminho seguro. Depois, sim, depois virão todos os outros de todos os lugares da terra porque por todos o Senhor deu a Sua Vida e Ressuscitou. A partir da Sua Ressurreição todos os homens serão convertidos em filhos de Deus e, então sim, têm “direito” a conhecer o Reino, a Doutrina para terem pleno acesso à Fé que salva.

Eis o Colégio Apostólico. Nome muito apropriado a estes doze homens escolhidos pessoalmente por Jesus Cristo. Apropriado porque, Ele é o Mestre que ensina e guia. Os doze são os alunos que o seguem, aprendem e põem em prática o que lhes manda.

Quando um chefe, um rei, um proprietário encomenda a alguém uma tarefa dá instruções precisas aos enviados para fazerem o que deseja e como o devem fazer. A iniciativa pessoal será sempre necessária, mas, o deveras importante, é cumprir quanto e como lhe é encomendado por quem tem o múnus ou o poder para tal. Seguramente que não será aceite um trabalho mal feito, apressadamente levado a cabo, sem empenho nem dedicação que garantam a satisfação de quem deu as ordens e instruções.
Os cristãos têm de ter bem presente que as instruções do Senhor são para cumprir sem o que correm o risco de se apresentarem julgamento final e decisivo de mãos vazias, e, aí, já será tarde demais para corrigir.

Como um excelente “director espiritual” Jesus Cristo não só dá instruções precisas de como actuar como, além disso, recomenda a postura correcta que o apóstolo deve ter. A nossa iniciativa pessoal fica assim enformada por estas instruções e não teremos que “inventar” nada para cumprirmos o que nos propomos. Vamos – todos os homens devem ir – apresentar algo que não é nosso mas do Senhor, é natural, portanto, que usemos as Suas instruções com o rigor possível e adequado a cada circunstância. Se assim procedermos, estamos certos que o nosso trabalho apostólico dará frutos.

Jesus Cristo, o Príncipe da Paz, insiste na paz interior de quem tem por missão difundir a Sua Palavra. Ninguém pode conseguir o que for se não estiver em paz consigo próprio e, esta, só se alcança quando se está absolutamente seguro de que o que se faz é bem feito, com o empenho total e a disponibilidade absoluta que Cristo pede aos Seus pastores. Homens santos, autênticos, de altar, que ponham no seu trabalho de pastores de almas estritamente o que a Igreja manda, sem acrescentar da sua lavra o que for. A Santa Igreja é de Cristo, sua Cabeça, a Doutrina é a Doutrina de Cristo e, o modo de a aplicar é seguindo com obediência e fidelidade estritas o que manda o Magistério.

Senhor, eu julgo precisar dessas coisas todas: o oiro, a prata, o vestido, o alforge o calçado…  Agarrado a tudo isto e, a tudo o mais que a minha pobre humanidade me ata, mal me sobra “cabeça” para me entregar ao que de mim esperas. E, porque esperas de mim tais coisas como se, eu, fosse alguém em que merecesse a pena confiar? Tu não me conheces, Senhor! Não sabes das minhas fraquezas, do pouco que sou! Ah!... Mas, Tu, sabes mais, esta é a verdade, e se me escolhes é porque eu terei capacidade de para corresponder. Ajuda-me, Senhor, a não defraudar a Tua confiança em mim. Serviam! Despido de coisas supérfluas, nu de roupagens excessivas e atavios desnecessários, lanço-me à tarefa que me ordenas, meto ombros aos encargos que me entregas sem me deter a considerar as minhas misérias, o pouco que sou, o nada que valho. Se o fizesse, ficaria parado, aturdido pela grandeza da tarefa para os meus fraquíssimos recursos. Não! Se me escolhes é porque me encontras préstimo; se me chamas é porque desejas que corresponda. Por isso e sem mais Te digo: Ecce ego quia vocasti me!

Não obstante ser um costume daqueles tempos - desejar a paz - e, ainda hoje ser comum sobretudo no Oriente, perdeu-se o sentido profundo do seu verdadeiro significado. Desejar a paz é a melhor coisa que podemos querer para alguém, querer a paz deveria ser o desejo de qualquer ser humano. Não esqueçamos, porém, que a paz pessoal, a paz de espírito é o bem mais precioso que podemos ambicionar porque não é possível propagar a paz à nossa volta - como é dever de todo o cristão - se nós próprios não a tivermos em nós.

Fala-se constantemente de paz, justamente por ela não estar, como deveria, instalada no mundo. A paz verdadeira, a única que nos deve interessar, é a paz de Cristo. A paz que os homens almejam não é a conseguida com a imposição, à força quer seja à mesa de negociações quer alcançada no campo de batalha. Para ter paz é preciso, antes de mais, estar pronto, disponível para não ceder sem hesitação naquilo que, em nós, não passa de capricho ou teimosia. Enquanto o não fizermos é inútil perseguir a paz porque, não a tendo em nós mesmos, jamais a alcançaremos.

Não vamos fazer apostolado carregados - por assim dizer – com inúmeras virtudes, bens, poderes. Vamos como simples cristãos confiados que o Senhor porá o que nos faltar, que, talvez seja muito, para nós, mas, para Ele, nada representa. Não esqueçamos nunca que o apostolado é um trabalho pessoal que devemos fazer, sempre em nome de Jesus Cristo e nunca nos preocupemos com a possibilidade de “não estarmos à altura da tarefa”. Ele, conhece-nos intimamente – melhor que nós próprios nos conhecemos – e, se nos incita a ser apóstolos é porque, na Sua Infinita Sabedoria, quer que o façamos. Mal fora se o apostolado estivesse reservado só aos sábios e dotados de inúmeras virtudes, não teríamos, a maior parte de nós, lugar nessa tarefa. Não esqueçamos que tudo começou com uns simples doze homens, de escassa cultura e com inúmeros defeitos e debilidades e, no entanto, o que fizeram ficou para sempre, ficará para sempre!

Tudo quanto Jesus Cristo anuncia não é um vaticínio, uma previsão, mas sim uma profecia e, como todas as profecias, há-de verificar-se palavra por palavra, tal qual sem qualquer alteração. Os profetas do A T, falavam de forma figurada, por imagens mais ou menos claras, muitas vezes algo enigmáticas. Jesus Cristo não! Revela com clareza - e até detalhe - o que acontecerá. Eles profetizavam em nome d’Ele, Ele, afirma o que sabe irá acontecer.

Parece que Jesus Cristo convida os Seus seguidores a uma vida impossível, nada atraente. De facto, ao longo dos tempos e até aos dias de hoje, tudo quanto diz se tem verificado e, às vezes, com violência e “ferocidade” tais que raiam o inumano. Não obstante, nunca faltaram seguidores – nem faltarão – alguns de forma tão completa e total que entregam as suas vidas única e exclusivamente ao Seu serviço. Será que, esta atracção que Cristo exerce sobre os que O ouvem é assim tão forte e irrecusável? Será que o prémio prometido excederá em muito o imaginável? Ambas são razões fundamentais e bastantes para justificar esse cortejo santo de homens e mulheres que seguem Cristo e vão pela vida espalhando a Sua Palavra, arrastando outros com o seu exemplo.

Porque será que, seguir Cristo, é tarefa tão difícil e, ao mesmo tempo, atraente? É possível que – como alguns defendem – o homem seja intrinsecamente mau e, portanto, seguir Jesus que É intrinsecamente Bom vai contra a sua natureza? Não! Em primeiro lugar porque o homem não é intrinsecamente mau nem nunca o poderia ser porque Deus não pode criar nada que não seja muito bom. E, depois, porque o Demónio se esforça continuamente por o afastar do caminho recto apresentando-lhe visões de felicidade pessoal que o atraem e, não poucas vezes, o arrastam. Só que o demónio não pode prometer nada porque, embora tenha um enorme poder, não pode “comandar” o futuro e, muito menos, que o que promete seja bom porque, ele, sim, é intrinsecamente mau. Por isso mesmo Cristo nos ensinou a pedir no “Pai-Nosso”: «não nos deixeis cair em tentação e livrai-nos do mal»

Não parece muito atraente a decisão de seguir Jesus se considerar-mos todas as vicissitudes que se apresentarão aos Seus fiéis seguidores. Há, no entanto, uma promessa solene que o Senhor faz: a assistência do Espírito Santo em todos os momentos, particularmente naqueles em que o perigo ou a complexidade da situação seja difícil ou mesmo impossível de “controlar”. E, como para Deus não há impossíveis e Ele nunca falta ao que promete, podemos estar descansados e em paz.

De todas a virtudes humanas a perseverança será, talvez, a mais difícil de conseguir em plenitude. Porque tem de ser diária, constante, sem pausa. Não se persevera em algo de “tempos a tempos” mas com tenaz constância como algo que nos torna iguais a nós mesmos, ao que queremos ser, ao que devemos ser. A perseverança traz consigo um cortejo de virtudes que dificilmente sobreviveriam se a não tivéssemos.

Não é próprio do cristão ter medo das consequências que possam advir por seguir Cristo. Isso, que é fácil de dizer, ganha especial relevância nos dias de hoje em que em diversas partes do mundo se manifesta, por vezes de forma brutal, o ódio a Cristo, à Sua Igreja, aos cristãos. Por aqui, na Europa, parece estarmos a salvo dessas perseguições, mas, de facto, continua e cada vez mais, a necessidade de afirmar as verdades da e agir sem receio e decididamente contra essas outras formas de ataque à Santa Igreja, à Fé e princípios cristãos que se manifestam sob a forma de leis iníquas e atentatórias da dignidade do ser humano em geral e do cristão em particular.

Jesus Cristo ”sossega” os espíritos dos que O ouvem e se sentem atraídos pela Sua doutrina mas, ante as dificuldades e obstáculos que advinham hesitam em dar o “passo decisivo”. Assegura os “cuidados” e atenção de Deus Pai por cada um dos Seus Filhos e o que, secretamente alguns tentarão dizer para os afastar ou atemorizar, se virá a saber publicamente como sendo obra do demónio, o pai da mentira. Diremos: Eu sou de Cristo! E ouviremos a Sua iniludível confirmação: E, Eu, sou Teu irmão!

Temer o demónio? Parece que é esta a recomendação de Jesus, tal como Evangelista escreve, mas o que na verdade quer dizer é que devemos ter cuidado com as tentações que, quando menos esperamos, ele insinua no nosso espírito. Já o dissemos e repetimos com absoluta segurança: o demónio não tem qualquer poder sobre nós a menos que nós próprios lho outorguemos. Nem devemos ter medo das tentações porque o Senhor prometeu que jamais consentiria que fossemos tentados além das nossas forças. Uma coisa é ter medo outra, completamente diferente, é ter cuidado e cautela redobrados, sobretudo naquelas situações ou circunstâncias em que podemos estar mais frágeis ou pouco vigilantes. No Pai-Nosso, Jesus Cristo ensinou-nos que não devemos pedir não ser tentados, mas sim força, ânimo e ajuda para não cairmos na tentação. Ah! E sabemos muito bem que quanto mais progredimos na nossa união com Cristo mais o demónio se encarniçará contra nós, por isso, tenhamos especial cuidado na vigilância e unidade de vida e, assim, estaremos a salvo.

Sem dúvida que a forma mais eficaz de não cair em tentação é evitar decididamente e sem delongas as ocasiões e circunstâncias que, bem sabemos, são propícias para que ocorram. Mais vale prevenir…

Audácia e confiança! É o que o Senhor nos pede a todos os cristãos. A história da humanidade está repleta de exemplos – que continuam um pouco por toda a parte ainda nos dias de hoje – desses muitos milhares e pessoas que escolheram não ter medo, nem receio, nem respeitos humanos, antes foram por toda a parte anunciando o Evangelho cumprindo o mandato recebido de Cristo. A Sua Igreja, continuamente regada pelo sangue destes mártires, é Santa e imperecível. A todos, nós cristãos de hoje, devemos muito, muitíssimo, a estes autênticos heróis da cristandade.

Em síntese o que o Senhor nos recomenda é critério na ordem do nosso amor, das nossas prioridades. Sempre e em qualquer circunstância, o que interessa é termos Deus em primeiro lugar e observar as condições para O seguir. Senhor: Que eu saiba ordenar bem o meu amor. Em primeiro lugar… Tu, Senhor do Céu e da Terra, Criador de todas as coisas. Todos os outros amores, por limpos, honestos, verdadeiros que sejam, ou possam parecer, devem ordenar-se a este. De Ti me vem tudo, a própria vida. Tudo, absolutamente, quanto tenho, Te pertence. Para Ti caminho, de Ti recebo a força, a inspiração, o alento para a caminhada e ainda o perdão das minhas numerosas faltas. Não guardando agravos, demonstras, a cada instante, a Tua Omnipotente Misericórdia. Peço-te, Senhor, que recebas o meu amor como se fosse o único amor que tens na terra. Assim não notarás como é pequeno, miserável... Serei feliz porque mesmo sabendo o pouco que é, como to dou todo... fico disponível para me “encher” do Teu...»

Jesus Cristo não poupa os avisos sobre as dificuldades que, os que O seguirem, hão-de encontrar. Dificuldades e obstáculos de toda a ordem muitas vezes parecendo impossíveis de superar. E, de facto, são-no para nós que nada podemos, mas, Ele não nos faltará nunca para que possamos. Este Senhor, Todo-Poderoso, promete uma recompensa por um simples copo de água dado em Seu Nome! Vale a pena, pois, perseverar e lutar sem descanso com confiança absoluta naquele que tudo pode.

A Liturgia repete, no mesmo ano, o mesmo trecho de São Mateus. Porquê? Julgo que o tema é por demais importante para que os cristãos tenham bem claro o que Ele pede aos que O seguem ou, desejam segui-lo. Não esconde nem “emoldura” a verdade, bem ao contrário, mostra as dificuldades e obstáculos que, os que optarem por esse caminho, hão-de encontrar. Mas, a verdade, é que nunca faltaram – nem faltarão jamais- homens e mulheres de todas as raças e condições sociais, que optarão por esse caminho e – atenção – não necessariamente retirados do mundo, nos claustros de um convento. Na vida corrente, podemos encontrar a cada passo pessoas que vivem no mundo, mas “não são do mundo” porque tudo quanto fazem é para honrar e dar glória Deus. São estes “alicerces” em que se apoia a santidade da Igreja de Jesus Cristo, em que nos apoiamos todos os cristãos, que nos servem e exemplo a seguir, nos animam e são, de certo modo, a garantia de que é possível viver como Deus quer que vivamos.

A vida de um cristão é uma vida de luta. Em primeiro lugar consigo próprio no esforço contínuo de fazer a Vontade de Deus. Para alguns está luta reveste-se de particular dificuldade e, até, violência, sobretudo para os que vivem em ambientes adversos onde a prática da fé requer heroicidade denodada. Temos todos a obrigação de ajudar estes muitos irmãos nossos rezando por eles e com a oferta de algum sacrifício ou privação.

O grande tema deste trecho de São Mateus é o amor. Porquê? Porque, na verdade, se trata de ordenar convenientemente o nosso amor. Se bem que todos os amores sadios, honestos, sinceros sejam de cultivar e ter em conta é fundamental ter muito claro as prioridades. Em primeiro lugar amar a Deus sem limites ou condições e, em consequência, amar o próximo. Estes dois “amores” encerram em si mesmos toda a Lei e garantem a felicidade eterna. É fácil amar a Deus? Não é, o próprio Jesus Cristo o infere nas palavras deste texto, mas, por isso mesmo, a recompensa – que na verdade não tinha porque nos dar – é de tal forma grandiosa e extraordinária que vale bem o esforço da vontade em consegui-lo.

Parece haver alguma contradição nas palavras de Jesus e o Seu “título” de PRÍNCIPE DA PAZ. Na verdade, não há porque, como nós próprios constatamos cada dia que passa é que a paz só é possível com o amor. Ora, se este amor não está devidamente ordenado, os conflitos são inevitáveis. Amar a Deus sobre todas as coisas e pessoas, com amor total e sem condições e, depois, amar os outros – todos os outros – como a nós mesmos. Só cumprindo estas “condições” da Lei de Deus, pode haver felicidade e paz.

 

(AMA, 2018)

 

São JOAQUIM e Santa ANA, pais de Nossa Senhora


 


 

REFLEXÃO

 

O princípio do amor é duplo, pois pode amar-se tanto com o sentimento como pelo que nos diz a razão. Com o sentimento, quando o homem não sabe viver sem aquilo que ama. Pela força da razão, quando ama o que o entendimento lhe diz. E nós devemos amar a Deus de ambos os modos: também com o nosso coração humano, com o afecto que queremos ás criaturas da terra.

 

(São Tomás de aquino, Comentário ao Evangelho de São Mateus, 22, 4)

 


FILOSOFIA E RELIGIÃO, VIDA HUMANA

 

Chestertoninas: Filosofia e “filosofias”

Ora, vale a pena notar que esta  (Suma Theologica) é a única filosofia construtiva. De quase todas as outras filosofias se pode dizer, com toda a verdade, que os seus adeptos procedem contrariamente ao que pensam, ou não fazem nada. Nenhum cético procede como tal, assim como não procede fatalmente nenhum fatalista. Todos, sem excepção, procedem segundo o princípio de que é possível supor o que não é possível crer. Nenhum materialista, persuadido de que as suas resoluções são obras do barro, sangue e hereditariedade, hesita em tomar as suas resoluções por si mesmo. Nenhum céptico, que crê que a verdade é subjectiva, tem nenhuma hesitação em considera-la objectiva.

Por isso a obra de Tomás de Aquino possui uma qualidade construtiva que não existe em quase nenhum dos sistemas cósmicos posteriores. Porque ele já está construindo uma casa, enquanto os especuladores mais recentes se encontram ainda na fase de experimentar os degraus de uma escada de mão, a mostrar a irremediável fragilidade dos tijolos mal cozidos, a analisar quimicamente o nível de bolha de ar, e comumente questionando até a possibilidade de fabricar as ferramentas com que se há-de construir a casa. Tomás de Aquino está muito à frente deles, muito além do que se costuma imaginar quando se diz que um homem está à frente do seu século; está séculos adiante do nosso. Lançou uma ponte sobre o abismo da primeira dúvida e encontrou a realidade para além – e sobre ela começou a edificar. A maior parte das filosofias modernas não são filosofia, mas dúvida filosófica, isto é, dúvida sobre a possibilidade de haver filosofia.”

 

(G. K. Chesterton, Santo Tomás de Aquino)

 



SÃO JOSEMARIA - textos

 

Devemos amar a Santa Missa

Luta por conseguir que o Santo Sacrifício do Altar seja o centro e a raiz da tua vida interior, de maneira que toda a jornada se converta num acto de culto – prolongamento da Missa que ouviste e preparação para a seguinte –, que vai transbordando em jaculatórias, em visitas ao Santíssimo, no oferecimento do teu trabalho profissional e da tua vida familiar... (Forja, 69)

Não compreendo como se possa viver cristãmente sem sentir a necessidade de uma amizade constante com Jesus na Palavra e no Pão, na oração e na Eucaristia. E entendo perfeitamente que, ao longo dos séculos, as sucessivas gerações de fiéis tenham vindo a concretizar essa piedade eucarística. Umas vezes com práticas multitudinárias, professando publicamente a sua fé; outras, com gestos silenciosos e calados, na sagrada paz do templo ou na intimidade do coração. Antes de mais, devemos amar a Santa Missa, que deve ser o centro do nosso dia. Se vivemos bem a Missa, como não havemos depois de continuar o resto da jornada com o pensamento no Senhor, com o desejo ardente de não nos afastarmos da sua presença, para trabalhar como Ele trabalhava e amar como Ele amava? Aprendemos então a agradecer ao Senhor essa sua outra delicadeza: não quis limitar a sua presença ao momento do Sacrifício do Altar, mas decidiu permanecer na Hóstia Santa que se reserva no Tabernáculo, no Sacrário. (Cristo que passa, n. 154)