PEQUENA AGENDA DO CRISTÃO
Segunda-Feira
(Coisas
muito simples, curtas, objectivas)
Propósito: Sorrir; ser amável; prestar serviço.
Senhor
que eu faça "boa cara" que seja alegre e transmita aos outros, principalmente
em minha casa, boa disposição.
Senhor
que eu sirva sem reserva de intenção de ser recompensado; servir com
naturalidade; prestar pequenos ou grandes serviços a todos mesmo àqueles que
nada me são. Servir fazendo o que devo sem olhar à minha pretensa “dignidade”
ou “importância” “feridas” em serviço discreto ou desprovido de relevo, dando
graças pela oportunidade de ser útil.
Lembrar-me:
Sorrir,
ser amável.
LEITURA ESPIRITUAL
Evangelho
Mt XX, 1-34
1 «Com efeito, o
Reino do Céu é semelhante a um proprietário que saiu ao romper da manhã, a fim
de contratar trabalhadores para a sua vinha. 2 Ajustou com eles um denário por
dia e enviou-os para a sua vinha. 3 Saiu depois pelas nove horas, viu outros na
praça, que estavam sem trabalho, 4 e disse-lhes: ‘Ide também para a minha vinha
e tereis o salário que for justo.’ 5 E eles foram. Saiu de novo por volta do
meio-dia e das três da tarde, e fez o mesmo. 6 Saindo pelas cinco da tarde,
encontrou ainda outros que ali estavam e disse-lhes: ‘Porque ficais aqui todo o
dia sem trabalhar?’ 7 Responderam-lhe: ‘É que ninguém nos contratou.’ Ele
disse-lhes: ‘Ide também para a minha vinha.’ 8 Ao entardecer, o dono da vinha
disse ao capataz: ‘Chama os trabalhadores e paga-lhes o salário, começando
pelos últimos até aos primeiros.’ 9 Vieram os das cinco da tarde e receberam um
denário cada um. 10 Vieram, por seu turno, os primeiros e julgaram que iam
receber mais, mas receberam, também eles, um denário cada um. 11 Depois de o
terem recebido, começaram a murmurar contra o proprietário, dizendo: 12 ‘Estes
últimos só trabalharam uma hora e deste-lhes a mesma paga que a nós, que
suportámos o cansaço do dia e o seu calor.’ 13 O proprietário respondeu a um
deles: ‘Em nada te prejudico, meu amigo. Não foi um denário que nós ajustámos?
14 Leva, então, o que te é devido e segue o teu caminho, pois eu quero dar a
este último tanto como a ti. 15 Ou não me será permitido dispor dos meus bens
como eu entender? Será que tens inveja por eu ser bom?’ 16 Assim, os últimos
serão os primeiros e os primeiros serão os últimos. Porque muitos são os
chamados, mas poucos os escolhidos.» 17 Ao subir a Jerusalém, pelo caminho,
chamou à parte os Doze e disse-lhes: 18 «Vamos subir a Jerusalém e o Filho do
Homem vai ser entregue aos sumos sacerdotes e aos doutores da Lei, que o vão
condenar à morte. 19 Hão-de entregá-lo aos pagãos, que o vão escarnecer,
açoitar e crucificar. Mas Ele ressuscitará ao terceiro dia.» 20 Aproximou-se então de Jesus a mãe dos filhos
de Zebedeu, com os seus filhos, e prostrou-se diante dele para lhe fazer um
pedido. 21 «Que queres?» - perguntou-lhe Ele. Ela respondeu: «Ordena que estes
meus dois filhos se sentem um à tua direita e o outro à tua esquerda, no teu
Reino.» 22 Jesus retorquiu: «Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que
Eu estou para beber?» Eles responderam: «Podemos.» 23 Jesus replicou-lhes: «Na
verdade, bebereis o meu cálice; mas, o sentar-se à minha direita ou à minha
esquerda não me pertence a mim concedê-lo: é para quem meu Pai o tem
reservado.» 24 Ouvindo isto, os outros dez ficaram indignados com os dois
irmãos. 25 Jesus chamou-os e disse-lhes: «Sabeis que os chefes das nações as
governam como seus senhores, e que os grandes exercem sobre elas o seu poder.
26 Não seja assim entre vós. Pelo contrário, quem entre vós quiser fazer-se
grande, seja o vosso servo; e 27 quem no meio de vós quiser ser o primeiro,
seja vosso servo. 28 Também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas
para servir e dar a sua vida para resgatar a multidão.» 29 Quando iam a sair de
Jericó, uma grande multidão seguiu Jesus. 30 Nisto, dois cegos que estavam
sentados à beira da estrada, ao ouvirem dizer que Jesus ia a passar, começaram
a gritar: «Senhor, Filho de David, tem misericórdia de nós!» 31 A multidão
repreendia-os para os fazer calar, mas eles gritavam cada vez mais: «Senhor,
Filho de David, tem misericórdia de nós!» 32 Jesus parou, chamou-os e
perguntou-lhes: «Que quereis que vos faça?» 33 Responderam-lhe: «Senhor, que os
nossos olhos se abram!» 34 Dominado pela compaixão, Jesus tocou-lhes nos olhos.
Imediatamente recuperaram a vista e seguiram-no.
Comentário
Eis os Doze! Eis as colunas sobre as quais, Cristo
construirá a Sua Igreja! Homens comuns sem grandes predicados ou instrução e,
no entanto, levaram a cabo o que poderíamos apelidar “missão impossível” e,
mais, completando-a gloriosamente quase todos “pagando” com a própria vida a
sua ousadia. Devemos, todos os homens em geral e os cristãos em particular, uma
autêntica e profunda gratidão pelo que nos deram: A Santa Igreja!
As
instruções de Jesus são claras: «Ide,
primeiramente, às ovelhas perdidas da casa de Israel» Parece muito lógico
porque o Senhor procura: quer recuperar o que está perdido, desorientado, sem
caminho seguro. Depois, sim, depois virão todos os outros de todos os lugares
da terra porque por todos o Senhor deu a Sua Vida e Ressuscitou. A partir da
Sua Ressurreição todos os homens serão convertidos em filhos de Deus e, então
sim, têm “direito” a conhecer o Reino, a Doutrina para terem pleno acesso à Fé
que salva.
Eis o Colégio Apostólico. Nome muito apropriado a
estes doze homens escolhidos pessoalmente por Jesus Cristo. Apropriado porque,
Ele é o Mestre que ensina e guia. Os doze são os alunos que o seguem, aprendem
e põem em prática o que lhes manda.
Quando um chefe, um rei, um proprietário encomenda a
alguém uma tarefa dá instruções precisas aos enviados para fazerem o que deseja
e como o devem fazer. A iniciativa pessoal será sempre necessária, mas, o
deveras importante, é cumprir quanto e como lhe é encomendado por quem tem o
múnus ou o poder para tal. Seguramente que não será aceite um trabalho mal
feito, apressadamente levado a cabo, sem empenho nem dedicação que garantam a
satisfação de quem deu as ordens e instruções.
Os cristãos têm de ter bem presente que as instruções do Senhor são para
cumprir sem o que correm o risco de se apresentarem julgamento final e decisivo
de mãos vazias, e, aí, já será tarde demais para corrigir.
Como um excelente “director espiritual” Jesus Cristo não
só dá instruções precisas de como actuar como, além disso, recomenda a postura
correcta que o apóstolo deve ter. A nossa iniciativa pessoal fica assim
enformada por estas instruções e não teremos que “inventar” nada para
cumprirmos o que nos propomos. Vamos – todos os homens devem ir – apresentar
algo que não é nosso mas do Senhor, é natural, portanto, que usemos as Suas
instruções com o rigor possível e adequado a cada circunstância. Se assim
procedermos, estamos certos que o nosso trabalho apostólico dará frutos.
Jesus Cristo, o Príncipe da Paz, insiste na paz
interior de quem tem por missão difundir a Sua Palavra. Ninguém pode conseguir
o que for se não estiver em paz consigo próprio e, esta, só se alcança quando
se está absolutamente seguro de que o que se faz é bem feito, com o empenho
total e a disponibilidade absoluta que Cristo pede aos Seus pastores. Homens
santos, autênticos, de altar, que ponham no seu trabalho de pastores de almas
estritamente o que a Igreja manda, sem acrescentar da sua lavra o que for. A Santa
Igreja é de Cristo, sua Cabeça, a Doutrina é a Doutrina de Cristo e, o modo de
a aplicar é seguindo com obediência e fidelidade estritas o que manda o
Magistério.
Senhor, eu julgo precisar dessas coisas
todas: o oiro, a prata, o vestido, o alforge o calçado… Agarrado a tudo isto e, a tudo o mais que a
minha pobre humanidade me ata, mal me sobra “cabeça” para me entregar ao que de
mim esperas. E, porque esperas de mim tais coisas como se, eu, fosse alguém em
que merecesse a pena confiar? Tu não me conheces, Senhor! Não sabes das minhas
fraquezas, do pouco que sou! Ah!... Mas, Tu, sabes mais, esta é a verdade, e se
me escolhes é porque eu terei capacidade de para corresponder. Ajuda-me,
Senhor, a não defraudar a Tua confiança em mim. Serviam! Despido de coisas supérfluas, nu de roupagens
excessivas e atavios desnecessários, lanço-me à tarefa que me ordenas, meto
ombros aos encargos que me entregas sem me deter a considerar as minhas
misérias, o pouco que sou, o nada que valho. Se o fizesse, ficaria parado, aturdido
pela grandeza da tarefa para os meus fraquíssimos recursos. Não! Se me escolhes
é porque me encontras préstimo; se me chamas é porque desejas que corresponda.
Por isso e sem mais Te digo: Ecce ego quia vocasti me!
Não obstante ser um costume daqueles
tempos - desejar a paz - e, ainda hoje ser comum sobretudo no Oriente,
perdeu-se o sentido profundo do seu verdadeiro significado. Desejar a paz é a
melhor coisa que podemos querer para alguém, querer a paz deveria ser o desejo
de qualquer ser humano. Não esqueçamos, porém, que a paz pessoal, a paz de
espírito é o bem mais precioso que podemos ambicionar porque não é possível
propagar a paz à nossa volta - como é dever de todo o cristão - se nós próprios
não a tivermos em nós.
Fala-se constantemente de paz,
justamente por ela não estar, como deveria, instalada no mundo. A paz
verdadeira, a única que nos deve interessar, é a paz de Cristo. A paz que os
homens almejam não é a conseguida com a imposição, à força quer seja à mesa de
negociações quer alcançada no campo de batalha. Para ter paz é preciso, antes
de mais, estar pronto, disponível para não ceder sem hesitação naquilo que, em
nós, não passa de capricho ou teimosia. Enquanto o não fizermos é inútil
perseguir a paz porque, não a tendo em nós mesmos, jamais a alcançaremos.
Não vamos fazer apostolado carregados - por assim dizer –
com inúmeras virtudes, bens, poderes. Vamos como simples cristãos confiados que
o Senhor porá o que nos faltar, que, talvez seja muito, para nós, mas, para
Ele, nada representa. Não esqueçamos nunca que o apostolado é um trabalho
pessoal que devemos fazer, sempre em nome de Jesus Cristo e nunca nos
preocupemos com a possibilidade de “não estarmos à altura da tarefa”. Ele,
conhece-nos intimamente – melhor que nós próprios nos conhecemos – e, se nos
incita a ser apóstolos é porque, na Sua Infinita Sabedoria, quer que o façamos.
Mal fora se o apostolado estivesse reservado só aos sábios e dotados de
inúmeras virtudes, não teríamos, a maior parte de nós, lugar nessa tarefa. Não
esqueçamos que tudo começou com uns simples doze homens, de escassa cultura e
com inúmeros defeitos e debilidades e, no entanto, o que fizeram ficou para
sempre, ficará para sempre!
Tudo quanto Jesus Cristo anuncia não é um vaticínio,
uma previsão, mas sim uma profecia e, como todas as profecias, há-de
verificar-se palavra por palavra, tal qual sem qualquer alteração. Os profetas
do A T, falavam de forma figurada, por imagens mais ou menos claras, muitas
vezes algo enigmáticas. Jesus Cristo não! Revela com clareza - e até detalhe -
o que acontecerá. Eles profetizavam em nome d’Ele, Ele, afirma o que sabe irá
acontecer.
Parece que Jesus Cristo convida os Seus seguidores a uma
vida impossível, nada atraente. De facto, ao longo dos tempos e até aos dias de
hoje, tudo quanto diz se tem verificado e, às vezes, com violência e
“ferocidade” tais que raiam o inumano. Não obstante, nunca faltaram seguidores
– nem faltarão – alguns de forma tão completa e total que entregam as suas
vidas única e exclusivamente ao Seu serviço. Será que, esta atracção que Cristo
exerce sobre os que O ouvem é assim tão forte e irrecusável? Será que o prémio
prometido excederá em muito o imaginável? Ambas são razões fundamentais e
bastantes para justificar esse cortejo santo de homens e mulheres que seguem
Cristo e vão pela vida espalhando a Sua Palavra, arrastando outros com o seu
exemplo.
Porque será que, seguir Cristo, é tarefa tão difícil
e, ao mesmo tempo, atraente? É possível que – como alguns defendem – o homem
seja intrinsecamente mau e, portanto, seguir Jesus que É intrinsecamente Bom
vai contra a sua natureza? Não! Em primeiro lugar porque o homem não é
intrinsecamente mau nem nunca o poderia ser porque Deus não pode criar nada que
não seja muito bom. E, depois, porque o Demónio se esforça continuamente por o
afastar do caminho recto apresentando-lhe visões de felicidade pessoal que o
atraem e, não poucas vezes, o arrastam. Só que o demónio não pode prometer nada
porque, embora tenha um enorme poder, não pode “comandar” o futuro e, muito
menos, que o que promete seja bom porque, ele, sim, é intrinsecamente mau. Por
isso mesmo Cristo nos ensinou a pedir no “Pai-Nosso”: «não nos deixeis cair em tentação e livrai-nos do mal»
Não parece muito atraente a decisão de seguir Jesus se
considerar-mos todas as vicissitudes que se apresentarão aos Seus fiéis
seguidores. Há, no entanto, uma promessa solene que o Senhor faz: a assistência
do Espírito Santo em todos os momentos, particularmente naqueles em que o
perigo ou a complexidade da situação seja difícil ou mesmo impossível de
“controlar”. E, como para Deus não há impossíveis e Ele nunca falta ao que
promete, podemos estar descansados e em paz.
De todas a virtudes humanas a perseverança será, talvez,
a mais difícil de conseguir em plenitude. Porque tem de ser diária, constante,
sem pausa. Não se persevera em algo de “tempos a tempos” mas com tenaz
constância como algo que nos torna iguais a nós mesmos, ao que queremos ser, ao
que devemos ser. A perseverança traz consigo um cortejo de virtudes que
dificilmente sobreviveriam se a não tivéssemos.
Não é próprio do cristão ter medo das consequências
que possam advir por seguir Cristo. Isso, que é fácil de dizer, ganha especial
relevância nos dias de hoje em que em diversas partes do mundo se manifesta,
por vezes de forma brutal, o ódio a Cristo, à Sua Igreja, aos cristãos. Por
aqui, na Europa, parece estarmos a salvo dessas perseguições, mas, de facto,
continua e cada vez mais, a necessidade de afirmar as verdades da Fé e
agir sem receio e decididamente contra essas outras formas de ataque à Santa
Igreja, à Fé e princípios cristãos que se manifestam sob a forma de leis
iníquas e atentatórias da dignidade do ser humano em geral e do cristão em
particular.
Jesus Cristo ”sossega” os espíritos dos que O
ouvem e se sentem atraídos pela Sua doutrina mas, ante as dificuldades e
obstáculos que advinham hesitam em dar o “passo decisivo”. Assegura os
“cuidados” e atenção de Deus Pai por cada um dos Seus Filhos e o que,
secretamente alguns tentarão dizer para os afastar ou atemorizar, se virá a
saber publicamente como sendo obra do demónio, o pai da mentira. Diremos: Eu
sou de Cristo! E ouviremos a Sua iniludível confirmação: E, Eu, sou Teu irmão!
Temer
o demónio? Parece que é esta a recomendação de Jesus, tal como Evangelista
escreve, mas o que na verdade quer dizer é que devemos ter cuidado com as
tentações que, quando menos esperamos, ele insinua no nosso espírito. Já o
dissemos e repetimos com absoluta segurança: o demónio não tem qualquer poder
sobre nós a menos que nós próprios lho outorguemos. Nem devemos ter medo das
tentações porque o Senhor prometeu que jamais consentiria que fossemos tentados
além das nossas forças. Uma coisa é ter medo outra, completamente diferente, é
ter cuidado e cautela redobrados, sobretudo naquelas situações ou
circunstâncias em que podemos estar mais frágeis ou pouco vigilantes. No
Pai-Nosso, Jesus Cristo ensinou-nos que não devemos pedir não ser tentados, mas
sim força, ânimo e ajuda para não cairmos na tentação. Ah! E sabemos muito bem
que quanto mais progredimos na nossa união com Cristo mais o demónio se
encarniçará contra nós, por isso, tenhamos especial cuidado na vigilância e
unidade de vida e, assim, estaremos a salvo.
Sem
dúvida que a forma mais eficaz de não cair em tentação é evitar decididamente e
sem delongas as ocasiões e circunstâncias que, bem sabemos, são propícias para
que ocorram. Mais vale prevenir…
Audácia e confiança! É o que o Senhor nos pede a todos os
cristãos. A história da humanidade está repleta de exemplos – que continuam um
pouco por toda a parte ainda nos dias de hoje – desses muitos milhares e
pessoas que escolheram não ter medo, nem receio, nem respeitos humanos, antes
foram por toda a parte anunciando o Evangelho cumprindo o mandato recebido de
Cristo. A Sua Igreja, continuamente regada pelo sangue destes mártires, é Santa
e imperecível. A todos, nós cristãos de hoje, devemos muito, muitíssimo, a
estes autênticos heróis da cristandade.
Em
síntese o que o Senhor nos recomenda é critério na ordem do nosso amor, das
nossas prioridades. Sempre e em qualquer circunstância, o que interessa é
termos Deus em primeiro lugar e observar as condições para O seguir. Senhor:
Que eu saiba ordenar bem o meu amor. Em primeiro lugar… Tu, Senhor do Céu e da
Terra, Criador de todas as coisas. Todos os outros amores, por limpos,
honestos, verdadeiros que sejam, ou possam parecer, devem ordenar-se a este. De
Ti me vem tudo, a própria vida. Tudo, absolutamente, quanto tenho, Te pertence.
Para Ti caminho, de Ti recebo a força, a inspiração, o alento para a caminhada
e ainda o perdão das minhas numerosas faltas. Não guardando agravos,
demonstras, a cada instante, a Tua Omnipotente Misericórdia. Peço-te, Senhor, que recebas o meu amor como se fosse o
único amor que tens na terra. Assim não notarás como é pequeno, miserável...
Serei feliz porque mesmo sabendo o pouco que é, como to dou todo... fico
disponível para me “encher” do Teu...»
Jesus
Cristo não poupa os avisos sobre as dificuldades que, os que O seguirem, hão-de
encontrar. Dificuldades e obstáculos de toda a ordem muitas vezes parecendo
impossíveis de superar. E, de facto, são-no para nós que nada podemos, mas, Ele
não nos faltará nunca para que possamos. Este Senhor, Todo-Poderoso, promete
uma recompensa por um simples copo de água dado em Seu Nome! Vale a pena, pois,
perseverar e lutar sem descanso com confiança absoluta naquele que tudo pode.
A Liturgia repete, no mesmo ano, o mesmo trecho de São
Mateus. Porquê? Julgo que o tema é por demais importante para que os cristãos
tenham bem claro o que Ele pede aos que O seguem ou, desejam segui-lo. Não
esconde nem “emoldura” a verdade, bem ao contrário, mostra as dificuldades e
obstáculos que, os que optarem por esse caminho, hão-de encontrar. Mas, a
verdade, é que nunca faltaram – nem faltarão jamais- homens e mulheres de todas
as raças e condições sociais, que optarão por esse caminho e – atenção – não
necessariamente retirados do mundo, nos claustros de um convento. Na vida
corrente, podemos encontrar a cada passo pessoas que vivem no mundo, mas “não
são do mundo” porque tudo quanto fazem é para honrar e dar glória Deus. São
estes “alicerces” em que se apoia a santidade da Igreja de Jesus Cristo, em que
nos apoiamos todos os cristãos, que nos servem e exemplo a seguir, nos animam e
são, de certo modo, a garantia de que é possível viver como Deus quer que
vivamos.
A vida de um cristão é uma vida de luta. Em primeiro
lugar consigo próprio no esforço contínuo de fazer a Vontade de Deus. Para
alguns está luta reveste-se de particular dificuldade e, até, violência,
sobretudo para os que vivem em ambientes adversos onde a prática da fé requer
heroicidade denodada. Temos todos a obrigação de ajudar estes muitos irmãos
nossos rezando por eles e com a oferta de algum sacrifício ou privação.
O grande tema deste trecho de São Mateus é o amor.
Porquê? Porque, na verdade, se trata de ordenar convenientemente o nosso amor.
Se bem que todos os amores sadios, honestos, sinceros sejam de cultivar e ter
em conta é fundamental ter muito claro as prioridades. Em primeiro lugar amar a
Deus sem limites ou condições e, em consequência, amar o próximo. Estes dois
“amores” encerram em si mesmos toda a Lei e garantem a felicidade eterna. É
fácil amar a Deus? Não é, o próprio Jesus Cristo o infere nas palavras deste
texto, mas, por isso mesmo, a recompensa – que na verdade não tinha porque nos
dar – é de tal forma grandiosa e extraordinária que vale bem o esforço da
vontade em consegui-lo.
Parece haver alguma contradição nas palavras de Jesus e o
Seu “título” de PRÍNCIPE DA PAZ. Na verdade, não há porque, como nós
próprios constatamos cada dia que passa é que a paz só é possível com o amor.
Ora, se este amor não está devidamente ordenado, os conflitos são inevitáveis.
Amar a Deus sobre todas as coisas e pessoas, com amor total e sem condições e,
depois, amar os outros – todos os outros – como a nós mesmos. Só cumprindo
estas “condições” da Lei de Deus, pode haver felicidade e paz.
(AMA, 2018)
REFLEXÃO
O
princípio do amor é duplo, pois pode amar-se tanto com o sentimento como pelo
que nos diz a razão. Com o sentimento, quando o homem não sabe viver sem aquilo
que ama. Pela força da razão, quando ama o que o entendimento lhe diz. E nós
devemos amar a Deus de ambos os modos: também com o nosso coração humano, com o
afecto que queremos ás criaturas da terra.
(São
Tomás de aquino, Comentário ao
Evangelho de São Mateus, 22, 4)
FILOSOFIA E RELIGIÃO,
VIDA HUMANA
Chestertoninas:
Filosofia e “filosofias”
Ora,
vale a pena notar que esta (Suma
Theologica) é a única filosofia construtiva. De quase todas as outras
filosofias se pode dizer, com toda a verdade, que os seus adeptos procedem
contrariamente ao que pensam, ou não fazem nada. Nenhum cético procede como
tal, assim como não procede fatalmente nenhum fatalista. Todos, sem excepção,
procedem segundo o princípio de que é possível supor o que não é possível crer.
Nenhum materialista, persuadido de que as suas resoluções são obras do barro,
sangue e hereditariedade, hesita em tomar as suas resoluções por si mesmo.
Nenhum céptico, que crê que a verdade é subjectiva, tem nenhuma hesitação em
considera-la objectiva.
Por
isso a obra de Tomás de Aquino possui uma qualidade construtiva que não existe
em quase nenhum dos sistemas cósmicos posteriores. Porque ele já está
construindo uma casa, enquanto os especuladores mais recentes se encontram
ainda na fase de experimentar os degraus de uma escada de mão, a mostrar a
irremediável fragilidade dos tijolos mal cozidos, a analisar quimicamente o
nível de bolha de ar, e comumente questionando até a possibilidade de fabricar
as ferramentas com que se há-de construir a casa. Tomás de Aquino está muito à
frente deles, muito além do que se costuma imaginar quando se diz que um homem
está à frente do seu século; está séculos adiante do nosso. Lançou uma ponte
sobre o abismo da primeira dúvida e encontrou a realidade para além – e sobre
ela começou a edificar. A maior parte das filosofias modernas não são
filosofia, mas dúvida filosófica, isto é, dúvida sobre a possibilidade de haver
filosofia.”
(G.
K. Chesterton, Santo Tomás de Aquino)
SÃO JOSEMARIA - textos
Devemos
amar a Santa Missa
Luta por conseguir que o
Santo Sacrifício do Altar seja o centro e a raiz da tua vida interior, de
maneira que toda a jornada se converta num acto de culto – prolongamento da
Missa que ouviste e preparação para a seguinte –, que vai transbordando em
jaculatórias, em visitas ao Santíssimo, no oferecimento do teu trabalho
profissional e da tua vida familiar... (Forja, 69)
Não compreendo como se possa
viver cristãmente sem sentir a necessidade de uma amizade constante com Jesus
na Palavra e no Pão, na oração e na Eucaristia. E entendo perfeitamente que, ao
longo dos séculos, as sucessivas gerações de fiéis tenham vindo a concretizar
essa piedade eucarística. Umas vezes com práticas multitudinárias, professando
publicamente a sua fé; outras, com gestos silenciosos e calados, na sagrada paz
do templo ou na intimidade do coração. Antes de mais, devemos amar a Santa
Missa, que deve ser o centro do nosso dia. Se vivemos bem a Missa, como não
havemos depois de continuar o resto da jornada com o pensamento no Senhor, com
o desejo ardente de não nos afastarmos da sua presença, para trabalhar como Ele
trabalhava e amar como Ele amava? Aprendemos então a agradecer ao Senhor essa
sua outra delicadeza: não quis limitar a sua presença ao momento do Sacrifício
do Altar, mas decidiu permanecer na Hóstia Santa que se reserva no Tabernáculo,
no Sacrário. (Cristo que passa, n. 154)
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