PEQUENA AGENDA DO CRISTÃO
Terça-Feira
(Coisas
muito simples, curtas, objectivas)
Propósito: Aplicação no trabalho.
Senhor,
ajuda-me a fazer o que devo, quando devo, empenhando-me em fazê-lo bem feito
para to poder oferecer.
Lembrar-me: Os que estão sem trabalho.
Senhor,
lembra-te de tantos e tantas que procuram trabalho e não o encontram, provê às
suas necessidades, dá-lhes esperança e confiança.
Pequeno
exame: Cumpri o propósito que me propus
ontem?
LEITURA ESPIRITUAL
Evangelho
Lc XVIII, 1-43
Parábola do juíz e
da viúva
1 Depois, disse-lhes uma
parábola sobre a obrigação de orar sempre, sem desfalecer: 2 «Em certa cidade,
havia um juiz que não temia a Deus nem respeitava os homens. 3 Naquela cidade
vivia também uma viúva que ia ter com ele e lhe dizia: ‘Faz-me justiça contra o
meu adversário.’ 4 Durante muito tempo, o juiz recusou-se a atendê-la; mas, um
dia, disse consigo: ‘Embora eu não tema a Deus nem respeite os homens, 5
contudo, já que esta viúva me incomoda, vou fazer-lhe justiça, para que me
deixe de vez e não volte a importunar-me.’» 6 E o Senhor continuou: «Reparai no
que diz este juiz iníquo. 7 E Deus não fará justiça aos seus eleitos, que a Ele
clamam dia e noite, e há-de fazê-los esperar? 8 Eu vos digo que lhes vai fazer
justiça prontamente. Mas, quando o Filho do Homem voltar, encontrará a fé sobre
a terra?»
O fariseu e o
publicano
9 Disse também a seguinte
parábola, a respeito de alguns que confiavam muito em si mesmos, tendo-se por
justos e desprezando os demais: 10 «Dois homens subiram ao templo para orar: um
era fariseu e o outro, cobrador de impostos. 11 O fariseu, de pé, fazia
interiormente esta oração: ‘Ó Deus, dou-te graças por não ser como o resto dos
homens, que são ladrões, injustos, adúlteros; nem como este cobrador de
impostos. 12 Jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de tudo quanto
possuo.’ 13 O cobrador de impostos, mantendo-se à distância, nem sequer ousava
levantar os olhos ao céu; mas batia no peito, dizendo: ‘Ó Deus, tem piedade de
mim, que sou pecador.’ 14 Digo-vos: Este voltou justificado para sua casa, e o
outro não. Porque todo aquele que se exalta será humilhado, e quem se humilha
será exaltado.»
Jesus e as
crianças
15 Apresentavam-lhe também
as criancinhas, para que Ele lhes tocasse. Vendo isso, os discípulos
repreenderam-nos. 16 Mas Jesus chamou-os a si, dizendo: «Deixai vir a mim os
pequeninos; não os impeçais, pois deles é o Reino de Deus. 17 Em verdade vos
digo: quem não receber o Reino de Deus como um pequenino, não entrará nele.»
O jovem rico,
perigo das riquezas
18 Certo chefe perguntou-lhe,
então: «Bom Mestre, que hei-de fazer para alcançar a vida eterna?» 19
Respondeu-lhe Jesus: «Porque me chamas bom? Ninguém é bom senão Deus. 20 Tu
sabes os mandamentos: Não cometerás adultério, não matarás, não roubarás, não
levantarás falso testemunho; honra teu pai e tua mãe.» 21 Ele retorquiu: «Tudo
isso tenho cumprido desde a minha juventude.» 22 Ouvindo isto, Jesus disse-lhe:
«Ainda te falta uma coisa: vende tudo o que tens, distribui o dinheiro pelos
pobres e terás um tesouro no Céu. Depois, vem e segue-me.» 23 Quando isto
ouviu, ele entristeceu-se, pois era muito rico. 24 Vendo-o assim, Jesus
exclamou: «Como é difícil para os que têm riquezas entrar no Reino de Deus! 25
Sim, é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico
entrar no Reino de Deus!» 26 Os que o ouviram disseram: «Então, quem pode
salvar-se?» 27 Jesus respondeu: «O que é impossível aos homens é possível a
Deus.»
Recompensa dos que
seguem Jesus
28 Disse-lhe Pedro: «Nós
deixámos os próprios bens e seguimos-te.» 29 Ele disse-lhes: «Em verdade vos
digo: Não há ninguém que tenha deixado casa, mulher, irmãos, pais ou filhos,
por causa do Reino de Deus, 30 que não receba muito mais no tempo presente e,
no tempo que há-de vir, a vida eterna.»
Nova profecia da
Paixão
31 Tomando os Doze consigo,
Jesus disse-lhes: «Olhai, subimos agora a Jerusalém e vai cumprir-se tudo o que
foi escrito pelos profetas acerca do Filho do Homem: 32 vai ser entregue aos
gentios, vai ser escarnecido, maltratado e coberto de escarros; 33 e, depois de
o açoitarem, vão dar-lhe a morte. Mas, ao terceiro dia, ressuscitará.» 34 Eles,
porém, nada disto entenderam. Aquela linguagem era incompreensível para eles, e
não entendiam o que lhes dizia.
Cura do cego de
Jericó
35 Quando se aproximavam de
Jericó, estava um cego sentado a pedir esmola à beira do caminho. 36 Ouvindo a
multidão que passava, perguntou o que era aquilo. 37 Disseram-lhe que era Jesus
de Nazaré que ia a passar. 38 Então, bradou: «Jesus, Filho de David, tem
misericórdia de mim!» 39 Os que iam à frente repreendiam-no, para que se
calasse. Mas ele gritava cada vez mais: «Filho de David, tem misericórdia de
mim!» 40 Jesus parou e mandou que lho trouxessem. Quando o cego se aproximou,
perguntou-lhe: 41 «Que queres que te faça?» Respondeu: «Senhor, que eu veja!»
42 Jesus disse-lhe: «Vê. A tua fé te salvou.» 43 Naquele mesmo instante,
recobrou a vista e seguia-o, glorificando a Deus. E todo o povo, ao ver isto,
deu louvores a Deus.
Comentário
Como
diz o evangelista, a parábola destina-se a reforçar a obrigação de orar sempre, sem desfalecer. O exemplo que o Senhor
dá nesta parábola não precisa de explicação, qualquer um sabe muito bem que a
perseverança é a “chave” para se conseguir o que se pretende. O que pretendem,
pois, os cristãos? Qual é a sua principal e primeira preocupação, o seu
objectivo último? Evidentemente, a Salvação Eterna! Então…
À
perseverança podemos, sem medo, chamar teimosia? Penso que nada tem de
pejorativo porque, na realidade, tanto se persevera praticando o mal como
fazendo o bem. Os fins são, evidentemente diferentes e será sempre necessário
teimar, insistir, voltar uma e outra vez até se conseguir o se deseja. O que
pedimos ou o desejamos com todo o nosso coração e as nossas forças ou, então,
deixará de haver motivo para “incomodar” o Senhor. Falando com palavras
humanas, o coração de Deus move-se pelo amor e, este, quando expresso com firme
veemência e persistência confiada, não pode senão bater com mais força à porta
daquele Coração Amantíssimo.
Ter-se
a si mesmo em boa conta ou, até, motivo de admiração dos outros, é uma vaidade
pessoal que não tem nem fundamento nem possível aceitação seja por quem for. O
vaidoso – auto-convencido – vai pela vida sozinho com a sua empáfia e nem
repara nos outros que o rodeiam ou com quem se cruza nos caminhos da vida. Vive
de si mesmo, do que julga saber e possuir, e isto é suficiente. É uma figura
triste e digna de pena porque, afinal, não se dá conta que todos os homens
temos uma mesma dignidade, que não obtemos nem conseguimos, mas que Deus nos
deu a todos por igual: Sermos Seus Filhos!
A
humildade pessoal é das virtudes talvez a mais difícil de alcançar. Parece que
a tendência do homem é para se sublimar e julgar-se com benevolência, ou então
para se considerar sem qualquer valor ou mérito pessoal, ambos sem grande
preocupação por ser correcto e justo. Os dois personagens que, neste trecho São
Lucas, Jesus Cristo coloca à nossa consideração parecem estar em posições
diametralmente opostas mas, a verdade, é que me parece que têm, pelo menos, um
ponto em comum: ambos não têm em conta a Quem se dirigem na sua oração. O
Fariseu porque não realiza que Deus Nosso Senhor é Infinitamente Justo e que,
portanto, não vale a pena referir as obras que pensa merecerem recompensa. O
Publicano porque não percebe que o Senhor quer igualmente a todos os homens
porque todos são Seus filhos. Claro que, no fim, as palavras de Jesus são o
“corolário” justíssimo: «Todo aquele que
se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado.»
Termina
o capítulo 18 do Evangelho escrito por São Lucas e, pode dizer-se que termina
com “chave de ouro”. De facto, a cena relatada, é de excepcional importância
para compreendermos bem quanto vale a insistência na oração, removendo
obstáculos que possam surgir ou, até, impedimentos levantados por outros que
acharão “excessivo” o empenho. O prémio é extraordinário e ultrapassa tudo
quanto se pede. Este cego recupera a vista, o que pedia em altos brados, mas,
sobretudo, por causa da sua insistência, consegue um bem muito maior: a
Salvação!
Quando
na verdade desejamos algo que não só nos faz falta mas pode mudar radicalmente
a nossa vida, empenhamo-nos a sério, com persistência e sem receio de ser
incómodo em conseguir o que aspiramos. É o que faz com este cego que esta cena
evangélica nos relata. A sua necessidade é tal que pede aos gritos, numa
esperança incontida, que, Jesus que passa no caminho o oiça. O que pede?
Misericórdia daquele Jesus que, ele sabe, opera milagres, e demonstra a cada
passo uma misericórdia sem limites. E na resposta a Jesus que o interpela, não
se perde em divagações ou louvaminhas destinadas a comover o Coração de Cristo.
Simplesmente, com a maior franqueza e convicção diz o que quer: «Senhor, que eu veja!». É assim que deve ser a nossa
petição: perseverante e simples. Perseverante para “convencer” o Senhor da
nossa fé, simples, porque Ele sabe muito bem o que necessitamos.
(AMA,
1999)
SANTÍSSIMA VIRGEM
Oração mariana
Nos
perigos, nas angústias, em todos os momentos de dúvida, pensa em Maria, invoca
Maria. Que este nome sagrado não se afaste do teu coração e não falte jamais
nos teus lábios. Seguindo esta Estrela, não te desviarás. Se a invocares com
humildade, não desesperarás. Se pensares em Maria, não errarás. Se ela estiver
contigo, não cairás. Se te proteger, nada temerás. Com ela, como guia, não te
fatigarás. Se te for propícia, chegarás à meta, firme e seguro. Quem quer que
sejas, sacudido pelo vendaval das tempestades deste mundo, sentindo a terra
como um mar devorador, não afastes os olhos do fulgor desta Estrela. Quando
soprar o vento tempestuoso e traiçoeiro da tentação, quando te sentires batido
contra os escolhos perigosos da tribulação, olha para a Estrela e invoca Maria.
Se te açoitarem as ondas da soberba, da inveja, da maledicência, olha para a
Estrela, invoca Maria. Quando sentires a ira, a avareza, a carne e a tristeza
tentarem fazer soçobrar a barquinha frágil de tua alma, olha para a Estrela,
invoca Maria…
(São
Bernardo de Claraval)
REFLEXÃO
Procurai
viver as virtudes que, segundo julgais, faltam aos vossos irmãos e já não
vereis os seus defeitos, porque não os tereis vós.
(Santo Agostinho, Enarrationes in Psalmos, 30, 2, 7)
SÃO JOSEMARIA – textos
A oração deve enraizar-se na alma
A
verdadeira oração, a que absorve todo o indivíduo, não a favorece tanto a
solidão do deserto como o recolhimento interior. (Sulco, 460)
O
caminho que conduz à santidade é o caminho da oração; e a oração deve
enraizar-se pouco a pouco na alma, como a pequena semente que se tornará mais
tarde árvore frondosa. Começamos com orações vocais, que muitos de nós
repetimos desde crianças: são frases ardentes e simples, dirigidas a Deus e à
Sua Mãe, que é nossa Mãe. De manhã e à tarde, não um dia, mas habitualmente,
ainda renovo aquele oferecimento que os meus pais me ensinaram: Ó Senhora
minha, ó minha mãe, eu me ofereço todo a Vós. E, em prova da minha devoção para
convosco, Vos consagro neste dia os meus olhos, os meus ouvidos, a minha boca,
o meu coração... Não será isto, de algum modo, um princípio de contemplação,
uma demonstração evidente de confiante abandono? Que dizem aqueles que se
querem, quando se encontram? Como se comportam? Sacrificam tudo o que são e
tudo o que possuem pela pessoa que amam. Primeiro uma jaculatória, e depois
outra e outra... Até que parece insuficiente esse fervor, porque as palavras se
tornam pobres...: e abrem-se as portas à intimidade divina, com os olhos postos
em Deus sem descanso e sem cansaço. Vivemos então como cativos, como
prisioneiros. Enquanto realizamos com a maior perfeição possível, dentro dos
nossos erros e limitações, as tarefas próprias da nossa condição e do nosso
ofício, a alma anseia escapar-se. Vai até Deus como o ferro atraído pela força
do íman. Começa-se a amar Jesus de forma mais eficaz, com um doce sobressalto. (Amigos
de Deus, 295–296)