17/08/2021

NUNC COEPI: Publicações em Agosto 17

 


PEQUENA AGENDA DO CRISTÃO

Terça-Feira 

(Coisas muito simples, curtas, objectivas)

 

Propósito: Aplicação no trabalho.

Senhor, ajuda-me a fazer o que devo, quando devo, empenhando-me em fazê-lo bem feito para to poder oferecer.

Lembrar-me: Os que estão sem trabalho.

Senhor, lembra-te de tantos e tantas que procuram trabalho e não o encontram, provê às suas necessidades, dá-lhes esperança e confiança.

Pequeno exame: Cumpri o propósito que me propus ontem?




LEITURA ESPIRITUAL

 

Evangelho

 

Lc XVIII, 1-43

 

Parábola do juíz e da viúva

1 Depois, disse-lhes uma parábola sobre a obrigação de orar sempre, sem desfalecer: 2 «Em certa cidade, havia um juiz que não temia a Deus nem respeitava os homens. 3 Naquela cidade vivia também uma viúva que ia ter com ele e lhe dizia: ‘Faz-me justiça contra o meu adversário.’ 4 Durante muito tempo, o juiz recusou-se a atendê-la; mas, um dia, disse consigo: ‘Embora eu não tema a Deus nem respeite os homens, 5 contudo, já que esta viúva me incomoda, vou fazer-lhe justiça, para que me deixe de vez e não volte a importunar-me.’» 6 E o Senhor continuou: «Reparai no que diz este juiz iníquo. 7 E Deus não fará justiça aos seus eleitos, que a Ele clamam dia e noite, e há-de fazê-los esperar? 8 Eu vos digo que lhes vai fazer justiça prontamente. Mas, quando o Filho do Homem voltar, encontrará a fé sobre a terra?»

 

O fariseu e o publicano

9 Disse também a seguinte parábola, a respeito de alguns que confiavam muito em si mesmos, tendo-se por justos e desprezando os demais: 10 «Dois homens subiram ao templo para orar: um era fariseu e o outro, cobrador de impostos. 11 O fariseu, de pé, fazia interiormente esta oração: ‘Ó Deus, dou-te graças por não ser como o resto dos homens, que são ladrões, injustos, adúlteros; nem como este cobrador de impostos. 12 Jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de tudo quanto possuo.’ 13 O cobrador de impostos, mantendo-se à distância, nem sequer ousava levantar os olhos ao céu; mas batia no peito, dizendo: ‘Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador.’ 14 Digo-vos: Este voltou justificado para sua casa, e o outro não. Porque todo aquele que se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado.»

 

Jesus e as crianças

15 Apresentavam-lhe também as criancinhas, para que Ele lhes tocasse. Vendo isso, os discípulos repreenderam-nos. 16 Mas Jesus chamou-os a si, dizendo: «Deixai vir a mim os pequeninos; não os impeçais, pois deles é o Reino de Deus. 17 Em verdade vos digo: quem não receber o Reino de Deus como um pequenino, não entrará nele.»

 

O jovem rico, perigo das riquezas

18 Certo chefe perguntou-lhe, então: «Bom Mestre, que hei-de fazer para alcançar a vida eterna?» 19 Respondeu-lhe Jesus: «Porque me chamas bom? Ninguém é bom senão Deus. 20 Tu sabes os mandamentos: Não cometerás adultério, não matarás, não roubarás, não levantarás falso testemunho; honra teu pai e tua mãe.» 21 Ele retorquiu: «Tudo isso tenho cumprido desde a minha juventude.» 22 Ouvindo isto, Jesus disse-lhe: «Ainda te falta uma coisa: vende tudo o que tens, distribui o dinheiro pelos pobres e terás um tesouro no Céu. Depois, vem e segue-me.» 23 Quando isto ouviu, ele entristeceu-se, pois era muito rico. 24 Vendo-o assim, Jesus exclamou: «Como é difícil para os que têm riquezas entrar no Reino de Deus! 25 Sim, é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus!» 26 Os que o ouviram disseram: «Então, quem pode salvar-se?» 27 Jesus respondeu: «O que é impossível aos homens é possível a Deus.»

 

Recompensa dos que seguem Jesus

28 Disse-lhe Pedro: «Nós deixámos os próprios bens e seguimos-te.» 29 Ele disse-lhes: «Em verdade vos digo: Não há ninguém que tenha deixado casa, mulher, irmãos, pais ou filhos, por causa do Reino de Deus, 30 que não receba muito mais no tempo presente e, no tempo que há-de vir, a vida eterna.»

 

Nova profecia da Paixão

31 Tomando os Doze consigo, Jesus disse-lhes: «Olhai, subimos agora a Jerusalém e vai cumprir-se tudo o que foi escrito pelos profetas acerca do Filho do Homem: 32 vai ser entregue aos gentios, vai ser escarnecido, maltratado e coberto de escarros; 33 e, depois de o açoitarem, vão dar-lhe a morte. Mas, ao terceiro dia, ressuscitará.» 34 Eles, porém, nada disto entenderam. Aquela linguagem era incompreensível para eles, e não entendiam o que lhes dizia.

 

Cura do cego de Jericó

35 Quando se aproximavam de Jericó, estava um cego sentado a pedir esmola à beira do caminho. 36 Ouvindo a multidão que passava, perguntou o que era aquilo. 37 Disseram-lhe que era Jesus de Nazaré que ia a passar. 38 Então, bradou: «Jesus, Filho de David, tem misericórdia de mim!» 39 Os que iam à frente repreendiam-no, para que se calasse. Mas ele gritava cada vez mais: «Filho de David, tem misericórdia de mim!» 40 Jesus parou e mandou que lho trouxessem. Quando o cego se aproximou, perguntou-lhe: 41 «Que queres que te faça?» Respondeu: «Senhor, que eu veja!» 42 Jesus disse-lhe: «Vê. A tua fé te salvou.» 43 Naquele mesmo instante, recobrou a vista e seguia-o, glorificando a Deus. E todo o povo, ao ver isto, deu louvores a Deus.

 

Comentário

 

Como diz o evangelista, a parábola destina-se a reforçar a obrigação de orar sempre, sem desfalecer. O exemplo que o Senhor dá nesta parábola não precisa de explicação, qualquer um sabe muito bem que a perseverança é a “chave” para se conseguir o que se pretende. O que pretendem, pois, os cristãos? Qual é a sua principal e primeira preocupação, o seu objectivo último? Evidentemente, a Salvação Eterna! Então…

À perseverança podemos, sem medo, chamar teimosia? Penso que nada tem de pejorativo porque, na realidade, tanto se persevera praticando o mal como fazendo o bem. Os fins são, evidentemente diferentes e será sempre necessário teimar, insistir, voltar uma e outra vez até se conseguir o se deseja. O que pedimos ou o desejamos com todo o nosso coração e as nossas forças ou, então, deixará de haver motivo para “incomodar” o Senhor. Falando com palavras humanas, o coração de Deus move-se pelo amor e, este, quando expresso com firme veemência e persistência confiada, não pode senão bater com mais força à porta daquele Coração Amantíssimo.

Ter-se a si mesmo em boa conta ou, até, motivo de admiração dos outros, é uma vaidade pessoal que não tem nem fundamento nem possível aceitação seja por quem for. O vaidoso – auto-convencido – vai pela vida sozinho com a sua empáfia e nem repara nos outros que o rodeiam ou com quem se cruza nos caminhos da vida. Vive de si mesmo, do que julga saber e possuir, e isto é suficiente. É uma figura triste e digna de pena porque, afinal, não se dá conta que todos os homens temos uma mesma dignidade, que não obtemos nem conseguimos, mas que Deus nos deu a todos por igual: Sermos Seus Filhos!

A humildade pessoal é das virtudes talvez a mais difícil de alcançar. Parece que a tendência do homem é para se sublimar e julgar-se com benevolência, ou então para se considerar sem qualquer valor ou mérito pessoal, ambos sem grande preocupação por ser correcto e justo. Os dois personagens que, neste trecho São Lucas, Jesus Cristo coloca à nossa consideração parecem estar em posições diametralmente opostas mas, a verdade, é que me parece que têm, pelo menos, um ponto em comum: ambos não têm em conta a Quem se dirigem na sua oração. O Fariseu porque não realiza que Deus Nosso Senhor é Infinitamente Justo e que, portanto, não vale a pena referir as obras que pensa merecerem recompensa. O Publicano porque não percebe que o Senhor quer igualmente a todos os homens porque todos são Seus filhos. Claro que, no fim, as palavras de Jesus são o “corolário” justíssimo: «Todo aquele que se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado

Termina o capítulo 18 do Evangelho escrito por São Lucas e, pode dizer-se que termina com “chave de ouro”. De facto, a cena relatada, é de excepcional importância para compreendermos bem quanto vale a insistência na oração, removendo obstáculos que possam surgir ou, até, impedimentos levantados por outros que acharão “excessivo” o empenho. O prémio é extraordinário e ultrapassa tudo quanto se pede. Este cego recupera a vista, o que pedia em altos brados, mas, sobretudo, por causa da sua insistência, consegue um bem muito maior: a Salvação!

Quando na verdade desejamos algo que não só nos faz falta mas pode mudar radicalmente a nossa vida, empenhamo-nos a sério, com persistência e sem receio de ser incómodo em conseguir o que aspiramos. É o que faz com este cego que esta cena evangélica nos relata. A sua necessidade é tal que pede aos gritos, numa esperança incontida, que, Jesus que passa no caminho o oiça. O que pede? Misericórdia daquele Jesus que, ele sabe, opera milagres, e demonstra a cada passo uma misericórdia sem limites. E na resposta a Jesus que o interpela, não se perde em divagações ou louvaminhas destinadas a comover o Coração de Cristo. Simplesmente, com a maior franqueza e convicção diz o que quer: «Senhor, que eu veja!». É assim que deve ser a nossa petição: perseverante e simples. Perseverante para “convencer” o Senhor da nossa fé, simples, porque Ele sabe muito bem o que necessitamos.

 

(AMA, 1999)

 



 

SANTÍSSIMA VIRGEM

 

Oração mariana

 

Nos perigos, nas angústias, em todos os momentos de dúvida, pensa em Maria, invoca Maria. Que este nome sagrado não se afaste do teu coração e não falte jamais nos teus lábios. Seguindo esta Estrela, não te desviarás. Se a invocares com humildade, não desesperarás. Se pensares em Maria, não errarás. Se ela estiver contigo, não cairás. Se te proteger, nada temerás. Com ela, como guia, não te fatigarás. Se te for propícia, chegarás à meta, firme e seguro. Quem quer que sejas, sacudido pelo vendaval das tempestades deste mundo, sentindo a terra como um mar devorador, não afastes os olhos do fulgor desta Estrela. Quando soprar o vento tempestuoso e traiçoeiro da tentação, quando te sentires batido contra os escolhos perigosos da tribulação, olha para a Estrela e invoca Maria. Se te açoitarem as ondas da soberba, da inveja, da maledicência, olha para a Estrela, invoca Maria. Quando sentires a ira, a avareza, a carne e a tristeza tentarem fazer soçobrar a barquinha frágil de tua alma, olha para a Estrela, invoca Maria…

 

(São Bernardo de Claraval)

 

 


REFLEXÃO

Procurai viver as virtudes que, segundo julgais, faltam aos vossos irmãos e já não vereis os seus defeitos, porque não os tereis vós.

 

(Santo Agostinho, Enarrationes in Psalmos, 30, 2, 7)

 


 

 

SÃO JOSEMARIA textos

 

A oração deve enraizar-se na alma

A verdadeira oração, a que absorve todo o indivíduo, não a favorece tanto a solidão do deserto como o recolhimento interior. (Sulco, 460)

O caminho que conduz à santidade é o caminho da oração; e a oração deve enraizar-se pouco a pouco na alma, como a pequena semente que se tornará mais tarde árvore frondosa. Começamos com orações vocais, que muitos de nós repetimos desde crianças: são frases ardentes e simples, dirigidas a Deus e à Sua Mãe, que é nossa Mãe. De manhã e à tarde, não um dia, mas habitualmente, ainda renovo aquele oferecimento que os meus pais me ensinaram: Ó Senhora minha, ó minha mãe, eu me ofereço todo a Vós. E, em prova da minha devoção para convosco, Vos consagro neste dia os meus olhos, os meus ouvidos, a minha boca, o meu coração... Não será isto, de algum modo, um princípio de contemplação, uma demonstração evidente de confiante abandono? Que dizem aqueles que se querem, quando se encontram? Como se comportam? Sacrificam tudo o que são e tudo o que possuem pela pessoa que amam. Primeiro uma jaculatória, e depois outra e outra... Até que parece insuficiente esse fervor, porque as palavras se tornam pobres...: e abrem-se as portas à intimidade divina, com os olhos postos em Deus sem descanso e sem cansaço. Vivemos então como cativos, como prisioneiros. Enquanto realizamos com a maior perfeição possível, dentro dos nossos erros e limitações, as tarefas próprias da nossa condição e do nosso ofício, a alma anseia escapar-se. Vai até Deus como o ferro atraído pela força do íman. Começa-se a amar Jesus de forma mais eficaz, com um doce sobressalto. (Amigos de Deus, 295–296)