(Nota: Seguindo a recomendação de São Josemaria Escrivá
procurarei viver o Evangelho como um personagem mais. Para tal seguirei
fielmente os textos pronto a fazer as considerações que me ocorrerem.)
Dentro do Evangelho – Lc I
Fiquei atónito, sem palavras e levei
algum tempo a reagir, mas, como que por encanto desvaneceram-se as minhas
dúvidas e pruridos e ajudei a transportar o ferido para a melhor habitação de
que dispunha.
Deitámos o homem numa cama, despimos-lhe
os farrapos, arranjei uma túnica lavada que lhe vestimos e, enquanto o
Samaritano observava de novo as feridas renovando as ligaduras e unguentos fui
à cozinha buscar um caldo de sopa que a custo conseguiu engolir. Tendo caído
num sono profundo, deixámo-lo a descansar e retiramo-nos; o samaritano para uma
acomodação na parte superior da casa, eu para o meu posto à entrada da
estalagem.
A noite ia adiantada e como não era de
prever aparecessem novos hóspedes, fui deitar-me. Mas não conseguia conciliar o
sono pensando em tudo quanto acontecera e algo apreensivo quanto ao dia
seguinte.
Logo pela manhã o samaritano preparou-se
para seguir viagem, mas, antes que eu pudesse perguntar o que fosse, abriu a
sua bolsa, «tirou dois denários, e deu-mos dizendo: Cuida dele; quanto
gastares a mais, eu to pagarei quando voltar».
Ainda hoje, passado tanto tempo, me
admiro com a minha reacção! Nem por um momento me ocorreu que o Samaritano não
faria exactamente como me disse e que não ficaria por receber o que viesse a
gastar com o pobre coitado agora a meu cargo.
Sim, eu que sou judeu e tenho um
negócio, não posso dar-me ao luxo de receber hóspedes sem ter a certeza que
serei ressarcido das despesas de estadia, tanto mais que estas seriam bastante
fora do “normal”: os tratamentos, ligaduras, unguentos e outros cuidados que
seriam necessários. Volto a repetir: Ainda hoje, passado tanto tempo, me admiro
com a minha atitude!
Pela noitinha, o doente estava
visivelmente melhor e começou por perguntar-me como tinha ido ali parar, o que
acontecera…
Contei-lhe tudo, claro, e o seu espanto
foi tão grande como tinha sido o meu no dia anterior quando o estranho
“cortejo” aparecera à minha porta.
Não se lembrava de nada, tão súbita e
violenta tinha sido a acção dos salteadores, nem sequer quanto tempo estivera
prostrado por terra. Mas achava estranho que ninguém o tivesse visto naquela
situação, já que o caminho onde tudo acontecera era muito concorrido.
Eu também – pensando melhor – achei
estranho, mas como estou habituado à indiferença das pessoas perante as
necessidades dos outros não me custava acreditar que alguns o terão visto e, ao
dar-se conta da situação, tivessem optado por seguir adiante livrando-se de
“trabalhos” e incómodos. De facto, há tanta gente que vai pelos caminhos da
vida tão cheios de si próprios, absorvidos com os seus assuntos que olhando não
vêm e, se acaso vêm, ficam indiferentes ao que, pensam, não lhes diz respeito.
Tomei uma decisão: A partir de agora a
porta da minha estalagem estará sempre aberta a quem tiver necessidade de
entrar, não a fecharei a ninguém por motivos de raça, cor da pele ou religião e
independentemente de possuírem meios ou recursos para cobrir as despesas que
porventura façam.
Esta decisão consola-me muito porque
penso que, um dia, pode acontecer-me o mesmo que ao pobre homem assaltado e
espancado pelos salteadores e, então precisarei de alguém – um Samaritano…
talvez – que se condoa de mim e me preste assistência.
…
Reflectindo
Quando passo em revista os meus defeitos é
conveniente ter em conta as virtudes que tenho.
Sim, no meu "entender" cristão eu possuo
virtudes.
Neste momento em particular detenho-me na PACIÊNCIA.
Logo me ocorre que me falta.
Tal reflecte-se imediatamente nesta reflexão!
Mas, pensando melhor, concluo que não será assim tão
radical para justificar reflectir sobre ela.
O que tenho de ter bem claro é que a PACIÊNCIA é,
além de uma Virtude, um Dom do Espírito Santo e, evidentemente só Ele a pode dar, daí que é fundamental pedir com
perseverante insistência que ma conceda.
A sua falta reflecte-se em todos os momentos da
minha vida diária e, pior, torna-me "insuportável" aos que me
rodeiam.
No que me respeita - aliás não tenho nenhuma
"autoridade" para escrever o que for sobre outros -, vejo muito
claramente que a "minha" PACIÊNCIA pessoal, intrínseca, é um
"desastre", poderia, quase, dizer que "não me suporto"! E,
isto que é absolutamente verdade, tem um nome: ORGULHO PESSOAL!
Sim... é verdade!
Quero-me perfeito, impecável, um exemplo, uma
referência, mas... como não o sou, - porque seria? - rendo-me pensando
que não há nada que possa fazer. Mas... de facto há! Se eu pedir, como já
referi, ao Divino Espírito Santo que me dê PACIÊNCIA, Ele não ma dará!?!?
Se for para meu bem e para melhor fazer, em tudo, a
Vontade de Deus, seguramente que sim. E, portanto, a única coisa a fazer é
esperar pacientemente que Ele oiça e atenda o meu pedido: Divino Espírito Santo
dai-me PACIÊNCIA!
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