06/12/2019

Tempos diários de oração


Se desejas deveras ser alma penitente – penitente e alegre –, deves defender, acima de tudo, os teus tempos diários de oração, de oração íntima, generosa, prolongada, e hás-de procurar que esses tempos não sejam ao acaso, mas a hora fixa, sempre que te for possível. Sê escravo deste culto quotidiano a Deus, e garanto-te que te sentirás constantemente alegre. (Sulco, 994)

Como anda a tua vida de oração? Não sentes às vezes, durante o dia, desejos de falar mais devagar com Ele? Não Lhe dizes: logo vou contar-te isto e aquilo; logo vou conversar sobre isso contigo?
Nos momentos dedicados expressamente a esse colóquio com o Senhor o coração expande-se, a vontade fortalece-se, a inteligência – ajudada pela graça – enche a realidade humana com a realidade sobrenatural. E, como fruto, sairão sempre propósitos claros, práticos, de melhorares a tua conduta, de tratares delicadamente, com caridade, todos os homens, de te empenhares a fundo – com o empenho dos bons desportistas – nesta luta cristã de amor e de paz.
A oração torna-se contínua como o bater do coração, como as pulsações. Sem essa presença de Deus não há vida contemplativa. E sem vida contemplativa de pouco vale trabalhar por Cristo, porque em vão se esforçam os que constroem se Deus não sustenta a casa.
Para se santificar, o cristão corrente – que não é um religioso e não se afasta do mundo, porque o mundo é o lugar do seu encontro com Cristo – não precisa de hábito externo nem sinais distintivos. Os seus sinais são internos: a constante presença de Deus e o espírito de mortificação. Na realidade, são uma só coisa, porque a mortificação é apenas a oração dos sentidos. (Cristo que passa, nn. 8–9)


THALITA KUM 30


THALITA KUM 30 

(Cfr. Lc 8, 49-56)


Esta é uma situação, que, seguindo a cronologia de S. Lucas, muito se assemelha a outra de há tempos atrás.
Nessa altura fora um Centurião a implorar pelo seu servo doente.
Não se achara digno de comparecer ante Jesus e, assim pedira por interpostas pessoas.
Fez mais, declarou expressamente ao Mestre que se sentia indigno de O receber em sua casa, mas que sabia que bastaria uma palavra Sua para se cumprir o que desejava. Jesus ficou admirado com a sua fé e fez o que lhe pedia.[1]

Agora o que se passa é mais grave. Jesus sabe muito bem que a filha de Jairo já morreu.
Pode, se quiser, devolvê-la à vida em qualquer momento, em não importa que local, mas encontra uma ocasião propícia para edificar o povo que O seguia e, talvez principalmente, os três discípulos que convocará para O acompanharem.

Estes três escolhidos terão sempre um lugar muito particular nos grandes momentos da vida pública de Jesus.
Muito provavelmente teriam estado nas bodas de Caná – era usual os “rabis” fazerem-se acompanhar de alguns dos seus discípulos mais chegados -, talvez, na altura, não se tivessem dado bem conta do portentoso milagre que, a instâncias de Sua Mãe, Jesus operou.
Por uma razão simples e muito humana, poder-se-ia dizer: “salvar a face” dos noivos aflitos com a falta de vinho.

(AMA, reflexões sobre o Evangelho, 2006)



[1] Cfr. Lc 7, 1-10.

Leitura espiritual


Cartas de São Paulo – Gálatas

Gl 3

II. O EVANGELHO FAZ-NOS FILHOS DE DEUS (3,1-4,7)

Recebemos o Espírito –

1 Oh Gálatas insensatos! Quem vos enfeitiçou, a vós, a cujos olhos foi exposto Jesus Cristo crucificado? 2 Só isto quero saber de vós: foi pelas obras da Lei que recebestes o Espírito ou pela pregação da fé? 3 Sois tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, quereis agora, pela carne, chegar à perfeição? 4 Foi em vão que experimentastes coisas tão grandiosas? Se é que foi mesmo em vão! 5 Aquele que vos concede o Espírito e opera milagres entre vós, será, pois, que o faz pelas obras da Lei ou pela pregação da fé?

Como Abraão, salvos pela fé –

6 Assim foi com Abraão: teve fé em Deus e isso foi-lhe atribuído à conta de justiça. 7 Ficai, por isso, a saber: os que dependem da fé é que são filhos de Abraão. 8 E como a Escritura previu que é pela fé que Deus justifica os gentios, anunciou previamente como evangelho a Abraão: Serão abençoados em ti todos os povos. 9 Assim, os que dependem da fé são abençoados com o crente Abraão. 10 É que todos os que estão dependentes das obras da Lei estão sob maldição, pois está escrito: Maldito seja todo aquele que não persevera em tudo o que está escrito no livro da Lei, em ordem a cumpri-lo. 11 E que, pela Lei, ninguém é justificado diante de Deus, é coisa evidente, pois aquele que é justo pela fé é que viverá. 12 E a Lei não está dependente da fé; pelo contrário: Quem cumprir as suas prescrições viverá por elas. 13 Cristo resgatou-nos da maldição da Lei, ao fazer-se maldição por nós, pois está escrito: Maldito seja todo aquele que é suspenso no madeiro. 14 Isto, para que a bênção de Abraão chegasse até aos gentios, em Cristo Jesus, para recebermos a promessa do Espírito, por meio da fé.

A Lei de Moisés não anula as promessas a Abraão –

15 Irmãos, vou falar-vos à maneira humana: Mesmo vindo de um homem, um testamento que tenha entrado em vigor ninguém o pode anular ou aumentar. 16 Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência. Não se diz: «e às descendências», como se de muitas se tratasse; trata-se, sim, de uma só: E à tua descendência, que é Cristo. 17 Ora, é exactamente isto que quero dizer: um testamento que antes tinha sido posto em vigor por Deus, não é a Lei, aparecida quatrocentos e trinta anos depois, que o vai invalidar e assim anular a promessa. 18 É que, se é da Lei que vem a herança, então não é da promessa. Mas foi pela promessa que Deus concedeu a sua graça a Abraão.

A Lei, pedagogo até Cristo chegar –

19 Porquê, então, a Lei? Por causa das transgressões é que ela foi acrescentada, até chegar a descendência a quem a promessa foi feita; foi estabelecida através de anjos pela mão de um mediador. 20 Ora, o mediador não o é de um só, ao passo que Deus é único. 21 Estará então a Lei contra as promessas de Deus? De maneira nenhuma! Pois, se tivesse sido dada uma lei que fosse capaz de dar a vida, a justiça viria realmente pela Lei. 22 Só que a Escritura tudo fechou sob o pecado, para que a promessa fosse dada aos crentes pela fé em Jesus Cristo. 23 Antes, porém, de chegar a fé, estávamos prisioneiros da Lei, estávamos fechados, até à fé que havia de revelar-se. 24 Deste modo, a Lei tornou-se nosso pedagogo até Cristo, para que fôssemos justificados pela fé. 25 Uma vez, porém, chegado o tempo da fé, já não estamos sob o domínio do pedagogo. 26 É que todos vós sois filhos de Deus em Cristo Jesus, mediante a fé; 27 pois todos os que fostes baptizados em Cristo, revestistes-vos de Cristo mediante a fé. 28 Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem e mulher, porque todos sois um só em Cristo Jesus. 29 E se sois de Cristo, sois então descendência de Abraão, herdeiros segundo a promessa.

María tuvo fe



Pequena agenda do cristão

Sexta-Feira


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)




Propósito:

Contenção; alguma privação; ser humilde.


Senhor: Ajuda-me a ser contido, a privar-me de algo por pouco que seja, a ser humilde. Sou formado por este barro duro e seco que é o meu carácter, mas não Te importes, Senhor, não Te importes com este barro que não vale nada. Parte-o, esfrangalha-o nas Tuas mãos amorosas e, estou certo, daí sairá algo que se possa - que Tu possas - aproveitar. Não dês importância à minha prosápia, à minha vaidade, ao meu desejo incontido de protagonismo e evidência. Não sei nada, não posso nada, não tenho nada, não valho nada, não sou absolutamente nada.

Lembrar-me:
Filiação divina.

Ser Teu filho Senhor! De tal modo desejo que esta realidade tome posse de mim, que me entrego totalmente nas Tuas mãos amorosas de Pai misericordioso, e embora não saiba bem para que me queres, para que queres como filho a alguém como eu, entrego-me confiante que me conheces profundamente, com todos os meus defeitos e pequenas virtudes e é assim, e não de outro modo, que me queres ao pé de Ti. Não me afastes, Senhor. Eu sei que Tu não me afastarás nunca. Peço-Te que não permitas que alguma vez, nem por breves instantes, seja eu a afastar-me de Ti.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?