01/11/2019

Deus não te arranca do teu ambiente


Deus não te arranca do teu ambiente, não te tira do mundo, nem do teu estado, nem das tuas ambições humanas nobres, nem do teu trabalho profissional... mas, aí, quer-te santo! (Forja, 362)

Convencei-vos de que a vocação profissional é parte essencial e inseparável da nossa condição de cristãos. O Senhor quer que sejais santos no lugar onde estais e no trabalho que haveis escolhido pelas razões que vos aprouveram: pela minha parte, todos me parecem bons e nobres – desde que não se oponham à lei divina – e capazes de ser elevados ao plano sobrenatural, isto é, enxertados nessa corrente de Amor que define a vida de um filho de Deus. (...).

Temos de evitar o erro de considerar que o apostolado se reduz ao testemunho de algumas práticas piedosas. Tu e eu somos cristãos, mas, ao mesmo tempo e sem solução de continuidade, cidadãos e trabalhadores, com obrigações bem nítidas que temos de cumprir exemplarmente, se deveras queremos santificar-nos. É Jesus Cristo que nos estimula: Vós sois a luz do mundo. (Amigos de Deus, 60–61)

Temas para meditar e reflectir

Uma recolecção no Opus Dei

Atrevo-me a escrever sobre este tema porque - me apetece, que é uma razão poderosa – mas, também, porque sendo uma “actividade”, ou melhor, um meio de formação espiritual muito característico da OBRA[i], merece mensalmente uma atenção especial e muito frequentada por os que, de alguma forma, pensam que têm algo a beneficiar com ela.

Beneficiar no aspecto de crescimento espiritual e de reflexão interior já que, os temas, normalmente, chamam a isso mesmo: reflectir sobre o comportamento pessoal – humano e religioso – de cada um.

Parece que estes meios de formação se dirigem especialmente aos membros da Obra, mas de facto, vemos muitos assistentes – regulares ou esporádicos – que não têm, por assim dizer, nenhum “elo de ligação específica” com ela.

As pessoas – homens e mulheres em ambientes diferentes - procuram uns momentos de reflexão interior – normalmente conduzidos por um Sacerdote da Obra – que vão ao encontro de alguma preocupação ou dúvida interior, ou apenas para “aferir” ou examinar a sua vida normal e corrente nos aspectos que a cada um dizem respeito.

Não se trata de uma “pregação” ou sequer o enunciado de um conjunto de regras ou comportamentos destinados a resolver problemas específicos mas, antes, o discorrer sensato e calmo, apoiado em experiências e conselhos dos mais variados autores espirituais além, - claro está – da própria experiência pessoal do “pregador”, sempre um experiente condutor de almas – que imprime o seu carisma pessoal no que diz e propõe.

As pessoas vão livremente participar não propriamente para cumprir ma regra ou observar uma “norma”, mas porque entendem que lhes faz bem, retiram ensinamentos preciosos, vêm com outros olhos as realidades da vida corrente, e, sobretudo, encontram algum caminho – talvez “escapatória” – para um problema que as preocupa no momento.

Uma recolecção é isso mesmo que a palavra significa: momento de recolhimento para melhor reflectir sobre os variadíssimos aspectos da vida corrente – e não só os espirituais – de cada um, já que, no bulício trepidante da vida normal de todos os dias, o recolhimento interior não é nem fácil nem, muitas vezes, possível.

Às vezes – muitas vezes – o sacerdote parece estar a falar para mim directamente de tal forma o que diz, o tema que aborda e explana, condiz com a minha situação pessoal. Tal tem-me acontecido inúmeras vezes e nunca deixa de me espantar.
Lembro-me do episódio do homem com uma mão atrofiada que estava no Templo e ouviu Jesus esta ordem imperiosa: «Tu, levanta-te e põe-te aí no meio»[ii] e penso no que seria se o Sacerdote, de repente, me dissesse; António: levanta-te e põe-te aí no meio.

Eu, como “exemplo em carne e osso” da falta de humildade, ânsia de protagonismo e notoriedade, cheio de empáfia e de sabedoria… punha-me de pé ou, antes, “enterrar-me-ia” na cadeira tentando “fazer de conta” que o assunto não era comigo?

Evidentemente que nunca ninguém me disse tal coisa ou fez semelhante ultimato mas, quantas vezes, meu Deus, quantas vezes não pensei comigo mesmo que bem merecia que o fizessem.

Caio em mim e peço perdão, revolvo-me por dentro e sinto-me envergonhado, sinto-me rasteiro, baixo, insignificante.

Fez-me muito bem ir à recolecção!

AMA, reflexão, 27.01.2019





[i] Passaremos a chamar OBRA ao OPUS DEI
[ii] Cfr.Mt 9, 13

Novíssimos




Evangelho e comentário


TEMPO COMUM


TODOS OS SANTOS

Evangelho: Mt 5, 1-12

Naquele tempo, ao ver as multidões, Jesus subiu ao monte e sentou-Se. Rodearam-n’O os discípulos e Ele começou a ensiná-los, dizendo: «Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos Céus. Bem-aventurados os humildes, porque possuirão a terra. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o reino dos Céus. Bem-aventurados sereis, quando, por minha causa, vos insultarem, vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós. Alegrai-vos e exultai, porque é grande nos Céus a vossa recompensa».

Comentário:

Jesus Cristo garante-nos que grande será a recompensa nos Céus dos que sofrerem por causa do Seu Nome.

Sofrer por Cristo, pelo Seu Santíssimo Nome, a Sua Igreja, é um facto recorrente de todos os tempos.

Não é necessário lembrar os espectáculos no Circo de Roma porque, hoje em dia, este mesmo dia, milhares de cristãos são atacados, feridos de morte, sujeitos às maiores violências pelas feras que odeiam O Senhor nosso Deus.

No terceiro milénio depois da Ressurreição de Cristo, neste mesmo mundo dominado pela tecnologia e pela cultura, prossegue essa perseguição que O próprio Senhor anunciou.

Nós, cristãos que vivemos numa sociedade supostamente civilizada, recebemos a força da nossa Fé directamente desse sangue que milhares de inocentes derramam pela mesma Fé.

Consola-nos saber que:

Grande será a sua recompensa nos Céus!


(AMA, comentário sobre Mt 5, 1-12, 29.01.2017)



Leitura espiritual

Cartas de São Paulo

Rm 14

Os «fortes» e os «fracos»

1 Àquele que é fraco na fé, acolhei-o, sem cair em discussões sobre as suas maneiras de pensar. 2 Enquanto a fé de um lhe permite comer de tudo, o que é fraco só come legumes. 3 Quem come não despreze aquele que não come; e quem não come não julgue aquele que come, porque Deus o acolheu. 4 Quem és tu para julgares o criado de um outro? Se está de pé ou se cai, isso é lá com o seu patrão. Há-de, aliás, ficar de pé, porque o Senhor tem poder para o segurar. 5 Além disso, enquanto um julga que há dias e dias, há quem julgue que os dias são todos iguais. Tenha um e outro plena convicção daquilo que pensa. 6 Quem guarda alguns dias, é em honra do Senhor que os guarda; quem come de tudo, é em honra do Senhor que come, pois dá graças a Deus; e quem não come, é em honra do Senhor que não come, e também ele dá graças a Deus. 7 De facto, nenhum de nós vive para si mesmo e nenhum morre para si mesmo. 8Se vivemos, é para o Senhor que vivemos; e se morremos, é para o Senhor que morremos. Ou seja, quer vivamos quer morramos, é ao Senhor que pertencemos. 9 Pois foi para isto que Cristo morreu e voltou à vida: para ser Senhor tanto dos mortos como dos vivos. 10 Mas tu, porque julgas o teu irmão? E tu, porque desprezas o teu irmão? De facto, todos havemos de comparecer diante do tribunal de Deus, 11 pois está escrito: Tão certo como Eu vivo, diz o Senhor, todo o joelho se dobrará diante de mim e toda a língua dará a Deus glória e louvor. 12 Portanto, cada um de nós terá de dar contas de si mesmo a Deus.


Unidos no amor

13 Deixemos, pois, de nos julgar uns aos outros. Tomai de preferência esta decisão: não ser para o irmão causa de tropeço ou de escândalo. 14 Sei e estou convencido, no Senhor Jesus, de que nada é impuro em si mesmo. Uma coisa é impura só para aquele que a considera como impura. 15 Se, por tomares um alimento, entristeces o teu irmão, então não estás a proceder de acordo com o amor. Não faças, com o teu alimento, com que se perca aquele por quem Cristo morreu. 16 Que não seja, pois, motivo de blasfémia o bem que há em vós. 17 É que o Reino de Deus não é uma questão de comer e beber, mas de justiça, paz e alegria no Espírito Santo. 18 E quem deste modo serve a Cristo é agradável a Deus e estimado pelos homens. 19 Procuremos, portanto, aquilo que leva à paz e à edificação mútua. 20 Não destruas a obra de Deus, por uma questão de alimento. Todas as coisas são puras, certamente, mas tornam-se más para aquele que, ao comê-las, encontra nisso causa de tropeço. 21 O que é bom é não comer carne nem beber vinho, nada em que o teu irmão possa tropeçar. 22 Guarda para ti, diante de Deus, a convicção de fé que tens. Feliz de quem não se condena a si mesmo, devido às decisões que toma. 23 Mas quem sente escrúpulos por aquilo que come fica culpado, por não agir de acordo com a sua convicção de fé. Tudo o que não é feito a partir da convicção de fé é pecado.

Pequena agenda do cristão

Sexta-Feira


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)




Propósito:

Contenção; alguma privação; ser humilde.


Senhor: Ajuda-me a ser contido, a privar-me de algo por pouco que seja, a ser humilde. Sou formado por este barro duro e seco que é o meu carácter, mas não Te importes, Senhor, não Te importes com este barro que não vale nada. Parte-o, esfrangalha-o nas Tuas mãos amorosas e, estou certo, daí sairá algo que se possa - que Tu possas - aproveitar. Não dês importância à minha prosápia, à minha vaidade, ao meu desejo incontido de protagonismo e evidência. Não sei nada, não posso nada, não tenho nada, não valho nada, não sou absolutamente nada.

Lembrar-me:
Filiação divina.

Ser Teu filho Senhor! De tal modo desejo que esta realidade tome posse de mim, que me entrego totalmente nas Tuas mãos amorosas de Pai misericordioso, e embora não saiba bem para que me queres, para que queres como filho a alguém como eu, entrego-me confiante que me conheces profundamente, com todos os meus defeitos e pequenas virtudes e é assim, e não de outro modo, que me queres ao pé de Ti. Não me afastes, Senhor. Eu sei que Tu não me afastarás nunca. Peço-Te que não permitas que alguma vez, nem por breves instantes, seja eu a afastar-me de Ti.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?