25/04/2023

Publicações em Abril 26

  


Dentro do Evangelho

 

(Re Lc X, 25 – 37)

 

O bom samaritano

25 Levantou-se, então, um doutor da Lei e perguntou-lhe, para o experimentar: «Mestre, que hei-de fazer para possuir a vida eterna?» 26 Disse-lhe Jesus: «Que está escrito na Lei? Como lês?» 27 O outro respondeu: «Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.» 28 Disse-lhe Jesus: «Respondeste bem; faz isso e viverás.» 29 Mas ele, querendo justificar a pergunta feita, disse a Jesus: «E quem é o meu próximo?» 30 Tomando a palavra, Jesus respondeu: «Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores que, depois de o despojarem e encherem de pancadas, o abandonaram, deixando-o meio morto. 31 Por coincidência, descia por aquele caminho um sacerdote que, ao vê-lo, passou ao largo. 32 Do mesmo modo, também um levita passou por aquele lugar e, ao vê-lo, passou adiante. 33 Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão. 34 Aproximou-se, ligou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho, colocou-o sobre a sua própria montada, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. 35 No dia seguinte, tirando dois denários, deu-os ao estalajadeiro, dizendo: ‘Trata bem dele e, o que gastares a mais, pagar-to-ei quando voltar.’ 36 Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele homem que caiu nas mãos dos salteadores?» 37 Respondeu: «O que usou de misericórdia para com ele.» Jesus retorquiu: «Vai e faz tu também o mesmo.»

 

Personagem 1.1

O Estalajadeiro.

Talvez possa parecer estranho ter escolhido este “papel” que, obviamente, parece não ser “central” na parábola. Mas, eu, que nada sei nem de parábolas nem de personagens, muito menos me sinto capaz de lhes atribuir mérito ou demérito, ou grau de importância que possam ter, apaixono-me por este.

Imagino-me à porta do meu estabelecimento onde recebo hóspedes, normalmente viajantes que percorrem os caminhos poeirentos e agrestes da Palestina e que procuram um lugar onde tomar uma refeição, descansar um pouco ou passar a noite com um mínimo de conforto. Estando ali, no meu posto de trabalho, deparo-me com uma cena estranha: Um homem que se aproxima a pé, conduzindo a sua cavalgadura pela arreata e mal se mantendo direito em cima desta, um outro homem com os vestidos em farrapos, cheio de feridas vendadas com panos embebidos em azeite e vinho num estado lastimoso. Apresso-me a ir ao seu encontro e tenho logo uma primeira reacção de enorme dúvida: quem conduz o ferido é um Samaritano!

O que faz um Samaritano dirigir-se ao meu estabelecimento? Sim, eu, que sou judeu, não “morro de amores” pelos samaritanos que, aliás, me pagam na mesma moeda. Um antagonismo ancestral – que ninguém sabe exactamente quando começou e porquê – divide os filhos de Israel: Samaritanos e Judeus. Mas, surpreendentemente, o Samaritano aproxima-se de mim e diz-me: ‘Encontrei este teu irmão estendido na vera do caminho porque «caiu nas mãos dos ladrões, que o despojaram, o espancaram e retiraram-se, deixando-o meio morto» (Cfr. Lc 10, 30). Tentei prestar-lhe o auxílio possível ligando-lhe «as feridas, deitando nelas azeite e vinho», mas não podia deixá-lo ali naquele estado por isso pu-lo sobre o meu jumento e trouxe-o até esta estalagem para melhor cuidar dele. (Cfr. Lc 10, 34) Ajuda-me a levá-lo para dentro e encontra uma acomodação confortável onde o possamos fazer’. Fiquei atónito, sem palavras e levei algum tempo a reagir. Como que por encanto desvaneceram-se as minhas dúvidas e pruridos e ajudei a transportar o ferido para a melhor habitação de que dispunha. Deitámos o homem numa cama, despimos-lhe os farrapos, arranjei uma túnica lavada que lhe vestimos e, enquanto o Samaritano observava de novo as feridas renovando as ligaduras e unguentos fui à cozinha buscar um caldo de sopa que a custo conseguiu engolir. Tendo caído num sono profundo, deixámo-lo a descansar e retiramo-nos; o samaritano para uma acomodação na parte superior da casa, eu para o meu posto à entrada da estalagem. A noite ia adiantada e como não era de prever aparecessem novos hóspedes, também fui deitar-me. Mas não conseguia conciliar o sono pensando em tudo quanto acontecera e algo apreensivo quanto ao dia seguinte.

Logo pela manhã o samaritano preparou-se para seguir viagem mas, antes que eu pudesse perguntar o que fosse, abriu a sua bolsa, «tirou dois denários, e deu-mos dizendo: Cuida dele; quanto gastares a mais, eu to pagarei quando voltar(Lc X, 35) Ainda hoje, passado tanto tempo, me admiro com a minha atitude! Nem por um momento me ocorreu que o Samaritano não faria exactamente como me disse e que não ficaria por receber o que viesse a gastar com o pobre coitado agora a meu cargo. Sim, eu que sou judeu e tenho um negócio, não posso dar-me ao luxo de receber hóspedes sem ter a certeza que serei ressarcido das despesas de estadia tanto mais que estas seriam bastante fora do “normal”: os tratamentos, ligaduras, unguentos e outros cuidados que seriam necessários. Volto a repetir: Ainda hoje, passado tanto tempo, me admiro com a minha atitude!

Pela noitinha o doente estava visivelmente melhor e começou por perguntar-me como tinha ido ali parar, o que acontecera… Contei-lhe tudo, claro, e o seu espanto foi tão grande como tinha sido o meu no dia anterior quando o estranho “cortejo” aparecera à minha porta. Não se lembrava de nada, tão súbita e violenta tinha sido a acção dos salteadores, nem sequer quanto tempo estivera prostrado por terra. Mas achava estranho que ninguém o tivesse visto naquela situação, já que o caminho onde tudo acontecera era muito concorrido.

Eu também – pensando melhor – achei estranho, mas como estou habituado à indiferença das pessoas perante as necessidades dos outros não me custava acreditar que alguns o terão visto e ao dar-se conta da situação tivessem optado por seguir adiante livrando-se de “trabalhos” e incómodos. De facto há tanta gente que vai pelos caminhos da vida tão cheios de si próprios, absorvidos com os seus assuntos que olhando não vêm e, se acaso vêm, ficam indiferentes ao que, pensam, não lhes diz respeito.

Tomei uma decisão: A partir de agora a porta da minha estalagem estará sempre aberta a quem tiver necessidade de entrar, não a fecharei a ninguém por motivos de raça, cor da pele ou religião e independentemente de possuírem meios ou recursos para cobrir as despesas que porventura façam.  Esta decisão consola-me muito porque penso que, um dia, pode acontecer-me o mesmo que ao pobre homem assaltado e espancado pelos salteadores e, então precisarei de alguém – um Samaritano… talvez… – que se condoa de mim e me preste assistência.

Publicações em Abril 25

  


Dentro do Evangelho

 

(Re Mc XV, 20)

 

15 E disse-lhes: «Ide por todo o mundo, e pregai o Evangelho a toda a criatura. 16 Quem crer e for baptizado, será salvo; mas quem não crer, será condenado. 17 Eis os milagres que acompanharão os que crerem: Expulsarão os demónios em Meu nome, falarão novas línguas, 18 pegarão em serpentes e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará mal; imporão as mãos sobre os doentes, e serão curados». 19 O Senhor, depois de assim lhes ter falado, elevou-Se ao céu e foi sentar-Se à direita do Pai. 20 Eles, tendo partido, pregaram por toda a parte, cooperando com eles o Senhor e confirmando a palavra com os milagres que a acompanhavam.

Comentários:

O evangelista é parco nas palavras. Realmente, São Marcos - que escreve o que ouviu da boca de Pedro -  não foi testemunha directa dos acontecimentos após a Ressurreição do Senhor e, portanto, toda a emoção e choque de sentimentos que outros deixam entrever não está presente no que escreve. Mas, o deveras importante é reter as instruções e mandatos do Mestre, o que deseja que façam e como. É isso que deve interessar aos Seus seguidores que somos todos nós os baptizados.

Acreditar em Jesus Cristo tem sempre um prémio e quem for baptizado terá um prémio ainda maior. Ao contrário de nós, humanos, que tentamos muitas vezes Deus com as chamadas “promessas” - se me fizeres isto eu faço aquilo – Jesus é muito claro e objectivo: Os simples factos de acreditar e ser baptizado trazem consigo benefícios incalculáveis e para sempre. Sobretudo, naqueles primeiros tempos, os privilégios prometidos seriam de extraordinário valor para a missão que esperava os convertidos ao Reino de Deus.

Não é possível acreditar na Ressurreição de Cristo sem a luz da Fé. Quanto mais intensa for essa luz melhor interiorizarmos esse aconte­cimento que constitui a base o fundamento da nossa santa religião. Peçamos ao Espírito Santo, Senhor que dá a Luz, que a derrame sobre nós.



São Marcos

São Marcos foste discípulo de .Jesus. Eras muito jovem por isso ficou bem gravada em ti a figura inconfundível do Mestre. Nunca terás esquecido a cena de Getzemani onde deixaste nas mãos dos captores o lençol que te cobria e fugiste nu. Que eu retenha esta lição que para fugir do inimigo, da tentação, não convém muita roupagem mas, sim, o desprendimento total dos bens, das coisas, tudo por onde possa ser "agarrado". 

«Ide e ensinai o Evangelho a todas as gentes». Senhor, que eu tenha presente este mandato que estabeleces-Te como "obrigação" e dever de todos os baptizados no Teu Nome. Que eu saiba sempre, com ânimo, dedicação e entrega, fazer o que me compete, obedecendo às instruções que me são dadas, sempre consciente que é em Teu Nome e não por mim, que o devo fazer. 

De facto o Evangelho que São Marcos escreveu poderia chamar-se o Evangelho de São Pedro.

Sim... foi ele quem ditou ao Evangelista o que deveria escrever porque é absolutamente claro que há detalhes, descrições, actos e palavras de Jesus que só ele poderia conhecer. Tem um especia empenho em que o escritor mencione sem disfarces as suas misérias pessoais, as suas negações de Cristo, como ficou aquém do que Ele tinha todo o direito de esperar que fizesse.

Sim... o Evangelho de São Pedro porque nele se revela a verdadeira grandeza do PRÍNCIPE dos Apóstolos, a sua profunda humildade levou-o a guiar a Santa Igreja com mão segura e fé inabalável em que Jesus Cristo, seu Mestre e Senhor, se o queria como instrumento lhe daria o que pudesse faltar-lhe para levar a cabo a Missão que lhe dera; «Apascenta o meu rebanho».