04/03/2019

Máter Fátima, un gran encuentro mundial




Máter Fátima, un gran encuentro mundial para compartir el mensaje de la Virgen: Rosario, Adoración y Consagración a María


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En este gran encuentro se hará Adoración, se rezará el Rosario en varios idiomas y luego habrá una consagración al Inmaculado Corazón de María
Orar a María por el mundo. “Rezad el Rosario todos los días para alcanzar la paz del mundo y el fin de la guerra”, pidió la Virgen María a los pastorcitos en sus apariciones en Fátima. Más de un siglo después, Mater Fátima convoca a creyentes a un gran encuentro de oración y adoración que se celebrará en el centenario de la muerte de San Francisco y Santa Jacinta Marto, dos de los tres videntes junto a su prima Lucía. La primera gran cita se producirá el 4 de abril de 2019, centenario de la partida al cielo de Francisco, y el 20 de febrero de 2020, el de Jacinta.
De este modo, la parroquia de Fátima a través de esta iniciativa y con el apoyo del cardenal Antonio Marto, obispo de Leiria-Fátima, así como del propio santuario, ha invitado al mundo a una adoración eucarística donde se rezará el Rosario en varios idiomas. Al final se hará una consagración al Inmaculado Corazón de María.
“Una oportunidad para compartir la alegría de la fe”
Esta gran celebración se llevará a cabo en la parroquia de Fátima, y está invitado todo aquel que busque “consuelo, esperanza, paz y reconciliación”, pues según los organizadores “es una oportunidad para quienes quieran compartir la alegría de su fe en un mundo necesitado de Dios”.
Pero para todo aquel que no pueda viajar hasta Fátima hay otras formas de participar uniéndose espiritualmente a este encuentro en catedrales, parroquias, colegios o instituciones de todo el mundo que lo deseen rezando el Rosario y estando en comunión con Mater Fátima.
Una invitación a todos los estratos y grupos de la sociedad
Los organizadores afirman que en este gran evento participarán cardenales, obispos, parroquias, santuarios, congregaciones religiosas, grupos de oración, universidades y hospitales. También se han adherido empresas, fábricas, bancos, medios de comunicación, asociaciones culturales, fundaciones, jóvenes, niños, familias, centros penitenciarios, geriátricos, deportistas y hasta militares.
Siguiendo así la petición de la Virgen, estas serán las intenciones por las que se rezará este Rosario a nivel mundial el próximo 4 de abril de este 2019 y más adelante el 20 de febrero de 2020:
  1. Paz en el mundo, por el Santo Padre y por el fin del aborto.
  2. Conversión de los pobres pecadores.
  3. Reparación de los corazones de Jesús y María.
  4. Conversión de Rusia.
  5. Interceder por las almas del Purgatorio.
“Nunca te dejaré. Mi Inmaculado Corazón será tu refugio y el camino que te conducirá a Dios”, dijo la Virgen a los pastorcitos. A Él se encomendarán en pocas semanas miles de personas desde Fátima y otras tantas en comunión desde todos los rincones del mundo.
Para más información sobre el encuentro Mater Fátima pinche AQUÍ
María, Puerta del Cielo, ruega por nosotros

El Reto del Amor











por El Reto del amor

Temas para reflectir e meditar


“Águas passadas”


Costuma dizer-se “águas passadas não movem moinhos” o que além de ser lógico é profundamente verdade.

Tal é um pouco parecido com o que São Josemaria chamava a “mística do oxalá.
Ah! Se eu tivesse feito, se tivesse dito, se eu tivesse…

Mas, contrariando o aforismo, eu diria que as “águas passadas” movem de facto os “moinhos da vida” porque não há nada - absolutamente – que tenhamos feito ou deixado de fazer – que não tenha consequências no futuro.

Daqui que, seja imperativo, não deixar “passar” águas nenhumas, fazer o que tem de ser feito, actuar quando é o tempo de actuar.

Não fizemos bem? Não fomos perfeitos? Poderíamos ter feito melhor?

Mas… fizemos e, em qualquer altura poderemos corrigir e emendar o que tem de ser corrigido ou emendado.

(AMA, reflexões, Dez. 2018)


Evangelho e comentário




TEMPO COMUM




Evangelho: Mc 10, 17-27

17 Quando se punha a caminho, alguém correu para Ele e ajoelhou-se, perguntando: «Bom Mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?» 18 Jesus disse: «Porque me chamas bom? Ninguém é bom senão um só: Deus. 19 Sabes os mandamentos: Não mates, não cometas adultério, não roubes, não levantes falso testemunho, não defraudes, honra teu pai e tua mãe.» 20 Ele respondeu: «Mestre, tenho cumprido tudo isso desde a minha juventude.» 21 Jesus, fitando nele o olhar, sentiu afeição por ele e disse: «Falta-te apenas uma coisa: vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu; depois, vem e segue-me.» 22 Mas, ao ouvir tais palavras, ficou de semblante anuviado e retirou-se pesaroso, pois tinha muitos bens. 23 Olhando em volta, Jesus disse aos discípulos: «Quão difícil é entrarem no Reino de Deus os que têm riquezas!» 24 Os discípulos ficaram espantados com as suas palavras. Mas Jesus prosseguiu: «Filhos, como é difícil entrar no Reino de Deus! 25 É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus.» 26 Eles admiraram-se ainda mais e diziam uns aos outros: «Quem pode, então, salvar-se?» 27 Fitando neles o olhar, Jesus disse-lhes: «Aos homens é impossível, mas a Deus não; pois a Deus tudo é possível.»

Comentário:

A admiração patenteada pelos discípulos de Jesus Cristo pode muito bem ser a nossa:

Quem pode salvar-se?

E tal como lhes respondeu também a nós Ele nos diz o mesmo:

‘Confiai em Mim, posso e quero salvar-vos. Para isso vim ao mundo, dei a Minha vida por vós todos e ressuscitei para que tenhais bem definido o caminho da vossa salvação.’

«Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida»!

(ama, comentário sobre Mc 10, 17-27, 12.12.2018)


A oração deve enraizar-se na alma


A verdadeira oração, a que absorve todo o indivíduo, não a favorece tanto a solidão do deserto como o recolhimento interior. (Sulco, 460)

O caminho que conduz à santidade é o caminho da oração; e a oração deve enraizar-se pouco a pouco na alma, como a pequena semente que se tornará mais tarde árvore frondosa.
Começamos com orações vocais, que muitos de nós repetimos desde crianças: são frases ardentes e simples, dirigidas a Deus e à Sua Mãe, que é nossa Mãe. De manhã e à tarde, não um dia, mas habitualmente, ainda renovo aquele oferecimento que os meus pais me ensinaram: Ó Senhora minha, ó minha mãe, eu me ofereço todo a Vós. E, em prova da minha devoção para convosco, Vos consagro neste dia os meus olhos, os meus ouvidos, a minha boca, o meu coração... Não será isto, de algum modo, um princípio de contemplação, uma demonstração evidente de confiante abandono? Que dizem aqueles que se querem, quando se encontram? Como se comportam? Sacrificam tudo o que são e tudo o que possuem pela pessoa que amam.

Primeiro uma jaculatória, e depois outra e outra... Até que parece insuficiente esse fervor, porque as palavras se tornam pobres...: e abrem-se as portas à intimidade divina, com os olhos postos em Deus sem descanso e sem cansaço. Vivemos então como cativos, como prisioneiros. Enquanto realizamos com a maior perfeição possível, dentro dos nossos erros e limitações, as tarefas próprias da nossa condição e do nosso ofício, a alma anseia escapar-se. Vai até Deus como o ferro atraído pela força do íman. Começa-se a amar Jesus de forma mais eficaz, com um doce sobressalto. (Amigos de Deus, nn. 295–296)

Pequena agenda do cristão

SeGUNDa-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Sorrir; ser amável; prestar serviço.

Senhor que eu faça "boa cara" que seja alegre e transmita aos outros, principalmente em minha casa, boa disposição.

Senhor que eu sirva sem reserva de intenção de ser recompensado; servir com naturalidade; prestar pequenos ou grandes serviços a todos mesmo àqueles que nada me são. Servir fazendo o que devo sem olhar à minha pretensa “dignidade” ou “importância” “feridas” em serviço discreto ou desprovido de relevo, dando graças pela oportunidade de ser útil.

Lembrar-me:
Papa, Bispos, Sacerdotes.

Que o Senhor assista e vivifique o Papa, santificando-o na terra e não consinta que seja vencido pelos seus inimigos.

Que os Bispos se mantenham firmes na Fé, apascentando a Igreja na fortaleza do Senhor.

Que os Sacerdotes sejam fiéis à sua vocação e guias seguros do Povo de Deus.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?








Leitura espiritual



EXORTAÇÃO APOSTÓLICA PÓS-SINODAL

AMORIS LÆTITIA

DO SANTO PADRE FRANCISCO

AOS BISPOS AOS PRESBÍTEROS E AOS DIÁCONOS

ÀS PESSOAS CONSAGRADAS AOS ESPOSOS CRISTÃOS E A TODOS OS FIÉIS LEIGOS SOBRE O AMOR NA FAMÍLIA  


1. A alegria do amor que se vive nas famílias é também o júbilo da Igreja. Apesar dos numerosos sinais de crise no matrimónio – como foi observado pelos Padres sinodais – «o desejo de família permanece vivo, especialmente entre os jovens, e isto incentiva a Igreja». [i] Como resposta a este anseio, «o anúncio cristão sobre a família é verdadeiramente uma boa notícia».[ii]

2. O caminho sinodal permitiu analisar a situação das famílias no mundo actual, alargar a nossa perspectiva e reavivar a nossa consciência sobre a importância do matrimónio e da família. Ao mesmo tempo, a complexidade dos temas tratados mostrou-nos a necessidade de continuar a aprofundar, com liberdade, algumas questões doutrinais, morais, espirituais e pastorais. A reflexão dos pastores e teólogos, se for fiel à Igreja, honesta, realista e criativa, ajudar-nos-á a alcançar uma maior clareza. Os debates, que têm lugar nos meios de comunicação ou em publicações e mesmo entre ministros da Igreja, estendem-se desde o desejo desenfreado de mudar tudo sem suficiente reflexão ou fundamentação até à atitude que pretende resolver tudo através da aplicação de normas gerais ou deduzindo conclusões excessivas de algumas reflexões teológicas.

3. Recordando que o tempo é superior ao espaço, quero reiterar que nem todas as discussões doutrinais, morais ou pastorais devem ser resolvidas através de intervenções magisteriais. Naturalmente, na Igreja, é necessária uma unidade de doutrina e práxis, mas isto não impede que existam maneiras diferentes de interpretar alguns aspec­tos da doutrina ou algumas consequências que decorrem dela. Assim há-de acontecer até que o Espírito nos conduza à verdade completa [iii], isto é, quando nos introduzir perfeitamente no mistério de Cristo e pudermos ver tudo com o seu olhar. Além disso, em cada país ou região, é possível buscar soluções mais inculturadas, atentas às tradições e aos desafios locais. De facto, «as culturas são muito diferentes entre si e cada princípio geral (...), se quiser ser observado e aplicado, precisa de ser inculturado». [iv]

4. Em todo o caso, devo dizer que o caminho sinodal se revestiu duma grande beleza e proporcionou muita luz. Agradeço tantas contribuições que me ajudaram a considerar, em toda a sua amplitude, os problemas das famílias do mundo inteiro. O conjunto das intervenções dos Padres, que ouvi com atenção constante, pareceu-me um precioso poliedro, formado por muitas preocupações legítimas e questões honestas e sinceras. Por isso, considerei oportuno redigir uma Exortação Apostólica pós-sinodal que recolha contribuições dos dois Sínodos recentes sobre a família, acrescentando outras considerações que possam orientar a reflexão, o diálogo ou a práxis pastoral, e simultaneamente ofereçam coragem, estímulo e ajuda às famílias na sua doação e nas suas dificuldades.

5. Esta Exortação adquire um significado especial no contexto deste Ano Jubilar da Misericórdia, em primeiro lugar, porque a vejo como uma proposta para as famílias cristãs, que as estimule a apreciar os dons do matrimónio e da família e a manter um amor forte e cheio de valores como a generosidade, o compromisso, a fidelidade e a paciência; em segundo lugar, porque se propõe encorajar todos a serem sinais de misericórdia e proximidade para a vida familiar, onde esta não se realize perfeitamente ou não se desenrole em paz e alegria.

6. No desenvolvimento do texto, começarei por uma abertura inspirada na Sagrada Escritura, que lhe dê o tom adequado. A partir disso, considerarei a situação actual das famílias, para manter os pés assentes na terra. Depois lembrarei alguns elementos essenciais da doutrina da Igreja sobre o matrimónio e a família, seguindo-se os dois capítulos centrais, dedicados ao amor. Em seguida destacarei alguns caminhos pastorais que nos levem a construir famílias sólidas e fecun­das segundo o plano de Deus, e dedicarei um capítulo à educação dos filhos. Depois deter-me-ei sobre um convite à misericórdia e ao discernimento pastoral perante situações que não correspondem plenamente ao que o Senhor nos propõe; e, finalmente, traçarei breves linhas de espiritualidade familiar.

7. Devido à riqueza que os dois anos de reflexão do caminho sinodal ofereceram, esta Exortação aborda, com diferentes estilos, muitos e variados temas. Isto explica a sua inevitável extensão. Por isso, não aconselho uma leitura geral apressada. Poderá ser de maior proveito, tanto para as famílias como para os agentes de pastoral familiar, aprofundar pacientemente uma parte de cada vez ou procurar nela aquilo de que precisam em cada circunstância concreta. É provável, por exemplo, que os esposos se identifiquem mais com o quarto e quinto capí- tulo, que os agentes pastorais tenham especial interesse pelo capítulo sexto, e que todos se sintam muito interpelados pelo oitavo. Espero que cada um, através da leitura, se sinta chamado a cuidar com amor da vida das famílias, porque elas «não são um problema, são sobretudo uma oportunidade ».[v]

CAPÍTULO I
À LUZ DA PALAVRA

A Bíblia aparece cheia de famílias, gerações, histórias de amor e de crises familiares, desde as primeiras páginas onde entra em cena a família de Adão e Eva, com o seu peso de violência mas também com a força da vida que continua [vi], até às últimas páginas onde aparecem as núpcias da Esposa e do Cordeiro [vii]. As duas casas de que fala Jesus, construí- das ora sobre a rocha ora sobre a areia [viii], representam muitas situações familiares, criadas pela liberdade de quantos habitam nelas, porque – como escreve o poeta – «toda a casa é um candelabro».5 Agora entremos numa dessas casas, guiados pelo Salmista, através dum canto que ainda hoje se proclama nas liturgias nupciais quer judaica quer cristã: «Felizes os que obedecem ao Senhor e andam nos seus caminhos. Comerás do fruto do teu próprio trabalho: assim serás feliz e viverás contente. A tua esposa será como videira fecunda na intimidade do teu lar; [ix] os teus filhos serão como rebentos de oliveira ao redor da tua mesa. Assim vai ser abençoado o homem que obedece ao Senhor. O Senhor te abençoe do monte Sião! Possas contemplar a prosperidade de Jerusalém todos os dias da tua vida, e chegues a ver os filhos dos teus filhos. Paz a Israel!» [x].

Tu e a tua esposa

9. Cruzemos então o limiar desta casa serena, com a sua família sen­tada ao redor da mesa em dia de festa. No centro, encontramos o casal formado pelo pai e a mãe com toda a sua história de amor. Neles se realiza aquele desígnio primordial que o próprio Cristo evoca com decisão: «Não lestes que o Criador, desde o princípio, fê-los homem e mulher?» [xi]. E retoma o mandato do livro do Génesis: «Por esse motivo, o homem deixará o pai e a mãe, para se unir à sua mulher; e os dois serão uma só carne» [xii].

10. Aqueles dois primeiros capítulos grandiosos do Génesis oferecem-nos a representação do casal humano na sua realidade fundamental. Naquele trecho inicial da Bíblia, sobressaem algumas afirmações decisivas. A primeira, citada sinteticamente por Jesus, declara: «Deus criou o ser humano à sua imagem, criou-o à imagem de Deus; Ele os criou homem e mulher» [xiii]. Surpreendentemente, a «imagem de Deus» tem como paralelo explicativo precisamente o casal «homem e mulher». Quererá isto significar que o próprio Deus é sexuado ou tem a seu lado uma companheira divina, como acreditavam algumas religiões antigas? Não, obviamente! Sabemos com quanta clareza a Bíblia rejeitou como idolátricas tais crenças, generalizadas entre os cananeus da Terra Santa. Preserva-se a transcendência de Deus, mas, uma vez que é ao mesmo tempo o Criador, a fecundidade do casal humano é «imagem» viva e eficaz, sinal visível do acto criador.

11. O casal que ama e gera a vida é a verdadeira «escultura» viva (não a de pedra ou de ouro, que o Decálogo proíbe), capaz de manifestar Deus criador e salvador. Por isso, o amor fecundo chega a ser o símbolo das realidades íntimas de Deus [xiv]. Devido a isso a narrativa do Génesis, atendo-se à chamada «tradição sacerdotal», aparece permeada por várias sequências genealógicas [xv]: de facto, a capacidade que o casal humano tem de gerar é o caminho por onde se desenrola a história da salvação. Sob esta luz, a relação fecunda do casal torna-se uma ima­gem para descobrir e descrever o mistério de Deus, fundamental na visão cristã da Trindade que, em Deus, contempla o Pai, o Filho e o Espírito de amor. O Deus Trindade é comunhão de amor; e a família, o seu reflexo vivente. A propósito, são elucidativas estas palavras de São João Paulo II: «O nosso Deus, no seu mistério mais íntimo, não é solidão, mas uma família, dado que tem em Si mesmo paternidade, filiação e a essência da família, que é o amor. Este amor, na família divina, é o Espírito Santo» [xvi]. Concluindo, a família não é alheia à própria essência divina.[xvii] Este aspecto trinitário do casal encontra uma nova representação na teologia paulina, quando o Apóstolo relaciona o casal com o «mistério» da união entre Cristo e a Igreja [xviii].

12. Mas Jesus, na sua reflexão sobre o matrimónio, alude a outra página do Génesis – o capítulo 2 – onde aparece um retracto admirável do casal com detalhes elucidativos. Escolhemos apenas dois. O primeiro é a inquietação vivida pelo homem, que busca «uma auxiliar semelhante» [xix], capaz de resolver esta solidão que o perturba e que não encontra remédio na proximidade dos animais e da criação inteira. A expressão original hebraica faz-nos pensar numa relação directa, quase «frontal» – olhos nos olhos –, num diálogo também sem palavras, porque, no amor, os silêncios costumam ser mais eloquentes do que as palavras: é o encontro com um rosto, um «tu» que reflecte o amor divino e constitui – como diz um sábio bíblico – «o primeiro dos bens, uma ajuda condizente e uma coluna de apoio» [xx]. Ou como exclamará a mulher do Cântico dos Cânticos, numa confissão estupenda de amor e doação na reciprocidade, «o meu amado é para mim e eu para ele (...). Eu sou para o meu amado e o meu amado é para mim» [xxi].

13. Deste encontro, que cura a solidão, surge a geração e a família. Este é um segundo detalhe, que podemos evidenciar: Adão, que é tam­bém o homem de todos os tempos e de todas as regiões do nosso planeta, juntamente com a sua esposa dá origem a uma nova família, como afirma Jesus citando o Génesis: «Unir-se-á à sua mulher e serão os dois um só» [xxii]. No original hebraico, o verbo «unir-se» indica uma estreita sintonia, uma adesão física e interior, a ponto de se utilizar para descrever a união com Deus, como canta o orante: «A minha alma está unida a Ti» [xxiii]. Deste modo, evoca-se a união matrimonial não apenas na sua dimensão sexual e corpórea, mas também na sua doação voluntária de amor. O fruto desta união é «tornar-se uma só carne», quer no abraço físico, quer na união dos corações e das vidas e, porventura, no filho que nascerá dos dois e, em si mesmo, há-de levar as duas «carnes», unindo-as genética e espiritualmente.

(cont)

(revisão da versão portuguesa por AMA)



[i] III Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos, Relatio Synodi (18 de Outubro de 2014), 2.
[ii] 2 XIV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, Relatio Finalis (24 de Outubro de 2015),
[iii] cf. Jo 16, 13
[iv] Francisco, Discurso no encerramento da XIV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos (24 de Outubro de 2015): L’Osservatore Romano (ed. semanal portuguesa de 29/X/2015), 9; cf. Pont. Comissão Bíblica, Fé e cultura à luz da Bíblia. Actas da Sessão Plenária de 1979 da Pontifícia Comissão Bíblica (Turim 1981); Conc. Ecum. Vat. II, Const. past. sobre a Igreja no mundo contemporâneo Gaudium et spes, 44; João Paulo II, Carta enc. Redemptoris missio (7 de Dezembro de 1990), 52: AAS 83 (1991), 300; Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium (24 de Novembro de 2013), 69.117: AAS 105 (2013), 1049.1068-1069.
[v] Francisco, Discurso no Encontro com as Famílias, em Santiago de Cuba (22 de Setembro de 2015): L’Osservatore Romano (ed. semanal portuguesa de 24/IX/2015), 14.
[vi] cf. Gn 4
[vii] cf. Ap 21, 2.9
[viii] cf. Mt 7, 24-27
[ix] Jorge Luís Borges, «Calle desconocida», in Fervor de Buenos Aires (Buenos Aires 2011)
[x] Sl 128/127, 1-6
[xi] Mt 19, 4
[xii] Gn 2, 24
[xiii] 1, 27
[xiv] cf. Gn 1, 28; 9, 7; 17, 2-5.16; 28, 3; 35, 11; 48, 3-4
[xv] cf. Gn 4, 17-22.25-26; 5; 10; 11, 10-32; 25, 1-4.12- 17.19-26; 36
[xvi] Homilia na Eucaristia celebrada em Puebla de los Ángeles (28 de Janeiro de 1979), 2: AAS 71 (1979), 184.
[xvii] Cf. ibidem
[xviii] cf. Ef 5, 21-33
[xix] vv. 18.20
[xx] Sir 36, 24
[xxi] 2, 16; 6, 3
[xxii] Mt 19, 5; cf. Gn 2, 24
[xxiii] Sl 63/62, 9