27/11/2016

Sendo crianças, não tereis penas

Sendo crianças, não tereis penas: os miúdos esquecem depressa os desgostos para voltar aos seus divertimentos habituais. – Por isso, com o "abandono", não tereis de vos preocupar, pois descansareis no Pai. (Caminho, 864)

Por volta dos primeiros anos da década de 40, eu ia muito a Valência. Não tinha então nenhum meio humano e, com os que – como vocês agora – se reuniam com este pobre sacerdote, fazia oração onde podíamos, algumas tardes numa praia solitária. (...)
Pois um dia, ao fim da tarde, durante um daqueles pores do Sol maravilhosos vimos que uma barca se aproximava da beira-mar e que saltaram para terra uns homens morenos, fortes como rochas, molhados, de tronco nu, tão queimados pela brisa que pareciam de bronze. Começaram a tirar da água a rede que traziam arrastada pela barca, repleta de peixes brilhantes como a prata. Puxavam com muito brio, os pés metidos na areia, com uma energia prodigiosa. De repente veio uma criança, muito queimada também, aproximou-se da corda, agarrou-a com as mãozinhas e começou a puxar com evidente falta de habilidade. Aqueles pescadores rudes, nada refinados, devem ter sentido o coração estremecer e permitiram que aquele pequeno colaborasse; não o afastaram, apesar de ele estorvar em vez de ajudar.
Pensei em vocês e em mim; em vocês, que ainda não conhecia e em mim; nesse puxar pela corda todos os dias, em tantas coisas. Se nos apresentarmos diante de Deus Nosso Senhor como esse pequeno, convencidos da nossa debilidade mas dispostos a cumprir os seus desígnios, alcançaremos a meta mais facilmente: arrastaremos a rede até à beira-mar, repleta de frutos abundantes, porque onde as nossas forças falham, chega o poder de Deus. (Amigos de Deus, 14)


Evangelho e comentário

Tempo do Advento

Evangelho: Mt 24, 37-44

37 Assim como aconteceu nos dias de Noé, assim será também a segunda vinda do Filho do Homem. 38 Nos dias que precederam o dilúvio os homens comiam e bebiam, casavam-se e casavam os seus filhos, até ao dia em que Noé entrou na arca, 39 e não souberam nada até que veio o dilúvio e os levou a todos. Assim acontecerá também na vinda do Filho do Homem. 40 «Então, de dois que estiverem no campo, um será tomado e o outro será deixado. 41 De duas mulheres que estiverem a moer com a mó, uma será tomada e a outra deixada. 42 «Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora virá o vosso Senhor. 43 Sabei que, se o pai de família soubesse a que hora havia de vir o ladrão, vigiaria, sem dúvida, e não deixaria arrombar a sua casa. 44 Por isso estai vós também preparados, porque virá o Filho do Homem na hora em que menos pensais

Comentário:

Começa o Advento.

Tempo de reconvenção e preparação.

Reconvenção porque importa examinar o ano que passou, o que fizemos e o que deveríamos ter feito mas, por esta ou aquela razão, não fizemos.

Porque não o fizemos?

Será que prevaleceu uma espécie de critério ou escolha pessoal sobre o que – sabemos pela Doutrina e pela Fé – seria conveniente fazer?

Este tempo litúrgico que agora começa é ideal para essa descida ao nosso íntimo, despir as roupagens que nos pesam, cortar os laços que nos prendem e, assim, de “alma lavada” deitar “mãos à obra” enquanto temos tempo.

(ama, comentário sobre Mt 24, 37-44, 28.11.2016)




Leitura espiritual


DE MAGISTRO

(DO MESTRE)

CAPÍTULO VIII

NÃO SE DISCUTEM INUTILMENTE ESTAS QUESTÕES.
ASSIM, PARA RESPONDER ÀQUELE QUE INTERROGA,
DEVEMOS DIRIGIR A MENTE,
DEPOIS DE PERCEBER OS SINAIS,
ÀS COISAS QUE ESTES SIGNIFICAM

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AGOSTINHO

– Qual motivo então te fez preferir tomar só a palavra do meio (homo) segundo o som e o significado?

ADEODATO

– Mas agora tomo-a exclusivamente pelo seu significado. Concordo contigo não ser possível conversar se a mente, ouvidas as palavras, não evocar logo as coisas de que aquelas são sinais. Por isso, mostra-me como eu pude ser enganado por esse raciocínio, que concluiu que não sou homem.

AGOSTINHO

– Será mais oportuno reapresentar-te as mesmas perguntas, para que tu possas perceber por ti mesmo onde erraste.

ADEODATO

– Está bem.

AGOSTINHO

– Não vou perguntar-te o mesmo que antes, pois já o concedeste. Antes, observa com mais atenção, se na palavra “homo” (homem) a sílaba “ho” é outra coisa que não “ho” e a sílaba “mo” nada mais que “mo”.

ADEODATO

– Não vejo, na realidade, nada além disso.

AGOSTINHO

– Observa ainda se, ao juntar estas duas sílabas, se pode fazer um homem.

ADEODATO

– Absolutamente te concederia isto, uma vez que concordamos, acertadamente, que, depois de ouvir o sinal, a mente examina o seu significado, e só após o exame concede ou nega o que foi proposto.
Mas aquelas duas sílabas, quando separadas, soam sem qualquer significado, e por isso ficou assente que têm valor apenas como som.

AGOSTINHO

– Estás, pois, convicto que não se deve responder às perguntas senão de acordo com as coisas que as palavras significam?

ADEODATO

– Não vejo como haveria de concordar com isto, desde que se trate de palavras.

AGOSTINHO

– Gostaria de saber o que responderias àquele zombeteiro que, dizem, fez sair um leão da boca do companheiro com quem discutia.
Após indagar-lhe se o que dizemos sai da nossa boca, e não lhe sendo possível nega-lo, induziu facilmente o interlocutor a proferir o nome “leão”; feito isso, começou a andar ao redor dele e escarnecê-lo, pois admira que aquilo que dizemos sai da  nossa boca e não podendo negar que proferira a palavra “leão”, estava assumindo que, sendo embora boa pessoa, vomitara um animal tão feroz.

ADEODATO

– Não seria difícil responder a esse brincalhão, pois eu não concordaria que tudo o que dizemos sai da nossa boca, uma vez que proferimos apenas sinais, e o que da nossa boca sai não é a coisa significada, mas o sinal que a significa; assunto este de que tratamos há pouco.

AGOSTINHO

– Com isso o refutarias correctamente; mas que me responderias se te perguntasse se homem é um nome?

ADEODATO

– Que mais haveria de ser?

AGOSTINHO

– Então, quando te vejo, vejo um nome?

ADEODATO

– Não.

AGOSTINHO

– Queres que te diga o que disso resulta?
ADEODATO

– Não te incomodes: eu mesmo, ao responder-te que um homem é nome quando me perguntaste se homem era nome, reconheço que declarei não ser eu homem, e fiz isto apesar de já termos estabelecido que só devemos admitir ou negar o que é dito conforme o significado das coisas.

AGOSTINHO

– Parece-me, todavia, que não foste incidir nesta reposta sem motivo, pois a própria lei da razão, gravada nas nossas mentes, pode iludir a tua vigilância. De facto, se te perguntasse o que é “homem”, responderias talvez: “animal”; porém, se te perguntasse que parte da oração é “homem”, só poderias responder correctamente dizendo “nome”; por aí concluímos que “homem” é nome e animal: o primeiro (ser nome) dizemos enquanto é sinal; o segundo (ser animal) quanto à coisa significada.
Se alguém, pois, me perguntasse se homem é nome, responderia que é, uma vez que esta pergunta deixa entender que a indagação é a respeito de “homem” só como sinal.

Se, ao contrário, me perguntar se homem é animal, anuirei mais facilmente porque, mesmo que se omitissem os termos “nome” e “animal” indagando apenas “o que é homem”, obedecendo àquela regra do falar que já estabelecemos, a minha mente voltar-se-ia para o significado daquelas duas sílabas e só poderia responder “animal”, e até poderia acrescentar a definição completa, isto é, “animal racional, mortal”; não te parece?

ADEODATO

– Certamente; mas, se concordamos que é um nome, como nos subtrairmos a conclusão desagradável de que não somos homens?

AGOSTINHO

– Demonstrando que a ela não se chegou pelo sentido das palavras, quando concordamos com o nosso interlocutor.
E se este quisesse deduzi-la da palavra considerada como sinal, nada haveria a temer, pois qual prejuízo haveria em confessar que não sou aquelas duas sílabas?

ADEODATO

– Nada mais verdadeiro. Mas por que então incomoda ouvir dizer: “Tu não és homem” uma vez que, pelo que já vimos, é uma verdade incontestável?

AGOSTINHO

– Por ser difícil evitar de pensar que aquela conclusão – ao ouvirmos estas duas sílabas – não se relacione com seu significado, pela regra de grande e natural valor, segundo a qual a nossa atenção, ao ouvirmos os sinais, volta-se logo para as coisas significadas.

ADEODATO

– Aceito quando dizes.

(Revisão de versão portuguesa por ama

Lições de São João Paulo II - 3

Lições de São João Paulo II



3 – Os mecanismos materialistas produzem, em nível internacional, ricos cada vez mais ricos à custa de pobres cada vez mais pobres.



(12 Lições de são joão paulo II)


(revisão da versão portuguesa por ama)

Tratado da vida de Cristo 136

Questão 49: Dos efeitos da paixão de Cristo

Art. 4 — Se pela Paixão de Cristo fomos reconciliados com Deus.

O quarto discute-se assim. — Parece que pela Paixão de Cristo não fomos reconciliados com Deus.

1. — Pois, a reconciliação não tem lugar entre amigos. Ora, Deus sempre nos amou, como o diz a Escritura: Tu amas todas as causas que existem e não aborreces nada de quanto fizeste. Logo, a Paixão de Cristo não nos reconciliou com Deus.

2. Demais. — Não pode o princípio também ser efeito; e por isso a graça, que é o princípio do mérito, não é susceptível de mérito. Ora, o amor de Deus foi o princípio da Paixão de Cristo, segundo o Evangelho: Assim amou Deus ao mundo que lhe deu a seu Filho unigénito. Logo parece que pela Paixão de Cristo não fomos reconciliados com Deus, de modo que ele então começasse a amar-nos de novo.

3. Demais. — A Paixão de Cristo cumpriu-se mediante os que o mataram, que assim gravemente ofenderam a Deus. Logo, a Paixão de Cristo é antes a causa da Indignação de Deus que a da reconciliação com ele.

Mas, em contrário, diz o Apóstolo: Fomos reconciliados com Deus pela morte do seu Filho.

A Paixão de Cristo é a causa da nossa reconciliação com Deus, de dois modos. — Primeiro, porque remove o pecado pelo qual os homens são constituídos inimigos de Deus, segundo a Escritura: Deus igualmente aborreceu ao ímpio e a sua impiedade. E noutro lugar: Aborreces a todos os que obram a iniquidade. - De outro modo, como sacrifício muito aceite de Deus. Pois, o efeito próprio do sacrifício é aplacar a Deus; assim como perdoamos a ofensa cometida contra nós quando recebemos um serviço que nos é prestado. Donde o dizer a Escritura: Se o Senhor te incita contra mim, receba ele o cheiro do sacrifício. Semelhantemente, o ter Cristo sofrido voluntariamente foi um bem tão grande, que em razão desse bem descoberto na natureza humana, Deus se aplacou no tocante a qualquer ofensa do género humano, contanto que o homem se una com a Paixão de Cristo, do modo referido.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — Deus ama em todos os homens a natureza que ele mesmo fez. Odeia-os, porém por causa da culpa que contra ele cometeram, segundo a Escritura: Aborrece o Altíssimo aos pecadores.

RESPOSTA À SEGUNDA. — Não se diz que a Paixão de Cristo nos reconciliou com Deus porque de novo nos começasse a amar, pois está na Escritura: Com amor eterno te amei. Mas porque a Paixão de Cristo eliminou a causa do ódio, quer por ter delido o pecado, quer pela compensação de um bem mais aceitável.

RESPOSTA À TERCEIRA. — Assim como os imoladores de Cristo foram homens, assim também Cristo, o morto, era homem. Mas foi maior a caridade de Cristo padecente que a iniquidade dos que o mataram. Por isso a Paixão de Cristo foi mais valiosa para reconciliar Deus com todo o género humano do que para lhe provocar as iras.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.



Doutrina – 212

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

Compêndio


PRIMEIRA PARTE: A PROFISSÃO DA FÉ
SEGUNDA SECÇÃO: A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ
CAPÍTULO SEGUNDO

CREIO EM JESUS CRISTO, O FILHO UNIGÉNITO DE DEUS
«JESUS CRISTO PADECEU SOB PÔNCIO PILATOS, FOI CRUCIFICADO, MORTO E SEPULTADO»

116. Jesus contradisse a fé de Israel no Deus único e salvador?


Jesus nunca contradisse a fé num Deus único, nem sequer quando realizava a obra divina por excelência que cumpria as promessas messiânicas e o revelava igual a Deus: o perdão dos pecados. A exigência feita por Jesus de fé na sua pessoa e de conversão permite compreender a trágica incompreensão do Sinédrio que considerou Jesus merecedor de morte porque blasfemo.

Pequena agenda do cristão

DOMINGO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)







Propósito:
Viver a família.

Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família em Nazareth, que cada um, absolutamente, contribua para a união de todos pondo de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que os lares de cada um sejam luminosos e alegres.

Lembrar-me:
Cultivar a Fé

São Tomé, prostrado a Teus pés, disse-te: Meu Senhor e meu Deus!
Não tenho pena nem inveja de não ter estado presente. Tu mesmo disseste: Bem-aventurados os que crêem sem terem visto.
E eu creio, Senhor.
Creio firmemente que Tu és o Cristo Redentor que me salvou para a vida eterna, o meu Deus e Senhor a quem quero amar com todas as minhas forças e, a quem ofereço a minha vida. Sou bem pouca coisa, não sei sequer para que me queres mas, se me crias-te é porque tens planos para mim. Quero cumpri-los com todo o meu coração.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?