02/07/2018

Anda, voa!


Vejo-me como um pobre passarinho que, acostumado a voar apenas de árvore em árvore ou, quando muito, até à varanda de um terceiro andar..., um dia, na sua vida, meteu-se em brios para chegar até ao telhado de certa casa modesta, que não era propriamente um arranha-céus... Mas eis que o nosso pássaro é arrebatado por uma águia – que o julgou erradamente uma cria da sua raça – e, entre as suas garras poderosas, o passarinho sobe, sobe muito alto, por cima das montanhas da terra e dos cumes nevados... por cima das nuvens brancas e azuis e cor-de-rosa, mais acima ainda, até olhar o sol de frente... E então a águia, soltando o passarinho, diz-lhe: anda, voa!... – Senhor, que eu não volte a voar pegado à terra, que esteja sempre iluminado pelos raios do divino Sol – Cristo – na Eucaristia, que o meu voo não se interrompa até encontrar o descanso do teu Coração! (Forja, 39)

O coração sente então a necessidade de distinguir e adorar cada uma das pessoas divinas. De certo modo, é uma descoberta que a alma faz na vida sobrenatural, como as de uma criancinha que vai abrindo os olhos à existência. E entretém-se amorosamente com o Pai e com o Filho e com o Espírito Santo; e submete-se facilmente à actividade do Paráclito vivificador, que se nos entrega sem o merecermos: os dons e as virtudes sobrenaturais!

Corremos como o veado que anseia pelas fontes da água; com sede, a boca gretada pela secura. Queremos beber nesse manancial de água viva. Sem atitudes extravagantes, mergulhamos ao longo do dia nesse caudal abundante e claro de águas frescas que saltam até à vida eterna. As palavras tornam-se supérfluas, porque a língua não consegue expressar-se; o entendimento aquieta-se. Não se discorre, olha-se! E a alma rompe outra vez a cantar um cântico novo, porque se sente e se sabe também olhada amorosamente por Deus a toda a hora.

Não me refiro a situações extraordinárias. São, podem muito bem ser, fenómenos ordinários da nossa alma: uma loucura de amor que, sem espectáculo, sem extravagâncias, nos ensina a sofrer e a viver, porque Deus nos concede a Sabedoria. Que serenidade, que paz então, metidos no caminho estreito que conduz à vida! (Amigos de Deus, nn. 306–307)

Temas para reflectir e meditar

Obediência


Obedecer não é somente realizar uma acção, mas aceitar uma acção tomada, para nós, por Deus e fazê-la nossa.



(GEORGES CHEVROTJesus e a Samaritana, Éfeso, 1956, pg 182)  

Evangelho e comentário


Tempo comum


Evangelho: Mt 8, 18-22

18 Vendo Jesus em torno de si uma grande multidão, decidiu passar à outra margem. 19 Saiu-lhe ao encontro um doutor da Lei, que lhe disse: «Mestre, seguir-te-ei para onde quer que fores.» 20 Respondeu-lhe Jesus: «As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.» 21 Um dos discípulos disse-lhe: «Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar o meu pai.» 22 Jesus, porém, respondeu-lhe: «Segue-me e deixa os mortos sepultar os seus mortos.»

Comentário:

Quando, na vida corrente, nos propõem algo, a nós cabe-nos ter uma de duas atitudes: aceitar ou recusar.

Não obtemos nenhum resultado positivo por tentar emitir as nossas condições de acordo com as conveniências próprias.

Quem o faz é quem faz a proposta, o convite, porque, naturalmente, é quem sabe o que pretende de nós, o que deseja que façamos.

Assim com o chamamento que Cristo faz pessoalmente a cada um em particular.
Ele sabe para que nos quer, para que nos chama.


(AMA, comentário sobre Mt 8, 18-22, 2013.07.01)


Leitura espiritual



Amar a Igreja

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Permitam-me que insista repetidamente: as verdades de fé e de moral não se determinam por maioria de votos, porque compõem o depósito - depositum fidei - entregue por Cristo a todos os fiéis e confiado, na sua exposição e ensino autorizado, ao Magistério da Igreja.

Seria um erro pensar que, pelo facto de os homens já terem talvez adquirido mais consciência dos laços de solidariedade que mutuamente os unem, se deva modificar a constituição da Igreja, para a pôr de acordo com os tempos.

Os tempos não são dos homens, quer sejam ou não eclesiásticos; os tempos são de Deus, que é o Senhor da história.

E a Igreja só poderá proporcionar a salvação às almas, se permanecer fiel a Cristo na sua constituição, nos seus dogmas, na sua moral.

Rejeitemos, portanto, o pensamento de que a Igreja - esquecendo-se do sermão da montanha - procura a felicidade humana na terra, pois sabemos que a sua única tarefa consiste em levar as almas à glória eterna do paraíso; rejeitemos qualquer solução naturalista, que não valorize o papel primordial da graça divina; rejeitemos as opiniões materialistas, que procuram tirar importância aos valores espirituais na vida do homem; rejeitemos de igual modo as teorias secularizantes, que pretendem identificar os fins da Igreja de Deus com os dos estados terrenos: confundindo a essência, as instituições, a actividade, com características similares às da sociedade temporal.

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O abismo da sabedoria de Deus

Recordem as considerações de São Paulo que acabamos de ler na Epístola:

Ó profundidade das riquezas da sabedoria e da ciência de Deus; quão incompreensíveis são os Seus juízos, e inesgotáveis os Seus caminhos! Porque, quem conheceu o pensamento do Senhor?
Ou quem foi o Seu conselheiro?
Ou quem Lhe deu alguma coisa primeiro, para que tenha de receber em troca?
Todas as coisas são d'Ele e todas são por Ele, e todas existem n'Ele; a Ele seja dada glória por todos os séculos dos séculos.
Amen.

À luz da palavra de Deus, como se tornam tacanhos os desígnios humanos ao procurarem alterar o que Nosso Senhor estabeleceu!

Não devo, porém, ocultar-vos que agora se observa, por todo o lado, uma estranha capacidade do homem: nada conseguindo contra Deus, enfurece-se contra os outros sendo tremendo instrumento do mal, ocasião e indutor de pecado, semeador dum tipo de confusão que conduz a que se cometam acções intrinsecamente más, apresentando-as como boas.

Sempre houve ignorância: mas, hoje em dia, a ignorância mais brutal em matérias de fé e de moral disfarça-se, por vezes, com nomes pomposos aparentemente teológicos.

Por isso, o mandato de Cristo aos Apóstolos - acabamos de ouvi-lo no Evangelho - alcança uma premente actualidade: ide, pois, ensinai todas as gentes.

Não podemos desinteressar-nos, não podemos cruzar os braços, não podemos fechar-nos sobre nós mesmos.

Acorramos a travar, por Deus, uma grande batalha de paz, de serenidade, de doutrina.

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Temos de ser compreensivos, cobrir tudo com o manto afectuoso da caridade.

Uma caridade que nos confirme na fé, aumente a nossa esperança e nos faça fortes, para dizer bem alto que a Igreja não é essa imagem que alguns propõem.

A Igreja é de Deus, e pretende um único fim: a salvação das almas. Aproximemo-nos de Nosso Senhor, falemos com Ele na oração face a face, peçamos-Lhe perdão pelas nossas misérias pessoais e reparemos pelos nossos pecados e pelos dos outros homens que - neste clima de confusão - talvez não consigam descobrir a gravidade com que estão a ofender a Deus.

Na Santa Missa, neste Domingo, na renovação incruenta do sacrifício cruento do Calvário, Jesus imolar-Se-á - Sacerdote e Vítima - pelos pecados dos homens.

Não O deixemos só, que surja no nosso peito um desejo ardente de estar com Ele, ao pé da Cruz; que aumente o nosso clamor ao Pai, Deus misericordioso, para que volte a dar a paz ao mundo, a paz à Igreja, a paz às consciências!

Se nos comportarmos assim, encontraremos - ao pé da Cruz - Maria Santíssima, Mãe de Deus e nossa Mãe. Pela sua mão bendita, chegaremos a Jesus e, por Ele, ao Pai, no Espírito Santo.

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Há dias, ao celebrar a Santa Missa, detive-me um breve momento para considerar as palavras de um salmo que a liturgia punha na antífona da Comunhão:

O Senhor é o meu pastor, nada me poderá faltar.

Esta invocação trouxe-me à memória os versículos de outro salmo, que se recitava na cerimónia da Primeira Tonsura:

O Senhor é a parte da minha herança.

O próprio Cristo põe-se nas mãos dos sacerdotes, que se fazem assim dispensadores dos mistérios - das maravilhas - do Senhor.

No próximo Verão receberá as Sagradas Ordens meia centena de membros do Opus Dei.

Desde 1944 sucedem-se, como uma realidade de graça e de serviço à Igreja, estas ordenações sacerdotais de alguns membros da Obra.
Apesar disso, todos os anos há gente que se espanta.

Como é possível, interrogam-se, que trinta, quarenta, cinquenta homens, com uma vida cheia de afirmações e de promessas, estejam dispostos a ser sacerdotes?

Queria expor hoje algumas considerações, mesmo correndo o risco de aumentar nessas pessoas os motivos de perplexidade.

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Porquê ser Sacerdote?

O santo sacramento da Ordem Sacerdotal será ministrado a este grupo de membros da Obra, que contam com uma valiosa experiência - talvez de muito tempo - como médicos, advogados, engenheiros, arquitectos ou de outras diversíssimas actividades profissionais.

São homens que, como fruto do seu trabalho, estariam capacitados para aspirar a postos mais ou menos relevantes na sua esfera social.

Vão ordenar-se para servir.

Não para mandar, não para brilhar, mas para se entregarem, num silêncio incessante e divino ao serviço de todas as almas.

Quando forem sacerdotes não se deixarão arrastar pela tentação de imitar as ocupações e o trabalho, dos leigos, mesmo que se trate de tarefas que conheçam bem por as terem realizado até agora, o que lhes conferiu uma mentalidade laical que não perderão nunca.

A sua competência nos diversos ramos do saber humano - da história, das ciências naturais, da psicologia, do direito, da sociologia -, embora faça parte necessariamente dessa mentalidade laical, não os levará a quererem apresentar-se como sacerdotes-psicólogos, sacerdotes-biólogos ou sacerdotes-sociólogos.

Receberam o sacramento da Ordem para serem, nem mais nem menos, sacerdotes-sacerdotes, sacerdotes cem por cento.

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É provável que sobre muitos assuntos temporais e humanos, entendam mais do que muitos leigos.

Mas, desde que são sacerdotes, calam com alegria essa competência para continuarem a fortalecer-se espiritualmente através da oração constante, para falarem só de Deus, para pregarem o Evangelho e administrarem os sacramentos.

Este é, se assim se pode dizer, o seu novo TRABALHO profissional, ao qual dedicam todas as horas do dia, que sempre serão poucas, porque é preciso estudar constantemente a ciência de Deus, orientar espiritualmente tantas almas, ouvir muitas confissões, pregar incansavelmente e rezar muito, muito, com o coração sempre posto no Sacrário, onde está realmente presente Aquele que nos escolheu para sermos seus, numa maravilhosa entrega cheia de alegria, inclusivamente no meio de contrariedades, que a nenhuma criatura faltam.

Todas estas considerações podem aumentar, como vos dizia, os motivos de admiração.

Alguns continuarão talvez a perguntar a si mesmos: mas porquê esta renúncia a tantas coisas boas e nobres da terra, a uma profissão mais ou menos brilhante, a influir cristãmente, com o exemplo, no âmbito da cultura profana, do ensino, da economia, ou de qualquer outra actividade social?

Outros ficarão admirados lembrando-se de que hoje, em não poucos sítios, grassa uma desorientação notável sobre a figura do sacerdote; apregoa-se que é preciso procurar a sua identidade e põe-se em dúvida o significado que, nas circunstâncias actuais, possa ter a entrega a Deus no sacerdócio.

Finalmente, também poderá surpreender alguns que, numa época em que escasseiam as vocações sacerdotais, estas surjam entre cristãos que já tinham resolvido - graças a um trabalho pessoal exigente - os problemas de colocação e trabalho no mundo.

SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ

(cont)

Diálogos apostólicos


A FAMÍLIA

Pergunto:

1.   O que é uma família?

Respondo:

Pode descrever-se a família como o grupo de pessoas formado por um casal e os seus filhos. No sentido amplo, chama-se família a qualquer associação, sobretudo reina um ambiente cordial. No entanto, nestes casos costuma procurar-se um bem parcial - desportivo, musical… - enquanto na família em sentido restrito se deseja o bem geral dos seus membros enquanto pessoas.

El reto del amor






VIVE DE CRISTO®Dominicas de Lerma

Pequena agenda do cristão

SeGUNDa-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Sorrir; ser amável; prestar serviço.

Senhor que eu faça "boa cara" que seja alegre e transmita aos outros, principalmente em minha casa, boa disposição.

Senhor que eu sirva sem reserva de intenção de ser recompensado; servir com naturalidade; prestar pequenos ou grandes serviços a todos mesmo àqueles que nada me são. Servir fazendo o que devo sem olhar à minha pretensa “dignidade” ou “importância” “feridas” em serviço discreto ou desprovido de relevo, dando graças pela oportunidade de ser útil.

Lembrar-me:
Papa, Bispos, Sacerdotes.

Que o Senhor assista e vivifique o Papa, santificando-o na terra e não consinta que seja vencido pelos seus inimigos.

Que os Bispos se mantenham firmes na Fé, apascentando a Igreja na fortaleza do Senhor.

Que os Sacerdotes sejam fiéis à sua vocação e guias seguros do Povo de Deus.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?