
O coração sente então a necessidade de distinguir e adorar cada
uma das pessoas divinas. De certo modo, é uma descoberta que a alma faz na vida
sobrenatural, como as de uma criancinha que vai abrindo os olhos à existência.
E entretém-se amorosamente com o Pai e com o Filho e com o Espírito Santo; e
submete-se facilmente à actividade do Paráclito vivificador, que se nos entrega
sem o merecermos: os dons e as virtudes sobrenaturais!
Corremos como o veado que anseia pelas fontes da água; com sede, a
boca gretada pela secura. Queremos beber nesse manancial de água viva. Sem
atitudes extravagantes, mergulhamos ao longo do dia nesse caudal abundante e
claro de águas frescas que saltam até à vida eterna. As palavras tornam-se
supérfluas, porque a língua não consegue expressar-se; o entendimento
aquieta-se. Não se discorre, olha-se! E a alma rompe outra vez a cantar um
cântico novo, porque se sente e se sabe também olhada amorosamente por Deus a
toda a hora.
Não me refiro a situações extraordinárias. São, podem muito bem
ser, fenómenos ordinários da nossa alma: uma loucura de amor que, sem
espectáculo, sem extravagâncias, nos ensina a sofrer e a viver, porque Deus nos
concede a Sabedoria. Que serenidade, que paz então, metidos no caminho estreito
que conduz à vida! (Amigos
de Deus, nn. 306–307)
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