21/06/2016

Porque é que nós, homens, nos entristecemos?

"Bem-aventurada, porque acreditaste!", diz Isabel à nossa Mãe. A união com Deus, a vida sobrenatural, vai sempre unida à prática atraente das virtudes humanas: porque "leva" Cristo, Maria leva a alegria ao lar de sua prima. (Sulco, 566)

Não deis o mínimo crédito aos que apresentam a virtude da humildade como um amesquinhamento humano ou como uma condenação perpétua à tristeza. Sentir-se barro, recomposto com gatos, é fonte contínua de alegria; significa reconhecer-se pouca coisa diante de Deus: criança, filho. E haverá maior alegria do que a daquele que, sabendo-se pobre e débil, se sabe também filho de Deus? Porque é que nós, homens, nos entristecemos? Porque a vida na terra, não se passa como nós, pessoalmente, esperávamos e porque surgem obstáculos que impedem ou dificultam a satisfação do que pretendemos.


Nada disto acontece quando a alma vive essa realidade sobrenatural da sua filiação divina. Se Deus é por nós, quem será contra nós. Que estejam tristes os que se empenham em não se reconhecerem filhos de Deus, tenho eu repetido sempre. (Amigos de Deus, 108)

Evangelho e comentário


Tempo Comum

 Evangelho: Mt 7, 6.12-14


6 «Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis aos porcos as vossas pérolas, para que não suceda que eles as calquem com os seus pés, e que, voltando-se contra vós, vos despedacem. 12 «Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-o também vós a eles; esta é a Lei e os Profetas.
13 «Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que leva à perdição, e muitos são os que entram por ele. 14 Que estreita é a porta, e que apertado o caminho que leva à Vida, e quão poucos são os que dão com ele!


Comentário: 



No versículo 14 as palavras do Senhor dão que pensar!

Parece que realmente seguir o caminho de Cristo é uma tarefa bem difícil, de tal modo que «são poucos os que dão com ele».

Mas Jesus nunca disse que seria fácil o caminho do cristão, aliás, como poderia se o próprio caminho que Ele seguiu foi tão cheio de dificuldades, controvérsias, perigos autênticos até terminar no Gólgota!

Compreende-se porquê: ao demónio não lhe interessa absolutamente que sigamos esse caminho e tudo fará para nos afastar dele ou confundir-nos no rumo a tomar.

Nós, cristãos, somos amigo de Cristo e, ele, é o inimigo do Senhor.

Se odeia ao Mestre como não há-de odiar os discípulos?

Só que nós temos muito mais “defesas” onde o refugiar-nos que o Demónio não pode sequer suspeitar e, o principal, a oração, é a nossa segurança por excelência porque o Senhor nunca abandonará os que a Ele recorrem em busca de auxílio.

(ama, comentário sobre Mt 7, 6-12, 14, 2016.04.18)





Leitura espiritual

Leitura Espiritual


INTRODUÇÃO AO CRISTIANISMO

"Creio em Deus" – Hoje

TERCEIRA PARTE
O ESPÍRITO E A IGREJA
CAPÍTULO SEGUNDO

Duas Questões Fundamentais do Artigo sobre o Espírito Santo e sobre a Igreja

2. "Ressurreição da carne"

a)   Conteúdo da esperança neo-testamentária da ressurreição.
O artigo da ressurreição da carne coloca-nos num estranho dilema. Redescobrimos a indivisibilidade do homem; vivemos com intensidade nova a nossa corporeidade, experimentando-a como maneira inevitável de realizar o ser único do homem. A partir deste ponto estamos em condições de compreender de modo novo a mensagem bíblica que não confere imortalidade à alma separada, mas ao homem inteiro. Deste sentimento surgiu, no nosso século, sobretudo na teologia evangélica, uma forte oposição à doutrina grega da imortalidade da alma que, injustamente, passou a ser considerada como pensamento cristão. Na verdade, ela exprimiria um dualismo nada cristão; a fé cristã saberia a respeito de uma ressurreição dos mortos pelo poder de Deus, exclusivamente. Mas, já surgem as objecções: a doutrina grega sobre a imortalidade pode ser problemática, mas não será ainda menos realizável ainda para nós a afirmação bíblica? Unidade do homem, muito bem; mas quem seria capaz de se imaginar numa ressurreição do corpo, dentro da nossa hodierna cosmovisão? Uma ressurreição desta forma incluiria – como parece – um novo céu e uma nova terra, exigiria corpos imortais, isentos da necessidade de alimentar-se, postularia um estado da matéria totalmente mudado. Ora, tudo isto não seria um absurdo completo, oposto frontalmente à nossa concepção da matéria e ao seu modo de proceder, algo incuravelmente mitológico?

Creio que realmente só chegaremos a uma resposta procurando cuidadosamente as exactas intenções e sentidos da doutrina bíblica e re-examinando as relações da Bíblia com o mundo grego; pois o encontro dos dois pensamentos alterou ambas as concepções, encobrindo os sentidos originais tanto de uma como de outra, numa visão nova que é mister remover primeiro para lhe alcançar o fundo. A esperança na ressurreição dos mortos apresenta a forma básica da esperança na imortalidade; daí surge no Novo Testamento, não propriamente como ideia complementar de uma imortalidade da alma, antecedente e dela independente, mas como a doutrina essencial sobre o destino do homem. Claro que, no judaísmo tardio, já existia uma doutrina da imortalidade de colorido helenístico; e aí está uma das razões para explicar por que desde muito cedo não mais se compreendeu a pretensão total do pensamento da ressurreição, no mundo grego-romano. Pelo contrário, a concepção grega da imortalidade da alma e a mensagem bíblica da ressurreição dos mortos foram consideradas como meia resposta (semi-resposta) à questão sobre o destino eterno do homem, somando-se ambas como mútuo aditivo. Ao que o pensamento grego já sabia sobre a imortalidade da alma, veio a Bíblia acrescentar a revelação de que no fim dos tempos também os corpos seriam ressuscitados para compartilhar para sempre o destino da alma – condenação ou bem-aventurança.

Em contrapartida, cumpre dizer que originariamente não se tratava propriamente de duas concepções complementares; estamos antes face a dois modos de ver totalmente diversos, que não podem ser adicionados, sem mais nem menos: cada um deles apresenta as suas próprias concepções do homem, de Deus e do futuro; por isto, em si, só podemos compreender os dois pontos de vista como tentativas em busca de uma resposta total ao problema do destino humano. A concepção grega tem como base a doutrina da coexistência de duas substâncias no homem, estranhas entre si, das quais uma (o corpo) se desfaz, enquanto a outra (a alma) é imortal por si e, por isto, continua existindo, independente de qualquer outro ser. Com a separação do corpo, elemento estranho à sua natureza, a alma alcançaria toda a sua individualidade. Pelo contrário, o pensamento bíblico supõe a unidade indivisa do homem; por exemplo, a Escritura desconhece qualquer palavra que designe exclusivamente o corpo (separado e distinto da alma) e, vice-versa, o vocábulo "alma" denota, as mais das vezes, o homem inteiro, existente corporalmente; os poucos tópicos onde transparece outro modo de ver, conservam-se oscilando entre o pensamento grego e o hebraico, sem contudo abrir mão do modo antigo de ver. De acordo com isto, a ressurreição dos mortos (não dos corpos!), de que fala a Escritura, trata da salvação do homem uno, indiviso, e não apenas do destino de uma metade do homem (talvez até secundária). Com isto fica esclarecido também que o cerne da fé na ressurreição não consiste de modo algum na ideia da devolução dos corpos, à qual, no entanto, a reduzimos em nossa concepção. Isto vale, mesmo se um tal modo de descrever seja continuamente utilizado na Bíblia. Mas, neste caso, qual seria propriamente o conteúdo daquilo que a Bíblia com o código da ressurreição dos mortos pretende anunciar aos homens como a sua esperança? Creio que se possa destacar este conteúdo peculiar mais facilmente no cotejo com a concepção dualista da filosofia grega:

1.    A ideia da imortalidade anunciada pela Bíblia com o termo
"ressurreição" significa imortalidade da "pessoa", da figura una, chamada homem. Enquanto no grego o ente típico "homem" é um produto perecível que, como tal, não sobrevive, mas entra por dois caminhos diferentes, de acordo com a estrutura heterogénea de corpo e alma, na concepção da fé bíblica é exactamente o homem que, como tal, sobrevive embora metamorfoseado.

2. Trata-se de uma imortalidade "dialógica" (= re-suscitamento!) isto é: imortalidade não resulta simplesmente da evidência de não poder morrer aquilo que é indivisível, mas da acção salvadora do amante que possui poder para tanto: o homem não pode acabar totalmente, por ser conhecido e amado por Deus. Todo amor quer eternidade – o amor de Deus não só a deseja, como a realiza e é. De facto, a ideia bíblica da ressurreição nasceu da seguinte motivação dialógica: o orante sabe, pela fé, que Deus restaurará o direito (Job 19,25 ss; Sl 73,23 ss); a fé está convencida de que serão participantes do cumprimento da promessa os que sofreram pela causa de Deus (2Mac 7,9ss). A imortalidade concebida pela Bíblia não é fruto da própria capacidade do que, por si, é indestrutível, mas da participação no diálogo com o Criador; por esta razão ela deve chamar-se ressurreição. O Criador tem em mira não só a alma, mas o homem a realizar-se no meio da corporeidade da história, conferindo-lhe imortalidade; por esta razão, ela deve chamar-se ressurreição dos mortos, ou seja, dos homens. Cumpre notar que na expressão "ressurreição da carne" a palavra "carne" significa o mesmo que "mundo humano" (no sentido dialéctico da expressão, por exemplo: "toda a carne verá a salvação de Deus", etc.); também no Credo o vocábulo não denota uma corporeidade isolada da alma.

3. A ressurreição é esperada no "último dia", no fim da história, na comunidade de todos os homens: o que demonstra o carácter comum-humano da imortalidade do homem, relacionado com a humanidade inteira, da qual, para a qual e com a qual cada indivíduo viveu, tornando-se, por isto, feliz ou infeliz. Este nexo flui por si mesmo do carácter humano-total da ideia bíblica da imortalidade na filosofia grega. O corpo e também a história são plenamente extrínsecos à alma; esta continua existindo libertada de corpo e da história, sem necessitar de outro ser. Pelo contrário a co-humanidade é constitutiva para o homem imaginado como unidade; esta dimensão não pode ser excluída, no caso em que o homem deva sobreviver. Assim, sob o ponto de vista bíblico, parece resolvida a questão muito debatida, sobre a possibilidade de uma comunidade dos homens entre si, após a morte; ela só pode surgir com a predominância do elemento grego no início: ali onde se acredita na "comunhão dos santos", está superada a ideia da alma separada (anima separata dos escolásticos).

Todos estes pensamentos só puderam desenvolver-se plenamente na concretização neo-testamentária da esperança bíblica – o Antigo Testamento afinal deixa em suspenso a pergunta sobre o futuro do homem. Só em Cristo, homem que "é um com o Pai", homem pelo qual o ser humano entra na eternidade de Deus, se revela definitivamente o futuro do homem. Somente nele, o "segundo Adão", encontra cabal resposta a interrogação que o próprio homem é. Cristo é o homem completo; neste sentido está presente nele a pergunta que somos nós, homens. Mas ele é, ao mesmo tempo, fala de Deus a nós, "palavra de Deus". O diálogo entre Deus e homem, com seus altos e baixos desde o raiar da história, entrou numa nova fase em Cristo: nele a palavra de Deus tornou-se "carne", entrando realmente na nossa existência. Ora, se o diálogo de Deus com o homem denota vida, se é verdade que o parceiro dialogante de Deus tem vida justamente por ser conversado por quem vive eternamente: significa que Cristo, como fala de Deus a nós, é "a ressurreição e a vida" (Jo 11,25). Significa, ainda, que a entrada em Cristo, isto é, a fé, se torna – no seu sentido qualificado – uma entrada no ser conhecido e no ser amado por Deus, que é imortalidade: "Quem crê no Filho, tem vida eterna" (Jo 3,15s; 3,36; 5,24). Somente nesta perspectiva se pode compreender a mentalidade do quarto Evangelho que, apresentando a história de Lázaro, quer esclarecer o leitor sobre a ressurreição, que não é apenas um acontecimento distante no fim dos dias, mas acontece agora pela fé. Quem crê, está dialogando com Deus que é vida e sobrevive à morte. Com isto coincidem também a linha "dialógica" relacionada directamente com Deus e a linha co-humana do conceito bíblico de imortalidade. Em Cristo homem com efeito, encontramos Deus; mas encontramos não menos, nele, a comunidade dos outros, cujo caminho para Deus passa através dele e por isto passa de uns a outros. A orientação para Deus é, simultaneamente, orientação para a comunidade dos homens e somente a aceitação desta comunidade denota aproximação a Deus, que não existe fora de Cristo, nem ao lado da relação da história humana inteira e da sua tarefa humana.

Agora cai um raio de luz sobre a questão muito debatida no tempo patrístico e, novamente, desde Lutero: o problema do "estádio intermédio" entre morte e ressurreição: a existência com Cristo, iniciada na fé, é vida de ressurreição iniciada e, por isto, sobrevivência à morte (Flp 1,23; 2Cor 5,8; 1Tess 5,10). O diálogo da fé já é vida agora e não pode ser destruído pela morte. Portanto, na perspectiva do Novo Testamento, é insustentável a ideia do sono da morte, objecto de repetidos estudos de teólogos luteranos e trazida à baila ultimamente pelo Catecismo Holandês. Nem mesmo ela se justifica pela frequente ocorrência do termo "dormir" no Novo Testamento. A tendência espiritual do Novo Testamento opõe-se fundamentalmente e em todos os seus livros a semelhante interpretação que, aliás, também dificilmente encontraria cobertura no pensamento judaico sobre a vida após a morte.

(cont)

joseph ratzinger, Tübingen, verão de 1967.


(Revisão da versão portuguesa por ama)

Tratado da vida de Cristo 111

Questão 47: Da causa eficiente da paixão de Cristo

Art. 4 — Se foi conveniente que Cristo sofresse por parte dos gentios.

O quarto discute-se assim. — Parece que não foi conveniente que Cristo sofresse por parte dos gentios.

1. — Pois, como pela morte de Cristo os homens deviam ser liberados do pecado, parecia conveniente que pouquíssimos tivessem cometido o pecado da morte de Cristo. Ora, pecaram, entregando-o à morte, os Judeus, das pessoas dos quais diz o Evangelho: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo. Logo, parecia conveniente que no pecado da morte de Cristo não se tivessem implicado os gentios.

2. Demais. — A verdade deve corresponder à realidade. Ora, os sacrifícios figurados da lei antiga os gentios não os ofereciam, mas os judeus. Logo, nem a Paixão de Cristo, que foi um verdadeiro sacrifício, devia ter sido infligida por mãos dos gentios.

3. Demais. — Narra o Evangelho que os judeus queriam matar a Cristo, não só porque violava o sábado, mas ainda por dizer que seu Pai era Deus, equiparando-se a este. Ora, isso parece que só contrariava a lei dos judeus: por isso eles próprios diziam: Ele deve morrer segundo a lei, pois se fez Filho de Deus. Parecia, logo, conveniente que Cristo sofresse, não da parte dos gentios, mas dos judeus; e que era falso o que diziam - A nós não nos é permitido matar ninguém, porque muitos pecados eram pela lei punidos de morte, como está claro na Escritura.

Mas, em contrário, o próprio Senhor disse: Entregá-lo-ão aos gentios para ser escarnecido, açoitado e crucificado.

No modo mesmo da paixão de Cristo lhe estava prefigurado o efeito. Assim, o primeiro efeito da morte de Cristo aproveitou aos judeus, muitos dos quais foram baptizados na ocasião dessa morte, como se lê na Escritura. Depois, mediante a pregação dos judeus, o efeito da paixão de Cristo sentiram-no os gentios. Donde, foi conveniente que Cristo começasse a sofrer da parte dos judeus e em seguida, entregue por estes, a sua Paixão se consumasse pelas mãos dos gentios.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — Cristo, para mostrar a abundância da sua caridade, que o levou a sofrer, pediu do alto da cruz perdão pelos seus perseguidores. Por isso, a fim de os frutos dessa petição chegarem aos judeus e aos gentios, quis Cristo sofrer da parte de uns, como de outros.

RESPOSTA À SEGUNDA. — A Paixão de Cristo foi à oblacção de um sacrifício, pois Cristo sofreu a morte movido pela caridade, por vontade própria. Mas o sofrimento que lhe infligiram os perseguidores não foi sacrifício, mas pecado gravíssimo.

RESPOSTA À TERCEIRA. — Como pondera Agostinho quando os judeus disseram - A nós não nos e permitido matar ninguémentendiam significar que não lhes era lícito matar ninguém por causa da santidade do dia festivo, que já começavam a celebrar. — Ou isso diziam, como ensina Crisóstomo, porque queriam matar a Jesus, não como transgressor da lei, mas como inimigo público, por se ter feito rei — do que não lhes competia julgar. — Ou porque não lhes era lícito crucificá-la, como desejavam, mas sim lapidar — o que fizeram com Estevam. — Ou, melhor é dizer, que pelos Romanos, a quem estavam sujeitos, era-lhes denegado o poder de matar.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.


Temas para meditar - 647

Santíssima Virgem

Avé, cheia de graça.

Avé, único auxílio dos que carecem dele.

O nosso olhar está posto em ti, a única pura, e põe em ti a esperança e te olha sempre.

Sê o auxílio constante para nós, tão pobres, e livra-nos de toda a justa ira e ameaça; guarda-nos sempre e defende o género humano das tentações, dos perigos e de todas as calamidades.


(S. joão damascenoHomília in Annuntiatione B. V. Mariae, II, 17; nr. 96, 659, trad por ama)

Jesus Cristo e a Igreja – 120

Celibato eclesiástico: História e fundamentos teológicos

IV. O CELIBATO NA DISCIPLINA DAS IGREJAS ORIENTAIS

O testemunho de Epifânio de Salamina

Em sua defesa da origem apostólica do celibato, C. Bickell recorreu principalmente a testemunhos orientais. Vamos agora olhar para a história celibatária no Oriente, apenas em linhas gerais, já que não podemos analisar todos os testemunhos disponíveis. Mas de tudo o que se disse até agora (e do que acrescentaremos adiante) podemos ter um panorama aceitável da verdadeira situação naquela Igreja.

Uma importante testemunha é o bispo de Salamina (posteriormente denominada Constância) na ilha de Chipre, Epifânio (315 – 403). Ele é considerado um bom conhecedor e defensor da ortodoxia e da Tradição da Igreja, uma vez que ele viveu quase todo o século quarto. Embora em alguns pontos, especialmente na luta contra as idéias, como na questão de Orígenes, demonstrou um menor zelo, seus testemunhos sobre os fatos e as condições de seu tempo, especialmente sobre questões disciplinares da Igreja, não pode ser facilmente posto em dúvida.

Sobre a questão do celibato, ou continência dos ministros sagrados, faz um típico relato dos acontecimentos. Em sua obra principal, chamado Pananon, escrita na segunda metade do século IV, afirma que Deus mostrou o carisma do sacerdócio novo por meio de homens que tinham renunciado ao uso do único casamento antes da Ordenação, ou que sempre viveram virginalmente. Isso, diz ele, é a norma estabelecida pelos Apóstolos com sabedoria e santidade.

No entanto mais importante ainda é a constatação que faz no “Expositio fidei” acrescentada à obra principal. A Igreja, diz ele, apenas admite ao ministério episcopal e sacerdotal (também diaconal) aos que renunciam, através da continência, à sua própria esposa ou ficam viúvos. Assim, continua, se vive onde se mantém fielmente as disposições da Igreja. Pode-se constatar que, em diferentes lugares, sacerdotes, diáconos e subdiáconos continuam gerando filhos. Mas isso não está em conformidade com a norma vigente, mas é uma consequência da debilidade humana, que sempre tende ao que é mais fácil. E depois, segue explicando, os sacerdotes são escolhidos especialmente entre os que são celibatários ou monges. Se entre eles não se encontram suficientes candidatos, são eleitos entre os casados que tenham renunciado ao uso do casamento, ou entre aqueles que, após um único matrimónio, ficaram viúvos.

Estas afirmações de um homem conhecedor de muitas línguas e que viajou muito para o Oriente – dividido já por muitas doutrinas – no primeiro século de liberdade da Igreja são um bom testemunho tanto da norma como da situação real da questão do celibato na Igreja Oriental dos primeiros séculos.


(Revisão da versão portuguesa por ama)

Bento XVI – Pensamentos espirituais 96

Luz espiritual


Ao ver as praças e as ruas tão profusamente iluminadas, lembramo-nos de que estas luzes fazem apelo a uma outra luz que não podemos ver com os olhos, mas tão-só com o coração.

Que, ao admirá-las, ao acendermos as velas nas igrejas ou as luzes do presépio e da árvore de Natal em nossas casas, o nosso espírito se abra à verdadeira luz espiritual oferecida a todos os homens de boa vontade!


Catequese da audiência geral, (21.Dez.05)


 (in “Bento XVI, Pensamentos Espirituais”, Lucerna 2006)

Pequena agenda do cristão


Quinta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Participar na Santa Missa.


Senhor, vendo-me tal como sou, nada, absolutamente, tenho esta percepção da grandeza que me está reservada dentro de momentos: Receber o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade do Rei e Senhor do Universo.
O meu coração palpita de alegria, confiança e amor. Alegria por ser convidado, confiança em que saberei esforçar-me por merecer o convite e amor sem limites pela caridade que me fazes. Aqui me tens, tal como sou e não como gostaria e deveria ser.
Não sou digno, não sou digno, não sou digno! Sei porém, que a uma palavra Tua a minha dignidade de filho e irmão me dará o direito a receber-te tal como Tu mesmo quiseste que fosse. Aqui me tens, Senhor. Convidaste-me e eu vim.


Lembrar-me:
Comunhões espirituais.


Senhor, eu quisera receber-vos com aquela pureza, humildade e devoção com que Vos recebeu Vossa Santíssima Mãe, com o espírito e fervor dos Santos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?



Pequena agenda do cristão


TeRÇa-Feira


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Aplicação no trabalho.

Senhor, ajuda-me a fazer o que devo, quando devo, empenhando-me em fazê-lo bem feito para to poder oferecer.

Lembrar-me:
Os que estão sem trabalho.

Senhor, lembra-te de tantos e tantas que procuram trabalho e não o encontram, provê às suas necessidades, dá-lhes esperança e confiança.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?





Doutrina – 181

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

Compêndio


PRIMEIRA PARTE: A PROFISSÃO DA FÉ
SEGUNDA SECÇÃO: A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ
CAPÍTULO SEGUNDO

CREIO EM JESUS CRISTO, O FILHO UNIGÉNITO DE DEUS
«E EM JESUS CRISTO, SEU ÚNICO FILHO, NOSSO SENHOR»
«JESUS CRISTO FOI CONCEBIDO PELO PODER DO ESPÍRITO SANTO, E NASCEU DA VIRGEM MARIA»

85. Porque é que o Filho de Deus se fez homem?


O Filho de Deus encarnou no seio da Virgem Maria pelo poder do Espírito Santo, por causa de nós homens e para nossa salvação, ou seja: para nos reconciliar a nós pecadores com Deus; para nos fazer conhecer o seu amor infinito; para ser o nosso modelo de santidade; para nos tornar «participantes da natureza divina» (2 Ped 1, 4).