27/06/2015

O que pode ver em NUNC COEPI em Jun 27

O que pode ver em NUNC COEPI em Jun 27

São Josemaria – Textos

Fidelidade (Javier Abad Gómez), Javier Abad Gómez, Virtudes

AMA - Comentários ao Evangelho Mt 8 5- 17, Amigos de Deus (S. Josemaria), São Josemaria Escrivá

Suma Teológica - Tratado da Vida de Cristo - Quest 30- Art 2,São Tomás de Aquino

Gosto de ir à Missa mas, Toscana Oggi


Agenda Sábado

Gosto de ir à Missa mas..

Gosto de ir à missa, mas não concordo com a doutrina católica

…/2

Hoje temos a impressão de que cada um pode retirar nas religiões os elementos que prefere e até criar uma religião própria, com doutrina e organização personalizada.
A questão é, de novo, o que o crente espera da religião à qual decide aderir.
Se, por exemplo, a fé cristã ensina que o caminho da santidade é o casamento indissolúvel, mas o crente não está convencido disto, ele é perfeitamente livre para participar de outra religião que pregue algo diferente.
Mas atenção: a religião que nega a indissolubilidade do matrimónio deverá negá-la sempre, porque, assim como a cristã, ela deve ser coerente com aquilo que prega.
Aliás, a maior parte das outras religiões é muito mais rigorosa do que o cristianismo.
Nelas, a salvação vem do cumprimento de leis e regras, enquanto o cristianismo abre espaços para a caridade e para relevar a ignorância, coisa que, noutras religiões, não ocorre.
É o caso da blasfémia: no cristianismo ela é quase uma constante, ao passo que, no islão, para citar um exemplo, talvez seja tolerada uma vez ou duas, mas, depois disso, pode levar a uma condenação à decapitação.
Isso quer dizer que, nas religiões, o conteúdo de salvação e de doutrina não pode ser alterado, excepto para ser reafirmado com ainda mais clareza conforme a época em que se está vivendo.
O problema exposto, caro leitor, deverá ser resolvido por si mesmo, que precisa encarar estas perguntas: o que procura na religião e o que espera da religião cristã?
Ela pode dar-lhe o que deseja?

Aceita o seu conteúdo, formas, métodos e realizações?
Se só quer pertencer a uma "cultura" cristã, parece claro que não está interessado prioritariamente na salvação, e sim no "pensamento" cristão ou em algumas partes dele.
Acontece que isto, obviamente, não é o cristianismo.
Já se o seu desejo é a vida eterna mediante o seguimento do exemplo traçado por Cristo, então essas divergências não cabem, pois indicam que não compreendeu a religião à qual aparentemente pertence e da qual espera a eternidade.

Em suma, o ponto a ser observado é que uma religião não é uma teoria política, nem um movimento social, nem uma organização civil; uma religião é uma prática salvífica voltada a bens eternos que transcendem o mundo e a história.
Estes bens, ou a religião atinge ou não atinge.
Se ela os atinge, então o caminho a ser seguido é único e sempre o mesmo, porque se a eternidade pudesse ser atingida tanto pelo amor quanto pelo ódio, a religião seria uma farsa.

Quanto aos sete sacramentos, eles são os instrumentos que Deus mesmo nos oferece para a comunhão com Ele: seria insensato achar que não há problema algum em não ser batizado, em pecar, em odiar, em matar, em manter qualquer tipo de relacionamento na hora e da forma que se quiser.
A religião ou tem um significado expresso na sua doutrina ou não tem sentido algum.

O leitor analise, então, o que deseja na vida e considere se a religião cristã pode oferecê-lo.
Depois, decida se quer segui-la ou não.

Toda a questão se resume nas palavras de Jesus: “Dai a Deus o que é Deus”.

Fonte: TOSCANA OGGI


(Revisão da versão portuguesa por ama)

Tratado da vida de Cristo 14

Questão 30: Da Anunciação da Santa Virgem

Art. 2 — Se à Santa Virgem a anunciação devia ser feita por um anjo.

 O segundo discute-se assim. — Parece que à Santa Virgem a anunciação não devia ter sido feita por um anjo.

1. — Pois, aos anjos supremos a revelação faz-se imediatamente por Deus, como diz Dionísio. Ora, a Mãe de Deus foi exaltada acima de todos os anjos. Logo, parece que o mistério da Encarnação devia ter-lhe sido feito imediatamente por Deus e não, por um anjo.

2. Demais. — Se nesta matéria era necessário observar a ordem comum, pela qual as coisas divinas são reveladas aos homens pelos anjos, semelhantemente devem tais coisas ser reveladas a uma mulher, por um homem; donde o dizer o Apóstolo: As mulheres estejam caladas nas igrejas, e se querem aprender alguma coisa, perguntem-na em casa aos seus maridos. Logo, parece que à Santa Virgem devia ter sido anunciado o mistério da Encarnação por algum homem, sobretudo que José, seu marido, foi nesse assunto instruído pelo Anjo, como se lê no Evangelho.

3. Demais. — Ninguém pode anunciar convenientemente o que ignora. Ora, mesmo os anjos supremos não conheceram plenamente o mistério da Encarnação; por isso Dionísio diz que da pessoa deles se deve entender a pergunta da Escritura – Quem é este que vem de onde? Logo, parece que por nenhum anjo podia ser convenientemente anunciada a realização da Encarnação.

4. Demais. — Coisas maiores devem ser anunciadas por maiores embaixadores. Ora, o mistério da Encarnação é o máximo, dos anunciados aos homens, pelos anjos. Logo, parece que se por algum anjo devia ser anunciado, este deveria ser um dos da ordem suprema. Ora, Gabriel não é da ordem suprema, mas da ordem dos arcanjos, que é a penúltima. Por isso a Igreja canta: Sabemos que, mandado por Deus, Gabriel Arcanjo te anunciou. Logo, essa anunciação não foi convenientemente feita, por meio de Gabriel Arcanjo.

Mas, em contrário, o Evangelho: Foi enviado por Deus o anjo Gabriel, etc.

Foi conveniente que o mistério da Encarnação fosse anunciado à Mãe de Deus, por meio de um anjo, por três razões. — Primeiro, para que, assim, se observasse a ordem divina, pela qual as coisas divinas são transmitidas aos homens, mediante os anjos. Donde o dizer Dionísio, que do mistério divino do amor de Jesus foram primeiro instruídos os anjos; depois, por meio deles a graça desse conhecimento chegou até nós. Assim, pois, o diviníssimo Gabriel anunciou a Zacarias que dele havia de nascer um profeta: e a Maria, como nela se cumpriria o mistério Trierárquico da inefável formação de Deus. — Segundo, porque era conveniente a restauração do género humano, que Cristo havia de realizar. E por isso diz Beda: Convinha à restauração da humanidade, que um anjo fosse enviado por Deus à Virgem que devia consagrar o parto de um Deus. Pois, a causa primeira da perdição da humanidade foi o diabo, quando mandou a serpente ir ter com a mulher a fim de enganá-la com o espírito de soberba. — Terceiro, porque convinha à virgindade da Mãe de Deus. E por isso diz Jerónimo: Foi bem o anjo ter sido enviado à Virgem, pois, a virgindade é cognata da natureza angélica. Pois, na verdade, viver na carne, como se esta não existisse, não é vida terrena, mas celeste.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — A Mãe de Deus era superior aos anjos quanto à dignidade, para que Deus a elegeu. Mas, quanto ao estado da vida presente, era inferior aos anjos; pois, o próprio Cristo, em razão da sua vida passível, por um pouco foi feito menor que os anjos, na frase do Apóstolo. Contudo, como Cristo foi ao mesmo tempo mortal e bem-aventurado, não precisava ser instruído pelos anjos, quanto ao conhecimento das coisas divinas. Mas, a Mãe de Deus ainda não se achava no estado de bem-aventurança. Por isso, precisava ser instruída pelos anjos, quanto à sua divina conceição.

RESPOSTA À SEGUNDA. — Como diz Agostinho, a Santa Virgem escapa a algumas leis gerais humanas. Pois, nem teve muitas concepções, nem viveu sob poder de um homem, isto é, de um marido, ela que, conservando a sua virgindade íntegra, concebeu Cristo, do Espírito Santo. Por isso não lhe devia ser instruída no mistério da Encarnação, por nenhum homem, mas pelo anjo. E por isso também foi ela instruída nele, antes de José; pois, ao passo que o foi antes da sua concepção, José só depois dela o foi.

RESPOSTA À TERCEIRA. — Como é claro pela autoridade citada de Dionísio, os anjos conheceram o mistério da Encarnação; contudo interrogavam, desejando saber, de Cristo, mais perfeitamente, as razões desse mistério, que são incompreensíveis a todo intelecto criado. Por isso Máximo diz, que não podemos duvidar se os anjos conheceram a Encarnação futura. Mas escapou-lhes a investigável concepção do Senhor, e o modo pelo qual o Filho, todo inteiro no Pai que o engendrou, podia também ficar inteiramente em todos, e mesmo num seio virginal.

RESPOSTA À QUARTA. — Alguns afirmam que Gabriel era da suprema ordem dos anjos, fundados no dito de Gregório: Era digno de ter vindo o anjo supremo a anunciar o sumo dos mistérios. Mas, daí não se conclui que fosse ele o supremo de todas as ordens, mas só quanto aos anjos; pois era da ordem dos arcanjos. Por isso, a Igreja lhe dá o nome de arcanjo e o próprio Gregório diz que se chamam arcanjos os que anunciam as coisas mais elevadas. É bastante crível, pois, que foi ele o primeiro na ordem dos arcanjos. E, como diz Gregório, esse nome lhe quadra ao ofício, pois, Gabriel significa força de Deus. E assim, onde, pela força de Deus devia ser anunciado aquele que, Senhor das virtudes e poderoso no combate, vinha para vencer os poderes do ar.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.



Evangelho, comentário, L. Espiritual




Tempo comum XII Semana

São Cirilo de Alexandria – Doutor da Igreja

Evangelho: Mt 8, 5-17

5 Tendo entrado em Cafarnaum, aproximou-se d'Ele um centurião, e fez-Lhe uma súplica, 6 dizendo: «Senhor, o meu servo jaz em casa paralítico e sofre muito». 7 Jesus disse-lhe: «Eu irei e o curarei». 8 Mas o centurião, respondeu: «Senhor, eu não sou digno de que entres na minha casa; diz, porém, uma só palavra, e o meu servo será curado.9 Pois também eu sou um homem sujeito a outro, mas tenho soldados às minhas ordens, e digo a um: “Vai”, e ele vai; e a outro: “Vem”, e ele vem; e ao meu servo: “Faz isto”, e ele o faz». 10 Jesus, ouvindo estas palavras, admirou-Se, e disse para os que O seguiam: «Em verdade vos digo: Não achei fé tão grande em Israel. 11 Digo-vos, pois, que virão muitos do Oriente e do Ocidente, e se sentarão com Abraão, Isaac e Jacob no Reino dos Céus, 12 enquanto que os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores, onde haverá pranto e ranger de dentes».13 Então disse Jesus ao centurião: «Vai, seja feito conforme tu creste». E naquela mesma hora ficou curado o servo. 14 Tendo chegado Jesus a casa de Pedro, viu que a sogra dele estava de cama com febre; 15 e tomou-a pela mão, e a febre deixou-a, e ela levantou-se e pôs-se a servi-los. 16 Pela tarde apresentaram-se muitos possessos do demónio, e Ele com a Sua palavra expulsou os espíritos e curou todos os enfermos; 17 cumprindo-se deste modo o que foi anunciado pelo profeta Isaías, quando diz: “Ele mesmo tomou as nossas fraquezas e carregou com as nossas enfermidades”.

Comentário:

Uma das manifestações do Messias, segundo as Escrituras, seria precisamente a cura de doentes e incapacitados e, Jesus, demonstra-o abundantemente.

Porque não acreditaram nele muitos dos que conheciam as Escrituras e outros, ignorantes ou gentios - como este centurião - têm expressões de uma fé profunda e total?

Não se trata de conhecimento ou ignorância mas sim de disposições do coração.

Um coração simples e despido de preconceitos, vê o que está oculto aos preconceituosos, cheios de orgulho e preocupações do mundo.

(ama, comentário sobre Mt 8, 5-17, 2011.06.25)



Leitura espiritual



São Josemaria Escrivá

Amigos de Deus 10 a 16

10
         
Vou continuar esta conversa diante de Nosso Senhor, com uma nota que utilizei há uns anos e que mantém a actualidade.
Recolhi então umas considerações de Teresa de Ávila: tudo o que se acaba e não contenta Deus é nada e menos que nada.
Compreendem porque é que uma alma deixa de saborear a paz e a serenidade quando se afasta do seu fim, quando se esquece de que Deus a criou para a santidade?
Esforcem-se por nunca perder este ponto de mira sobrenatural, nem sequer nos momentos de diversão ou de descanso, tão necessários como o trabalho na vida de cada um.

Bem podem chegar ao cume da vossa actividade profissional, alcançar os triunfos mais retumbantes, como fruto da livre iniciativa com que exercem as actividades temporais; mas se abandonarem o sentido sobrenatural que tem de presidir todo o nosso trabalho humano, enganaram-se lamentavelmente no caminho.

11
         
Permitam-me uma pequena digressão que vem muito a propósito.
Nunca perguntei a opinião política a nenhum dos que vêm ter comigo: não me interessa!
Com esta minha norma de conduta, manifesto uma realidade que está muito metida no âmago do Opus Dei, ao qual me dediquei completamente, com a graça e a misericórdia divina, para servir a Santa Igreja.
Não me interessa esse tema porque os cristãos gozam da mais completa liberdade, com a consequente responsabilidade pessoal, para intervir como lhes parecer melhor em questões de índole política, social, cultural, etc., sem outros limites além dos que o Magistério da Igreja indica.
Só ficaria preocupado - pelo bem dessas almas - se não respeitassem tais marcas, porque teriam criado uma vincada oposição entre a fé que afirmam professar e as obras: e, nessa altura, teria que lhes chamar a atenção com clareza.
Este sacrossanto respeito pelas vossas opções, desde que elas não afastem da lei de Deus, não se entende.
Não o entende quem ignora o verdadeiro conceito da liberdade que Cristo nos ganhou na Cruz, qua libertate Christus nos liberavit, quem for sectário de um e de outro extremo, quem pretender impor as suas opiniões temporais como dogmas. Também não o entende quem degrada o homem, ao negar o valor da fé, colocando-a à mercê dos erros mais brutais.

12 
        
Mas voltemos ao nosso tema.
Dizia-lhes que bem podem alcançar os êxitos mais espectaculares no terreno profissional, na actuação pública, nos afazeres profissionais, mas se se descuidarem interiormente e se afastarem de Nosso Senhor, o fim será um fracasso rotundo.
Perante Deus, que é o que conta em última análise, quem luta por comportar-se como um cristão autêntico, é que consegue a vitória: não existe uma solução intermédia.
Por isso vocês conhecem tantas pessoas que deviam sentir-se muito felizes, ao julgar a sua situação de um ponto de vista humano e, no entanto, arrastam uma existência inquieta, azeda; parece que vendem alegria a granel, mas aprofunda-se um pouco nas suas almas e fica a descoberto um sabor acre, mais amargo que o fel.
Isto não há-de acontecer a nenhum de nós, se deveras tratarmos de cumprir constantemente a Vontade de Deus, de dar-lhe glória, de louvá-lo e de espalhar o seu reinado entre todas as criaturas.

13 
        
A coerência cristã da vida

Tenho muita pena sempre que sei que um católico - um filho de Deus que, pelo Baptismo, é chamado a ser outro Cristo - tranquiliza a consciência com uma simples piedade formalista, com uma religiosidade que o leva a rezar de vez em quando (só se acha que lhe convém!); a assistir à Santa Missa nos dias de preceito - e nem sequer em todos -, ao passo que se preocupa pontualmente por acalmar o estômago, com refeições a horas fixas; a ceder na fé, a trocá-la por um prato de lentilhas, desde que não renuncie à sua posição...
E depois, com descaramento ou com espalhafato, utiliza a etiqueta de cristão para subir.
Não!
Não nos conformemos com as etiquetas: quero que sejam cristãos de corpo inteiro, íntegros; e, para o conseguirem, têm que procurar decididamente o alimento espiritual adequado.

Vocês sabem por experiência pessoal - e têm-me ouvido repetir com frequência, para evitar desânimos - que a vida interior consiste em começar e recomeçar todos os dias; e notam no vosso coração, como eu noto no meu, que precisamos de lutar continuamente.
Terão observado no vosso exame - a mim acontece-me o mesmo: desculpem que faça referências a mim próprio, mas enquanto falo convosco vou pensando com Nosso Senhor nas necessidades da minha alma - que sofrem repetidamente pequenos reveses, que às vezes parecem descomunais, porque revelam uma evidente falta de amor, de entrega, de espírito de sacrifício, de delicadeza.
Fomentem as ânsias de reparação, com uma contrição sincera, mas não percam a paz.

14
         
Por volta dos primeiros anos da década de 40, eu ia muito a Valência.
Não tinha então nenhum meio humano e, com os que - como vocês agora - se reuniam com este pobre sacerdote, fazia oração onde podíamos, algumas tardes numa praia solitária.
Como os primeiros amigos do Mestre, lembras-te?
S. Lucas escreve que, ao sair de Tiro com Paulo, a caminho de Jerusalém, acompanharam-nos todos, com as suas mulheres e filhos até fora da cidade e ajoelhados na praia fizemos oração.

Pois um dia, ao fim da tarde, durante um daqueles pores do Sol maravilhosos vimos que uma barca se aproximava da beira-mar e que saltaram para terra uns homens morenos, fortes como rochas, molhados, de tronco nu, tão queimados pela brisa que pareciam de bronze.
Começaram a tirar da água a rede que traziam arrastada pela barca, repleta de peixes brilhantes como a prata.
Puxavam com muito brio, os pés metidos na areia, com uma energia prodigiosa.
De repente veio uma criança, muito queimada também, aproximou-se da corda, agarrou-a com as mãozinhas e começou a puxar com evidente falta de habilidade.
Aqueles pescadores rudes, nada refinados, devem ter sentido o coração estremecer e permitiram que aquele pequeno colaborasse; não o afastaram, apesar de ele estorvar em vez de ajudar.

Pensei em vocês e em mim; em vocês, que ainda não conhecia e em mim; nesse puxar pela corda todos os dias, em tantas coisas. Se nos apresentarmos diante de Deus Nosso Senhor como esse pequeno, convencidos da nossa debilidade mas dispostos a cumprir os seus desígnios, alcançaremos a meta mais facilmente: arrastaremos a rede até à beira-mar, repleta de frutos abundantes, porque onde as nossas forças falham, chega o poder de Deus.

15
          
Sinceridade na direcção espiritual

Conhecem muito bem as obrigações do vosso caminho de cristãos, que os hão-de levar sem parar e com calma à santidade; também estão precavidos contra as dificuldades, praticamente contra todas, porque já se vislumbram desde o princípio do caminho.
Agora insisto em que se deixem ajudar e guiar por um director de almas, a quem confiem todos os entusiasmos santos, os problemas diários que afectarem a vida interior, as derrotas que sofrerem e as vitórias.

Nessa direcção espiritual mostrem-se sempre muito sinceros: não deixem nada por dizer, abram completamente a alma, sem medo e sem vergonha.
Olhem que, se não, esse caminho tão plano e tão fácil de andar complica-se e o que ao princípio não era nada acaba por se converter num nó que sufoca.
Não penseis que os que se perdem caem vítimas de um fracasso repentino; cada um deles errou no princípio do seu caminho ou então descuidou por muito tempo a sua alma, de modo que, enfraquecendo progressivamente a força das suas virtudes e crescendo pelo contrário, pouco a pouco, a dos vícios, veio a desfalecer miseravelmente...
Uma casa não se desmorona de repente por um acidente imprevisível: ou já havia algum defeito nos alicerces ou o desleixo dos que a habitavam se prolongou por muito tempo, de modo que os defeitos, a princípio pequeníssimos, foram corroendo a firmeza da estrutura, pelo que, quando chegou a tempestade ou surgiram as chuvas torrenciais, ruiu sem remédio, pondo a descoberto o antigo descuido.

Lembram-se da história do cigano que se foi confessar?
Não passa de uma história, de uma historieta, porque da confissão nunca se fala e, além disso, estimo muito os ciganos.
Coitadinho!
Estava realmente arrependido: Senhor Padre, acuso-me de ter roubado uma arreata...- pouca coisa, não é? - e atrás vinha uma burra...; e depois outra arreata...; e outra burra... e assim até vinte.
Meus filhos, o mesmo acontece no nosso comportamento: quando cedemos na arreata, depois vem o resto, a seguir vem uma série de más inclinações, de misérias que aviltam e envergonham; e acontece o mesmo na convivência: começa-se com uma pequena falta de delicadeza e acaba-se a viver de costas uns para os outros, no meio da indiferença mais gelada.

16
         
Caçai as raposas pequenas que destroem a vinha, as nossas vinhas em flor.
Fiéis no pequeno, muito fiéis no pequeno.
Se procurarmos esforçar-nos assim, também havemos de aprender a recorrer com confiança aos braços de Santa Maria, como seus filhos. Não vos lembrava eu ao princípio que todos nós temos muito poucos anos, tantos quantos passaram desde que nos decidimos a ter muita intimidade com Deus?
Pois é razoável que a nossa miséria e a nossa insuficiência se aproximem da grandeza e da pureza santa da Mãe de Deus, que é também nossa Mãe.

Posso contar-vos outra história real, porque já passaram tantos, tantos anos desde que aconteceu; e porque há-de ajudá-los a pensar, pelo contraste e pela crueza das expressões.
Estava a dirigir um retiro para sacerdotes de diversas dioceses.
Procurava-os com afecto e com interesse, para que viessem falar comigo, aliviar a consciência desabafando, porque os sacerdotes também precisam do conselho e da ajuda de um irmão.
Comecei a conversar com um, um pouco rude, mas muito nobre e sincero; puxava-lhe um pouco pela língua, com delicadeza e clareza para sarar qualquer ferida que existisse dentro do seu coração.
A certa altura interrompeu-me, mais ou menos com estas palavras: tenho uma grande inveja da minha burra; tem prestado serviços paroquiais em sete freguesias e não há nada a apontar-lhe.

Ah! Se eu tivesse feito o mesmo!

(cont)



Temas para meditar - 460

Fidelidade



Deus necessita que os Seus escolhidos sejam fiéis.

Tem o direito de não ser enganado e de que não tentemos roubar da nossa vida aquilo que Ele mesmo lá colocou, e que é d’Ele e Lhe pertence.




(JAVIER ABAD GÓMEZ, Fidelidade, Quadrante 1989, pg. 91)

Espera-se heroísmo do cristão

Quantos, que se deixariam cravar numa Cruz, perante o olhar atónito de milhares de espectadores, não sabem sofrer cristãmente as alfinetadas de cada dia! – Pensa então no que será mais heróico. (Caminho, 204).

Hoje, como ontem, espera-se heroísmo do cristão. Heroísmo em grandes contendas, se é preciso. Heroísmo – e será o normal – nas pequenas escaramuças de cada dia. Quando se luta continuamente, com Amor e deste modo que parece insignificante, o Senhor está sempre ao lado dos seus filhos, como pastor amoroso: Eu mesmo apascentarei as minhas ovelhas e as farei repousar, diz o Senhor Deus. Irei procurar as que se tinham perdido, farei voltar as que andavam desgarradas, porei ligaduras às que tinham algum membro quebrado e fortalecerei as que estavam fracas... E as minhas ovelhas habitarão no seu país sem temor; e elas saberão que eu sou o Senhor, quando eu tiver quebrado as cadeias do seu jugo, e as tiver arrancado das mãos daqueles que as dominavam.

Apelo para a sua misericórdia, para a sua compaixão, a fim de que não olhe para os nossos pecados, mas para os méritos de Cristo e de sua Santa Mãe, e que é também nossa Mãe, para os do Patriarca S. José, que Lhe serviu de Pai, para os Santos.


O cristão pode viver com a segurança de que, se quiser lutar, Deus o acolherá na sua mão direita, como se lê na Missa desta festa. Jesus, que entra em Jerusalém montado num pobre burrico, Rei da paz, é quem diz: o, reino dos céus alcança-se com violência, e os violentos arrebatam-no. Essa força não se manifesta na violência contra os outros; é fortaleza para combater as próprias debilidades e misérias, valentia para não mascarar as nossas infidelidades, audácia para confessar a fé, mesmo quando o ambiente é contrário. (Cristo que passa, 82)

Pequena agenda do cristão


SÁBADO


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Honrar a Santíssima Virgem.

A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da Sua serva, de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas, santo é o Seu nome. O Seu Amor se estende de geração em geração sobre os que O temem. Manifestou o poder do Seu braço, derrubou os poderosos do seu trono e exaltou os humildes, aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel Seu servo, lembrado da Sua misericórdia, como tinha prometido a Abraão e à sua descendência para sempre.

Lembrar-me:

Santíssima Virgem Mãe de Deus e minha Mãe.

Minha querida Mãe: Hoje queria oferecer-te um presente que te fosse agradável e que, de algum modo, significasse o amor e o carinho que sinto pela tua excelsa pessoa.
Não encontro, pobre de mim, nada mais que isto: O desejo profundo e sincero de me entregar nas tuas mãos de Mãe para que me leves a Teu Divino Filho Jesus. Sim, protegido pelo teu manto protector, guiado pela tua mão providencial, não me desviarei no caminho da salvação.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?