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Hoje temos a impressão de que cada um pode retirar
nas religiões os elementos que prefere e até criar uma religião própria, com
doutrina e organização personalizada.
A questão é, de novo, o que o crente espera da religião
à qual decide aderir.
Se, por exemplo, a fé cristã ensina que o caminho da
santidade é o casamento indissolúvel, mas o crente não está convencido disto,
ele é perfeitamente livre para participar de outra religião que pregue algo
diferente.
Mas atenção: a religião que nega a indissolubilidade
do matrimónio deverá negá-la sempre, porque, assim como a cristã, ela deve ser
coerente com aquilo que prega.
Aliás, a maior parte das outras religiões é muito
mais rigorosa do que o cristianismo.
Nelas, a salvação vem do cumprimento de leis e
regras, enquanto o cristianismo abre espaços para a caridade e para relevar a
ignorância, coisa que, noutras religiões, não ocorre.
É o caso da blasfémia: no cristianismo ela é quase
uma constante, ao passo que, no islão, para citar um exemplo, talvez seja tolerada
uma vez ou duas, mas, depois disso, pode levar a uma condenação à decapitação.
Isso quer dizer que, nas religiões, o conteúdo de
salvação e de doutrina não pode ser alterado, excepto para ser reafirmado com ainda
mais clareza conforme a época em que se está vivendo.
O problema exposto, caro leitor, deverá ser
resolvido por si mesmo, que precisa encarar estas perguntas: o que procura na
religião e o que espera da religião cristã?
Ela pode dar-lhe o que deseja?
Aceita o seu conteúdo, formas, métodos e
realizações?
Se só quer pertencer a uma "cultura" cristã,
parece claro que não está interessado prioritariamente na salvação, e sim no
"pensamento" cristão ou em algumas partes dele.
Acontece que isto, obviamente, não é o cristianismo.
Já se o seu desejo é a vida eterna mediante o seguimento
do exemplo traçado por Cristo, então essas divergências não cabem, pois indicam
que não compreendeu a religião à qual aparentemente pertence e da qual espera a
eternidade.
Em suma, o ponto a ser observado é que uma religião
não é uma teoria política, nem um movimento social, nem uma organização civil;
uma religião é uma prática salvífica voltada a bens eternos que transcendem o
mundo e a história.
Estes bens, ou a religião atinge ou não atinge.
Se ela os atinge, então o caminho a ser seguido é
único e sempre o mesmo, porque se a eternidade pudesse ser atingida tanto pelo
amor quanto pelo ódio, a religião seria uma farsa.
Quanto aos sete sacramentos, eles são os
instrumentos que Deus mesmo nos oferece para a comunhão com Ele: seria
insensato achar que não há problema algum em não ser batizado, em pecar, em
odiar, em matar, em manter qualquer tipo de relacionamento na hora e da forma
que se quiser.
A religião ou tem um significado expresso na sua
doutrina ou não tem sentido algum.
O leitor analise, então, o que deseja na vida e
considere se a religião cristã pode oferecê-lo.
Depois, decida se quer segui-la ou não.
Toda a questão se resume nas palavras de Jesus: “Dai
a Deus o que é Deus”.
Fonte: TOSCANA OGGI
(Revisão da versão portuguesa por ama)
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