24/03/2017

Fátima: Centenário - Oração diária


Senhora de Fátima:

Neste ano do Centenário da tua vinda ao nosso País, cheios de confiança vimos pedir-te que continues a olhar com maternal cuidado por todos os portugueses.
No íntimo dos nossos corações instala-se alguma apreensão e incerteza em relação a este nosso País.

Sabes bem que nos referimos às diferenças de opinião que se transformam em desavenças, desunião e afastamento; aos casais desfeitos com todas as graves consequências; à falta de fé e de prática da fé; ao excessivo apego a coisas passageiras deixando de lado o essencial; aos respeitos humanos que se traduzem em indiferença e falta de coragem para arrepiar caminho; às doenças graves que se arrastam e causam tanto sofrimento.
Faz com que todos, sem excepção, nos comportemos como autênticos filhos teus e com a sinceridade, o espírito de compreensão e a humildade necessárias para, com respeito de uns pelos outros, sermos, de facto, unidos na Fé, santos e exemplo para o mundo.

Que nenhum de nós se perca para a salvação eterna.

Como Paulo VI, aqui mesmo em 1967, te repetimos:

Monstra te esse Matrem”, Mostra que és Mãe.

Isto te pedimos, invocando, uma vez mais, ao teu Dulcíssimo Coração, a tua protecção e amparo.


AMA, Fevereiro, 2017

Reflectindo - 236

Regras morais

…/2

Etimologicamente, o termo moral tem origem no latim morales, cujo significado é “relativo aos costumes”.

As regras definidas pela moral regulam o modo de agir das pessoas, sendo uma palavra relacionada com a moralidade e com os bons costumes.

Está associada aos valores e convenções estabelecidos colectivamente por cada cultura ou por cada sociedade a partir da consciência individual, que distingue o bem do mal, ou a violência dos actos de paz e harmonia.

(cont)


(ama, Reflexões, Garrão, 2015.09.19)

Evangelho e comentário

Tempo da Quaresma


Evangelho: Mc 12, 28-34

Naquele tempo, aproximou-se de Jesus um escriba e perguntou-Lhe: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?» Jesus respondeu-lhe: «O primeiro é este: ‘Escuta, Israel: O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor: Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças’. O segundo é este: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Não há nenhum mandamento maior que estes». Disse-Lhe o escriba: «Muito bem, Mestre! Tens razão quando dizes: Deus é único e não há outro além d’Ele. Amá-l’O com todo o coração, com toda a inteligência e com todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, vale mais do que todos os holocaustos e sacrifícios». Ao ver que o escriba dera uma resposta inteligente, Jesus disse-lhe: «Não estás longe do reino de Deus». E ninguém mais se atrevia a interrogá-l’O.

Comentário:

É bem patente, neste trecho do Evangelho, o que na verdade é o Reino de Deus:

O Amor!

Porque, Deus que é o Amor, não poderia ter um reino diferente.

Para pertencer ao Reino há que amar, a sério, Deus e a principal e obra da Sua Criação: os homens!

Não há outro caminho!

Amar, que é a capacidade que o homem tem de se dar a si mesmo, é, pois, a única “credencial” verdadeiramente válida para se ser, de pleno direito, súbdito desse Reino.

(ama, comentário sobre Mc 12, 28-34, 24.11.2016)






Leitura espiritual

A Cidade Deus
A CIDADE DE DEUS


Vol. 2

LIVRO X

CAPÍTULO XXVIII

Que convicções cegaram Porfirio ao ponto de não reconhecer a verdadeira sabedoria que é Cristo.

Atiras os homens para o mais certo dos erros e não te envergonhas de tamanho mal, tu que te proclamas amante da virtude e da sabedoria. Se as tivesses amado de verdade e com fidelidade, terias conhecido Cristo, força de Deus e sapiência de Deus, e não terias recuado, entumecido pelo inchaço duma vã ciência, perante a sua humildade salutar. Confessas, todavia, que até a alma espiritual pode, sem as artimanhas teúrgicas e suas teletas, vãos objectos dos teus laboriosos estudos, ser purificada pela virtude da continência. Dizes até, por vezes, que as teletas não elevam a alma após a morte, de maneira que, mesmo para a alma a que chamas «espiritual», parece que elas não têm qualquer utilidade depois do fim desta vida. Contudo, revolves estas coisas de muitas formas e repete-las para mais nada, julgo eu, que não seja o de pareceres conhecedor destas matérias, de agradares às pessoas curiosas destas artimanhas ilícitas ou de tu mesmo lhes inspirares esta curiosidade. Mas fizeste bem em declarar que estas artimanhas são de recear devido à ameaça das leis ou aos perigos da sua própria prática. Oxalá que, pelo menos, te ouçam estes seus desgraçados partidários, que se afastem a teurgia para não serem por ela absorvidos, que evitem todo aproximar-se dela. Dizes, é verdade, que a ignorância e os numerosos vícios que dela derivam não são purificados por (per) qualquer teleta, mas apenas pelo (per), isto é, pela «mente ou inteligência paterna» que tem consciência da vontade do Pai. Mas não acreditas que ela é o Cristo que tu desprezas por ter um corpo recebido de uma mulher e por causa do opróbrio da cruz. Desprezas e repeles as coisas ínfimas porque te julgas capaz de captar, desde o cume, a mais alta sabedoria. Ele, Cristo, cumpre o que, com verdade, predisseram os santos profetas:

Perderei a sabedoria dos sábios e reprovarei a prudência
dos prudentes.
[i]

Não perde nem reprova neles a sua, a que Ele lhes deu, mas aquela que se arrogam os que não têm a d’Ele. Por isso, depois de ter rememorado o testemunho profético, o Apóstolo diz:

Onde está o sábio? Onde está o letrado? Onde está o investigador deste mundo? Da sabedoria deste mundo não fez Deus loucura? Já que o mundo, pela sua sabedoria, não conheceu Deus na Sabedoria de Deus, a Deus aprouve salvar os crentes pela loucura que pregamos. Os Judeus reclamam milagres e os Gregos procuram a sabedoria. Nós, porém, pregamos Cristo crucificado, escândalo para os Judeus, loucura para os Gentios, mas para os eleitos Judeus e Gregos poder e sabedoria de Deus. Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens, e a fraqueza de Deus ê mais forte do que os homens.[ii]

Esta é a loucura e a fraqueza que os sábios e os fortes desprezam, apoiados no que julgam a sua virtude. Mas é a graça que cura os fracos que se não pavoneiam orgulhosamente da sua falsa beatitude, mas antes humildemente confessam a sua autêntica miséria.

CAPÍTULO XXIX

A impiedade dos platónicos envergonha-se de confessar a encarnação de N osso Senhor Jesus Cristo.

Proclamas o Pai e seu Filho, a quem chamas «Intelecto ou Mente Paterna», assim como o que está no meio dos dois que, julgam os nós, será, na tua maneira de dizer, o Espírito Santo, e a quem, segundo os vossos hábitos, chamas três deuses. Nisso, embora usando de termos imprecisos, sabeis de algum modo e com o que através das sombras duma frágil imaginação, qual o alvo que se deve atingir. Mas a encarnação do Filho imutável de Deus — pela qual nos salvamos e a qual nos permite chegarmos ao que cremos, ou, por pouco que seja, compreendemos — não quereis vós reconhecer. Assim, pois, vedes, em bora de longe e com a vista obnubilada, a pátria onde devemos permanecer; mas não sois senhores do caminho por onde se deve seguir.

Contudo, confessas a graça, pois dizes que só a poucos foi concedido chegar a Deus pelo poder da inteligência. Realmente, não dizes: «aprouve a poucos» ou «poucos quiseram», mas, dizendo «foi concedido», não há dúvida de que confessas a graça de Deus e não a ciência do homem. Falas ainda da graça em termos mais claros quando, segundo a opinião de Platão, não duvidas de que é impossível ao homem chegar à sabedoria perfeita, mas o que falta aos que vivem segundo a inteligência, pode pela providência e pela graça de Deus completar-se depois desta vida.

Oh! Se tivesses conhecido a graça de Deus por Jesus Cristo Nosso Senhor, se tivesses podido ver na encarnação, em que Ele tom ou uma alma e um corpo de homem, a mais bela das graças! Mas que hei-de fazer? Sei que é em vão que falo a um morto, pelo menos no que a ti se refere. Mas talvez não seja em vão que me dirijo, mais do que a ti, aos que te admiram e te amam devido a certo apego à sabedoria ou à curiosidade pelas artes que não devias ter estudado. A graça de Deus não podia ser mais graciosamente realçada do que no Filho único de Deus que, mantendo-se em Si imutável, se revestiu do homem e deu aos homens pela mediação do homem, o espírito do seu amor, para que, por este amor, possam os homens chegar a Ele, tão afastado dos mortais pela sua imortalidade, pela sua imutabilidade dos que mudam, pela sua justiça dos ímpios e pela sua beatitude dos infelizes. E porque na nossa própria natureza infundiu o desejo de felicidade e de imortalidade, permanecendo bem-aventurado ao assumir o homem mortal para nos conferir o que amamos, ensinou-nos pelos seus sofrimentos a desprezar o que receamos.

Mas, para poderdes aceitar esta verdade, tendes necessidade de humildade, virtude bem difícil de vencer cabeças como as vossas. Realmente, que é que há de incrível — sobretudo para vós, cuja doutrina vos convida a voltar-vos para esta crença — que é que há de incrível — sobretudo para vós, repito, em ouvir-nos afirmar que Deus assumiu a alma e um corpo de homem? Certamente formais da alma intelectual, que é sem dúvida humana, uma tão elevada ideia que ela pode, na vossa opinião, tornar-se consubstanciai àquela Inteligência Paterna em que reconheceis o Filho de Deus. Que há, pois, de incrível se uma destas almas intelectuais, duma forma inefável e excepcional foi assumida para a salvação de muitos. O corpo está unido à alma para constituir o homem total e completo; sabemo-lo pelo testemunho da nossa natureza, se isto não fosse um facto tanto da experiência corrente, seria com certeza um facto bastante difícil de crer; realmente, é mais fácil crer na união do humano com o divino, do mutável com o imutável, e até de um espírito ou, segundo a vossa maneira de falar, do incorpóreo com o incorpóreo, do que na união de um corpo com um incorpóreo.

Será que o extraordinário parto de um filho por uma virgem nos repugna? Mas isso não vos deve espantar; pelo contrário: o facto de um ser admirável vir ao mundo duma maneira admirável deveria levar-vos a experimentar um sentimento de piedade. Será que vos recusais a acreditar que este corpo, abandonado com a morte, passado pela ressurreição a um estado melhor, doravante incorruptível e imortal, Ele o tenha arrebatado para as alturas? Tendes, sem dúvida, os olhos postos em Porfírio, nos seus livros acerca do Regresso da alma (De regressu anime), de que já citei muitas passagens, onde ele repete tantas vezes: «Deve-se fugir de todo o corpo para que a alma possa manter-se bem-aventurada com Deus». Mas a sua opinião é que ele devia corrigir, sobretudo porque partilhais com ele tantas ideias incríveis acerca da alma deste mundo visível, desta imensa massa corporal. Encostados à autoridade de Platão, chegais mesmo a dizer que o mundo é um ser animado, um ser vivo, todo felicidade, e até, acrescentais vós, eterno. Como é, então, que a alma nunca se separará do corpo e nunca deixará de ser feliz, se, para ser feliz, precisa de evitar todo o corpo? E o Sol e os outros astros, também reconheceis nos vossos livros que eles são corpos e toda a gente o constata e concorda convosco sem hesitar. Todavia, acrescentais em nome de uma ciência mais profunda, parece-vos, que eles são seres vivos felicíssimos e, com esses corpos, eternos. Mas, então, porque e que, quando vos é exposta a fé cristã, esqueceis ou fingis ignorar o que costumais sustentar e ensinar? Porque é que, em nome dessas vossas opiniões que vós próprios desmentis, não quereis ser cristãos, senão porque Cristo apareceu humildemente e vós sois orgulhosos?

Quais serão as qualidades dos corpos dos santos na ressurreição — os mais doutos nas Escrituras cristãs podem discuti-lo com grande precisão. Não temos a menor dúvida de que ele será imortal e de que Cristo mostrou dele o modelo na ressurreição. Mas quaisquer que sejam as qualidades que tenham os corpos ressuscitados, se por um lado se diz que são absolutamente incorruptíveis e imortais e que não criarão qualquer obstáculo à contemplação que fixa a alma a Deus, e, por outro lado, afirmais que há corpos imortais entre os imortalmente felizes — porque é então que julgais que, para sermos felizes, devemos fugir de todo o corpo, acreditando encontrar nisto uma boa razão de fugir à fé cristã? Porque será senão, volto a dizê-lo, porque Cristo é humilde e vós sois orgulhosos? Será que tendes vergonha de que vos corrijam? E esse, precisamente, o vício dos orgulhosos. Causa de facto vergonha aos sábios abandonarem a escola de Platão e fazerem-se discípulos de Cristo que, pelo seu Espírito, ensinou um pescador a dizer com sabedoria:

No princípio era o Verbo e o Verbo estava em Deus, e o Verbo era Deus. No princípio estava em Deus. Tudo foi feito por Ele e nada do que foi feito, foi feito sem Ele. N’Ele estava a vida e a vida era a luz dos homens; e a luz brilhou nas trevas e as trevas não o compreenderam.[iii]

É este o princípio do Santo Evangelho que nós chamamos «segundo João». Conforme ouvimos muitas vezes contar ao santo velho Simpliciano (que posteriormente, como bispo, presidiu à Igreja de Milão) houve um platónico que dizia dever este princípio ser escrito em letras de ouro e colocado em todas as igrejas no lugar mais destacado.
Mas, entre os orgulhosos, Deus, o Doutor por excelência, perdeu todo o crédito desde que

o Verbo o fez came e habitou entre nós.[iv]

para estes infelizes é pouco estarem doentes; é preciso ainda que eles se vangloriem da sua doença e se envergonhem dos remédios que os poderiam curar. Não procedem assim para se elevarem, mas para que, caindo, agravem mais o seu mal.




(cont)

(Revisão da versão portuguesa por ama)





[i] Isaías, XXIX, 14
[ii] I Corínt. I, 19-25.
[iii] Jo 1, 1-3.
[iv] Jo 1, 14.

Quaresma 2017 - prácticas básicas

Neste período que começou na Quarta-Feira de Cinzas e termina na Quarta-Feira da Semana Santa, somos convidados afazer o confronto especial entre as nossas vidas e a mensagem cristã expressa nos Evangelhos. Este confronto deve levar-nos a aprofundar a compreensão da Palavra de Deus e a intensificar a prática dos princípios essenciais da fé.
É um tempo de transformação, em que nos devemos exercitar espiritualmente para podermos melhorar. É um tempo de alegria, em que devemos estar atentos às oportunidades de mais amar.

Oração – para aprofundar e melhorar a minha relação com Deus. Trata-se de dar mais tempo e tempo de qualidade ao meu relacionamento com o Pai.
Esmola – para melhor amar e melhorar a minha relação com os outros. Estar atento aos que me rodeiam (Família, amigos, colegas de trabalho) e também aos que estão mais longe, mas que têm algum tipo de necessidades.
Jejum – para adquirir maior liberdade interior. Procurar as minhas dependências, aquelas que me limitam, afastam os outros, e tentar combatê-las.

Alguns exemplos destas três prácticas:

Oração
(como, quanto tempo, de que maneira)
Esmola
(ir ao encontro do outro de forma positiva)
Jejum
(libertar de manias, preconceitos, vícios)
Meditação
Ajudar financeiramente pessoas vítimas da actual crise
Abster-se de beber ou comer o que nos dá maior prazer.
Exame de consciência
Dar atenção a alguém
Televisão
Eucaristia
Ajudar instituições de cariz social
Determinado tipo de conversas
Reconciliação
Agradecer
Show off
Rezar o terço
Dizer coisas positivas
Comentar ou fazer juízos de valor sobre o próximo
Rezar pelos outros
Um sorriso
Evitar compras desnecessárias
Fazer silêncio no meu dia
Visitar um doente, um idoso.
Computador

E, no fim do dia, pensar em algo que fiz bem e em algo que poderia ter feito melhor.



(Síntese elaborada com base na Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma de 2017)

O teu trabalho deve ser oração

Antes de começar a trabalhar, põe sobre a tua mesa, ou junto dos utensílios do teu trabalho, um crucifixo. De vez em quando, lança-Lhe um olhar... Quando a fadiga chegar, fugir-te-ão os olhos para Jesus, e encontrarás nova força para prosseguir no teu empenho. Porque esse crucifixo é mais do que o retrato de uma pessoa querida – os pais, os filhos, a mulher, a noiva... – ; Ele é tudo: o teu Pai, teu Irmão, teu Amigo, teu Deus e o Amor dos teus amores. (Via Sacra, Estação XI. n. 5)



Costumo dizer com frequência que, nestes momentos de conversa com Jesus, que nos vê e nos ouve do sacrário, não podemos cair numa oração impessoal. E observo também que, para meditar de modo a que se inicie imediatamente um diálogo com o Senhor, não é preciso pronunciar palavras. Precisamos, sim, de sair do anonimato e de nos pôr na sua presença tal como somos, sem nos escondermos na multidão que enche a igreja, nem nos diluirmos num palavreado oco, que não brota do coração, mas de um costume desprovido de conteúdo.



Posto isto, acrescento agora que também o teu trabalho deve ser oração pessoal e há-de converter-se numa grande conversa com o Nosso Pai do Céu. Se procuras a santificação na tua actividade profissional e através dela, terás necessariamente de te esforçar para que ela se converta numa oração sem anonimato. E nem sequer estes teus afãs podem cair na obscuridade anódina de uma tarefa rotineira, impessoal, porque nesse mesmo instante teria morrido o aliciante divino que anima o teu trabalho quotidiano. (Amigos de Deus, n. 64)

Doutrina - 248

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

Compêndio


PRIMEIRA PARTE: A PROFISSÃO DA FÉ
PRIMEIRA SECÇÃO: «EU CREIO» – «NÓS CREMOS»

CAPÍTULO TERCEIRO: A RESPOSTA DO HOMEM A DEUS

EU CREIO

29. Porque não há contradições entre a fé e a ciência?

Embora a fé supere a razão, não poderá nunca existir contradição entre a fé e a ciência porque ambas têm origem em Deus. É o mesmo Deus que dá ao homem seja a luz da razão seja a luz da fé.

«Crê para compreender: compreende para crer» [1]





[1] Santo Agostinho

Eutanásia: o que está em causa? Contributos para um diálogo sereno e humanizador

Nota Pastoral do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa, 14 de Março de 2016

2. Por eutanásia, deve entender-se «uma acção ou omissão que, por sua natureza e nas intenções, provoca a morte com o objectivo de eliminar o sofrimento»[2]. A ela se pode equiparar o suicídio assistido, isto é, o ato pelo qual não se causa directamente a morte de outrem, mas se presta auxílio para que essa pessoa ponha termo à sua própria vida.

Distinta da eutanásia é a decisão de renunciar à chamada obstinação terapêutica[3], ou seja, «a certas intervenções médicas já inadequadas à situação real do doente, porque não proporcionadas aos resultados que se poderiam esperar ou ainda porque demasiado gravosas para ele e para a sua família»[4]. «A renúncia a meios extraordinários ou desproporcionados não equivale ao suicídio ou à eutanásia; exprime, antes, a aceitação da condição humana perante a morte»[5]. É, pois, bem diferente matar e aceitar a morte. Quer a eutanásia, quer a obstinação terapêutica, constituem uma ingerência humana antinatural nesse momento-limite que é a morte: a primeira antecipa esse momento, a segunda prolonga-o de forma artificialmente inútil e penosa.


(cont)

Epístolas de São Paulo – 24

1ª Epístola de São Paulo aos Coríntios

II. ESCÂNDALOS NA IGREJA (5,1-6,20)

Capítulo 6

Recurso aos tribunais pagãos

1Quando algum de vós entra em litígio com outro, como é que se atreve a submetê-lo ao juízo dos injustos e não ao dos santos? 2Ou não sabeis que os santos é que hão-de julgar o mundo? E, se é por vós que o mundo há-de ser julgado, sereis indignos de julgar questões menores? 3Não sabeis que havemos de julgar os anjos? Quanto mais, as pequenas coisas da vida! 4Quando, pois, tendes questões menores, porque escolheis como juízes aqueles que a Igreja menospreza?
5Digo isto para vossa vergonha. Não haverá, entre vós, ninguém suficientemente sábio para poder julgar entre irmãos? 6No entanto, um irmão processa o seu irmão, e isto diante dos não crentes! 7Ora, a existência de questões entre vós é já um sinal de inferioridade. Porque não preferis, antes, sofrer uma injustiça? Porque não preferis ser prejudicados? 8Mas, pelo contrário, sois vós que cometeis injustiças e causais danos, e isto contra os próprios irmãos!
9Ou não sabeis que os injustos não herdarão o Reino de Deus? Não vos iludais: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os pedófilos, 10nem os ladrões, nem os avarentos, nem os beberrões, nem os caluniadores, nem os salteadores herdarão o Reino de Deus. 11E alguns de vós eram assim. Mas vós cuidastes de vos purificar; fostes santificados, fostes justificados em nome do Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito do nosso Deus.

Uso e abuso do corpo

12«Tudo me é permitido», mas nem tudo é conveniente. «Tudo me é permitido», mas eu não me farei escravo de nada.
13Os alimentos são para o ventre, e o ventre para os alimentos, e Deus destruirá tanto aquele como estes. Mas o corpo não é para a impureza, mas para o Senhor, e o Senhor é para o corpo. 14E Deus, que ressuscitou o Senhor, há-de ressuscitar-nos também a nós, pelo seu poder.
15Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? Iria eu, então, tomar os membros de Cristo para fazer deles membros de uma prostituta? Por certo que não! 16Ou não sabeis que aquele que se junta a uma prostituta, torna-se com ela um só corpo? Pois, como diz a Escritura: Serão os dois uma só carne. 17Mas quem se une ao Senhor, forma com Ele um só espírito. 18Fugi da impureza. Qualquer outro pecado que o homem cometa é exterior ao seu corpo, mas quem se entrega à impureza, peca contra o próprio corpo.

19Não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, porque o recebestes de Deus, e que vós já não vos pertenceis? 20Fostes comprados por um alto preço! Glorificai, pois, a Deus no vosso corpo.

Pequena agenda do cristão

Sexta-Feira


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)




Propósito:

Contenção; alguma privação; ser humilde.


Senhor: Ajuda-me a ser contido, a privar-me de algo por pouco que seja, a ser humilde. Sou formado por este barro duro e seco que é o meu carácter, mas não Te importes, Senhor, não Te importes com este barro que não vale nada. Parte-o, esfrangalha-o nas Tuas mãos amorosas e, estou certo, daí sairá algo que se possa - que Tu possas - aproveitar. Não dês importância à minha prosápia, à minha vaidade, ao meu desejo incontido de protagonismo e evidência. Não sei nada, não posso nada, não tenho nada, não valho nada, não sou absolutamente nada.

Lembrar-me:
Filiação divina.

Ser Teu filho Senhor! De tal modo desejo que esta realidade tome posse de mim, que me entrego totalmente nas Tuas mãos amorosas de Pai misericordioso, e embora não saiba bem para que me queres, para que queres como filho a alguém como eu, entrego-me confiante que me conheces profundamente, com todos os meus defeitos e pequenas virtudes e é assim, e não de outro modo, que me queres ao pé de Ti. Não me afastes, Senhor. Eu sei que Tu não me afastarás nunca. Peço-Te que não permitas que alguma vez, nem por breves instantes, seja eu a afastar-me de Ti.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?