23/01/2016

NUNC COEPI – Índice de publicações em Jan 23


nunc coepi – Índice de publicações em Jan 23

São Josemaria – Textos

Disc (São João Paulo II), Fortaleza, Juventude, São João Paulo II,UNIV

AMA - Comentários ao Evangelho Mc 3 20-21, J López Diaz, Leit Espiritual (Vida cristã)

Doutrina (Sacramentais)

São Tomás de Aquino – Suma Teológica, Suma Teológica - Tratado da Vida de Cristo - Do baptizado de Cristo - Quest 39 Art. 7

São Tomás de Aquino – Suma Teológica, Suma Teológica - Tratado da Vida de Cristo - Do baptizado de Cristo - Quest 39 Art. 7

AT - Salmos – 82

JMA (Sobre o Perdão)


Agenda Sábado

Evangelho, comentário, L. espiritual


 Tempo Comum
Semana II

Evangelho: Mc 3, 20-21

20 Depois, foi para casa e de novo acorreu tanta gente, que nem sequer podiam tomar alimento. 21 Quando os Seus parentes ouviram isto, foram para tomar conta d'Ele; porque diziam: «Está louco».

Comentário:

Tinham razão os parentes de Jesus ao dizerem que estava louco.
Esta loucura do Senhor é uma loucura de amor que, primeiro O trouxe até ao meio de nós, assumindo identidade humana em tudo igual a nós excepto no pecado.

Sujeita-se a ser tratado como louco, facínora, beberrão, insultado na Sua honra, cuspido, violentado da forma mais cruel e desumana e, finalmente, pregado numa cruz!

Por amor?

Sim pela loucura do amor divino pelos homens – todos os homens – que veio para redimir e salvar.
Não nos é possível a nós, pobres humanos, retribuir este amor com a mesma dimensão, a mesma “loucura”, mas podemos – e devemos – dar-lhe o amor que Ele nos pede e, Ele, só nos pede o que somos capazes de dar.

(ama, comentário sobre Mc 3, 20-21, 2011.12.20)


Leitura espiritual



Vida cristã

A força do fermento

A sociedade é como um tecido de relações entre os homens.
O trabalho, a família e as outras circunstâncias da vida criam uma rede de vínculos, em que a nossa existência se encontra como que tecida [i], de modo que quando procuramos santificar a profissão concreta, a situação familiar particular ou o resto dos deveres correntes, não estamos a santificar uma fibra isolada, mas todo o tecido social.

Este trabalho santificador converte os cristãos em poderoso fermento de ordenação do mundo, de modo que este reflete melhor o amor com que foi criado.
Quando a caridade está presente em qualquer atividade humana, reduzem-se os espaços de egoísmo, principal fator de desordem no homem, nas suas relações com os outros e com as coisas.
Assim, portadores do Amor do Pai no meio da sociedade, os fiéis leigos «estão aí chamados por Deus a cumprir a seu próprio encargo, guiando-se pelo espírito evangélico, de modo que, como a levedura, contribuam, a partir de dentro, para santificação do mundo» [ii]

A eficácia transformadora dessa levedura cristã no trabalho depende, em grande medida, de que cada um procure alcançar uma preparação adequada.
Esta não deve limitar-se à instrução específica – técnica ou intelectual – que cada profissão requer.
Há outros aspetos que, por serem imprescindíveis para alcançar uma verdadeira "competência" humana e cristã, influem directíssimamente nas relações laborais e sociais que se originam à volta do trabalho e que são fundamentais para ordenar a Deus o tecido social.

Ser do mundo sem ser mundanos

O cristão que está chamado a santificar-se na sua profissão deve ser do mundo, mas não ser mundano.
Procura o bem-estar temporal, mas não o considera como o bem supremo.
Reconhece com realismo a presença do mal, mas não desanima quando o encontra, procura antes reparar e lutar com mais empenho para o purificar do pecado.
Nunca deve faltar o entusiasmo, nem no vosso trabalho nem no vosso empenho por construir a cidade temporal.
Ainda que, ao mesmo tempo, como discípulos de Cristo que crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências [iii], procureis manter vivo o sentido do pecado e da reparação generosa, frente aos falsos otimismos dos que, inimigos da cruz de Cristo [iv], baseiam tudo no progresso e nas energias humanas [v].

"Ser do mundo", em sentido positivo, leva a ter espírito contemplativo no meio de todas as atividades humanas (...), tornando realidade este programa: quanto mais dentro do mundo estejamos, tanto mais temos que ser de Deus [vi].
Esta aspiração, longe de produzir retraimento diante das dificuldades do ambiente, impulsiona para uma maior audácia, fruto de uma presença de Deus mais intensa e constante.
Porque somos do mundo e somos de Deus, não nos podemos fechar: «não é lícito aos cristãos abandonar a sua missão no mundo, como a alma não pode separar-se voluntariamente do corpo» [vii].
S. Josemaria concretiza essa tarefa de cidadãos cristãos em contribuir para que o amor e a liberdade de Cristo presidam a todas as manifestações da vida moderna, a cultura e a economia, o trabalho e o descanso, a vida de família e a convivência social [viii].

Manifestação capital do espírito cristão – e mesmo simplesmente humano – é reconhecer que a plena felicidade humana se encontra na união com Deus, não na posse de bens terrenos.
É justamente o contrário de ser mundano.
O mundano põe todo o coração nos bens deste mundo, sem se lembrar de que estão feitos para o conduzir ao Criador.
Pode suceder alguma vez, que diante da experiência de pessoas que, afastadas de Deus, parecem encontrar felicidade ao dispor dos bens que desejam, surja o pensamento de que a união com Deus não é a única fonte de alegria plena. Mas não nos devemos enganar.
Trata-se de uma felicidade inconsistente, superficial e não isenta de inquietações.
Essas mesmas pessoas seriam incomparavelmente mais felizes, já nesta terra e depois plenamente no Céu, se tratassem a Deus e ordenassem para a Sua glória o uso desses bens.
A sua felicidade deixaria de ser uma felicidade frágil, exposta a muitas eventualidades e não temeriam – com esse temor que lhes tira a paz – que viessem a faltar-lhes uns ou outros bens, nem os assustaria a realidade da dor e da morte.

As bem-aventuranças do Sermão da montanha –– bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus.
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os mansos..., os que têm fome e sede de justiça..., os que sofrem perseguição por causa da justiça... [ix] mostram que a plena felicidade a bem-aventurança não se encontra nos bens deste mundo.
S. Josemaria ficava magoado porque, às vezes, se enganam as almas.
Fala-se-lhes de uma libertação que não é a de Cristo.
Os ensinamentos de Jesus, o Seu Sermão da Montanha, essas bem-aventuranças que são um poema do amor divino, ignoram-se. Só se procura uma felicidade terrena, que não é possível alcançar neste mundo [x].



As palavras do Senhor não justificam, no entanto, uma visão negativa dos bens terrenos, como se fossem maus ou impedimento para alcançar o Céu.
Não são obstáculo, mas matéria de santificação e o Senhor não convida a recusá-los.
Ensina, antes, que o único necessário [xi] para a santidade e a felicidade é amar a Deus.
Quem não dispõe desses bens ou quem sofre, deve saber não só que a alegria plena pertence ao Céu, mas que já nesta terra é "bem-aventurado" – pode ter uma antecipação da felicidade do Céu – porque a dor e, em geral, a carência de um bem, tem valor redentor se se acolhe por amor à Vontade do nosso Pai Deus, que tudo ordena para o nosso bem [xii].

Procurar o bem-estar material para os que nos rodeiam é muito agradável a Deus, é uma forma maravilhosa de embeber de caridade as realidades temporais e é perfeitamente compatível com a atitude pessoal de desprendimento que o Senhor nos ensinou.

Mentalidade laical, com alma sacerdotal

Um filho de Deus há-de ter alma sacerdotal, porque foi feito participante do sacerdócio de Cristo para co-redimir com Ele.
Nos fiéis do Opus Dei, por estarem chamados a santificar-se no meio do mundo, esta caraterística encontra-se intrinsecamente unida à mentalidade laical, que leva a realizar o trabalho e os diversos afazeres com competência, de acordo com as suas leis próprias, queridas por Deus [xiii].

No âmbito básico das normas de moral profissional, que interessa cuidar delicadamente como pressuposto necessário para santificar o trabalho, há muitos modos de levar a cabo as tarefas humanas de acordo com o querer de Deus.
Dentro das leis próprias de cada atividade, e na ampla perspectiva que abre a moral cristã, há muitas opções, todas elas santificáveis, entre as quais cada um pode escolher com responsabilidade e liberdade pessoais, respeitando a liberdade dos outros.
Essa liberdade intransferível faz com que a participação de cada um na vida social – no lar, no trabalho, na convivência – seja única, original e irrepetível, como é irrepetível a resposta ao amor a Deus de cada alma.
Não devemos privar a família humana do bom exercício da nossa liberdade, fonte de iniciativas de serviço aos outros para a glória de Deus.

O Fundador do Opus Dei ensinou que assumir profundamente este facto é caraterística essencial do espírito da Obra.

Liberdade, meus filhos, liberdade, que é a chave dessa mentalidade laical que todos temos no Opus Dei [xiv].

A alma sacerdotal e a mentalidade laical são dois aspetos inseparáveis no caminho de santidade que S. Josemaria ensina.
Em tudo e sempre temos que ter – tanto os sacerdotes como os leigos – alma verdadeiramente sacerdotal e mentalidade plenamente laical, para que possamos entender e exercitar na nossa vida pessoal aquela liberdade de que gozamos na esfera da Igreja e nas coisas temporais, considerando-nos ao mesmo tempo cidadãos da cidade de Deus [xv] e da cidade dos homens [xvi].

Para ser fermento de espírito cristão na sociedade é preciso que na nossa vida se cumpra esta união, de modo que todos os nossos afazeres profissionais, realizados com mentalidade laical, estejam empapados de alma sacerdotal.

Sinal claro desta união é pôr em primeiro lugar o trato com Deus, a piedade, que para um filho de Deus se pode concretizar no cumprimento de um plano de vida espiritual. Necessitamos de alimentar o Amor como impulso vital da nossa vida, porque não é possível trabalhar realmente para Deus sem uma vida interior cada vez mais profunda.
Como recordava S. Josemaria:
Se não tiverdes vida interior, ao dedicar-vos ao vosso trabalho, em lugar de o divinizar, poderia suceder-vos o que sucede ao ferro, quando está vermelho e se mete em água fria: destempera-se e apaga-se. Deveis ter um fogo que venha de dentro, que não se apague, que incendeie tudo aquilo em que toque. Por isso pude dizer que não quero nenhuma obra, nenhum trabalho, se os meus filhos não melhoram nele. Meço a eficácia e o valor das obras, pelo grau de santidade que adquirem os instrumentos que as realizam.

Com o mesmo vigor com que antes vos convidava a trabalhar e a trabalhar bem, sem medo ao cansaço; com essa mesma insistência, vos convido agora a ter vida interior.
Nunca me cansarei de o repetir: as nossas Normas de piedade, a nossa oração, são o primeiro.
Sem a luta ascética, a nossa vida não valeria nada, seríamos ineficazes, ovelhas sem pastor, cegos que guiam outros cegos [xvii], [xviii].

Para que o fermento não se desvirtue, tem de ter a força de Deus. Deus é que transforma.
Só quando permanecemos unidos a Ele somos verdadeiramente fermento de santidade.
De outro modo estaremos na massa como simples massa, sem contribuir com o que se espera da levedura.
O empenho por cuidar de um plano de vida espiritual acabará por produzir o milagre da acção transformadora de Deus: primeiro em nós mesmos, por ser esse plano um caminho de união com Ele e, como consequência, nos outros, na sociedade inteira.

j. lópez díaz

(Revisão da versão portuguesa por ama)



[i] Concílio Vaticano II, Const. dogm. Lumen gentium, n. 31. Cfr. João Paulo II, Exhort. apost. Christifideles laici, 30-XII-1988, n. 15.
[ii] Concílio Vaticano II, Const. dogm. Lumen gentium, n. 31. Cfr. João Paulo II, Exhort. apost. Christifideles laici, 30-XII-1988, n. 15.
[iii] Gal 5, 24
[iv] Flp 3, 18
[v] S. Josemaria, Carta 9-I-1959, n. 19, em E. Burkhart, J. López, Vida cotidiana y santidad en la enseñanza de San Josemaría, I, Rialp, Madrid 2010, p. 439. Cfr. Cristo que passa, nn. 95-101.
[vi] S. Josemaria, Forja, n. 740.
[vii] Epistola ad Diognetum, 6.
[viii] S. Josemaria, Sulco, n. 302.
[ix] Mt5, 3 ss.
[x] S. Josemaria, Apontamentos de uma meditação, 25-XII-1972, em E. Burkhart, J. López, Vida cotidiana y santidad en la enseñanza de San Josemaría, III, Rialp, Madrid 2013, p. 125.
[xi] Lc10, 42.
[xii] Cfr. Ro 8, 28.
[xiii] Cfr. Conc. Vaticano II, Const. past. Gaudium et spes, n. 36.
[xiv] S. Josemaria, Carta 29-IX-1957, citado por A. Cataneo,. Tracce per una spiritualità laicale offerte dall'omelia Amare il mondo appassionatamente, em revista "Annales Theologici" 16 (2002) 128.
[xv] cfr. Ef2,19
[xvi] S. Josemaria, Carta 2-II-1945, n. 1, em A. Vázquez de Prada, El Fundador del Opus Dei, II, Rialp, Madrid 2002, p. 670.
[xvii] cfr. Mt 9, 36; 15, 4
[xviii] S. Josemaria, Carta 15-X-1948, n. 20, em E. Burkhart, J. López, Vida cotidiana y santidad en la enseñanza de San Josemaría, III, Rialp, Madrid 2013, p. 210.

SOBRE O PERDÃO – 11

2 – O perdão e Deus

…/5

Diz-nos o Catecismo da Igreja Católica no seu número 2843:
«Não está no nosso poder deixar de sentir e esquecer a ofensa; mas o coração que se entrega ao Espírito Santo muda a ferida em compaixão e purifica a memória, transformando a ofensa em intercessão.»

E um dos maravilhosos “segredos” para alcançarmos essa paz interior de recordar a ofensa sem nos magoarmos novamente, está nessa oração de intercessão que podemos e devemos fazer perseverantemente por aqueles que nos ofenderam ou que nós ofendemos.
Nem sempre essa oração nos parece sincera da nossa parte, (sobretudo nos primeiros tempos), mas depois o Espírito Santo vai-se encarregando de nos ir transformando de tal modo, que essa oração passa a ser um efectivo desejo da nossa parte.


(cont)


(joaquim mexia alves, Conferência sobre o perdão na Vigararia da Marinha Grande)

Antigo testamento / Salmos


Salmo 82







1 É Deus quem preside a assembleia divina; no meio dos deuses, ele é o juiz.
2 "Até quando vocês vão absolver os culpados e favorecer os ímpios?
3 Garantam justiça para os fracos e para os órfãos; mantenham os direitos dos necessitados e dos oprimidos.
4 Livrem os fracos e os pobres; libertem-nos das mãos dos ímpios.
5 Eles nada sabem, nada entendem. Vagueiam pelas trevas; todos os fundamentos da terra estão abalados.
6 Eu disse: "Vocês são deuses, todos vocês são filhos do Altíssimo".
7 Mas vocês morrerão como simples homens; cairão como qualquer outro governante."

8 Levanta-te, ó Deus, julga a terra, pois todas as nações te pertencem.

Pequena agenda do cristão


SÁBADO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Honrar a Santíssima Virgem.

A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da Sua serva, de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas, santo é o Seu nome. O Seu Amor se estende de geração em geração sobre os que O temem. Manifestou o poder do Seu braço, derrubou os poderosos do seu trono e exaltou os humildes, aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel Seu servo, lembrado da Sua misericórdia, como tinha prometido a Abraão e à sua descendência para sempre.

Lembrar-me:

Santíssima Virgem Mãe de Deus e minha Mãe.

Minha querida Mãe: Hoje queria oferecer-te um presente que te fosse agradável e que, de algum modo, significasse o amor e o carinho que sinto pela tua excelsa pessoa.
Não encontro, pobre de mim, nada mais que isto: O desejo profundo e sincero de me entregar nas tuas mãos de Mãe para que me leves a Teu Divino Filho Jesus. Sim, protegido pelo teu manto protector, guiado pela tua mão providencial, não me desviarei no caminho da salvação.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?



Doutrina - 33

Sacramentais


…/6

Quais são os Sacramentais?

Os Sacramentos da Igreja, como sabemos e vimos, são sete.
Já os Sacramentais são numerosos, sendo que muitos teólogos os classificam em seis grupos:

• Orans:

Basicamente são as orações que se costuma rezar publicamente na Igreja, como o Pai Nosso e as Ladainhas.

• Tinctus:

O uso da água benta e certas unções que se usam na administração de alguns Sacramentos e que não pertencem à sua essência.

• Edens:
Indica o uso do pão bento ou outros alimentos santificados pela bênção de um Sacerdote.

• Confessus:

Quando se reza o Confiteor, individual ou publicamente, para pedir perdão a Nosso Senhor pelos nossos pecados e falhas, das quais já não nos lembramos mais. Cremos que Deus, já neste acto, nos cumula de graças [i].

• Dans:

Esmolas ou doações, espirituais ou corporais, bem como os actos de misericórdia prescritos pela Igreja.
Acima das esmolas que possamos dar, está o bem espiritual que possamos fazer ao próximo.
Além desse acto ser um Sacramental, adquirimos uma série de méritos pela caridade fraterna e pelas outras virtudes que a acompanham.

• Benedicens:

As bênçãos que dão o Papa, os Bispos e os sacerdotes; os exorcismos; a bênção de reis, abades ou virgens e, em geral, todas as bênçãos sobre coisas santas.

(cont)

(Revisão da versão portuguesa por ama)





Dois mil anos de espera do Senhor

Jesus ficou na Hóstia Santa por nós! Para permanecer ao nosso lado, para nos sustentar, para nos guiar. – E amor só se paga com amor. Como poderemos deixar de ir ao Sacrário, todos os dias, ainda que por uns minutos apenas, para Lhe levar a nossa saudação e o nosso amor de filhos e de irmãos? (Sulco, 686)


O nosso Deus decidiu ficar no Sacrário para nos alimentar, para nos fortalecer, para nos divinizar, para dar eficácia ao nosso trabalho e ao nosso esforço. Jesus é simultaneamente o semeador, a semente e o fruto da sementeira: o Pão da vida eterna.

(...) Assim espera o nosso amor, desde há quase dois mil anos. É muito tempo e não é muito tempo; porque, quando há amor, os dias voam.


Vem-me à memória uma encantadora poesia galega, uma das cantigas de Afonso X, o Sábio. É a lenda de um monge que, na sua simplicidade, suplicou a Santa Maria que o deixasse contemplar o céu, ainda que fosse só por um instante. A Virgem acolheu o seu desejo, e o bom monge foi levado ao Paraíso. Quando regressou, não reconhecia nenhum dos moradores do mosteiro: a sua oração, que lhe tinha parecido brevíssima, tinha durado três séculos. Três séculos não são nada, para um coração que ama. Assim compreendo eu esses dois mil anos de espera do Senhor na Eucaristia. É a espera de Deus, que ama os homens, que nos procura, que nos quer tal como somos – limitados, egoístas, inconstantes – mas com capacidade para descobrirmos o seu carinho infinito e para nos entregarmos inteiramente a Ele. (Cristo que passa, 151)