Art.
7 — Se a pomba, sob a forma da qual apareceu o Espírito Santo, era uma pomba
verdadeira.
O sétimo discute-se assim. — Parece que a
pomba, sob a forma da qual apareceu o Espírito Santo, não era uma verdadeira
pomba.
1. — Pois, o que aparece em figura
apenas manifesta-se por semelhança. Ora, o Evangelho diz: Desceu sobre ele o Espírito Santo em forma corpórea como uma pomba.
Logo, não era uma verdadeira pomba, mas só uma semelhança de pomba.
2. Demais. — Assim, como a natureza nada faz em vão, assim Deus,
no dizer de Aristóteles. Ora, como a
pomba, no caso vertente, não apareceu senão para significar alguma causa e logo
desaparecer, no dizer de Agostinho, seria
inútil uma pomba verdadeira, pois, o que acabamos de referir podia ser feito
por uma semelhança de pomba. Logo essa pomba não era verdadeira pomba.
3. Demais. — As propriedades de uma
coisa conduzem-nos ao conhecimento da sua natureza. Se, pois, essa pomba o
fosse verdadeiramente, as suas propriedades exprimiriam a natureza de um animal
verdadeiro, mas não o efeito do Espírito Santo. Logo, não parece que essa pomba
o fosse verdadeiramente.
Mas, em contrário, diz Agostinho: Não o dizemos para significar que Nosso
Senhor Jesus Cristo foi quem só teve um verdadeiro corpo, e que o Espírito
Santo se mostrou enganosamente aos olhos dos homens; mas cremos que ambos
tiveram corpos verdadeiros.
Como dissemos ao Filho de
Deus, que é a verdade do Pai, não convinha recorrer a nenhuma ficção. Por isso,
assumiu um corpo, não fantástico, mas verdadeiro. E sendo o Espírito Santo o Espírito de Verdade,
como diz o Evangelho, por isso também ele formou uma verdadeira pomba pela qual
se manifestasse, embora não a assumisse na unidade de pessoa.
Eis porque, depois das palavras
referidas, Agostinho acrescenta: Assim
como o Filho de Deus não podia enganar os homens, assim também não o podia o
Espírito Santo. Ora, ao Deus omnipotente, que formou todas as criaturas do
nada, não era difícil formar o corpo de uma verdadeira pomba, sem que fosse
nascida de outra, assim como não lhe foi difícil formar um corpo verdadeiro no
ventre de Maria, sem a cooperação masculina. Pois, a natureza material serve ao
império e à vontade do Senhor, quer se trate de formar um homem no ventre de
uma mulher, quer de formar uma pomba, como as outras existentes no mundo.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO.
— O Evangelho diz que o Espírito Santo desceu sob a forma ou semelhança de
pomba, não para excluir uma pomba verdadeira, mas para mostrar que ele próprio
não se manifestou como substancialmente é.
RESPOSTA À SEGUNDA. — Não foi
supérfluo formar uma pomba verdadeira para ser a manifestação do Espírito
Santo; pois, essa pomba verdadeira significava a verdade do Espírito Santo e
dos seus efeitos.
RESPOSTA À TERCEIRA. — As propriedades
da pomba tanto servem de significar a sua natureza como os efeitos do Espírito
Santo. Pois, as suas propriedades mostram que ela significa o Espírito Santo.
Nota:
Revisão da versão portuguesa por ama.
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