15/03/2013

Porta voz

Talvez o porta voz da Santa Sé devesse pensar em, por vezes, tomar esta atitude:



Falar de mais e, sobretudo, sobre detalhes que não interessam senão a quem quer explorar notícias como lhe possa convir aos objectivos, pode não ser o mais adequado, sobretudo neste momento.

Evangelho do dia e comentário




Quaresma Semana IV





Evangelho: Jo 7, 1-2, 10. 25-30

25 Diziam então alguns de Jerusalém: «Não é Este Aquele que procuram matar? 26 Eis que fala com toda a liberdade e não Lhe dizem nada. Terão os chefes do povo verdadeiramente reconhecido que Este é o Messias? 27 Nós, porém, sabemos donde Este é; e o Messias, quando vier, ninguém saberá donde Ele seja». 28 Jesus, que ensinava no templo, exclamou: «Vós Me conheceis, e sabeis donde Eu sou. Eu não vim de Mim mesmo, mas é verdadeiro Aquele que Me enviou, a Quem vós não conheceis. 29 Mas Eu conheço-O, porque procedo d'Ele, e Ele Me enviou». 30 Procuraram então prendê-l'O; mas ninguém Lhe lançou as mãos, porque não tinha ainda chegado a Sua hora.

Comentário:

Não vale muito a pena tergiversar sobre a atitude dos chefes do povo de Israel em relação a Cristo. Nos últimos dois mil anos tal foi abundantemente examinado e 'avaliado' por 'gigantes' pensadores e outros. O que interessa é reter esta verdade eminente: ninguém pode julgar ninguém e, muito menos fazer acepção de pessoas.
Se não concordamos com o que fazem ou dizem devemos, por estrita justiça, informar-nos fidedignamente antes de decidirmos acreditar ou não.
Ao contrário poderemos proceder muito mal pensando que fazemos bem.

(ama, comentário sobre Jo 7, 1-2; 25-30, 2012.03.23)

Tratado dos actos humanos 61


Questão 17: Dos actos ordenados pela vontade.

Art. 6 ― Se um acto da razão pode ser ordenado.




(De Vertut., q. 1, a . 7).

O sexto discute-se assim. ― Parece que um acto da razão não pode ser ordenado.



Leitura espiritual para 15 Mar


Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.

Eleição do Papa



A eleição do Papa é bem um sinal de viragem, ou antes, de adaptação aos tempos correntes. 

Penso que só este Papa, sendo quem é e vindo de onde vem, com uma experiência pastoral extraordinária e a vivência no meio de um país e uma região em conflitos e turbulência quase permanentes, além da cultura e sabedoria pessoais, o poderia fazer. 

Ao mesmo tempo, que se desenganem os que pensam ver este Papa a andar de autocarro em Roma ou a ir tomar um café à esquina, isso não é modernidade, mas um manifesto alheamento da figura, responsabilidade e estatura de um Papa. 

Veremos alguém humilde mas digníssimo, discreto mas não apagado, contemporizador no opinável mas inflexível no fundamental.

Hão-de, afanosamente, descobrir-lhe defeitos, 'podres', vaidades, talvez... um filho ilegítimo... mas ele, resistirá a tudo. 

Deus o conserve, o proteja e o assista com a Sua Graça!

AMA

Minha filha, o Senhor conta com a tua ajuda


– Minha filha, que formaste um lar, agrada-me recordar-te que vós, as mulheres, – bem o sabes! – tendes muita fortaleza, que sabeis envolver numa doçura especial, para que não se note. E, com essa fortaleza, podeis fazer do marido e dos filhos instrumentos de Deus ou diabos. Tu fá-los-ás sempre instrumentos de Deus: Nosso Senhor conta com a tua ajuda. (Forja, 690)

A mulher é chamada a levar à família, à sociedade civil, à Igreja, alguma coisa de característico, que lhe é próprio e que só ela pode dar: a sua delicada ternura, a sua generosidade incansável, o seu amor ao concreto, a sua agudeza de engenho, a sua capacidade de intuição, a sua piedade profunda e simples, a sua tenacidade... A feminilidade não é autêntica se não reconhece a formosura dessa contribuição insubstituível e não a incorpora na própria vida.

Para cumprir essa missão, a mulher tem de desenvolver a sua própria personalidade, sem se deixar levar por um ingénuo espírito de imitação, que – em geral – a colocaria facilmente num plano de inferioridade e deixaria irrealizadas as suas possibilidades mais originais. Se se formar bem, com autonomia pessoal, com autenticidade, realizará eficazmente o seu trabalho, a missão para que se sente chamada, seja ela qual for. A sua vida e o seu trabalho serão realmente construtivos e fecundos, cheios de sentido, tanto se passa o dia dedicada ao marido e aos filhos, como se, tendo renunciado ao matrimónio por alguma razão nobre, se entregou plenamente a outras tarefas. Cada uma no seu próprio caminho, sendo fiel à sua vocação humana e divina, pode realizar e realiza de facto a plenitude da personalidade feminina. Não esqueçamos que Santa Maria, Mãe de Deus e Mãe dos homens, é não só modelo, mas também prova do valor transcendente que pode alcançar uma vida aparentemente sem relevo. (Temas Actuais do Cristianismo, 87)

Uma mulher com preparação adequada deve ter a possibilidade de encontrar aberto o caminho da vida pública, em todos os níveis. Neste sentido, não se podem apontar tarefas específicas da mulher. Como disse antes, o específico neste terreno não é dado tanto pela tarefa ou pelo posto, como pelo modo de realizar esta função, pelos matizes que a sua condição de mulher encontrará para a solução dos problemas com que se enfrente, e inclusivamente pela descoberta e pela formulação destes problemas. (Temas Actuais do Cristianismo, 90) 

Resumos sobre a Fé Cristã

A Criação 6

1. O acto criador 6

1.3. Conservação e providência. O mal

A criação não se reduz aos começos. «Depois da criação, Deus não abandona a criatura a si mesma. Não só lhe dá o ser e o existir, mas a cada instante a mantém no ser, lhe dá o agir e a conduz ao seu termo» (Catecismo, 301). A Sagrada Escritura compara esta actuação de Deus na história com a acção criadora (cf. Is 44,24; 45,8; 51,13). A literatura sapiencial explicita a acção de Deus que mantém na existência as suas criaturas. «E como poderia subsistir algo se não o quisésseis ou conservar-se aquilo que Vós não tivésseis chamado?» (Sb 11,25). São Paulo vai mais longe e atribui esta acção conservadora a Cristo: «Ele é antes de todas as coisas e todas as coisas subsistem por Ele» (Cl 1,17).

O Deus cristão não é um relojoeiro ou um arquitecto que, após ter realizado a sua obra, se desinteressasse dela. Estas imagens são próprias duma concepção deísta, segundo a qual Deus não se imiscui nos assuntos deste mundo. Mas isto supõe uma distorção do autêntico Deus criador, pois separam drasticamente a criação da conservação e do governo divino do mundo 9.

A noção de conservação “faz de ponte” entre a acção criadora e o governo divino do mundo (providência). Deus não só cria o mundo e o mantém na existência, mas além disso «conduz as suas criaturas para a perfeição última, à qual Ele as chamou» (Compêndio, 55). A Sagrada Escritura apresenta a soberania absoluta de Deus e testemunha constantemente o seu cuidado paterno, tanto nas coisas mais pequenas como nos grandes acontecimentos da história (cf. Catecismo, 303). Neste contexto, Jesus revela-Se como a providência “encarnada” de Deus, que atende, como Bom Pastor, as necessidades materiais e espirituais dos homens (Jo 10,11.14-15; Mt 14,13-14, etc.) e ensina-nos a abandonarmo-nos ao seu cuidado (Mt 6,31-33).

Se Deus cria, mantém e dirige tudo com bondade, donde provém o mal? «A esta questão, tão premente quanto inevitável, tão dolorosa como misteriosa, não é possível dar uma resposta rápida e satisfatória. É o conjunto da fé cristã que constitui a resposta a esta questão .... Não há nenhum pormenor da mensagem cristã que não seja, em parte, resposta ao problema do mal» (Catecismo, 309).

A criação não ficou acabada no princípio, mas Deus fê-la in statu viae, ou seja, dirigida a uma perfeição última ainda por alcançar. Para a realização dos Seus desígnios, Deus serve-se do concurso das criaturas e concede aos homens uma participação na sua providência, respeitando a sua liberdade mesmo que façam o mal (cf. Catecismo, 302, 307, 311). O realmente surpreendente é que Deus «na sua omnipotente providência pode tirar um bem das consequências de um mal» (Catecismo, 312). É misteriosa, mas é uma enorme verdade que «todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus» (Rm 8, 28) 10.

A experiência do mal parece manifestar uma tensão entre a omnipotência e a bondade divinas na sua actuação na história. Aquela recebe resposta, certamente misteriosa, no evento da Cruz de Cristo, que revela o “modo de ser” de Deus e é, portanto, fonte de sabedoria para o homem (sapientia crucis).

santiago sanz

Bibliografia básica

Catecismo da Igreja Católica, 279-374.
Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, 51-72.
DS, n. 125, 150, 800, 806, 1333, 3000-3007, 3021-3026, 4319, 4336, 4341.
Concílio Vaticano II, Gaudium et Spes, 10-18, 19-21, 36-39.
João Paulo II, Creo en Dios Padre. Catequesis sobre el Credo (I), Palabra, Madrid 1996, 181-218.

Leituras recomendadas:

Santo Agostinho, Confissões, livro XII.
São Tomás de Aquino, Summa Theologiae, I, qq. 44-46.
São Josemaria, Homilia «Amar o mundo apaixonadamente» em Temas Actuais do Cristianismo, 113-123.
Joseph Ratzinger, Creación y pecado, Eunsa, Pamplona 1992.
João Paulo II, Memória e Identidade, Bertrand Editora, Lisboa 2005.

(Resumos da Fé cristã: © 2013, Gabinete de Informação do Opus Dei na Internet)

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Notas: 
9 O deísmo implica um erro na noção metafísica de criação, pois esta, enquanto doação de ser, leva consigo uma dependência ontológica por parte da criatura, que não é separável da sua continuação no tempo. Ambas constituem um mesmo acto, mesmo quando possamos distingui-las conceptualmente: «a conservação das coisas por Deus não se dá por alguma acção nova, mas pela continuação da acção que dá o ser, que é certamente uma acção sem movimento e sem tempo» (São Tomás, Summa Theologiae, I, q. 104, a. 1, ad 3).
10  Em continuidade com a experiência de tantos santos da história da Igreja, esta expressão paulina encontrava-se frequentemente nos lábios de São Josemaria, que vivia e animava assim a viver numa gozosa aceitação da vontade divina (cf. São Josemaria, Sulco, 127; Via Sacra, IX, 4; Amigos de Deus, 119). Por outro lado, o último livro de João Paulo II, Memória e Identidade, constitui uma profunda reflexão sobre a actuação da providência divina na história dos homens, segundo aquela outra asserção de São Paulo: «Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem» (Rm 12, 21).