«Agora, alegro-me nos sofrimentos que suporto por vós e completo na minha carne o que falta às tribulações de Cristo, pelo seu Corpo, que é a Igreja.» [1]
Jesus Cristo, Senhor da vida, escolheu um caminho de sacrifício e de total entrega da Sua vida para nos salvar.
Poderia ter escolhido outro caminho?
Com certeza que sim, mas quis mostrar-nos que tudo o que constitui a vida do homem é caminho de salvação, se o homem quiser viver cada momento da sua vida em comunhão com Cristo.
É fácil vivermos com Cristo nos momentos bons, em que tudo está bem.
Difícil mesmo é viver em Cristo e com Cristo os momentos de dor, de sofrimento, que são tantas vezes para nós inexplicáveis.
São Paulo mostra-nos assim um modo de viver esses momentos, não só em Cristo, com Cristo e para Cristo, mas também, que ao vivermos assim esses sofrimentos, próprios da vida humana, também podemos “completar”, colaborar na obra salvífica de Jesus Cristo Nosso Senhor.
Mostra-nos que pela aceitação dos nossos sofrimentos, unidos a Jesus na Sua Cruz, também essa nossa entrega pode ser e é, intercessão firme, bondade e caridade para com os outros, e que na misericórdia de Deus se transforma em derramamento de graças sobre aqueles que mais precisam.
A tua entrega, a tua aceitação, o teu silêncio perante a tua própria dor, é assim, como São Paulo nos diz, «completar na tua carne o que falta às tribulações de Cristo, pelo seu Corpo, que é a Igreja.»
Como podemos nós saber o que Deus está a fazer com o teu sofrimento, ou melhor, com a tua entrega, com a tua aceitação das tuas dores?
Aqui, ao pé de ti, ou longe em África, na Ásia, nas missões, quantas graças o Senhor está a derramar sobre tantos que tanto necessitam?
Com esta tua entrega, com esta tua aceitação, quantos que não rezavam, rezam agora com empenho dedicado, e o Espírito Santo vai actuando neles por força da sua entrega também em oração?
Quantos que não pensavam em Deus, o fazem agora, mesmo questionando, mesmo duvidando, mas não deixando de procurar a Verdade?
Quem procura, encontra:
«Digo-vos, pois: Pedi e ser-vos-á dado; procurai e achareis; batei e abrir-se-vos-á; porque todo aquele que pede, recebe; quem procura, encontra, e ao que bate, abrir-se-á.» [2] Deus na Sua infinita sabedoria “escolhe” uns quantos a quem “dá” forças que vão para além do nosso entendimento.
São aqueles que são feitos do “barro dos santos”.
E tu és assim, a fé inexpugnável, a entrega sem esperar recompensa, a aceitação porque para ti, é vontade de Deus, a dádiva da tua vida pelos outros.
Quer Ele que nós soframos?
Não, com certeza que não, pois Ele veio «para que tenham vida e a tenham em abundância.» [3] Mas há uns que Ele escolheu para que «completassem na sua carne o que falta às tribulações de Cristo, pelo seu Corpo, que é a Igreja», porque para esses o sofrimento reveste-se de entrega na aceitação da sua própria cruz e assim a sua alegria é completa, porque se transforma em bênção de Deus para os outros.
Deus tem-te ao Seu colo e enche-te de amor, do Seu amor.
Olha para ti com ternura, aquela mesma que Ele teve quando naquela Última Ceia disse aos Seus Apóstolos: «Tomai, comei: Isto é o meu corpo» [4] E tu comungas do Corpo de Cristo, na Eucaristia e na Cruz.
Mas é tempo de vida, é tempo de viveres e lutares, como sempre lutaste pela vida que o Senhor te deu.
E ainda há tanto por fazer!
Ainda há tantos homens que não ouviram, que não conhecem a Palavra de Deus, que é o próprio Deus!
JMA
JMA