18/10/2015

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São Josemaria – Textos

AMA - Comentários ao Evangelho Mc 10 35-45, São Josemaria - Leitura espiritual (Temas actuais do cristianismo)

Suma Teológica - Tratado da Vida de Cristo - Quest 35 - Art 7, São Tomás de Aquino


Agenda Domingo

Tratado da vida de Cristo 43

Questão 35: Da natividade de Cristo

Art. 7 — Se Cristo devia ter nascido em Belém.

O sétimo discute-se assim. — Parece que Cristo não devia ter nascido em Belém.


1. — Pois, diz a Escritura: De Sião saíra a lei e de Jerusalém a palavra do Senhor. Ora, Cristo é verdadeiramente o Verbo de Deus. Logo, em Jerusalém é que devia ter vindo ao mundo.

2. Demais. — O Evangelho refere ter sido escrito, de Cristo, que será chamado Nazareno; lugar referido por Isaías: Uma flor brotará da sua raiz, pois, Nazaré significa flor. Ora, uma pessoa tira a sua denominação sobretudo do lugar onde nasceu. Logo, parece que devia ter nascido em Nazaré, onde foi concebido e criado.

3. Demais. — O Senhor veio ao mundo a fim de anunciar a verdade da fé, conforme o Evangelho: Eu para isso nasci e ao que vim ao mundo foi para dar testemunho da verdade. Ora, tal podia dar-se mais facilmente na cidade de Roma, que então era a dominadora de todo o mundo. Donde Paulo, escrevendo aos Romanos, diz: Em todo o mundo é divulgada a vossa fé. Logo, parece que não devia ter nascido em Belém.

Mas, em contrário, a Escritura: E tu, Belém Efrata, de ti é que me há de sair aquele que há de reinar em Israel.

 
Cristo quis nascer em Belém por duas razões. - Primeiro, porque foi feito da linhagem de David, segundo a carne, como diz o Apóstolo. Ora, a David foi feita uma promessa especial, sobre Cristo, como diz a Escritura: Disse o varão a favor do qual se decretou sobre o Cristo do Deus de Jacob. Por isso, em Belém, onde nasceu Davi, também quis nascer, para que se manifestasse, no próprio lugar da sua natividade, o cumprimento da promessa feita. E é o que significa o Evangelista quando diz: Porque era da casa e da família de David. - Segundo, porque, como diz Gregório, Belém significa a casa do pão: E foi o próprio Cristo quem disse: Eu sou o pão vivo descido do céu.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — Assim como David nasceu em Belém, assim também escolheu Jerusalém para nela constituir a sede do seu reino e edificar o templo de Deus, de modo que Jerusalém fosse ao mesmo tempo cidade real e sacerdotal. Ora, o sacerdócio de Cristo e o seu reino consumaram-se sobretudo pela sua paixão. Por isso, escolheu acertadamente Belém para lugar da sua natividade e Jerusalém, para o da sua paixão. - E além disso, por esse modo, desprezava a glória humana, pois, os homens gloriam-se quando trazem a sua origem de cidades nobres e fazem disso cabedal de sua honra. Cristo, ao contrário, quis nascer numa cidade obscura e sofrer o opróbrio numa cidade nobre.

RESPOSTA À SEGUNDA. — Cristo quis fazer-se conhecido pela sua vida virtuosa e não pelo nascimento segundo a carne. Por isso quis ser educado e criado na cidade de Nazaré. E nascer em Belém quase como peregrino; pois, no dizer de Gregório, pela humanidade que assumiu nasceu em terra, por assim dizer, estranha; não, certamente, pelo poder, mas pela sua origem carnal. E Beda também diz que, veio ao mundo numa hospedaria a fim de nos preparar muitas mansões na casa de seu Pai.

RESPOSTA À TERCEIRA. — Lê-se no Concílio Efesino, que se Cristo tivesse escolhido como sua pátria Roma, a grande; haveriam talvez de atribuir a transformação, que operou no mundo, ao poder dos seus cidadãos. Se tivesse nascido de um imperador, diriam que triunfou pelo poder imperial. Mas, para que todos compreendessem que transformou o mundo pelo seu poder divino, quis escolher uma mãe humilde e uma pátria pobre. - E. como diz o Apóstolo, escolheu Deus as coisas fracas do mundo, para confundir os fortes. Por isso, a fim de melhor manifestar o seu poder fez da própria Roma, cabeça do mundo, também a cabeça da sua Igreja, como sinal da sua perfeita vitória, para que dela derivasse a fé ao mundo universo, segundo a Escritura: Humilhará a cidade altiva e pisá-la-á o pé do pobre, isto é, de Cristo, e os passos dos necessitados, isto é, dos Apóstolos Pedro e Paulo.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.



Pequena agenda do cristão

DOMINGO




(Coisas muito simples, curtas, objectivas)



Propósito:
Viver a família.

Senhor, que a minha família seja um espelho da Tua Família em Nazareth, que cada um, absolutamente, contribua para a união de todos pondo de lado diferenças, azedumes, queixas que afastam e escurecem o ambiente. Que os lares de cada um sejam luminosos e alegres.

Lembrar-me:
Cultivar a Fé.

São Tomé, prostrado a Teus pés, disse-te: Meu Senhor e meu Deus!
Não tenho pena nem inveja de não ter estado presente. Tu mesmo disseste: Bem-aventurados os que crêem sem terem visto.
E eu creio, Senhor.
Creio firmemente que Tu és o Cristo Redentor que me salvou para a vida eterna, o meu Deus e Senhor a quem quero amar com todas as minhas forças e, a quem ofereço a minha vida. Sou bem pouca coisa, não sei sequer para que me queres mas, se me crias-te é porque tens planos para mim. Quero cumpri-los com todo o meu coração.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?


Quantos comerciantes terão sido santos?

Está a ajudar-te muito, dizes-me, este pensamento: desde os primeiros cristãos, quantos comerciantes terão sido santos? E queres demonstrar que também agora isso é possível... O Senhor não te abandonará nesse empenho. (Sulco, 490)

O único objectivo do Opus Dei sempre foi este: contribuir para que, no meio do mundo, das realidades e afãs seculares, homens e mulheres de todas as raças e de todas as condições sociais procurem amar e servir a Deus e a todos os outros, no seu trabalho ordinário e através dele. (...).


Se alguma comparação se quer fazer, a maneira mais fácil de entender o Opus Dei é pensar na vida dos primeiros cristãos. Eles viviam profundamente a sua vocação cristã; procuravam muito a sério a perfeição a que eram chamados, pelo facto, ao mesmo tempo simples e sublime, do Baptismo. Não se distinguem exteriormente dos outros cidadãos. Os membros do Opus Dei são como toda a gente: realizam um trabalho corrente; vivem no meio do mundo conforme aquilo que são – cidadãos cristãos que querem responder inteiramente às exigências da sua fé. (Temas Actuais do Cristianismo, 10 e 24)

Evangelho, comentário, L. espiritual


Tempo comum XXIX Semana

São Lucas Evangelista

Evangelho: Mc 10, 35-45

35 Então aproximaram-se d'Ele Tiago e João, filhos de Zebedeu, dizendo: «Mestre, queremos que nos concedas o que Te vamos pedir». 36 Ele disse-lhes: «Que quereis que vos conceda?». 37 Eles responderam: «Concede-nos que, na Tua glória, um de nós se sente à Tua direita e outro à Tua esquerda». 38 Mas Jesus disse-lhes: «Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que Eu vou beber, ou ser baptizados no baptismo com que Eu vou ser baptizado?». 39 Eles disseram-Lhe: «Podemos». Jesus disse-lhes: «Efectivamente haveis de beber o cálice que Eu vou beber e haveis de ser baptizados com o baptismo com que Eu vou ser baptizado; 40 mas, quanto a estardes sentados à Minha direita ou à Minha esquerda, não pertence a Mim concedê-lo, mas é para aqueles para quem está preparado». 41 Ouvindo isto, os dez começaram a indignar-se com Tiago e João. 42 Mas Jesus, chamando-os, disse-lhes: «Vós sabeis que aqueles que são reconhecidos como chefes das nações as dominam e que os seus príncipes têm poder sobre elas. 43 Porém, entre vós não deve ser assim, mas o que quiser ser o maior, será o vosso servo, 44 e o que entre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos. 45 Porque também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida para redenção de todos».

Comentário:

Não devemos ter receio de pedir o que julgamos nos convém.

Sempre e em qualquer caso o Senhor "endireitará" o nosso pedido de acordo com a Sua Vontade e, esta será sempre o melhor para nós porque Deus deseja, antes de mais, o nosso bem mesmo que não saibamos qual é.

Assim, talvez seja conveniente acrescentar ao pedido: 'se for da Tua Vontade'.

(ama, comentário sobre Mc 10 32-45, 2015.05.27)


Leitura espiritual


São Josemaria Escrivá



Temas actuais do cristianismo

51
                  
pergunta:

Pensa-se geralmente que o Opus Dei, como organização, maneja uma considerável força económica.
Uma vez que o Opus Dei dirige de facto actividades de tipo educativo, beneficente, etc., poderia explicar-nos como administra o Opus Dei essas actividades, isto é, como obtém os meios económicos, como os coordena e distribui?

resposta:

Efectivamente, em todos os países onde trabalha, o Opus Dei dirige actividades sociais, educativas e beneficentes.
Não é este, porém, o principal trabalho da Obra; aquilo que o Opus Dei pretende é que haja muitos homens e mulheres que procurem ser bons cristãos e, portanto, testemunhas de Cristo no meio das suas ocupações habituais.
Os centros a que se refere têm precisamente esta finalidade.
Por isso a eficácia de todo o nosso trabalho fundamenta-se na graça de Deus e numa vida de oração, trabalho e sacrifício.
Mas não há dúvida que qualquer actividade educativa, social ou de beneficência tem de servir-se de meios económicos.

Cada centro se financia do mesmo modo que qualquer outro da sua espécie.
As residências de estudantes, por exemplo, contam com as mensalidades que pagam os residentes; os colégios, com as propinas dos alunos; as escolas agrícolas, com a venda dos seus produtos, etc.
É evidente, contudo, que estas receitas quase nunca são suficientes para cobrir todas as despesas de um centro, e menos ainda tendo em conta que todas as iniciativas do Opus Dei são pensadas com um critério apostólico e que a maioria delas se dirige a pessoas de escassos recursos económicos, que, muitas vezes, pagam pela formação que se lhes proporciona quantias meramente simbólicas.

Para tornar possíveis essas actividades conta-se também com o contributo dos sócios da Obra, que a elas destinam parte do dinheiro que ganham com o seu trabalho profissional, mas sobretudo com a ajuda de muitas pessoas que, embora sem pertencerem ao Opus Dei, estão dispostas a colaborar em tarefas de transcendência social e educativa.
Os que trabalham em cada centro procuram fomentar em cada uma das pessoas o zelo apostólico, a preocupação social, o sentido comunitário que os levam a colaborar activamente na realização desses empreendimentos.
Como se trata de trabalhos feitos com seriedade profissional, que correspondem a necessidades reais da sociedade, na maioria dos casos a resposta tem sido generosa.
A Universidade de Navarra, por exemplo, tem uma Associação de Amigos com cerca de 12.000 membros.

O financiamento de cada centro é autónomo.
Cada um funciona com independência e procura encontrar os fundos necessários entre pessoas interessadas naquele actividade concreta.

52
                  
pergunta:

Aceitaria a afirmação de que o Opus Dei "controla" de facto determinados bancos, empresas, jornais, etc.?
Se assim é, que significa "controle" neste caso?

resposta:

Há alguns sócios do Opus Dei - bastante menos do que alguma vez se terá dito - que exercem o seu trabalho profissional na direcção de empresas de diverso tipo.
Uns dirigem empresas familiares que herdaram dos seus pais.
Outros estão à frente de sociedades que fundaram, sós ou unidos a outras pessoas da mesma profissão.
Outros, pelo contrário, foram nomeados gerentes de alguma empresa pelos respectivos donos, que confiaram na sua capacidade e conhecimentos.
Podem ter alcançado os cargos que ocupam por qualquer dos caminhos honestos que uma pessoa costuma percorrer para chegar a uma posição desse tipo.
Quer dizer: isto nada tem a ver com o facto de pertencerem à Obra.

Os directores de empresa que fazem parte do Opus Dei procuram, como todos os sócios, viver o espírito evangélico no exercício da sua profissão.
Isto exige-lhes, em primeiro lugar, que vivam escrupulosamente a justiça e a honestidade.
Procurarão, portanto, fazer o seu trabalho honradamente: pagar um salário justo aos seus empregados, respeitar os direitos dos acionistas ou proprietários e da sociedade, e cumprir todas as leis do país. Evitarão qualquer espécie de partidarismos ou favoritismos em relação a outras pessoas, sejam elas ou não sócios do Opus Dei.
Entendo que o favoritismo seria contrário, não já à busca de plenitude de vida cristã - que é o motivo por que se ingressa na Obra, mas às exigências mais elementares da moral evangélica.

Já se falou atrás da liberdade absoluta de que gozam todos os sócios da Obra no seu trabalho profissional.
Isto quer dizer que os sócios da Obra que dirigem empresas de qualquer tipo fazem-no de acordo com o seu critério pessoal, sem receber nenhuma orientação dos directores sobre o modo de realizar o seu trabalho.
Tanto a política económica e financeira que seguem na gestão da empresa, como a orientação ideológica, no caso de uma empresa ligada à opinião pública, é da sua exclusiva responsabilidade.

Toda a apresentação do Opus Dei como uma central de directrizes e orientações temporais ou económicas carece de fundamento.

53             

pergunta:

Como está organizado o Opus Dei [i] em Espanha?
Como está estruturado o seu governo e como funciona?
Intervém V. Rev.ª pessoalmente nas actividades do Opus Dei em Espanha?

resposta:

O trabalho de direcção no Opus Dei é sempre colegial, nunca pessoal. Detestamos a tirania, que é contrária à dignidade humana.
Em cada país a direcção do nosso trabalho é da competência de uma comissão, composta na sua maior parte por leigos de diversas profissões, e presidida pelo Conselheiro do Opus Dei no país.
Em Espanha o Conselheiro é o Rev.º P.e Dr. Florencio Sánchez Bella.

Como o Opus Dei é uma organização sobrenatural e espiritual, o seu governo limita-se a dirigir e a orientar o trabalho apostólico, com exclusão de qualquer tipo de finalidade temporal.
A direcção da Obra, não só respeita a liberdade dos seus membros, como lhes faz tomar viva consciência dela.
Para conseguir a perfeição cristã na profissão ou no ofício que cada um exerce, os membros da Obra necessitam de estar formados de modo que saibam administrar a sua liberdade: com presença de Deus, com piedade sincera, com doutrina.
Esta é a missão fundamental dos directores da nossa Obra: tornar acessível a todos os sócios o conhecimento e a prática da fé cristã, para que a tornem realidade na sua vida, cada um com plena autonomia. Sem dúvida que é necessária, pelo que se refere ao terreno estritamente apostólico, uma certa coordenação mas ainda aqui a coordenação se limita ao mínimo indispensável para facilitar a criação de centros educativos, sociais ou de beneficência, que realizam um eficaz serviço cristão.

Os mesmos princípios que acabo de expor se aplicam ao governo central da Obra.
Eu não governo sozinho.
As decisões são tomadas no Conselho Geral do Opus Dei, que tem a sua sede em Roma e é composto actualmente por pessoas de catorze países.
O Conselho Geral limita-se por seu lado a dirigir, em linhas fundamentais, o apostolado da Obra em todo o mundo, deixando uma amplíssima margem de iniciativa aos Directores de cada país.
Na Secção Feminina existe um regime análogo.
Do seu Conselho Central fazem parte associadas de doze nacionalidades.

54
                  
pergunta:

Em sua opinião, porque estão em más relações com o Opus Dei numerosas Ordens religiosas, tais como a Companhia de Jesus?

resposta:

Conheço muitíssimos religiosos que sabem que nós não somos religiosos, mas que nos retribuem o afecto que lhes temos e oferecem orações e sacrifícios a Deus pelos apostolados do Opus Dei.
Quanto à Companhia de Jesus, conheço e mantenho relações com o seu Geral, o Padre Arrupe.
Posso assegurar-lhe que as nossas relações são de estima e afecto mútuo.

Talvez Você tenha encontrado algum religioso que não compreenda a nossa Obra; se assim é, o facto dever-se-á a um equívoco ou a uma falta de conhecimento da realidade do nosso trabalho, que é especialmente laical e secular e em nada interfere com o terreno próprio dos religiosos.
Por todos os religiosos não temos senão veneração e carinho e pedimos ao Senhor que cada dia torne mais eficaz o seu serviço à Igreja e à humanidade inteira.
Não haverá nunca luta entre o Opus Dei e um religioso, porque para lutar são precisos dois e nós não queremos lutar com ninguém.

Entrevista realizada por Tad Szulc, correspondente do New York Times, em 7 de Outubro de 1966.

(cont)





[i] Cfr. a nota do n.º 35