2ª Segunda-Feira do Advento 06 de Dezembro
Evangelho: Lc 5, 17-28
17 Um dia, enquanto ensinava, estavam ali sentados fariseus e doutores da lei vindos de todas as aldeias da Galileia, da Judeia e de Jerusalém; e o poder do Senhor levava-O a fazer curas.18 E eis que uns homens, levando sobre um leito um homem que estava paralítico, procuravam introduzi-lo dentro da casa e pô-lo diante d'Ele.19 Porém, não encontrando por onde o introduzir por causa da multidão, subiram ao telhado e, levantando as telhas, desceram-no com o leito no meio de todos, diante de Jesus. 20 Vendo a fé deles, Jesus disse: «Homem, são-te perdoados os teus pecados». 21 Então os escribas e os fariseus começaram a pensar e a dizer: «Quem é este que diz blasfémias? Quem pode perdoar pecados, senão só Deus?». 22 Jesus, conhecendo os seus pensamentos, respondeu-lhes: «Que estais a pensar nos vossos corações? 23 Que coisa é mais fácil dizer: “São-te perdoados os pecados”, ou dizer: “Levanta-te e caminha”? 24 Pois, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra o poder de perdoar pecados, Eu te ordeno - disse Ele ao paralítico - levanta-te, toma o teu leito e vai para a tua casa». 25 Levantando-se logo em presença deles, tomou o leito em que jazia e foi para a sua casa, glorificando a Deus.26 Ficaram todos estupefactos e glorificavam a Deus. Possuídos de temor, diziam: «Hoje vimos coisas maravilhosas». 27 Depois disto, Jesus saiu, e viu sentado no banco de cobrança um publicano, chamado Levi, e disse-lhe: «Segue-Me». 28 Ele, deixando tudo, levantou-se e seguiu-O.
Nota:
Durante o Tempo do Advento não publicamos o costumado Comentário e/ou Meditação sobre o Evangelho do dia. Convidamos o leitor a fazê-lo e a amabilidade de o “postar) em comentários.
Tema para consideração: A confissão frequente
O que significa confissão frequente? – (2)
- Se, pois, existem tantos meios para que a alma se purifique dos seus pecados veniais sem o sacramento da penitência, que sentido e que valor tem a confissão dos pecados veniais? Onde está o «proveito» desta confissão?, de que fla qao Concílio de Trento? Diz: «Os pecados veniais, que não nos privam da graça divina e em que tão amiúde recaímos, confessam-se e acusam-se com motivo e proveito na confissão, como o comprova a prática das pessoas devotas» (sessão 14, cap. 5º).
a) O fruto da confissão dos pecados veniais funda-se antes de mais em que se trata da recepção de um sacramento. O perdão dos pecados consegue-se em virtude do sacramento, quer dizer, de Cristo. No sacramento da penitência, «àqueles que depois do baptismo pecaram, aplicam-se-lhes os méritos da morte de Cristo» (Conc. De Trento, sessão 14, cap. 1º). No qual há que observar: no sacramento é essencial o arrependimento íntimo dos pecados, que é elevado pelo sacramento à união, cheia de graça, com Deus. A graça aqui outorgada, uma vez que se trata exclusivamente de pecados veniais, não é, como quando se trata de um pecado mortal, a nova vida da graça, mas o fortalecimento, o aumento e maior profundidade da vida sobrenatural, da santa caridade no homem. O sacramento da penitência a primeira coisa que produz é o positivo, o fortalecimento da nova vida, o aumento da graça santificante, e em união com ela uma graça coadjuvante que estimula a nossa vontade para um acto de amor ou de arrependimento. Esse acto de amor apaga os pecados veniais e expulsa-os da alma, de forma semelhante à luz que afugenta e elimina as trevas.
O proveito da confissão dos pecados veniais consiste, além disso, em que a virtude do sacramento não só apaga os pecados, como além disso abarca e cura as suas consequências, de forma mais perfeita do que acontece no perdão extra-sacramental dos pecados veniais. Porque no sacramento da penitência se perdoa uma parte maior das penas temporais dos pecados que pelos meios extra-sacramentais, ainda que exista igual espírito de arrependimento. Mas o sacramento da penitência sobretudo cura a alma das debilidade produzida pelos pecados veniais, do cansaço e da frieza para as coisas divinas, da inclinação que com os pecados veniais renasce para as coisas terrenas, do fortalecimento dos instintos e inclinações torcidas e do poder da má concupiscência – e isto em virtude do sacramento, quer dizer, do próprio Cristo -. Assim a confissão dos pecados veniais fornece à alma uma frescura interior, um novo impulso para se entregar a Deus, a Cristo, e ao cuidado da vida sobrenatural, o que normalmente acontece no perdão extra-sacramental dos pecados veniais.
A confissão dos pecados veniais produz um proveito muito especial e notório por estas circunstâncias: que em geral os actos do exame de consciência, em especial do arrependimento, do propósito, da vontade de satisfação e de penitência, são muito mais perfeitos e melhor elaborados que no perdão extra-sacramental dos pecados veniais por meio de uma jaculatória ou pelo uso piedoso da água benta. Todos sabemos o que custa acusar-se devidamente ante o sacerdote; todos sabemos como devemos preocupar-nos em, realizar bem os actos de arrependimento e de propósito e incitar a vontade à penitência e à satisfação. Com plena consciência dedicamo-nos a fazer bem esses actos.
E com razão. Porque esses actos de aversão interior às faltas não constituem unicamente uma condição prévia da alma para a recepção do sacramento da penitência, são parte essencial. Deles depende que haja um verdadeiro sacramento, eles determinam a medida da eficácia do sacramento, no crescimento na vida divina e no perdão dos pecados. O sacramento da penitência, assim como o sacramento do matrimónio, é o sacramento mais pessoal. A participação pessoal do penitente, os seus actos pessoais de arrependimento, de acusação e de vontade de satisfação, são decisivos para a eficácia do sacramento. Essa depende essencialmente do nosso juízo pessoal sobre o pecado cometido e do nosso regresso pessoal a Deus e a Cristo. No sacramento da penitência que recebemos, os nossos actos pessoais de penitência são elevados da esfera meramente pessoal e são unidos às virtudes dos padecimentos e morte de Cristo, que operam no sacramento. Aqui é onde resplandecem toda a graça e o proveito do sacramento da penitência.
A chamada graça sacramental, que é própria unicamente do sacramento da penitência e que por nenhum outro sacramento se produz ou pode produzir-se, é a graça santificante, com carácter e força especial para fazer desaparecer a debilidade causada pelos pecados veniais, o défice de força, valor e impulso espiritual, para fortalecer a alma e afastar os obstáculos que se opõem à graça e à sua acção eficaz na alma.
Um significado e proveito especial da confissão frequente consiste em que os pecados veniais se confessam ao sacerdote como representante da Igreja, quer dizer, à Igreja, à comunidade. O que peca venialmente continua a ser membro vivo da Igreja. Com o pecado venial não pecou somente contra Cristo, contra Deus e o bem da sua própria alma: ao mesmo tempo causou um dano à Igreja, à comunidade; o seu pecado é uma «mancha» uma «ruga» da esposa de Cristo; é um obstáculo a que o amor que o Espírito santo derrama sobre a Igreja posa desenvolver-se livremente em todos os membros da Igreja de Cristo. O pecado venial é um dano inferido à comunidade, é uma falta de amor para com a Igreja, da qual unicamente manam a vida e a salvação para o cristão. Por isso não pode expiar-se forma mais adequada que dando-o a conhecer ao representante da Igreja, recebendo o seu perdão e cumprindo a penitência por ele imposta.
Doutrina: CCIC – 582: Porque podemos «ousar aproximar-nos com toda a
confiançado Pai?
CIC – 2777-2778; 2797
Porque Jesus, nosso Redentor, nos apresenta diante do Rosto do Pai, e o seu Espírito faz de nós filhos. Podemos assim rezar o Pai Nosso com uma confiança simples e filial, com uma alegre segurança e uma audácia humilde, com a certeza de ser amados e atendidos