Tempo comum XXX Semana
São Simão e São Judas - Apóstolos
Evangelho:
Lc 6, 12-19
«12 Naqueles dias Jesus retirou-se para o monte a orar, e
passou toda a noite em oração a Deus. 13 Quando se fez dia, chamou
os Seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu o nome de Apóstolos:
14 Simão, a quem deu o sobrenome de Pedro, seu irmão André, Tiago,
João, Filipe, Bartolomeu, 15 Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu,
Simão, chamado o Zelote, 16 Judas, irmão de Tiago, e Judas
Iscariotes, que foi o traidor. 17 Descendo com eles, parou numa planície.
Estava lá um grande número dos Seus discípulos e uma grande multidão de povo de
toda a Judeia, de Jerusalém, do litoral de Tiro e de Sidónia, 18 que
tinham vindo para O ouvir, e para ser curados das suas doenças. Os que eram
atormentados pelos espíritos imundos ficavam também curados. 19 Todo
o povo procurava tocá-l'O, porque saía d'Ele uma virtude que os curava a todos.»
Comentário:
O primeiro versículo deste
trecho do Evangelho de São Lucas dá-nos que pensar!
Para encurtar raciocínios pergunta-se:
Jesus Cristo sendo Deus, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, orava a Si
próprio?
Penso que a pergunta está mal
colocada e não tem razão de ser. O que me parece é que o Senhor passou a noite
em reflexão profunda sobre o que viria a ser a Sua acção imediata: a escolha
dos Doze.
Mas… porquê? Acaso poderia ter
dúvidas?
O segredo, a resposta, está no
Seu desejo de dar exemplo que fique e perdure na memória de quantos conviviam
com Ele.
A oração, pessoal, intensa e
perseverante é fundamental – sempre – mas sobretudo quando há decisões
importantes a tomar ou escolhas determinantes a fazer.
(ama, comentário sobre Lc 6 12-19, 2014.09.09)
Leitura espiritual
São Josemaria Escrivá
Temas actuais do cristianismo
78
pergunta:
Quais
são, em sua opinião, as funções que competem às associações ou sindicatos de
estudantes?
Como
devem ser as suas relações com as autoridades académicas?
resposta:
Pede-se-me
um juízo sobre uma questão muito ampla.
Não
vou, por isso, descer a pormenores; só algumas ideias gerais. Penso que as
associações de estudantes devem intervir nas tarefas universitárias
específicas.
Há-de
haver representantes - eleitos livremente pelos seus colegas - que entrem em
relação com as autoridades académicas, conscientes de que têm de trabalhar em
uníssono, numa actividade comum.
É
outra boa oportunidade de prestar um verdadeiro serviço.
É
necessário um estudo que estabeleça as regras a seguir para que esta actividade
se realize com eficácia, com justiça e de forma racional.
Os
assuntos devem ser bem trabalhados, bem pensados; se as soluções que se propõem
forem bem estudadas, nascidas do desejo de construir e não do afã de criar
conflitos, adquirem uma autoridade interna que faz com que se imponham por si
sós.
Para
tudo isto é preciso que os representantes das associações tenham uma formação
séria: que amem a liberdade dos outros em primeiro lugar e a sua própria
liberdade, com a consequente responsabilidade; que não desejem o brilho pessoal
nem se atribuam faculdades que não têm, mas busquem o bem da Universidade, que
é o bem dos seus companheiros de estudo.
E
que os eleitores escolham os seus representantes por essas qualidades e não por
razões alheias à eficácia da sua Alma Mater: só assim a Universidade será o
lugar de paz, remanso de serena e nobre inquietação, que facilita o estudo e a
formação de todos.
79
pergunta:
Em
que sentido entende o senhor a liberdade de ensino e em que condições a
considera necessária? Neste sentido, que atribuições se devem reservar ao
Estado em matéria de ensino superior? Considera que a autonomia é um princípio
básico para a organização da Universidade?
Poder-nos-ia
indicar as linhas mestras nas quais se deve fundar o sistema de autonomia?
resposta:
A
liberdade de ensino é apenas um aspecto da liberdade em geral. Considero a
liberdade pessoal necessária para todos e em tudo o que é moralmente lícito.
Liberdade
de ensino, portanto, em todos os níveis e para todas as pessoas!
Quer
isto dizer que toda a pessoa ou associação com capacidade para tal deve ter a
possibilidade de fundar centros de ensino em igualdade de condições e sem impedimentos
desnecessários.
A
função do Estado depende da situação social: é diferente na Alemanha ou na
Inglaterra, no Japão ou nos Estados Unidos, para citar países com estruturas
educacionais muito diversas.
O
Estado tem evidentemente funções de promoção, de controlo, de vigilância.
E
isso exige igualdade de oportunidades entre a iniciativa privada e a do Estado:
vigiar não é pôr obstáculos, nem impedir ou coarctar a liberdade.
Por
isso considero necessária a autonomia docente: autonomia é outra forma de dizer
liberdade de ensino.
A
Universidade como corporação deve ter a independência dum órgão num corpo vivo,
liberdade na sua tarefa específica em favor do bem comum.
Alguns
passos a dar para a efectiva realização desta autonomia podem ser: liberdade de
escolha do professorado e dos administradores; liberdade para o estabelecimento
dos planos de estudo; possibilidade de constituir o seu património e de o
administrar. Enfim, todas as condições necessárias para que a Universidade goze
de vida própria.
Tendo
esta vida própria, saberá dá-la, para bem de toda a sociedade.
80
pergunta:
Descobre-se
na opinião estudantil uma crítica cada vez mais intensa ao sistema de cátedra
universitária vitalícia.
Parece-lhe
acertada esta corrente de opinião?
resposta:
Parece.
Se
bem que reconheça o alto nível científico e humano do professorado espanhol,
prefiro o sistema de contratar livremente os professores.
Penso
que este sistema não prejudica economicamente o professor e constitui um
incentivo para que o catedrático não deixe nunca de investigar e de progredir
na sua especialidade.
Evita
também que as cátedras sejam tidas como feudos em vez de lugares de serviço.
Não
excluo que o sistema de cátedra vitalícia possa dar bons resultados nalgum
país, nem que com esse sistema se verifiquem casos de catedráticos muito
competentes, que fazem da sua cátedra um verdadeiro serviço à Universidade.
Mas
parece-me que o sistema de contratação livre permite que estes casos sejam em
maior número, até conseguir o ideal de que o sejam praticamente todos.
81
pergunta:
Não
é de opinião que, depois do Vaticano II, ficaram antiquados os conceitos de
"colégios da Igreja", "colégios católicos", "Universidades
da igreja", etc.?
Não
lhe parece que tais conceitos comprometem indevidamente a Igreja ou soam a
privilégio?
resposta:
Não,
não me parece, se por colégios da Igreja, colégios católicos, etc., se entender
o resultado do direito que a Igreja e as Ordens e Congregações religiosas têm
de criar centros de ensino.
Montar
um colégio ou uma universidade não é um privilégio, mas um encargo, quando se
procura que seja um centro para todos, e não apenas para os que dispõem de
recursos económicos.
O
Concílio não pretendeu declarar superadas as instituições docentes
confessionais: só quis fazer ver que há outra forma - inclusivamente mais
necessária e universal, vivida há tantos anos pelos sócios do Opus Dei - de
presença cristã no ensino, que é a livre iniciativa dos cidadãos católicos que
têm profissões ligadas à educação, dentro e fora dos centros criados pelo
Estado.
É
mais uma manifestação da plena consciência que a Igreja tem, nestes tempos, da
fecundidade do apostolado dos leigos.
Tenho
de confessar, por outro lado, que não simpatizo com as expressões escola
católica, colégios da Igreja, etc., ainda que respeite todos aqueles que pensam
o contrário.
Prefiro
que as realidades se distingam pelos seus frutos, não pelos seus nomes.
Um
colégio será efectivamente cristão quando, sendo como os restantes e esmerando-se
por progredir, realizar um trabalho de formação completa - também cristã -
respeitando a liberdade pessoal e promovendo a urgente justiça social. Se faz
isto realmente, o nome é de somenos.
Pessoalmente,
repito, prefiro evitar esses adjectivos.
82
pergunta:
Como
Grão-Chanceler da Universidade de Navarra, desejaríamos que nos falasse dos
princípios que a inspiraram ao fundá-la e do seu significado actual no âmbito
da Universidade espanhola.
resposta:
A
Universidade de Navarra surgiu em 1952 - depois de rezar durante anos e anos,
sinto alegria ao dizê-lo - com a aspiração de dar vida a uma instituição
universitária na qual se plasmassem os ideais culturais e apostólicos de um
grupo de professores profundamente interessados na missão docente.
Desejou
então - e deseja agora - contribuir, lado a lado com as outras universidades,
para resolver os graves problemas educativos da Espanha e de muitos outros
países que necessitam de homens bem preparados para constituírem uma sociedade
mais justa.
Quando
foi fundada, aqueles que a iniciaram não eram estranhos à Universidade
espanhola: eram professores que se tinham formado e exercido o seu magistério
em Madrid, Barcelona, Sevilha, Santiago, Granada e em várias outras
universidades.
Esta
colaboração estreita - atrever-me-ia a dizer que mais estreita que a que mantêm
entre si universidades inclusivamente vizinhas - tem continuado, mediante
frequentes intercâmbios e visitas de professores, congressos nacionais nos
quais se trabalha em conjunto, etc.
O
mesmo contacto se tem mantido com as melhores universidades de outros países,
como foi confirmado pelo recente doutoramento honoris causa de professores da
Sorbonne, Harvard, Coimbra, Munique e Lovaina.
A
Universidade de Navarra tem servido também para orientar a ajuda de tantas
pessoas que vêem nos estudos universitários uma base fundamental do progresso
do país, quando estão abertos a todos aqueles que merecem estudar, sejam quais
forem os seus recursos económicos.
É
uma realidade a Associação de Amigos da Universidade de Navarra que, com a sua
contribuição generosa, já conseguiu distribuir um elevado número de bolsas de
estudo.
Este
número aumentará cada vez mais, como aumentará a afluência de estudantes
afro-asiáticos e latino-americanos.
Entrevista
realizada por Andrés Garrigó, publicada em "Gaceta Universitaria"
(Madrid, 5 de Outubro de 1967).
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