20/10/2020

Deus não te arranca do teu ambiente

                                                      


Deus não te arranca do teu ambiente, não te tira do mundo, nem do teu estado, nem das tuas ambições humanas nobres, nem do teu trabalho profissional... mas, aí, quer-te santo! (Forja, 362)

 

Convencei-vos de que a vocação profissional é parte essencial e inseparável da nossa condição de cristãos. O Senhor quer que sejais santos no lugar onde estais e no trabalho que haveis escolhido pelas razões que vos aprouveram: pela minha parte, todos me parecem bons e nobres – desde que não se oponham à lei divina – e capazes de ser elevados ao plano sobrenatural, isto é, enxertados nessa corrente de Amor que define a vida de um filho de Deus. (...).

Temos de evitar o erro de considerar que o apostolado se reduz ao testemunho de algumas práticas piedosas. Tu e eu somos cristãos, mas, ao mesmo tempo e sem solução de continuidade, cidadãos e trabalhadores, com obrigações bem nítidas que temos de cumprir exemplarmente, se deveras queremos santificar-nos. É Jesus Cristo que nos estimula: Vós sois a luz do mundo. (Amigos de Deus,  60–61).


Temas doutrinais 15



A ALMA

4. Como se sabe que a alma humana é espiritual?

A alma humana é espiritual porque realiza acções espirituais; por exemplo, entender esta web onde se relacionam ideias (sem confundir ideias com imagens, que são algo sensível).

Reflexão

 


 

O objectivo final da nossa fé é o de conformarmos os nossos pensamentos com os de Jesus Cristo e de Lhe permitir, a Ele que pela fé nos habita, servir-se de nós, pensar em nós e em nós viver.

 

(Tadeus Dajczer, Meditações sobre a Fé, Paulus, 4ª Ed., pg. 16)

Leitura espiritual Outubro 20

 


Cartas de São Paulo

 

1.ª Timóteo 6

 

Os escravos –

1 Todos os que se encontram sob o jugo da escravidão considerem os seus senhores dignos de toda a honra, para que o nome de Deus e a doutrina não sejam blasfemados. 2 E os que têm senhores crentes não os desprezem, por serem irmãos; antes, devem servi-los melhor, porque os que beneficiam do seu trabalho são fiéis e amados de Deus.

 

Falsas doutrinas e verdadeira piedade –

Isto é o que deves ensinar e recomendar. 3 Se alguém ensinar outra doutrina e não aderir às sãs palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo e ao ensinamento conforme à piedade, 4 é um obcecado pelo orgulho, um ignorante, um espírito doentio dado a querelas e contendas de palavras. Daí nascem invejas, rixas, injúrias, suspeitas maldosas, 5 altercações entre homens de espírito corrompido e desprovidos de verdade, que julgam ser a piedade uma fonte de lucro. 6 A piedade é, realmente, uma grande fonte de lucro para quem se contenta com o que tem. 7 Pois nada trouxemos ao mundo e nada podemos levar dele. 8 Tendo alimento e vestuário, contentemo-nos com isso. 9 Mas os que querem enriquecer caem na tentação, na armadilha e em múltiplos desejos insensatos e nocivos que precipitam os homens na ruína e na perdição. 10 Porque a raiz de todos os males é a ganância do dinheiro. Arrastados por ele, muitos se desviaram da fé e se enredaram em muitas aflições. 11 Mas tu, ó homem de Deus, foge dessas coisas. Procura antes a justiça, a piedade, a fé, o amor, a perseverança, a mansidão. 12 Combate o bom combate da fé, conquista a vida eterna, para a qual foste chamado e da qual fizeste uma bela profissão na presença de muitas testemunhas. 13 Na presença de Deus, que dá a vida a todas as coisas, e de Jesus Cristo, que deu testemunho perante Pôncio Pilatos numa bela profissão de fé, 14 recomendo-te que guardes o mandato, sem mancha nem culpa, até à manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo. 15 Esta manifestação será feita nos tempos estabelecidos, pelo bem-aventurado e único Soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, 16 o único que possui a imortalidade, que habita numa luz inacessível,que nenhum homem viu nem pode ver. A Ele, honra e poder eterno! Ámen!

 

Recomendação aos ricos –

17 Aos ricos deste mundo recomenda que não sejam orgulhosos, nem ponham a sua esperança na riqueza incerta, mas em Deus que nos dá tudo com abundância para nosso usufruto; 18 que pratiquem o bem, se enriqueçam de boas obras, sejam generosos, capazes de partilhar. 19 Deste modo, acumularão um bom tesouro para o futuro, a fim de conquistarem a verdadeira vida.

 

Saudação final –

20 Ó Timóteo, guarda o depósito da fé, evita as vãs conversas profanas e as contradições da falsa ciência, 21 que alguns professam e desviaram-se da fé. A graça esteja convosco!

 

 


Cristo que passa

 

62

          

Aprendamos desta atitude de Jesus: durante a Sua vida na Terra, não quis sequer a glória que Lhe pertencia, pois, tendo direito a ser tratado como Deus, assumiu a forma de servo, de escravo.

O cristão sabe, portanto, que toda a glória é para Deus e que não pode servir-se da sublimidade e grandeza do Evangelho como instrumento de interesses e de ambições humanas.

 

Aprendamos de Jesus: a Sua atitude, ao opor-Se a toda a glória humana, está em perfeita correlação com a grandeza de uma única missão - a de Filho predilecto de Deus, que encarna para salvar os homens.

Missão que o amor do Pai rodeou cheia de ternura: Filius meus es, ego hodie genui te. Postula a me et dabo tibi gentes hereditatem tuam. - Tu és meu filho, Eu hoje Te gerei. Pede-Me e Eu Te darei as nações em herança...

 

O cristão que, seguindo Cristo, vive nessa atitude de completa adoração do Pai, recebe também do Senhor palavras de amoroso desvelo: Porque espera em Mim, Eu o livrarei; protegê-lo-ei, porque conhece o meu nome.

 

63

          

Jesus disse que não ao Demónio, ao príncipe das trevas.

E imediatamente se manifesta a luz: Então o Diabo deixou-O e chegaram os Anjos e serviram-nO.

Jesus suportou a prova, uma prova verdadeira, porque, comenta Santo Ambrósio, não procedeu como Deus, usando do seu poder (se não, de que nos serviria o seu exemplo?) mas, como homem, serviu-Se dos auxílios que tem em comum connosco.

 

O Demónio, com retorcida intenção, citou o Antigo Testamento: Deus enviará os seus Anjos para que protejam o Justo em todos os Seus caminhos.

Mas Jesus, recusando-Se a tentar Seu Pai, devolve a essa passagem bíblica o seu verdadeiro sentido.

E, como prémio da Sua fidelidade, chegado o tempo, apresentam-se os mensageiros de Deus Pai para O servirem.

 

Vale a pena reparar no modo de proceder de Satanás com Jesus Cristo: argumenta com textos dos Livros Sagrados, retorcendo, desfigurando de forma blasfema o seu sentido.

Mas Jesus não Se deixa enganar: o Verbo feito carne bem conhece a Palavra divina, escrita para salvação dos homens e não para confusão e condenação.

Quem está unido a Jesus Cristo pelo Amor - tal é a conclusão que devemos tirar - nunca se deixará enganar por manejos fraudulentos da Sagrada Escritura, porque sabe que é obra típica do Demónio procurar confundir a consciência cristã utilizando com dolo os mesmos termos usados pela eterna Sabedoria, tentando fazer da luz trevas.

 

Contemplemos um pouco esta intervenção dos Anjos na vida de Jesus, pois assim entenderemos melhor o seu papel - a missão angélica - em toda a vida humana.

A tradição cristã apresenta os Anjos da Guarda como grandes amigos, colocados por Deus junto de cada homem para o acompanharem nos seus caminhos.

E por isso convida-nos a ganhar intimidade com eles e a recorrer a eles.

 

A Igreja, fazendo-nos meditar nestas passagens da vida de Cristo, recorda-nos que, em tempo de Quaresma, em que nos reconhecemos pecadores, cheios de misérias, necessitados de purificação, também tem cabimento a alegria.

É que a Quaresma é simultaneamente um tempo de fortaleza e de júbilo: devemos encher-nos de ânimo, visto que a graça do Senhor não nos faltará, pois Deus estará a nosso lado e enviar-nos-á os Seus Anjos, para que sejam nossos companheiros de viagem, nossos prudentes conselheiros ao longo do caminho, nossos colaboradores em todos os empreendimentos.

In manibus portabunt te, ne forte offendas ad lapidem pedem tuum, diz o salmo: Os Anjos levar-te-ão nas suas mãos, para que não tropeces em nenhuma pedra.

 

É preciso saber tratar com intimidade os anjos.

Recorre a eles agora, diz ao teu Anjo da Guarda que estas águas sobrenaturais da Quaresma não deslizaram em vão sobre a tua alma, mas nela penetraram até ao fundo, porque tens um coração contrito. Pede-lhes que levem ao Senhor a boa vontade que a graça fez germinar na nossa miséria, como um lírio nascido numa esterqueira. Sancti Angeli Custodes nostri: defendite nos in proelio, ut non pereamus in tremendo judicio - Santos Anjos da Guarda: defendei-nos na batalha, para que não pereçamos no terrível juízo.

 

64          

 

Como se explica esta oração confiante, esta certeza de que não pereceremos na batalha?

É um convencimento que parte de uma realidade que nunca me cansarei de admirar: a nossa filiação divina.

O Senhor, que nesta Quaresma pede a nossa conversão, não é um dominador tirânico, nem um juiz rígido e implacável; é nosso Pai. Fala-nos dos nossos pecados, dos nossos erros, da nossa falta de generosidade, mas é para nos livrar deles e nos prometer a Sua amizade e o seu amor.

A consciência da nossa filiação divina dá alegria à nossa conversão; diz-nos que estamos a voltar à casa do Pai.

 

A filiação divina é o fundamento do espírito do Opus Dei.

Todos os homens são filhos de Deus, mas um filho pode reagir de muitos modos diante do seu pai.

Temos de esforçar-nos por ser filhos que procuram lembrar-se de que o Senhor, querendo-nos como filhos, fez com que vivamos em Sua casa no meio deste mundo; que sejamos da Sua família; que o que é Seu seja nosso e o nosso seu; que tenhamos com Ele a mesma familiaridade e confiança com que um menino é capaz de pedir a própria Lua!

 

Um filho de Deus trata o Senhor como Pai.

Não servilmente, nem com uma reverência formal, de mera cortesia, mas cheio de sinceridade e de confiança.

Deus não Se escandaliza com os homens.

Deus não Se cansa das nossas infidelidades.

O nosso Pai do Céu perdoa qualquer ofensa quando o filho volta de novo até Ele, quando se arrepende e pede perdão.

Nosso Senhor é tão verdadeiramente pai, que prevê os nossos desejos de sermos perdoados e Se adianta com a Sua graça, abrindo-nos amorosamente os braços.

 

Reparai que não estou a inventar nada.

Recordai a parábola que o Filho de Deus nos contou para que entendêssemos o amor do Pai que está nos Céus: a parábola do filho pródigo.

 

Ainda estava longe - diz a Escritura - quando o pai o viu e, enchendo-se de compaixão, correu a lançar-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos.

Estas são as palavras do livro sagrado: cobrindo-o de beijos!

Pode falar-se mais humanamente?

Pode descrever-se com mais viveza o amor paternal de Deus para com os homens?

 

Perante um Deus que corre para nós, não podemos calar-nos e dir-Lhe-emos com São Paulo: Abba, Pater! Pai! Meu Pai!

Pois, sendo Ele o criador do universo, não dá importância a títulos altissonantes, nem sente falta da justa confissão do Seu poderio. Quer que Lhe chamemos Pai, que saboreemos essa palavra, enchendo a alma de alegria.

 

De certo modo, a vida humana é um constante voltar à casa do nosso Pai, um regresso mediante a contrição, a conversão do coração que significa o desejo de mudar, a decisão firme de melhorar a nossa vida e que, portanto, se manifesta em obras de sacrifício e de doação; regresso a casa do Pai, por meio do sacramento do perdão, em que, ao confessar os nossos pecados, nos revestimos de Cristo e nos tornamos assim Seus irmãos, membros da família de Deus.

 

Deus espera-nos como o pai da parábola, estendendo para nós os braços, embora não o mereçamos.

Não importa o que Lhe devemos.

Como no caso do filho pródigo, o que é preciso é que lhe abramos o coração, que tenhamos saudades do lar paterno, que nos maravilhemos e nos alegremos perante o dom que Deus nos faz de nos podermos chamar e sermos realmente, apesar de tanta falta de correspondência da nossa parte, Seus filhos.

 

 

 

Pequena agenda do cristão

 



TeRÇa-Feira

Pequena agenda do cristão

(Coisas muito simples, curtas, objectivas)




Propósito:

Aplicação no trabalho.

Senhor, ajuda-me a fazer o que devo, quando devo, empenhando-me em fazê-lo bem feito para to poder oferecer.

Lembrar-me:
Os que estão sem trabalho.

Senhor, lembra-te de tantos e tantas que procuram trabalho e não o encontram, provê às suas necessidades, dá-lhes esperança e confiança.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?


Orações sugeridas:

Salmo II

Regnum eius regnum sempiternum est et omnes reges servient et obedient. 
Quare fremerunt gentes et populi meditati sunt inania?
Astiterum reges terrae et principes convenerunt in unum adversus Dominum et adversus christum eius.
Dirumpamus vincula eorum et proiciamos a nobis iugum ipsorum.
Qui habitabit in caelis, irridebit eos, Dominus subsanabit eos.
Ego autem constitui regem meum super sion montem sanctum meum.
Praedicabo decretum eius Dominus dixit ad me: filius meus es tu; ego hodie genui te.
Postula a me, et dabo tibi gentes hereditatem tuam et possessionem tuam terminos terrae.
Reges eos in virga ferrea et tamquam vas figuli confringes eos.
Et nunc, reges, intelegite, erudimini, qui indicatis terram.
Servite Domino in timore et exultate ei cum tremore.
Apprehendite disciplinam ne quando irascatur et pereatis via, cum exarcerit in brevi ira eius.
Beati omnes qui confident in eo.
Gloria Patri...
Regnum eius regnum sempiternum est et omnes reges servient et obedient.
Oremus:
Omnipotens et sempiterne Deus qui in dilecto Filio Tuo universorum rege omnia instaurare voluisti concede propitius ut cunctae familiae gentium pecati vulnere disgregatae eius suavissimo subdantur imperio: Qui tecum vivit et regnat in unitate Spiritus Sancti Deus, per omnia saecula saeculorum.

Exame Pessoal

Sabes Senhor, qual é, talvez a minha maior fraqueza? É pensar em demasiado mim, nos meus problemas, nas minhas tristezas, naquilo que me acontece e no que gostaria me acontecesse. Nas voltas e reviravoltas que dou sobre mim mesmo, sobre a minha vida.
E os outros? Sim, os outros que rezam por mim, que se interessam por mim, que têm paciência para comigo, que me desculpam as minhas faltas e as minhas fraquezas, que estão sempre prontos a ouvir-me a atender-me, que não se importam de esperar que eu os compense pelo bem que me fazem, que não me pressionam para que pague o que me emprestam, que não me criticam nem julgam com a severidade que mereço.
Ajuda-me Senhor, a ser, pelo menos reconhecido e a devolver o bem que recebo e, além disso a não julgar, a não emitir opinião, critica ou conceito, vendo nos outros, a maior parte das vezes, os defeitos e fraquezas que eu próprio possuo.

Senhor, ajuda-me a pensar nos outros em vez de estar aqui, mergulhado nos meus problemas, girando à volta de mim mesmo, concentrado apenas no que me diz respeito. Os outros! Todos os outros. Os que conheço, de quem sou amigo ou familiar e aqueles que me são desconhecidos. São Teus filhos como eu, logo, todos são meus irmãos. Se somos irmãos somos também herdeiros, convém, portanto que me preocupe com aqueles que vão partilhar a herança comigo.

Noverim me

Oh Deus que me conheces perfeitamente tal como sou, ajuda-me a conhecer-me a mim mesmo, para que possa combater com eficácia os enormes defeitos do meu carácter, em particular...
Chamaste-me, Senhor, pelo meu nome e eu aqui estou: com as minhas misérias, as minhas debilidades, com palavras maiores que os actos, intenções mais vastas que as obras e desejos que ultrapassam a vontade.
Porque não sou nada, não valho nada, não sei nada e não posso nada, entrego-me totalmente nas Tuas mãos para que, por intercessão de minha Mãe, Maria Santíssima, de São José, meu Pai e Senhor, do Anjo da Minha Guarda e de São Josemaria, possa adquirir um espírito de luta perseverante.
   
Meu Senhor e meu Deus, tira-me tudo o que me afaste de Ti.
Meu Senhor e meu Deus, dá-me tudo o que me aproxime de Ti
Meu Senhor e meu Deus, desapega-me de mim mesmo, para que eu me dê todo a ti.
Eu sei que podeis tudo e que, para Vós, nenhum projecto é impossível.
Faz-me santo, meu Deus, ainda que seja à força.

Nada te perturbe / nada te atemorize Tudo passa / Deus não muda A paciência tudo alcança / Quem a Deus tem Nada falta / só Deus basta. (Santa Teresa de Jesus)




Outubro - Mês do Rosário




MISTÉRIOS DA LUZ (1)

Quarto Mistério 

Transfiguração do Senhor

Contemplamos neste mistério um dos acontecimentos talvez mais enigmáticos da vida de Jesus na terra.

Percebemos que houve uma intenção clara de mostrar aos três Após­tolos uma como que antevisão da aparência de Cristo como Segunda Pessoa da Santíssima Trindade.

Mas porquê?

Jesus saberia, por certo, que eles não iriam entender ou sequer aperce­ber-se da realidade que lhes revelava.

Mais ainda, quando sabemos que os proíbe de falar no assunto até de­pois da Sua Ascensão.

O facto é que, não obstante, ficou gravado para sempre nas suas me­mórias e, por isso mesmo, consta do Evangelho.

Seria a Transfiguração necessária para os confirmar na fé em Jesus Cristo como O Filho de Deus?

Mas como… se adormecem?

Aliás é sintomática esta reacção dos três discípulos perante o "peso" ou solenidade de situações que vivem com o Mestre.

Na agonia em Getsémani perante o indizível sofrimento do Senhor tam­bém são vencidos pelo sono.

Como se a realidade fosse de tal forma "chocante ou extraordinária" que a sua amizade e carinho pelo Senhor se recusam a admitir o que constatam.

O sono é muitas vezes desculpa para muitas faltas de coragem em que é necessário mostrar solidariedade, apoio, solicitude.

Não poucas vezes somos vencidos pelo sono, o torpor que nos leva a não considerar as realidades que não compreendemos.

É como que uma "defesa" do nosso espírito recusando-se a encarar algo difícil que se nos apresenta como que fora do comum e, a verdade, é que a nossa Fé cristã necessita debruçar-se continuamente sobre os seus fundamentos num constante exame e estudo para melhor com­preender.

Temos de vencer uma atávica tendência para a rotina que, na prática da Fé, talvez seja o pior defeito que possamos ter.

Que a Doutrina não muda sabemo-lo bem, o que deve ser mais uma razão para que não deixemos nunca de aprofundar, esmiuçar, detalhar para alcançar a segurança que é necessária para o seu fiel cumpri­mento.

Não cedamos ao cansaço ou modorra; são tentações que pretendem levar-nos ao abandono do dever; não deixemos para “mais tarde” o que temos de fazer agora; NUNC COEPI – agora começo -  é, deve ser, a nossa disposição permanente.

Optar por rezar o Terço no automóvel ou transporte público não é o mais aconselhável, porque será difícil evitar as distracções involuntárias.

Deixar a recitação do  Santo Rosário para mais tarde, antes de dormir, tem, frequentemente, como consequência que, esse Terço, será recitado de forma atabalhoada, incoerente, sem cuidado.

Para garantir razoávelmente a recitação diária do Rosário o melhor que pudemos fazer - e os directores espirituais aconselham – é incluir no nosso Plano de Vida Diário uma hora certa em que o poderemos fazer, com tranquilidade, recolhimento e atenção.

Rosário significa a “Coroa de Rosas” com que desejamos coroar Nossa Senhora.

Não havemos de querer com todas as veras da nossa alma que essa “Coroa” seja bela, perfeita?


(ama, Malta, Abril de 2016)


[1] São João Paulo II acrescentou estes “Mistérios” a que chamou da Luz – ou Luminosos– ao Rosário de Nossa Senhora. Não sei, evidentemente, a razão que terá levado o Santo Pontífice a fazê-lo e alguém poderá questionar o que têm a ver com o Rosário Mariano. Têm tudo a ver porque a vida de Nossa Senhora está tão intimamente unida à do Seu Filho, nosso Salvador, que me parece muito lógico e adequado. Os Cinco Mistérios levam-nos a considerar, principalmente, a instituição dos sacramentos que Jesus nos quis deixar como preciosos e imprescindíveis meios para obter a Salvação Eterna que nos ganhou na Cruz.