Tempo Comum III Semana
São
Tomás de Aquino – Doutor da Igreja
Evangelho: Mc 4 1-20
1 Começou de novo a ensinar à beira-mar;
e juntou-se à Sua volta tão grande multidão que teve de subir para uma barca e
sentar-Se dentro dela, no mar, enquanto toda a multidão estava em terra na
margem. 2 E ensinava-lhes muitas coisas por meio de parábolas.
Dizia-lhes segundo o Seu modo de ensinar: 3 «Ouvi: Eis que o
semeador saiu a semear. 4 E ao semear, uma parte da semente caiu ao
longo do caminho, e vieram as aves do céu e comeram-na.5 Outra parte
caiu entre pedregulhos, onde tinha pouca terra, e logo nasceu, por não ter
profundidade a terra; 6 mas, quando saiu o sol, foi queimada pelo
calor e, como não tinha raiz, secou. 7 Outra parte caiu entre
espinhos; e os espinhos cresceram e sufocaram-na e não deu fruto. 8
Outra caiu em terra boa; e deu fruto que vingou e cresceu, e um grão deu
trinta, outro, sessenta e outro cem». 9 E acrescentava: «Quem tem
ouvidos para ouvir, oiça». 10 Quando Se encontrou só, os doze, que
estavam com Ele, interrogaram-n'O sobre a parábola. 11 Disse-lhes:
«A vós é concedido conhecer o mistério do reino de Deus; porém, aos que são de
fora, tudo se lhes propõe em parábolas, 12 para que, olhando não
vejam, e ouvindo não entendam; não aconteça que se convertam, e lhes sejam
perdoados os pecados». 13 E acrescentou: «Não entendeis esta
parábola? Então como entendereis todas as outras? 14 O que o
semeador semeia é a palavra. 15 Uns encontram-se ao longo do caminho
onde ela é semeada; mas logo que a ouvem vem Satanás tirar a palavra semeada
neles. 16 Outros recebem a semente em terreno pedregoso; ouvem a
palavra, logo a recebem com alegria, 17 mas não têm raízes em si
mesmos, são inconstantes; depois, levantando-se a tribulação ou a perseguição
por causa da palavra, sucumbem imediatamente. 18 Outros recebem a
semente entre espinhos; ouvem a palavra, 19 mas os cuidados mundanos,
a sedução das riquezas e as outras paixões, entrando, afogam a palavra, e ela
fica infrutuosa. 20 Aqueles que recebem a semente em terra boa, são
os que ouvem a palavra, recebem-na, e dão fruto, um a trinta, outro a sessenta,
e outro a cem por um».
Comentário:
Leitura espiritual
São Josemaria Escrivá
Temas actuais do
cristianismo [i]
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O
Opus Dei ocupa um papel de primeiro plano no processo moderno de evolução do
laicado; por isso gostaríamos de lhe perguntar, antes de mais nada, quais são,
na sua opinião, as características mais notáveis deste processo.
Sempre
pensei que a característica fundamental do processo de evolução do laicado é a
consciencialização da dignidade da vocação cristã. A chamada de Deus, o
carácter baptismal e a graça, fazem com que cada cristão possa e deva encarnar
plenamente a fé. Cada cristão deve ser alter Christus, ipse Christus, presente
entre os homens. O Santo Padre disse-o de maneira inequívoca: “É necessário
voltar a dar toda a importância ao facto de ter recebido o sagrado baptismo,
quer dizer, de ter sido enxertado, mediante esse sacramento, no Corpo Místico
de Cristo, que é a Igreja. (...) Ser cristão, ter recebido o baptismo, não deve
ser considerado como coisa indiferente e sem valor, antes deve marcar profunda
e ditosamente a consciência de todos os baptizados” (Encíclica Ecclesiam Suam,
parte 1).
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Isto
traz consigo uma visão mais profunda da Igreja, como comunidade formada por
todos os fiéis, de modo que todos somos solidários duma mesma missão, que cada
um deve realizar segundo as suas circunstâncias pessoais. Os leigos, graças aos
impulsos do Espírito Santo, são cada vez mais conscientes de serem Igreja, de
possuírem uma missão específica, sublime e necessária, uma vez que foi querida
por Deus. E sabem que essa missão depende da sua própria condição de cristãos,
não necessariamente de um mandato da Hierarquia, embora seja evidente que
deverão realizá-la em união com a Hierarquia eclesiástica e segundo os
ensinamentos do Magistério: sem união com o Corpo episcopal e com a sua cabeça,
o Romano Pontífice, não pode haver, para um católico, união com Cristo.
O
modo de os leigos contribuírem para a santidade e para o apostolado da Igreja
consiste na acção livre e responsável no seio das estruturas temporais, aí
levando o fermento da mensagem cristã. O testemunho de vida cristã, a palavra
que ilumina em nome de Deus e a acção responsável, para servir os outros,
contribuindo para a resolução de problemas comuns, são outras tantas
manifestações dessa presença através da qual o cristão corrente cumpre a sua
missão divina.
Há
muitos anos, desde a própria data da fundação do Opus Dei, que medito e tenho
feito meditar umas palavras de Cristo que nos relata S. João: et ego, si
exaltatus fuero a terra, omnia traham ad meipsum (Jn. 12, 32). Cristo, morrendo
na Cruz, atrai a Si a criação inteira, e, em seu nome, os cristãos, trabalhando
no meio do mundo, hão-de reconciliar todas as coisas com Deus, colocando Cristo
no cume de todas as actividades humanas.
Gostaria
de acrescentar que, juntamente com esta consciencialização dos leigos, se está
a produzir um desenvolvimento análogo da sensibilidade dos pastores: eles
reparam no que tem de específico a vocação laical, que deve ser promovida e
favorecida mediante uma pastoral que leve a descobrir no meio do Povo de Deus o
carisma da santidade e do apostolado, nas infinitas e diversíssimas formas nas
quais Deus o concede.
Esta
nova pastoral é muito exigente mas, em minha opinião, absolutamente necessária.
Requer o dom sobrenatural do discernimento de espíritos, a sensibilidade para
as coisas de Deus, a humildade de não impor as próprias preferências e de
servir o que Deus promove nas almas. Numa palavra: o amor à legítima liberdade
dos filhos de Deus, que encontram Cristo e são feitos portadores de Cristo,
percorrendo caminhos muito diversos entre si, mas todos igualmente divinos.
Um
dos maiores perigos que hoje ameaçam a Igreja poderia ser precisamente o de não
reconhecer essas exigências divinas da liberdade cristã e, deixando-se levar
por falsas razões de eficácia, pretender impor uma uniformidade aos cristãos.
Na raiz dessa atitude há algo não apenas legítimo, como, até, louvável: o
desejo de que a Igreja dê um testemunho tal, que comova o mundo moderno.
Todavia, receio bem que o caminho seja errado e leve, por um lado, a comprometer
a Hierarquia em questões temporais, caindo num clericalismo diferente mas tão
nefasto como o dos séculos passados; e, por outro, a isolar os leigos, os
cristãos correntes, do mundo em que vivem, para os converter em porta-vozes de
decisões ou ideias concebidas fora desse mundo.
Parece-me
que a nós, sacerdotes, se nos pede a humildade de aprender a não estar na moda,
de sermos realmente servos dos servos de Deus - lembrando-nos daquela
exclamação do Baptista: illum oportet crescere, me autem mínui (Jn. 3, 30),
convém que Cristo cresça e que eu diminua - para que os cristãos correntes, os
leigos, tornem Cristo presente em todos os ambientes da sociedade. A missão de
dar doutrina, de ajudar a penetrar nas exigências pessoais e sociais do Evangelho,
de levar a discernir os sinais dos tempos é e será sempre uma das funções
fundamentais do sacerdote. Mas todo o TRABALHO sacerdotal deve ser realizado
dentro do maior respeito pela legítima liberdade das consciências: cada homem
deve responder livremente a Deus. Quanto ao resto, todos os católicos, além dessa
ajuda do sacerdote, têm também luzes próprias que recebem de Deus, graça de
estado para levar a cabo a missão específica que, como homens e como cristãos,
receberam.
Quem
pensa que, para que a voz de Cristo se faça ouvir no mundo de hoje, é
necessário que o clero fale ou se faça sempre presente, ainda não compreendeu
bem a dignidade da vocação divina de todos e de cada um dos fiéis cristãos.
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Nestas
circunstâncias, qual a função que o Opus Dei desempenhou e desempenha? Que
relações de colaboração mantêm os sócios com outras organizações que trabalham
neste campo?
Não
me pertence a mim fazer um juízo histórico sobre o que, pela graça de Deus, o
Opus Dei tem feito. Devo apenas afirmar que a finalidade a que o Opus Dei
aspira é favorecer a procura da santidade e o exercício do apostolado por parte
dos cristãos que vivem no meio do mundo, qualquer que seja o seu estado ou
condição.
A
Obra nasceu para contribuir para que esses cristãos, inseridos no tecido da
sociedade civil - com a sua família, os seus amigos, o seu trabalho
profissional, as suas aspirações nobres - compreendam que a sua vida, tal como
é, pode ser ocasião de um encontro com Cristo: quer dizer, que é um caminho de
santidade e de apostolado. Cristo está presente em qualquer actividade humana
honesta: a vida de um cristão corrente - que talvez a alguns pareça vulgar e
mesquinha - pode e deve ser uma vida santa e santificante.
Por
outras palavras: para seguir Cristo, para servir a Igreja, para ajudar os
outros homens a reconhecerem o seu destino eterno, não é indispensável
abandonar o mundo ou afastar-se dele, nem sequer é preciso dedicar-se a uma
actividade eclesiástica; a condição necessária e suficiente é cumprir a missão
que Deus encomendou a cada um, no lugar e no ambiente queridos pela sua
Providência.
E
como a maior parte dos cristãos recebe de Deus a missão de santificar o mundo a
partir de dentro, permanecendo no meio das estruturas temporais, o Opus Dei
dedica-se a fazer-lhes descobrir essa missão divina, mostrando-lhes que a
vocação humana - a vocação profissional, familiar e social - não se opõe à
vocação sobrenatural: antes pelo contrário, forma parte integrante dela.
O
Opus Dei tem como missão específica e exclusiva a difusão desta mensagem - que
é uma mensagem evangélica - entre todas as pessoas que vivem e trabalham no
mundo, em qualquer ambiente ou profissão. E àqueles que entendem este ideal de
santidade a Obra proporciona os meios espirituais e a formação doutrinal,
ascética e apostólica, necessários para o realizar na própria vida.
Os
sócios do Opus Dei não actuam em grupo; actuam individualmente, com liberdade e
responsabilidade pessoais. Por isso, o Opus Dei não é uma organização fechada,
ou que de algum modo reúna os seus sócios para os isolar dos outros homens. As
actividades corporativas, que são as únicas que a Obra dirige, estão abertas a
toda a espécie de pessoas, sem discriminação de espécie alguma: nem social, nem
cultural, nem religiosa. E os sócios, precisamente porque devem santificar-se
no mundo, colaboram sempre com todas as pessoas com quem estão em relação pelo
seu trabalho e pela sua participação na vida cívica.
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Faz
parte essencial do espírito cristão não só viver em união com a Hierarquia
ordinária - o Romano Pontífice e o Episcopado - como também sentir a unidade
com os outros irmãos na fé. Há muito tempo que penso que um dos maiores males
da Igreja nestes tempos é o desconhecimento que muitos católicos têm do que
fazem e pensam os católicos de outros países ou de outros ambientes sociais. É
necessário actualizar essa fraternidade que os primeiros cristãos viviam tão
profundamente. Assim nos sentiremos unidos, amando ao mesmo tempo a variedade
das vocações pessoais, evitando-se não poucos juízos injustos e ofensivos, que
determinados pequenos grupos propagam - em nome do catolicismo - contra os seus
irmãos na fé, que na realidade actuam rectamente e com sacrifício, dadas as
circunstâncias particulares do seu país.
É
importante que cada um procure ser fiel à sua vocação divina, de tal maneira
que não deixe de trazer à Igreja aquilo que leva consigo o carisma recebido de
Deus. O que é próprio dos sócios do Opus Dei - cristãos correntes - é
santificar o mundo a partir de dentro, participando nas mais diversas
actividades humanas. Como o facto de pertencerem à Obra não altera em nada a
sua posição no mundo, colaboram, da maneira adequada em cada caso, nas
celebrações religiosas colectivas, na vida paroquial, etc. Também neste sentido
são cidadãos correntes, que querem ser bons católicos.
Todavia,
os sócios do Opus Dei não se costumam dedicar, geralmente, a trabalhar em
actividades confessionais. Só em casos excepcionais, quando a Hierarquia
expressamente o pede, algum membro da Obra colabora em actividades
eclesiásticas. Nessa atitude não há qualquer desejo de se singularizar, e menos
ainda de desconsideração pelas actividades confessionais, mas tão somente a
decisão de se ocupar do que é próprio da vocação para o Opus Dei. Há já muitos
religiosos e clérigos, e também muitos leigos cheios de zelo, que levam para a
frente essas actividades, dedicando-lhes os seus melhores esforços.
O
que é próprio dos sócios da Obra, a tarefa a que se sabem chamados por Deus, é
outra. Dentro da chamada universal à santidade, o sócio do Opus Dei recebe,
além disso, uma chamada especial para se dedicar, livre e responsavelmente, a
procurar a santidade e a fazer o apostolado no meio do mundo, comprometendo-se
a viver um espírito específico e a receber, ao longo de toda a sua vida, uma
formação peculiar. Se descurassem o seu trabalho no mundo, para se ocuparem das
actividades eclesiásticas, tornariam ineficazes os dons divinos recebidos, e
pelo entusiasmo de uma eficácia pastoral imediata, causariam um real dano à
Igreja: porque não haveria tantos cristãos dedicados a santificarem-se em todas
as profissões e ofícios da sociedade civil, no campo imenso do trabalho
secular.
Além
disso, a exigente necessidade da contínua formação profissional e da formação
religiosa, juntamente com o tempo dedicado pessoalmente à piedade, à oração e
ao cumprimento sacrificado dos deveres de estado, consome toda a vida: não há
horas livres.
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Sabemos
que pertencem ao Opus Dei homens e mulheres de todas as condições sociais, solteiros
ou casados. Qual é, pois, o elemento comum que caracteriza a vocação para a
Obra? Que compromissos assume cada sócio para realizar os fins do Opus Dei?
Vou
dizer-lho em poucas palavras: procurar a santidade no meio do mundo, no meio da
rua. Quem recebe de Deus a vocação específica para o Opus Dei sabe e vive que
deve alcançar a santidade no seu próprio estado, no exercício do seu trabalho,
manual ou intelectual. Disse sabe e vive, porque não se trata de aceitar um
simples postulado teórico, mas de o realizar dia a dia, na vida ordinária.
Querer
alcançar a santidade - apesar dos erros e das misérias pessoais, que durarão
enquanto vivermos - significa esforçar-se, com a graça de Deus, por viver a
caridade, plenitude da lei e vínculo da perfeição. A caridade não é algo de
abstracto; quer dizer entrega real e total ao serviço de Deus e de todos os
homens: desse Deus que nos fala no silêncio da oração e no rumor do mundo;
desses homens, cuja existência se cruza com a nossa.
Vivendo
a caridade - o Amor -, vivem-se todas as virtudes humanas e sobrenaturais do
cristão, que formam uma unidade e que não se podem reduzir a enumerações
exaustivas. A caridade exige que se viva a justiça, a solidariedade, a
responsabilidade familiar e social, a pobreza, a alegria, a castidade, a
amizade...
Vê-se
imediatamente que a prática destas virtudes conduz ao apostolado. Mais, é já
apostolado. Porque, ao procurar viver assim, no meio do trabalho diário, a
conduta cristã torna-se bom exemplo, testemunho, ajuda concreta e eficaz:
aprende-se a seguir as pisadas de Cristo, que coepit facere et docere (Act. 1,
1), que começou a fazer e a ensinar, unindo ao exemplo a palavra. Por isso, chamei
a este trabalho, há já quarenta anos, apostolado de amizade e confidência.
Todos
os sócios do Opus Dei têm este mesmo afã de santidade e de apostolado. Por
isso, na Obra não há graus ou categorias de membros. O que há é uma
multiplicidade de situações pessoais - a situação que cada um tem no mundo - a
que se adapta a mesma e única vocação específica e divina: a chamada a
entregar-se, a empenhar-se pessoalmente, livremente e responsavelmente, no
cumprimento da vontade de Deus manifestada para cada um de nós.
Como
pode ver, o fenómeno pastoral do Opus Dei é algo que nasce de baixo, quer
dizer, da vida corrente do cristão que vive e trabalha junto dos outros homens.
Não está na linha de uma mundanização - dessacralização - da vida monástica ou
religiosa: não é o último estádio de aproximação dos religiosos ao mundo.
Aquele
que recebe a vocação para o Opus Dei adquire uma nova visão das coisas que tem
à sua volta: luzes novas nas suas relações sociais, na sua profissão, nas suas
preocupações, nas suas tristezas e nas suas alegrias; mas nem por um momento
deixa de viver no meio de tudo isso. E não se pode de modo algum falar de
adaptação ao mundo, ou à sociedade moderna: ninguém se adapta àquilo que tem
como próprio; naquilo que se tem como próprio está-se. A vocação recebida é
igual à que surgia na alma daqueles pescadores, camponeses, comerciantes ou
soldados que, sentados ao pé de Jesus Cristo na Galileia, O ouviam dizer: sede
perfeitos, como vosso Pai celestial é perfeito (Mt. 5, 48).
Repito
que esta perfeição - que os sócios do Opus Dei procuram - é a perfeição própria
do cristão, sem mais: quer dizer, aquela a que são chamados todos os cristãos e
que implica viver integralmente as exigências da fé. Não nos interessa a
perfeição evangélica, que se considera própria dos religiosos e de algumas
instituições assimiladas aos religiosos; e ainda menos nos interessa a chamada
vida de perfeição evangélica, que se refere canonicamente ao estado religioso.
O
caminho da vocação religiosa parece-me bendito e necessário na Igreja, e quem
não o estimasse não teria o espírito da Obra. Mas esse caminho não é o meu nem
o dos sócios do Opus Dei. Pode-se dizer que, ao virem ao Opus Dei, todos e cada
um dos seus sócios o fizeram com a condição explícita de não mudar de estado. A
nossa característica específica é santificar o próprio estado no mundo, e
procurar que cada um dos sócios se santifique no lugar do seu encontro com
Cristo: este é o compromisso que cada sócio assume para realizar os fins do
Opus Dei.
(cont)
[i]
Entrevista realizada por Enrico Zuppi e
António Fugardi, publicada em L'Osservatore della Domenica (Cidade do Vaticano)
nos dias 19 e 26 de Maio e 2 de Junho de 1968