Caminho e Luz |
Princípio de substância (I)
A estrutura do juízo
O primeiro predicado objectivo que podemos ter das coisas é que são um ser, uma substância, uma realidade, algo em definitivo. Porque dizer que uma coisa é uma realidade ou uma substância é o mesmo que dizer que é algo. Ao dizer de uma coisa que é algo, quero dizer que se opõe ao nada, mas sempre de um modo parcial, enquanto é uma realidade, uma substância e não a totalidade do real. Por isso, o conceito de algo é o mais apropriado. Diz-se de uma realidade no singular ou também de várias realidades no plural, conotando tanto a absolutez como a limitação das coisas conhecidas, quer dizer, conhecendo-as na sua realidade concreta e singular. Algo é todo aquilo que se opõe ao nada de um modo parcial. Mas entendamo-nos bem, as coisas não são algo porque o diga o imponha o meu conhecimento, mas porque são realidades que, na sua singularidade concreta, se opõem ao nada absoluta e parcialmente. Dito de outro modo, são uma excepção ao nada.
Por isso, o objecto da metafísica não é o ser nem o ente em geral que não existem, senão todas as coisas enquanto são uma realidade, uma substância, algo. O ser é sempre um algo, um quid. Não é acto nem principio e, se dizemos de uma coisa que existe, é porque captámos que é algo, que é um quid, ainda que todavia não saibamos que tipo de quid (essência) é.
[i] Sacerdote, doutor em teologia pela Universidade Gregoriana e professor de Teologia fundamental na Faculdade de Teologia do Norte de Espanha.
Escreveu mais de quarenta obras de teologia e filosofia e é um dos Teólogos vivos mais importantes da Igreja Católica. Destacou-se pelas suas prolíferas conferências, a publicação de livros quase anualmente e pelos seus artigos incisivos em defesa da fé verdadeira.
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