20/11/2015

Evangelho, comentário, L. espiritual




Tempo comum XXXIII Semana


Evangelho: Lc 19, 45-48

45 Tendo entrado no templo, começou a expulsar os vendedores, 46 dizendo-lhes: «Está escrito: “A Minha casa é casa de oração; e vós fizestes dela um covil de ladrões”». 47 Todos os dias ensinava no templo. Mas os príncipes dos sacerdotes, os escribas e os chefes do povo procuravam perdê-l'O; 48 porém, não sabiam como proceder, porque todo o povo estava suspenso quando O ouvia.

Comentário:

Alguém poderá ser tentado a pensar que hoje em dia este Evangelho não se aplica: não se exploram negócios nas Igrejas.

Não?

Ir à Igreja para “ser visto”, para marcar uma posição social conveniente não é um “negócio”, pior ainda, não é “defraudar o dono da casa” que espera que O visitem com recta intenção?


(ama, comentário sobre Lc 19, 45-48, 2014.11.22)


Leitura espiritual



RESUMOS DA FÉ CRISTÃ

TEMA 10. A Paixão e Morte na Cruz
…/2

b) Eliminou o pecado com a sua entrega.

Concretamente a Cruz revela a misericórdia e a justiça de Deus:

a)          A misericórdia.

A Sagrada Escritura refere com frequência que o Pai entregou o seu Filho nas mãos dos pecadores [i], que não poupou o seu próprio Filho. Pela unidade das Pessoas divinas na Trindade, em Jesus Cristo, Verbo encarnado, está sempre presente o Pai que O envia.
Por este motivo, depois da decisão livre de Jesus de entregar a sua vida por nós, está a entrega que o Pai nos faz do seu Filho amado, entregando-O aos pecadores.
Esta entrega manifesta, mais do qualquer outro gesto da história da salvação, o amor do Pai para com os homens e a Sua misericórdia.

b)          A Cruz revela-nos também a justiça de Deus.

Esta não consiste tanto em fazer pagar o homem pelo pecado, mas antes em conduzir o homem ao caminho da verdade e do bem, restaurando os bens que o pecado destruiu.
A fidelidade, a obediência e o amor de Cristo ao seu Pai Deus; a generosidade, a caridade e o perdão de Jesus aos seus irmãos os homens; a sua veracidade, a sua justiça e inocência, mantidas e afirmadas na hora da paixão e morte, cumprem esta função: esvaziam o pecado da sua força condenatória e abrem os nossos corações à santidade e à justiça, pois entrega-Se por nós. Deus livra-nos dos nossos pecados pela via da justiça, pela justiça de Cristo.

Como fruto do sacrifício de Cristo e pela presença da sua força salvadora, podemos sempre comportar-nos como filhos de Deus, em qualquer situação por que passemos.

Jesus conheceu, desde o princípio e do modo adequado, o progresso da sua missão e da sua consciência humana, que o rumo da sua vida o conduziria à Cruz.
E aceitou-o plenamente; veio cumprir a vontade do Pai até aos últimos pormenores [ii] e esse cumprimento levou-O a «dar a sua vida para redenção de todos»[iii].

Na realização da tarefa que o Pai Lhe tinha encomendado, encontrou a oposição das autoridades religiosas de Israel, que consideravam Jesus um impostor.
De modo que «alguns chefes de Israel acusaram Jesus de agir contra a Lei, contra o Templo de Jerusalém, e em particular, contra a fé no Deus único, porque Ele se proclamava Filho de Deus.
Por isso, O entregaram a Pilatos, para que o condenasse à morte»[iv].

Os que condenaram Jesus pecaram ao recusar a Verdade que é Cristo.
Na realidade, todo o pecado é uma recusa de Jesus e da verdade que Ele nos trouxe da parte de Deus.
Neste sentido, todo o pecado encontra lugar na Paixão de Jesus.
«A paixão e a morte de Jesus não podem ser imputadas indistintamente ao conjunto dos judeus então vivos, nem aos outros judeus que depois viveram no tempo e no espaço. Cada pecador, ou seja, cada homem, é realmente causa e instrumento dos sofrimentos do Redentor e culpa maior têm aqueles, sobretudo se são cristãos, que mais frequentemente caem no pecado e se deleitam nos vícios» [v].

Jesus morreu pelos nossos pecados [vi] para nos livrar deles e nos resgatar da escravidão que o pecado introduz na vida humana.

A Sagrada Escritura diz que a paixão e morte de Cristo é:
a) Sacrifício de aliança,
b) Sacrifício de expiação,
c) Sacrifício de propiciação e de reparação pelos pecados,
d) Acto de redenção e libertação dos homens.

a)          Jesus, oferecendo a sua vida a Deus na Cruz, instituiu a Nova Aliança, quer dizer, a nova forma de união de Deus com os homens que tinha sido profetizada por Isaías [vii], Jeremias [viii].
O novo Pacto é a aliança selada no corpo de Cristo entregue e no seu sangue derramado por nós [ix].

b) O sacrifício de Cristo na Cruz tem um valor de expiação, quer dizer, de limpeza e purificação do pecado [x].

b)          A Cruz é sacrifício de propiciação e de reparação pelo pecado[xi].
Cristo manifestou ao Pai o amor e a obediência que os homens Lhe tínhamos negado com os nossos pecados.
A sua entrega fez justiça e satisfez o amor paterno de Deus, que tínhamos recusado desde a origem da história.

c)           A Cruz de Cristo é acto de redenção e de libertação do homem.
Jesus pagou a nossa liberdade com o preço do seu sangue, quer dizer, dos seus sofrimentos e da sua morte [xii].
Mereceu com a sua entrega a nossa salvação para nos incorporar no reino dos céus: «Ele livrou-nos do poder das trevas e transferiu-nos para o Reino do Seu muito amado Filho, no Qual temos a redenção, a remissão dos pecados» [xiii].

Principal efeito da Cruz é eliminar o pecado e tudo o que se opõe à união do homem com Deus.

A Cruz, além de eliminar os pecados, livra-nos também do diabo, que dirige ocultamente a trama do pecado e da morte eterna.
O diabo não pode nada contra quem está unido a Cristo [xiv] e a morte deixa de ser separação eterna de Deus e fica apenas como porta de acesso ao último destino[xv].

Removidos todos estes obstáculos, a Cruz abre a via da salvação para a humanidade, a possibilidade universal da graça.

Juntamente com a Ressurreição e a gloriosa Exaltação, a Cruz é causa da justificação do homem, quer dizer, não só da eliminação do pecado e dos outros obstáculos, mas também da infusão da vida nova (a graça de Cristo que santifica a alma).
Cada sacramento é um modo diverso de participar na Páscoa de Cristo e de se apropriar da salvação que dela provém.
Concretamente, o Baptismo livra-nos da morte introduzida pelo pecado original e permite-nos viver a vida nova do Ressuscitado.

Jesus é a causa única e universal da salvação humana, o único mediador entre Deus e os homens.
Toda a graça de salvação dada aos homens provém da sua vida e, em particular, do seu mistério pascal.

Como acabamos de dizer, a Redenção operada por Cristo na Cruz é universal, estende-se a todo o género humano.
Mas é preciso que chegue a aplicar-se a cada um o fruto e os méritos da Paixão e Morte de Cristo, principalmente por meio da fé e dos Sacramentos.

Nosso Senhor Jesus Cristo é o único mediador entre Deus e os homens [xvi].
Mas Deus Pai quis que fôssemos, não só redimidos, mas também co-redentores [xvii].
Chama-nos a tomar a sua Cruz e a segui-Lo[xviii], porque Ele «sofreu por nós deixando-nos exemplo para que sigamos as Suas pegadas» [xix].

São Paulo escreve:

a) «Estou pregado com Cristo na Cruz; vivo, mas já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim»[xx]; para alcançar a identificação com Cristo há que abraçar a Cruz;

b) «Completo na minha carne o que falta à Paixão de Cristo, pelo seu Corpo que é a Igreja»[xxi]; podemos ser corredentores com Cristo.

Deus não nos quis livrar de todas as adversidades desta vida, para que, aceitando-as, nos identifiquemos com Cristo, mereçamos a vida eterna e cooperemos na tarefa de levar aos outros os frutos da Redenção.
A doença e a dor, oferecidas a Deus em união com Cristo, obtêm grande valor redentor, como também a mortificação corporal praticada com o mesmo espírito com que Cristo padeceu, livre e voluntariamente, na sua Paixão por amor a fim de nos redimir expiando pelos nossos pecados.
Na Cruz, Jesus Cristo dá-nos exemplo de todas as virtudes:

a)          De caridade:
«Não há maior amor do que dar a própria vida pelos seus amigos»[xxii];

b)          De obediência:
Fez-se «obediente até à morte, e morte de Cruz» [xxiii];

c)           De humildade , mansidão, paciência:
Suportou os sofrimentos sem os evitar nem os suavizar, como manso cordeiro[xxiv];

d)          De desprendimento das coisas terrenas:
O Rei dos Reis e Senhor dos que dominam aparece na Cruz nu, zombado, cuspido, açoitado e coroado de espinhos, tudo por Amor.

O Senhor quis associar a sua Mãe, mais intimamente do que ninguém, ao mistério do Seu sofrimento redentor [xxv].
Nossa Senhora ensina-nos a estar junto da Cruz do seu Filho [xxvi].

antonio ducay

Bibliografia básica:
Catecismo da Igreja Católica, 599-618.
Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, 112-124.
João Paulo II, O Valor redentor da Paixão de Cristo, Catequese: 7-IX-1988, 8-IX-1988, 5-X-1988, 19-X-1988, 26-X-1988.
João Paulo II, A Morte de Cristo: o seu carácter redentor, Catequese: 14-XII-88, 11-I-89.
Leituras recomendadas:
São Josemaria, Homilia «A morte de Cristo vida do cristão», em Cristo que Passa, 95-101.
Diccionario de Teología, C. Izquierdo et al. (ed.), vozes: Jesucristo (IV) e Cruz, Eunsa, Pamplona 2006.




[i] cf. Mt 26,54
[ii] cf. Jo 19,28-30
[iii] Mc 10,45
[iv] Compêndio, 113
[v] Compêndio, 117
[vi] cf. Rm 4,25
[vii] cf. Is 42,6
[viii] cf. Jr 31, 31-33 e Ezequiel cf. Ez 37,26
[ix] cf. Mt 26,27-28
[x] cf. Rm 3,25; Hb 1,3; 1 Jo 2,2; 4,10
[xi] cf. Rm 3,25; Heb 1,3; 1 Jo 2,2; 4,10
[xii] cf. 1 P 1,18
[xiii] Cl 1,13-14
[xiv] cf. Rm 8,31-39
[xv] cf. 1 Cor 15, 55-56
[xvi] cf. 1 Tm 2,5
[xvii] cf. Catecismo, 618
[xviii] cf. Mt 16,24
[xix] 1 Pe 2,21
[xx] Gl 2,20
[xxi] Cl 1,24
[xxii] cf. Jo 15,13
[xxiii] Fl 2,8
[xxiv] cf. Jr 11,19
[xxv] cf. Lc 2,35; Catecismo, 618
[xxvi] Cf. São Josemaria, Caminho, 508

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