15/05/2020

Virtudes 4


Fortaleza 4

Beata quae sine morte meruit martyrii palmam: o martírio da vida quotidiana.

Desde o começo os cristãos consideraram uma honra sofrer o martírio, pois reconheciam que os levavam a uma plena identificação com Cristo. A Igreja manteve ao longo da história uma tradição de particular veneração pelos mártires, que por especial disposição da Providência derramaram o seu sangue para proclamar a sua adesão a Jesus, oferecendo assim o maior exemplo não só de fortaleza, mas também de testemunho cristão. (Cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 2473. Como se sabe, a palavra latina martyr deriva do grego mártys, que significa testemunha)
Mesmo que não tenham faltado em cada época histórica, incluída a nossa, essas testemunhas do Evangelho, o facto é que na vida corrente em que a maior parte dos cristãos se encontra, dificilmente chegaremos a essas condições. Não obstante, como recordava Bento XVI, há também um “martírio da vida quotidiana”, de cujo testemunho o mundo de hoje está especialmente necessitado: “o testemunho silencioso e heróico de tantos cristãos que vivem o Evangelho sem compromissos, cumprindo o seu dever e dedicando-se generosamente ao serviço aos pobres”. (Bento XVI, Angelus, 28 de outubro de 2007. (São Josemaria descrevia este martírio incruento em Caminho, n. 848) Neste sentido, o olhar dirige-se a Santa Maria, pois Ela esteve ao pé da Cruz de seu Filho, dando exemplo de extraordinária fortaleza sem padecer a morte física, de modo que pode dizer-se que foi mártir sem morrer, segundo o teor de uma antiga oração litúrgica. (“Bem-aventurada a Virgem Maria, que mereceu sem morrer a palma do martírio ao pé da Cruz do Senhor”. Trata-se da Communio da festa da Virgem Dolorosa no antigo Missal de São Pio V, que, com um leve retoque, passou a ser, na forma corrente do rito latino, a antífona do aleluia do capítulo n. 11 do Ordinário da Santíssima Virgem: “Beata est Maria Virgo, quae sine morte meruit martyrii palmam sub cruce Domini” (cf. Pedro Rodríguez, n. 622 de Camino, edição crítico-histórica, Rialp, Madrid 2004) “Admira a firmeza de Santa Maria: ao pé da cruz, com a maior dor humana – não há dor como a sua dor -, cheia de fortaleza.- E pede-lhe essa firmeza, para que saibas também estar junto da Cruz. ((São Josemaria, Caminho, n. 508)

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