25/06/2015

Gosto de ir à Missa mas...

Gosto de ir à missa, mas não concordo com a doutrina católica

O que fazer se eu não estou em sintonia com o Magistério da Igreja?

Um leitor perguntou:

Sempre frequentei a Igreja e seria muito difícil, para mim, renunciar à missa e a outras actividades da paróquia. Além disso, a minha esposa e eu procuramos passar esta mesma disposição para os nossos filhos.
Só que, em muitas coisas, não me sinto em sintonia com a doutrina católica: em questões de moral, de teologia, sacramentos, organização hierárquica...
Faço bem em continuar frequentando a Igreja ou seria mais coerente deixá-la, reconhecendo que estou fora da comunhão eclesial?


O padre italiano athos turchi, professor de filosofia, responde:

As divergências parecem-me significativas, mas, sem saber especificamente quais são elas, não é fácil responder à sua pergunta. Uma coisa é você não concordar em comer peixe às sextas-feiras e outra é dizer que Deus não é trino. Se as divergências dizem respeito a questões fundamentais da fé, como parece o caso, é preciso, de facto, questionar-se se ainda faz parte da religião que diz professar.

O problema, porém, não está colocado adequadamente, porque, em matéria de religião, a questão não é se você pode comungar com tudo ou com um pouco.
Há uma questão prévia: o que é uma religião e o que ela pode oferecer-lhe?
O que você procura numa religião e onde quer chegar com ela?
Se deseja apenas pertencer a certo círculo político, social, cultural, então, obviamente, a religião não é o que procura.
Ela não pode dar-lhe essas coisas porque as transcende, nem pode ser flexível e mutável ao sabor das preferências particulares precisamente porque não tem uma dimensão evolutiva e dialética, e sim salvífica.

Um exemplo: se a religião diz que somos salvos por viver honestamente, ela não pode mudar de ideia em dado momento e passar a dizer que somos salvos por roubar. Uma religião tão contraditória desacreditar-se-ia e destruir-se-ia sozinha.

Já se estiver em busca de uma comunhão com Deus com vista à sua salvação eterna, e para isso estiver disposto a seguir uma doutrina de fé e uma prática de aperfeiçoamento, então deverá avaliar a religião que melhor lhe permite alcançar o que deseja, bem como, por consequência, o modo e o método que essa religião lhe propõe para obter aqueles bens eternos, normalmente resumidos no seu corpo doutrinal. O cristianismo propõe um caminho, um método, um conteúdo ou doutrina, um ensinamento e uma organização, chamada de Igreja, e toda essa proposta é derivada de Cristo.
Esse credo atende às suas aspirações?
Se disser que deseja aderir ao cristianismo, não poderá viver como um budista; seria uma contradição tanto quanto dizer-se vegetariano e continuar comendo carne.


(cont)

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.