Jesus
Com os Doutores no Templo
A
primeira prova! A primeira dor! Como o teu coração amantíssimo de Mãe estaria
angustiado e compungido com a ausência do teu Filho! E a demora em encontrá-lo?
Ao
teu espírito deveriam acorrer as palavras de Simeão e, mesmo sabendo que Ele
tinha uma missão a cumprir, não deixavas de sentir aquele aperto no coração que
uma mãe sente quando um filho pequeno desaparece sem explicação e não
conseguimos encontrá-lo.
Onde
poderia estar?
Eu,
que ando por esta vida, tantas vezes, à procura de Jesus que, por vezes, parece
que se afasta de mim para bem longe, também me sinto triste angustiado. Porquê?
Porque Te afastaste, Senhor, de mim?
E
mergulho dentro de mim mesmo, única forma séria de reflectir, e chego sempre à
triste conclusão que, não foste Tu quem se afastou mas, sim, eu que me ausentei
da Tua presença.
Tenho
tantas coisas em que pensar; enormes preocupações que me consomem por dentro;
inúmeros desejos por satisfazer; caminhos que quero tanto percorrer embora
saiba que não interessam e não conduzem a nada que valha a pena. E, depois, são
estas coisas todas que possuo – que julgo possuir – e as muitas outras que
anseio vir a ter, que me mantêm agarrado ao meu lugar, estático e imóvel
enquanto, Tu, caminhas sempre, esperando que Te siga. Vou ficando para trás,
preso a tudo isto que não vale nada e para nada interessa e vejo-te esfumar no
horizonte e, em vez de correr pressuroso atrás de Ti, fico-me inerte e como que
morto.
Parece-me
que Te oiço com as palavras de Tua Mãe: Filho, porque procedeste assim comigo?
Porque te deténs no caminho? Anda que, eu, estou á tua espera!
E fico-me
sem reposta, pois que Te hei-de eu dizer a não ser, confessar a minha fraqueza,
a mostrar-te humildemente o pouco que sou, a pedir-te que esperes por mim, que
não Te afastes mais, que quero ir ter contigo.
Sou
tão feliz porque me ouves e deténs o passo e ficas, num gesto acolhedor, de
amigo íntimo, à espera que eu, finalmente, volte para o pé de ti.
É
então que me dou conta da enorme desventura que é a Tua ausência, o não Te ter
presente bem ao pé de mim e, como compreendo a Tua Mãe na sua procura ansiosa
pelas ruas de Jerusalém durante esses três dias de alvoroço.
Digo-lhe,
então, com o coração nas mãos:
Minha Mãe, não deixes
que me afaste nunca do teu Filho, do nosso Jesus. Ensina-me a procurá-lo onde
Ele deverá estar à minha espera, em vez de andar perdido tentando encontrá-lo
onde Ele não pode estar. Leva-me pela tua mão – também sou teu filho, um filho
pequeno – ao encontro dele para que, juntos, possamos sossegar na Sua
companhia.
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